Amigas e Amigos!
A Galeria Sertaneja de hoje presta uma homenagem a grande dama da música caipira, Inezita Barroso – nome artístico de Ignez Magdalena Aranha de Lima, que nasceu em São Paulo, no dia 4 de março de 1925.
Na noite da última sexta-feira (11/02), Inezita – prestes a completar 86 anos e já com 60 anos de vida artística – iniciou a gravação de seu primeiro DVD, ao vivo, na cidade de Campinas-SP. Mencionei que iniciou porque ela não conseguiu, como planejara, gravar as 22 músicas previstas.
O portal Terra (www.terra.com.br), no dia 12/02 informou que ela passou mal, e abandonou a gravação do DVD, com a seguinte nota:
Inezita se apresentou por cerca de duas horas, cantou 13 músicas das 22 previstas para apresentação, mas deixou o palco para tomar água e não retornou. O show começou às 21h e ela saiu do palco por volta das 23h30. A produção e os organizadores pediram desculpas para a plateia estimada em mais de mil pessoas, entre as quais havia muitas crianças. Informaram que a artista estava bem, porém precisava descansar. Não foi informado ainda se haverá uma segunda apresentação. [...] A cantora estava acompanhada do Regional, um grupo de músicos que atua com ela no programa Viola Minha Viola, no ar há 30 anos na TV Cultura de São Paulo. Inezita abriu com Boiadeiro Errante (Teddy Vieira) passando por Caipira de Fato (Adauto Santos), Perto do Coração (João Pacifico e Raul Torres), Cafezal em Flor (Luis Carlos Paraná), Colcha de Retalhos (Raul Torres),Ronda (Paulo Vanzolini) entre outras do seu repertório mas deixou de entoar seu sucesso mais popular Marvada Pinga(domínio público).
Sobre Inezita Barroso, pode-se encontrar na “Wikipédia, A enciclopédia livre” (www.wikipedia.com.br) que ela:
é uma cantora, atriz, instrumentista, folclorista, professora, doutora Honoris Causa em folclore e arte digital pela Universidade de Lisboa e apresentadora de rádio e televisão brasileira, atuando também em shows, discos, cinema, teatro e produzindo espetáculos musicais de renome nacional e internacional. Nascida numa família aristocrática e apaixonada pela cultura e, principalmente, pela música brasileira, Inezita começou a cantar e tocar violão e viola desde pequena, com sete anos. Estudiosa, matriculou-se no conservatório e aprendeu piano. Formou-se em biblioteconomia pela USP, antes de se tornar cantora profissional, em 1953. Com o primeiro disco, vieram também os primeiros sucessos: o clássico samba Ronda, de Paulo Vanzolini e a caipiríssima Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul Torres, que se tornou a mais célebre das interpretações. [...] Desde 1980 comanda o programa de música caipira Viola, Minha Viola, pela TV Cultura de São Paulo. [...] Inezita Barroso é reconhecida também como atriz de teatro e cinema. Por onde atuou, ela ganhou prêmios importantes, como o Troféu Roquette Pinto, como Melhor Cantora de rádio; o prêmio Guarani, como melhor cantora em disco, além de ganhar também o Prêmio Saci de cinema. Em 2003, foi condecorada pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin com a Medalha Ipiranga, recebendo o título de comendadora da música raiz.
Para homenagear Inezita, essa
jóia viva da Música Caipira (com
maiúscula, sim, Senhor!), escolhi uma música marcante para todos os que gostam do humor presente em tantas de nossas músicas mais populares. A escolhida de hoje é "Marvada Pinga" - também conhecida como "Moda da Pinga" - cuja autoria, apesar de toda a confusão até aqui, é esclarecida em nota de rodapé na página 70 do livro "Moda Caipira: da roça ao rodeio", de Rosa Nepomuceno:
No 78 rpm de 1953, de Inezita, o autor é Laureano; no selo de outros discos, do mesmo ano, é Cunha Júnior; mais tarde oficializou-se a autoria de Raul Torres e Laureano; Torre a gravara como "Festança no Tietê", em 1939. em 1958 Inezita a regravou com alguns versos de Paulo Vanzolini, sem que este entrasse nos créditos.
Publico, abaixo, a letra da gravação de Inezita Barroso, com as adaptações citadas.
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MARVADA PINGA
Ochelcis Aguiar Laureano e Raul Torres
Co'a marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meu taio
Pego no copo e dali num saio
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!
Venho da cidade, já venho cantando
Trago um garrafão que venho chupando
Venho pros caminho, venho trupicando
Chifrando os barranco, venho cambeteando
E no lugar que eu caio já fico roncando, oi lá!
O marido me disse, ele me falô
Largue de bebê, peço pro favor
Prosa de home nunca dei valor
Bebo com o sor quente pra esfriá o calô
Se bebo de noite é pra fazer suadô, oi lá!
Cada vez que eu caio, caio deferente
Meaço pra trás e caio pra frente
Caio devagar, caio de repente
Vou de currupio, vou deretamente
Mas sendo de pinga eu caio contente, oi lá!
Pego o garrafão e já balanceio
Que é pra mode vê se tá mesmo cheio
Num bebo de vez por que acho feio
No primeiro gorpe chego inté no meio
No segundo trago é que eu desvazeio, oi lá!
Eu bebo da pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo nos copo, bebo na tigela
Bebo temperada com cravo e canela
Seja quarqué tempo vai pinga na goela, oi lá!
Eu fui numa festa no rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me deram pinga pra mim bebê
Já me deram pinga pra mim bebê, tava sem fervê, oi lá!
Eu bebi demais e fiquei mamada
Eu caí no chão e fiquei deitada
Aí eu fui pra casa de braço dado
Ai de braço dado é com dois sordado
Ai, muito obrigado!
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Para completar a postagem de hoje, vamos ouvir a interpretação da Diva da Música Caipira, Inezita Barroso, aqui no blog do programa Canto da Terra.
Encerro aqui a Galeria de hoje. Logo abaixo, tem espaço para vocês marcarem se gostaram ou não da "marvada". Podem deixar, também, um comentário. Até a próxima e um grande abraço.
Wilmar Machado