sexta-feira, 23 de março de 2012

GALERIA SERTANEJA – A PÂNDEGA DO SENADOR


O que é um cínico?
Um homem que conhece o preço de todas as coisas sem lhes conhecer o valor.
(Oscar Fingall O'Flahertie Wills Wilde)




Amigas e Amigos,

Na capa do “Correio Braziliense” desta quinta-feira, está em destaque que a Receita Federal vai enquadrar senadores por calote. Pois no meio do bando de caloteiros, surge um libertino metido a engraçado, conforme se pode observar no conteúdo da matéria, onde ele afirma que “os políticos ganham pouco”. Diz o Correio que:
O senador Ivo Cassol (PP-RO), que defendeu publicamente o recebimento do 14º e 15º salários e alegou que os políticos ganham muito pouco porque gastam com medidas assistencialistas, tem um patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 30 milhões. Empresário, dono de hidrelétricas e várias fazendas em Rondônia, é tratado com uma figura folclórica e bastante controversa nos corredores do Senado. Dinheiro, dizem os colegas, nunca foi problema para ele. “Se ele não quer abrir mão dos salários extras, deve estar com o bolso furado. Será?”, ironizou um senador que se posicionou contra o recebimento dos rendimentos adicionais. O parlamentar, autor de manobra na última terça-feira para adiar a votação do fim da regalia na Casa, conhece bem todas as esferas da Justiça. Em 2010, chegou a ter sua candidatura ao Senado barrada pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia em razão da aplicação da Lei da Ficha Limpa. Em 2006, o ex-governador foi acusado pelo Ministério Público Federal de compra de votos e abuso de poder econômico. Conseguiu se livrar. No entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, no entanto, não havia indícios de que Cassol comandasse todo o esquema, apesar de a compra de votos ter sido comprovada.

          Não me espanta tanto o cinismo do senador, mas a atitude de pessoas que não hesitarão em trocar seu voto por “agrados” deste e de outros com o mesmo perfil que, como já foi feito, poderão novamente “contornar”, com algum auxílio dos principais responsáveis, a Lei da Ficha Limpa.



          Os nossos representantes, dos quais o senador – que aparentemente se esforça para parecer bufão – é apenas o porta-voz, serão multados em 75% sobre o Imposto de Renda devido por sonegação, conforme detalhado, também, no Correio:
A Receita Federal, após 15 dias de investigação, não tem mais dúvida: os senadores da República vão ter que restituir o Fisco e serão multados em 75% do valor do Imposto de Renda devido por receberem o 14º e o 15º salários sem o devido desconto do tributo na fonte. Nessa quarta-feira (21/3), reservadamente, auditores fiscais comunicaram ao Correio que o maior trunfo utilizado pelo Leão é o fato de os deputados federais pagarem o IR normalmente no momento em que ganham exatamente os mesmos rendimentos adicionais. A natureza do pagamento, de acordo com os auditores, é idêntica.

          Há muito tempo que não participo de pescarias, mas lembro de que quando um peixe muito graúdo ia parar na rede, quem acabava tendo problemas era a própria rede, pois na maioria das vezes era estraçalhada pelo peixe. Por conta disso, acredito que só com malha fina não será muito fácil segurar os predadores que nem estão tomando conhecimento do que eles, talvez, julguem serem “brincadeiras” do Fisco.

          Penso que para ninguém ser “sacrificado” por se sujeitar a parcos salários, deveríamos, como cidadãos preocupados com seus semelhantes, brigar – de forma sadia – para que em hipótese alguma submetêssemos nossos representantes ao constrangimento de um segundo mandato. Pela dignidade de nossos representantes a única solução que vejo para este enorme problema é que se acabe, definitivamente, com reeleições para qualquer cargo público. Após o cumprimento de um mandato – parcial ou completo – seria concedida a inelegibilidade por, pelo menos 8 anos (para que nossos senadores, deputados e todos os eleitos possam recuperar suas finanças no mercado.

         Talvez pelo apropriado “desabafo” do senador, lembrei-me da música “O home que se esqueceu de Deus”, de J. F. Gonzales e Talo Pereyra, que hoje faz parte dessa Galeria, com a letra publicada abaixo.

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O HOMEM QUE SE ESQUECEU DE DEUS
                                  José Fernando Gonzales e Talo Pereyra

Teu medo é o campo que já não floresce
É uma semente que já não germina
É uma vertente de que não se bebe
É o que se atreve a nos passar por cima

Meu medo é o medo do animal aflito
Quando a rapina lhe ameaça a cria
É um entrever de um verso em rima pobre
Comprometendo os rumos da poesia

Meu medo é a mata que foi derrubada
É uma criança que não foi parida
É a primavera que não tem mais sol
É um rio que corre sem levar a vida

Meu medo é o medo da figueira grande
Quando o machado lhe ameaça a queda
É um entrever de um tempo sem poesia
Pras melodias de quem não se entrega

Meu medo é o moço que já não escuta
É o que falece a geração dos meus
Meu medo é o medo dos que já não comem
Meu medo é o homem que esqueceu de Deus

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         Nessa Galeria, a interpretação é de Priscila Olave Rodrigues.

 

          Um grande abraço e até a próxima!

quarta-feira, 21 de março de 2012

ORATÓRIO CAMPEIRO – SANTA MARIA JOSEFA E A SAÚDE AMBIENTAL



O seu divino poder nos presenteou com tudo o que contribui para a vida e para a piedade, 
mediante o conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e força poderosa.
Por elas foram-nos concedidos os bens prometidos, os maiores e mais valiosos,
a fim de que vós vos tornásseis participantes da natureza divina,
fugindo da corrupção que a concupiscência espalha no mundo.
(II São Pedro 1,3-4)



Amigas e Amigos,



Inicio este Oratório com um agradecimento especial a Deus pelos dez mil acessos  a este Blog completados hoje. Antes de falar da Santa celebrada neste dia, comento a notícia da "Folha de São Paulo" sobre a inspiração propiciada pela Costa Rica no setor ambiental que poderia direcionar políticas brasileiras para esse setor, segundo Bráulio Dias. Diz a Folha.com que:
Enquanto o governo se gaba das credenciais ambientais do Brasil para sediar a conferência Rio +20, o czar da biodiversidade das Nações Unidas, o paulista Bráulio Dias, propõe humildade: o país deveria se inspirar na Costa Rica para resolver as contradições entre ambiente e desenvolvimentismo. Dias deixou em fevereiro o posto de secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente para assumir a secretaria-executiva da Convenção da Diversidade Biológica da ONU, em Montreal. De acordo com ele, a Costa Rica conseguiu triplicar o seu PIB e dobrar sua área de florestas mudando suas políticas. "Falta ao Brasil conseguir fazer essa virada." Embora tenha evitado criticar diretamente políticas ambientais do governo Dilma, como a Medida Provisória que reduz sete parques na Amazônia para acomodar hidrelétricas, Dias afirma que "o fato de ser energia renovável não quer dizer que esteja sendo feito da maneira mais sustentável possível". Segundo ele, o país tem condições de gerar energia sem mexer em suas florestas. 


 Na semana passada, Bráulio Dias, em entrevista para a Folha, respondeu a diversas questões relacionadas à sua pasta. Ao ser questionado sobre o tratamento dado pelo Brasil a questão de dinheiro, disse que:
Gasta-se cerca de meio bilhão de reais por ano no Brasil em unidades de conservação em todos os níveis – União,  Estados, municípios – e estima-se que, para implementar eficazmente todas as unidades, seria necessário pelo menos o dobro. O Brasil ainda não definiu seu nível de compromisso porque estamos no meio da discussão da revisão da estratégia nacional de biodiversidade.


 Quando a Folha citou que no primeiro ano do atual governo não foi criada nenhuma area protegida e que foi baixada uma Medida Provisória que determina a redução de sete areas na Amazônia para acomodar hidrelétricas, para perguntar a opinião de Dias sobre isso, ele respondeu que:
Não me cabe ficar comentando política interna de país nenhum. Obviamente nos preocupa toda essa dificuldade, esses embates no mundo inteiro entre interesses desenvolvimentistas de curto prazo e objetivos de sustentabilidade. Existem alguns países que conseguiram fazer uma virada. A Costa Rica é um deles. Aconteceram avanços lá porque foram tomadas medidas não só na esfera ambiental mas num âmbito de políticas públicas em geral, especialmente em instrumentos econômicos. E a Costa Rica conseguiu praticamente dobrar sua área florestal. Ao mesmo tempo, a renda per capita do país triplicou.

Além de tudo que possa ser falado, comentado e discutido sobre o Rio +20, fico na expectative de que a esperança de um mundo melhor nos leve a pensar que sustentabilidade está muito além de negociar desmatamento em troca de hidrelétrica. Utilizo, para nossa reflexão, uma frase de Bráulio Dias na entrevista, ao falar sobre boa posição do Brasil quando o assunto e matriz energetica renovável: “o fato de ser energia renovável não quer dizer que esteja sendo feito da maneira mais sustentável possível”.    



         Neste dia 20 de março, festejamos Santa Maria Josefa do Coração de Jesus Sancho de Guerra, que nasceu na Espanha, em 1842. Desde muito cedo, demonstrou grande devoção à Eucaristia e a Nossa Senhora, além de forte sensibilidade em relação aos pobres e enfermos, conforme o portal do Vaticano (http://www.vatican.va). Aconselhada por Santo Antônio Maria Claret e por Madre Soledade Torres Acosta, decidiu criar uma nova família religiosa – o Instituto das Servas de Jesus (1871) – dedicada aos doentes, tanto em casa como em hospitais. O seu carisma de serviço aos enfermos está expresso na citação que ela escreveu: "Desta maneira, as funções materiais do nosso Instituto, destinadas a salvaguardar a saúde corporal do nosso próximo, elevam-se a uma grande altura e fazem a nossa vida activa mais perfeita que a contemplativa, como ensinou o Doutor angélico, S. Tomás de Aquino que falou dos trabalhos dirigidos à saúde da alma, que vêm da contemplação" (Directorio de Asistencias de la Congregación Religiosa Siervas de Jesús de la Caridad).

        Esta semana, pensando na "saúde" de nossas florestas, sugiro a Oração para Santa Maria Josefa do Coração de Jesus Sancho de Guerra, que publico abaixo.


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ORAÇÃO A SANTA MARIA JOSEFA DO CORAÇÃO DE JESUS

Bendizemos a Ti, Senhor,
Porque elegeste Santa Maria Josefa do Coração de Jesus,
Para fazer presente Teu “Amor Misericordioso”
Neste mundo de dores.

Concede-nos a graça,
Que pela intercessão dela Te pedimos,
E que seu exemplo nos ajude
A nos revestirmos de sentimentos de bondade
E de amor ao Teu Divino Coração,
Em favor dos enfermos, dos idosos e das crianças.

Coração de Jesus, saúde dos enfermos,
Tem misericórdia de nós!

Coração de Jesus, fortaleza dos idosos,
Tem misericórdia de nós!

Coração de Jesus, amigo das crianças,
Tem misericórdia de nós!

Amém!


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Para acompanhar a oração acima, fica a música "Missão de Todos Nós", de Zé Vicente, com o próprio Zé Vicente.



Com votos de uma ótima semana para todos, espero que a Paz de Cristo permaneça conosco!

segunda-feira, 19 de março de 2012

ABRINDO A PORTEIRA – CULTURA, ARTE E PORTO ALEGRE



Sou homem... Que bom é ser
qualquer coisa, assim, ao léu,
uma pluma de vender,
um pensamento, um chapéu,
enfim ser tão somente isto,
ser apenas pelo meio,
sem um nome, sem um misto
de ancoragem ou de enleio,
ser nada (não é possível)
ser tudo (mas é demais)
ser então o indefinível
nem tão pouco, nem demais.
(Armindo Trevisan, excerto do poema “Homo Viator”)






Amigas e Amigos,

         Esta semana começa com uma daquelas matérias que enlevam mentes e corações dos que ainda se preocupam com a cultura em nosso país. Este arrebatamento é perceptível na publicação do jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre-RS, que em seu “Segundo Caderno” trouxe a notícia de um curso sobre História da Arte – O Processo Figurativo e a Conquista Técnica das Aparências na Arte Ocidental – dividido em oito aulas ministradas pelo escritor Armindo Trevisan, com início previsto para o próximo dia 26 de março, em uma livraria na capital gaúcha.

Imagem do blog http://armindotrevisan.blogspot.com.br

         Armindo Trevisan, além de escritor, é teólogo (formado em 1958), Doutor em Filosofia (pela Universidade de Fribourg, Suiça, 1963), poeta, crítico de arte e ensaísta. Ele foi professor de História da Arte e Estética (na UFRGS, entre 1973 e 1986) e no Curso de Pós-Graduação em Artes Visuais (na UFRGS, até 1999). Trevisan tem poemas e ensaios traduzidos para alemão, italiano, espanhol e inglês.

         Tendo um professor com um currículo dessa magnitude, com uma quantidade considerável de poemas e ensaios publicados e com prêmios recebidos em inúmeros eventos literários, o curso é gratuito. Que essa oportunidade não seja desperdiçada pelos (menos de 100, conforme abaixo) que estiverem nas imediações de Porto Alegre. 

         Sobre o evento cultural, diz a Zero Hora que:
São oito aulas que pretendem traçar a evolução histórica da arte ocidental, desde o Renascimento até a contemporaneidade, destacando artistas, inovações e técnicas introduzidas em cada período. As conferências, sempre às terças, das 19h às 21h30min – exceto a primeira, que será em uma segunda –, têm entrada franca e serão realizadas no Auditório da Livraria Cultura do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80) – são 89 lugares, preenchidos por ordem de chegada. Confira o cronograma: 26/3: O Renascimento e sua Revolução Cultural; 17/4: O Realismo Visual de Giotto; 15/5: A Corporeidade de Masaccio; 5/6: A Composição em Uccello e Piero della Francesca; 3/7: O Luminismo de Caravaggio e Rembrandt; 7/8: O Novo Uso da Cor em Van Eyck, Van der Weyden, Rubens e Velázquez; 21/8: O Início do Processo Des-Figurativo; 4/9: Três Inovações Plásticas: Delacroix, Cézanne, Kandinsky.

         Espero que a pequena quantidade de lugares leve para os organizadores do evento a agradável tarefa de programar novas conferências – alavancadas por patrocínios necessários – sobre o mesmo tema e com o mesmo palestrante, para que mais cidadãos tenham acesso a Arte com tamanha qualidade.

         A música para complementar a postagem de hoje é "Horizontes", de Flávio Bicca, na belíssima interpretação de Elaine Geissler, em um vídeo com imagens de Porto Alegre.


 

Um grande abraço e até a próxima!