sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

GALERIA SERTANEJA - OS PESOS DA JUSTIÇA



Anima-te por teres de suportar as injustiças;
a verdadeira desgraça consiste em cometê-las.
(Pitágoras)



Amigas e Amigos,

Nesta primeira Galeria Sertaneja de 2012, antes da apresentação da música escolhida para hoje, estou pedindo ajuda para entender as diferenças – se existirem – entre as situações mostradas a seguir.

Inicialmente, mostro abaixo uma matéria do portal G1, de hoje, (http://g1.globo.com), onde um jovem foi preso por atropelar, e matar, um argentino em Santa Catarina. Diz a matéria que:

Um estudante de 19 anos foi preso em Canasvieiras, Santa Catarina, por homicídio doloso (com intenção de matar) e omissão de socorro de um argentino de 54 anos. Segundo a Polícia Civil, o crime ocorreu na noite de terça-feira (3), quando a vítima trafegava pela ciclofaixa da praia com uma bicicleta e foi atingido por um Peugeot 206 preto conduzido pelo jovem. Algumas testemunhas tentaram socorrer o argentino e outras pessoas tentaram parar o motorista, que tentou fugir após o carro apresentar problemas técnicos. O argentino chegou a ser socorrido, mas morreu. Pedestres relataram à polícia que o motorista apresentava estar “visivelmente embriagado”. Policiais dizem que ele se recusou a fazer o teste do bafômetro. Dentro do Peugeot foram apreendidos uma garrafa de vodca e bebidas energéticas. O argentino morava em Canasvieiras e estava com visto de permanência no Brasil vencido. Segundo a Polícia Civil, nenhum familiar dele foi encontrado e consulado argentino no estado foi avisado do caso.
Em seguida, mostro a notícia que li no jornal “Litoral Norte” (http://litoralnortenoticias.com.br), do Rio Grande do Sul, do último dia 3, falando de um acidente semelhante ocorrido na estrada do mar, onde os responsáveis por duas mortes estão em liberdade:
Após terem a liberdade provisória concedida pela Justiça, a modelo Tatieli da Silva Costa e o suplente de vereador Paulo Afonso da Rosa Correa Júnior, responsabilizados pelo acidente que provocou duas mortes na Estrada do Mar, foram transferidos na madrugada desta terça-feira do Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, para o Hospital São Vicente de Paula, em Osório, no Litoral Norte. A dupla deixou a instituição de saúde sob forte escolta policial. Um grupo de cerca de 15 pessoas protestou na noite de segunda-feira contra a decisão judicial que concedeu liberdade provisória aos dois. De acordo com o juiz Ademar Nozari, da Comarca de Capão da Canoa, que concedeu a soltura dos acusados, a decisão é baseada na regra geral de que a pessoa deve responder o processo em liberdade e só ser presa se condenada. “A prisão antecipada é exceção para casos em que haja necessidade de garantias da ordem pública, representar risco para a instrução criminal ou para aplicação da lei penal. São essas as hipóteses restritas que fazem com que a pessoa permaneça presa”. Entretanto, o juiz determinou medida cautelar, recolhendo os passaportes dos acusados. A modelo Tatieli Costa, que reside em Portugal, terá que permanecer no Brasil até o julgamento do processo judicial. Os acusados terão que comparecer a todos os atos da ação, que deverá começar após a conclusão do inquérito policial e da denúncia do Ministério Público. Uma das vítimas da colisão, Carine Bueno, passou por cirurgia e segue internada em estado grave no hospital de Capão da Canoa. Ela era passageira do Prisma conduzido por Alaíde da Silva Linck, de 28 anos, que morreu no acidente. O carro dela, após ser atingido pelo Vectra dirigido pela modelo sem habilitação capotou e caiu sobre um táxi, matando o motorista, Ivo Ferrazo, de 63 anos. Parentes e amigos de Carine planejam via redes sociais um protesto para o sábado, em frente ao restaurante do pai do dono do veículo.
A minha primeira dúvida é sobre a diferença de condição dos acusados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Em SC o jovem, por estar embriagado e matar uma pessoa, está preso e no RS, os dois responsáveis pela morte de dois trabalhadores, quando também estavam embriagados e a motorista não tinha habilitação, estão em liberdade.



          A minha segunda dúvida é em relação a aplicação da regra geral pelo juiz de Capão da Canoa para liberar os responsáveis e se prende ao fato de serem pessoas ligadas a alta sociedade e a política da região. Será que sendo os responsáveis somente pessoas do povo – sem projeção social ou política – o juiz teria “lembrado” da aludida “regra geral”?

          Pelas situações semelhantes e pelos tratamentos diferentes, fica a impressão de que uma antiga máxima de domínio popular está mais viva do que nunca. Falo daquela citação, que ouço há muito, que afirma “de cabeça de juiz e de bumbum de neném se pode esperar qualquer coisa”.

          Como hoje é dia de nossa Galeria, trouxe a música “Chuvas de Verão”, de João de Almeida Neto, cuja letra está publicada abaixo.

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CHUVAS DE VERÃO
                  
João de Almeida Neto

Quando estas nuvens se esparramam sobre o pampa
E em gotas claras se derramam pelo chão
Apagam o pó dos pátios pobres da campanha
E apaga as brasas dessas tardes de verão.

Parece até que cada gota desta chuva
Vem como lágrima do céu para regar
O peito triste dos que choram como as nuvens,
Sem ver a flor do coração desabrochar.

Por isso gosto dessas chuvas veraneiras,
Que vêm e chovem e se somem sem alarde
Para levar a outros campos e outras vidas
A paz molhada que espalharam pela tarde.

E como chegam, vão-se as tardes, vão-se as chuvas
e vão-se os dias, vai-se o tempo e a ilusão
e vamos nós, em cada sonho que se apaga,
como se a vida fosse chuva de verão.


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          Para acompanhar Galeria de hoje, segue a interpretação do próprio autor, João de Almeida Neto.

 


          Um grande abraço e que 2012 seja pleno de justiça e felicidade para todos!



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ORATÓRIO CAMPEIRO - SOLIDARIEDADE E PERPLEXIDADE


Quem não se sentir ofendido com a ofensa feita a outros homens,
 quem não sentir na face a queimadura da bofetada dada noutra face, seja qual for a sua cor,
não é digno de ser homem.
(José Julián Martí Pérez)



Amigas e Amigos,
         
          Na semana em que a celebramos a Festa do Santíssimo Nome de Jesus, festejamos nesta terça-feira Santa Genoveva, uma francesa que, como Santa Joana D’Arc, fez da atividade política e social uma obrigação tão importante como o jejum e a oração.



          Antes de continuar nosso bate-papo sobre Santa Genoveva neste Oratório Campeiro, quero registrar que li – aqui na capital portenha onde passo minhas férias – uma matéria no portal G1 (http://g1.globo.com) sobre o escalpamento de duas crianças – de 10 e 13 anos – em acidentes com motor de barco no Pará, no dia 30 de dezembro. Segundo a notícia, as crianças estão em estado grave na Santa Casa de Belém, referência para esse tipo de caso.

          Saber que existe um lugar tido com referência para esse tipo de caso (conforme a notícia) é algo que me deixa perplexo, pois reconhecer uma referência para essa situação é admitir que existam um número significativo de casos semelhantes. Diz, ainda, a matéria que:
Os acidentes costumam ocorrer quando as vítimas têm o cabelo arrancado pelo movimento do eixo que liga o motor até a hélice dos barcos, que fica exposto aos passageiros de maneira irregular. A menina de 10 anos sofreu perda total do couro cabeludo, teve exposição óssea, a orelha esquerda rasgada e fratura no úmero. A vítima sofreu o acidente quando viajava com a mãe da região onde mora até o centro de Portel (PA), trajeto que demora quatro horas para ser percorrido de barco. "No momento, ela está em estado grave, porém estável. A criança está com infecção e faz hemoterapia em virtude de quadro anêmico. A lesão sofrida por ela chegou até a cervical", disse Socorro Ruivo, coordenadora do Programa de Assistência Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. A criança de 13 anos foi ferida quando era levada do ponto onde mora, em Oeiras (PA), até o centro da cidade, que fica na região do Arquipélago de Marajó. Ela perdeu parte do couro cabeludo, com exposição parcial do crânio. "Nos dois casos, as pacientes estão recebendo acompanhamento médico até que possam passar por cirurgia reparadora e ortopédica", disse Socorro.  Para evitar casos de vítimas escalpeladas em embarcações na região amazônica, a Defensoria Pública Geral da União (DPGU) tem um programa, desde abril de 2005, para tentar erradicar os casos de acidentes deste tipo. Segundo dados do governo do Pará, foram registrados 250 casos de vítimas escalpeladas, no período de 1982 a 2011. A maioria aconteceu na região do Arquipélago de Marajó, na Região Metropolitana de Belém, nas regiões Nordeste e do Baixo Tocantins. A DPGU trabalha com o Projeto de Prevenção e Erradicação do Escalpelamento, que é feito em parceria com as secretarias de Saúde dos estados do Pará, Amapá, Rondônia e Amazonas, com o Ministério da Justiça e com a Marinha. De acordo com a defensora pública federal Luciene Strada, a DPGU tem 241 processos de assistência jurídicas para vítimas escalpeladas. Destes, 145 casos são no Pará, 94 no Amapá, um no Amazonas e um em Rondônia. A defensoria atua em duas linhas de ação. A primeira, reparadora, orienta as vítimas e seus familiares sobre os direitos que têm após o acidente, abre processos de assistência jurídica e viabiliza o recebimento de indenização. "O objetivo é atuar de maneira que sejam garantidos todos os direitos de cidadão até a reinserção das vítimas ao mercado de trabalho e todo acompanhamento médico, desde os primeiros cuidados até os últimos reparos de cirurgia plástica, em cooperação com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e atendimento psicológico", disse Luciene. A segunda, preventiva, atua com campanhas de esclarecimento com donos de embarcações e passageiros. Um dos focos é o aumento da segurança dos barcos. "Não tenho registro de donos de barcos reincidentes. O acidente com vítimas escalpeladas e tão feio que o barqueiro que passou por uma situação dessa dificilmente vai querer passar por isso de novo", afirmou a defensora pública federal.

          Por mais que se possa alegar diferenças culturais – ou quaisquer outras bobagens para explicar tais situações – não consigo aceitar que acidentes dessa magnitude possam ocorrer sem que se busque – efetivamente – erradicá-los.

          O programa da Defensoria Pública Geral da União, que se arrasta – conforme a material – desde de 2005 para erradicar “casos de acidentes deste tipo”, pode ser classificado como inóquo diante da realidade apresentada na reportage do G1. E aparentemente é assim que ele também é visto pela própria DPGU, pois atua em duas linhas de ação, onde orienta as vítimas (após sofrerem o acidente) e esclarece os envolvidos para que não haja reincidência (quando alguém já sofreu um acidente deste tipo). Parece brincadeira com o sofrimento alheio.

          Volto, então, a falar de Santa Genoveva, para relembrar principalmente um dos episódios mais marcantes de sua vida. Esse episódio diz respeito a sua atuação na história da França como protetora dos moradores do campo à uma cidade que vivia na penúria. Graças a essa intervenção, milhares de franceses foram salvos da morte e, por isso, Santa Genoveva é invocada sempre que a capital francesa passa por calamidades e é a Padroeira de Paris.

          Como sugestão, vamos pedir, pela intercessão de Santa Genoveva, que Deus ajude nossos governantes a deixarem de “estar fazendo” e a “fazerem” o que os nossos irmãos mais necessitados tanto precisam, para que, assim, eles possam ser vistos como pessoas e não apenas como um voto para as próximas eleições.         

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ORAÇÃO A SANTA GENOVEVA
                  
Deus, nosso Pai,
Por intercessão de Santa Genoveva,
Afastai de nós a peste, a fome, as guerras.
Saibamos defender nossa dignidade
De cidadãos livres e de filhos de Deus,
Que nos chamou a viver na paz e na justiça,
Deixando de lado interesses mesquinhos e individualistas.

Dai-nos, Senhor,
A coragem e a abnegação de Santa Genoveva
Que soube praticar o Evangelho, servindo aos irmãos,
E que obteve na oração
Forças para debelar o perigo da opressão e o desespero da fome.
Jamais nos falte a vossa proteção
E auxílio nas dificuldades pelas quais passamos.
Amém.
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          Para concluir esse primeiro Oratório Campeiro de 2012, escolhi a música “Minha Vida Tem Sentido”, do Padre Zezinho, interpretada pelo próprio autor.


          Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco por todo 2012!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ABRINDO A PORTEIRA - ESPERANÇA EM 2012



A esperança não é nem realidade nem quimera.
É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos;
foram feitos pelo grande número de passantes.
(Lu Hsun)

Amigas e Amigos,

Começando 2012. Desejo que todos os que acompanham este Blog do programa Canto da Terra tenham um ano de saúde e felicidade em plenitude. O Abrindo a Porteira de hoje não é apenas para mais uma semana, como quase sempre, mas para um novo ano que se inicia.



Mesmo sempre esperando novidades nos deparamos com um 2012 que começa semelhante a tantos outros, com muita chuva atingindo a capital mineira e as cidades próximas, com os mesmo problemas dos anos anteriores, com mortes que não sensibilizam nossos governos na busca de melhoria para superarmos com mais tranqüilidade essas intempéries.

Situação semelhante vive a região serrana do Rio de Janeiro e, graças a algumas situações pontuais, ainda não se registrou um caso de calamidade como o de anos anteriores. O prefeito de Nova Friburgo afirmou a Folha de São Paulo “que apenas 30% das obras necessárias para a cidade foram executadas”. E se lembrarmos que pelo menos 900 pessoas morreram naquela região há um ano, a idéia que nos passa é de completo descaso para com a vida dos cidadãos brasileiros.

Ainda que não haja informações sobre vítimas, o munícipio de Petrópolis, também na região serrana do Rio, já registrou, conforme informação da Agência Estado, 128 ocorrências. Situação de alerta máximo são registradas nas cidades fluminenses de Duque de Caxias, São João do Meriti e Macaé.

A população atingida por essas chuvas torrenciais também paga impostos exorbitantes para não ter qualquer retorno durante um ano de espera e agonia por conta das tempestades anuais. Pode ser que aplicar em infraestrutura diminua a verba disponível para os “mensalões” que garantem eleições, reeleições e sabe-se lá mais o quê…

Ainda que as chuvas e as secas persistam em nosso país, resta-nos esperar, confiantes em nossos votos, que possamos diminuir – e quiça um dia acabar – a corrupção impregnada em nossos poderes constituídos.

          Para abrir essa porteira para 2012, deixo a música “Alma de Espelho de Rio”, de Gujo Teixeira e Luiz Marenco, interpretada por Luiz Marenco.

 

          Um grande abraço e que 2012 se revista de felicidade!