sábado, 9 de abril de 2011

FOGÃO DE LENHA - DE BRAVATAS E ESPINHAÇO

Amigas e Amigos!

                  Depois do comentário de ontem sobre o massacre na escola em Realengo, no Rio de Janeiro-RJ, uma notícia chocante é encontrada no “cotidiano” da Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br), hoje, narrando a ameaça a estudantes na Universidade Federal do Ceará, feita por um policial – aluno da instituição – que estava armado.

                  Como nesse caso não houve mortes, provavelmente, será encomendada mais uma “pizza” e tudo, logo, será esquecido. E, se daqui a pouco, essa arma servir para algo mais do que apenas ameaças, estarrecidos, perguntaremos buscaremos explicar a situação. Conforme a matéria da Folha, agora não houve disparos, mas:
Um escrivão da Polícia Civil foi detido na tarde desta sexta-feira em Fortaleza, no campus Pici da UFC (Universidade Federal do Ceará), após supostamente sacar a arma e ameaçar estudantes. Segundo o delegado Francisco Braguinha de Souza, o policial, que estuda engenharia metalúrgica, parou o carro em um lugar que atrapalhava a saída de veículos em um estacionamento do bloco de engenharia. Um grupo de alunos protestou e pediu ao policial que tirasse o carro do local, mas ele se recusou e entrou no prédio, segundo um estudante de engenharia elétrica que não quis se identificar. Quando o policial voltou, por volta de 17h, encontrou o veículo riscado, com três pneus murchos e um recado no parabrisa com a palavra "otário", segundo Souza. O suspeito teria então entrado no carro e sacado a arma, perguntando "Quem é o otário agora", afirmou o delegado. A segurança universitária foi chamada e acionou a polícia. O homem teve a arma apreendida e foi levado ao 10º DP, onde foi registrado um termo circunstanciado de ocorrência --para infrações de pequeno potencial ofensivo. Segundo Souza, o escrivão vai responder pelo ato nas esferas criminal e administrativa, sob suspeita de uso inadequado da arma. A Polícia Civil também enviou policiais ao campus para identificar possíveis vítimas de ameaças do homem. "Um policial não pode fazer justiça com as próprias mãos. Ele deveria ter registrado boletim de ocorrência", disse o delegado Luiz Carlos Dantas.
                  Certamente, os “santinhos” responsáveis pelos atos de vandalismo envolvendo o carro do policial são merecedores de punição pois o que toscamente tentaram foi fazer justiça – a maneira deles – com as próprias mãos contra a possível arrogância do policial. O final da história só não foi bem pior porque ainda restou ao desiquilibrado aluno-policial alguma coisa que poderia ser associada a controle.


 
                  Tudo o que eu queria hoje - mas não foi possível deixar de comentar o "potencial massacre" da UFC - era sugerir, aqui no Fogão de Lenha, que aproveitássemos esse último fim de semana, antes da Semana Santa, para preparar um prato típico do Rio Grande do Sul: o Espinhaço de Ovelha com Arroz.

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ESPINHAÇO DE OVELHA COM ARROZ

Ingredientes:

1 kg de espinhaço de ovelha limpo

1 cebola grande picada

4 tomates picados

2 colheres (sopa) de óleo

2 xícara de arroz

Água fervente

Algumas folhas de manjerona

2 dentes de alho picado

Pimenta do reino a gosto

Sal a gosto.

Modo de preparo:

Lave os espinhaços, corte em pedaços.

Misture sal, alho e pimentas do reino até formar uma pasta.

Esfregue bem nos pedaços de carne.

Aqueça o óleo em uma panela.

Junte o espinhaço e deixe dourar ligeiramente

Acrescente o manjericão.

Junte um pouco de água e cozinhe até amaciar a carne.

Junte a cebola e os tomates, deixando fritar um pouco.

Acrescente arroz e frite, mexendo sempre,

Coloque 4 xícaras de água fervente.

Verifique o tempero e acerte, se necessário.

Cozinhe em fogo brando até o arroz ficar macio.



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                  Para acompanhar a iguaria do Fogão de Lenha, aqui no Canto da Terra, sugiro a música “Churrasqueando”, com o Grupo Rodeio.



                  Um grande abraço e até o próximo!

Wilmar Machado

quinta-feira, 7 de abril de 2011

GALERIA SERTANEJA - CORAGEM, REALENGO

Amigas e Amigos,

                   Nesta Galeria Sertaneja, por mais que eu procure falar de qualquer outro assunto, não tem como deixar de comentar a tragédia ocorrida, hoje, em uma escola no Rio de Janeiro-RJ. Até o momento em que estou escrevendo, foram constatadas 12 mortes de adolescentes com idades entre 12 e 15 anos, baleados por um transtornado jovem assassino de 24 anos, na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio.



                   A notícia se espalhou pelo mundo, por não ser o Brasil um país onde esse tipo de crime em colégios apresentasse registros anteriores. A violência contra menores por aqui acontece escondida dentro das próprias residências, mas – como racismo, homofobia e outras vergonhas que carregamos – preferimos “fazer de conta” que está tudo bem por aqui.

                   O momento não é de buscarmos culpados – o criminoso está morto – mas de refletirmos sobre o que pode ser feito para diminuir esses desatinos. O sofrimento dos familiares e amigos dessas crianças não pode ser em vão. A presença de armas em escolas é muito comum, mas servem, na maioria das vezes para uma ameaça ou alguma outra demonstração de “poder”, tolerada pela sociedade – por nós –, acreditando que está muito distante de nossas vidas.

                   Se pensarmos nas leis de nosso país, não conseguiremos, provavelmente, imaginar como uma arma poderia parar na mão do responsável pelo massacre de Realengo (e ele tinha dois revólveres). Um potencial desequilibrado (segundo depoimento de parentes) armado e sabe-se lá desde quando. Necessitamos, cada vez mais, desarmar a população. Mas necessitamos, e muito, de um judiciário que troque declarações rebuscadas e enroladas por práticas que garantam bandidos em cadeias e cidadãos circulando sem tanto medo. Penas leves e diminuídas – com indultos dos mais diversos – incentivam, e muito, a violência pela certeza de impunidade.

                   Para externar a nossa solidariedade a todos os familiares das pequenas vítimas da chacina de Realengo, fui buscar no cancioneiro gaúcho das Califórnias da Canção, de Uruguaiana, a música de João Batista Machado e Júlio Machado da Silva Neto, na interpretação do saudoso Cezar Passarinho, “Guri”.

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GURI

                                                                 Composição: J.B.Machado e J.M.S.Neto
                                             Intérprete: Cezar Passarinho

Das roupas velhas do pai queria que a mãe fizesse

Uma mala de garupa e uma bombacha e me desse

Queria boinas e alpargatas e um cachorro companheiro

Pra me ajudar a botar as vacas no meu petiço sogueiro


Hei de ter uma tabuada e o meu livro "Queres Ler"

Vou aprender a fazer contas e algum bilhete escrever

Pra que a filha do seu Bento saiba que ela é meu bem querer

E se não for por escrito eu não me animo a dizer


Quero gaita de oito baixos pra ver o ronco que sai

Botas feitio do Alegrete e esporas do Ibirocai

Lenço vermelho e guaiaca compradas lá no Uruguai

Pra que digam quando eu passe saiu igualzito ao pai


E se Deus não achar muito tanta coisa que eu pedi

Não deixe que eu me separe deste rancho onde nasci

Nem me desperte tão cedo do meu sonho de guri

E de lambuja permita que eu nunca saia daqui

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                   Abaixo, uma interpretação do Cezar Passarinho, acompanhado pelo Borghettinho, no programa Galpão Crioulo, na RBS, de Porto Alegre-RS.


                   Um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado

terça-feira, 5 de abril de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - EMBROMANDO A EDUCAÇÃO

Amigas e Amigos!

                No próximo dia 7 de abril, é celebrado São João Batista de La Salle, que nasceu na França (em Reims), no ano de 1651. Era doutor em Teologia e fundou a Congregação Irmãos das Escolas Cristãs, que se estabeleceu no Brasil em 1907, inicialmente no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. São J.B. de La Salle morreu em uma Sexta-feira Santa em 1719 e foi proclamado, posteriormente, “Padroeiro celeste de todos os educadores”.



                Hoje, no caderno “Eu, estudante”, do Correio Braziliense (www.correioweb.com.br), foi publicado que a população brasileira poderá ser consultada sobre um possível – mas não muito provável – aumento de verba para a educação, com base em informação da Agência Câmara, onde se lê que:
A Câmara analisa o Projeto de Decreto Legislativo 11/11, do deputado Ivan Valente (Psol-SP), que prevê a realização de plebiscito em 2012 para saber se os brasileiros são favoráveis ou não à obrigatoriedade de aplicação do percentual de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, por parte da União, de estados e de municípios. Em 2009, o investimento público em educação foi de 5,7% em relação ao PIB (1,2% da União, 2,4% dos estados e 2,2% dos municípios), de acordo com dados do Inep/MEC. Ivan Valente afirma que a ampliação dos recursos para a educação é uma medida urgente e necessária para elevar a qualidade do ensino e garantir a todos os brasileiros o direito à educação. Ele lembra que essa é uma reivindicação da Conferência Nacional de Educação (Conae), mas “parece não sensibilizar” o Poder Executivo

                Enquanto o “mico da educação” vai pulando de um ombro para outro, nada se resolve e vai ficando “tudo como antes no quartel d’Abrantes”. Se tudo correr (muito) bem, em 2012 responderemos o óbvio em um plebiscito (ou alguém no Psol ou em qualquer outro partido tem alguma dúvida) sobre a utilização de 10% do PIB, em vez dos míseros 5,7% atuais que faz a educação estar nos níveis em que se encontra. Não está pior (como se esperaria dado o descaso com que é tratada nos meios públicos) pela abnegada dedicação dos professores, tantas vezes achincalhados tanto pelas autoridades quanto por seus representantes, não raras vezes à serviço dessas mesmas autoridades.


                Depois da consulta popular, nossos ilustríssimos representantes – como sói acontecer –, com a agilidade dos que produzem trabalhando apenas de terças às quintas-feiras, redigirão, corrigirão e, novamente, redigirão o texto do projeto – até que o executivo sinalize que podem continuar – e, com requintes de crueldade, encaminharão para aprovação algo que, provavelmente, nos fará perguntar – sem esperar qualquer resposta – para que foi feito o plebiscito.

                São João Batista de La Salle, que vê na categoria dos seus afilhados tanta dedicação, possivelmente, contempla a expressão envergonhada de São Thomas More com os seus. Proponho, esta semana, dedicarmos nossa oração a São João Batista de La Salle, com a sugestão abaixo.

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ORAÇÃO A SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE

Ó Deus,

Que escolhestes São João Batista de La Salle

Para a educação cristã dos jovens,

Suscitai na vossa Igreja

Educadores que se consagrem inteiramente

A formação humana e cristã da juventude.

Amém.
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                A música deste Oratório Campeiro, para homenagearmos os professores, é “A professora e a palmatória”, de Rita de Cássia, com o grupo Rabo de Saia.


                Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - BOM LADRÃO PARA QUEM?

Amigas e Amigos!

                 Para iniciar esta primeira semana após adquirir mais experiência no último sábado, encontrei uma notícia que, acredito, poderá ser incluída no bizarro mundo de escândalos promovidos pelos poderes constituídos em nosso país.



                 Em matéria publicada hoje, no portal G1 (http://g1.globo.com), pode-se acompanhar, por mais estranho que pareça, que os paroquianos da Igreja de São Gonçalo do Retiro, da comunidade de São Dimas, em Salvador-BA, celebraram a festa do padroeiro em um circo (Circo Maravilha), com a presença de Dom Geraldo Magella, que compareceu ontem para apoiar a comunidade. Diz a matéria que:
A celebração da missa em homenagem ao dia do padroeiro da Igreja de São Dimas, na Baixinha de Santo Antônio, em Salvador, foi realizada dentro de um circo neste domingo (3). A construção de um motel ao lado colocou em risco a sustentação da igreja, demolida há um ano. O caso está na Justiça e os fiés reclamam solução. “Em 2007, autorizaram a construção do motel, que abalou profundamente a estrutura da igreja. A Codesal veio, deu um parecer técnico e disse que tinha ameaça de desabamento eminente. Por motivos de segurança, fomos obrigados a demolir a igreja, o centro social e também a creche”, explica o pároco Maurício Abel. A creche que funcionava na igreja atendia pelo menos 35 crianças.  [...] O técnico contábil Antônio Moreira protestou contra a situação. “Estamos protestando contra a morosidade da Justiça. A igreja está no chão e o motel, infelizmente, de pé”, diz
                 Apesar dessa preocupação do técnico contábil contra “a morosidade da Justiça”, aparentemente, a Justiça não é a única responsável pelo pagamento dessa conta. O caso parece envolver também a máquina administrativa, dados o tempo de enrolação e a omissão de autoridades constituídas. Para se ter uma idéia do tempo proporcionado por quem deveria buscar soluções, e não embromações, no dia 7 de abril de 2009, no telejornal “Bahia Meio Dia” (disponível em http://ibahia.globo.com/batv/materias_texto.asp?modulo=2912&codigo=202999), foi questionado o porquê de uma obra embargada pela Defesa Civil em novembro de 2007 não ter sido suspensa até aquela data, pois:
O povo diz que o dono do hotel tem muito dinheiro e muitos amigos na Sucom. Agora, a justiça embargou a obra, mas o embargo não foi respeitado e o dono continuou a sua construção até escondido de noite.  [...] mesmo com a obra embargada, o hotel foi concluído. [... ] Já a assessoria da Sucom - Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo informou que o hotel foi notificado, autuado e embargado, mas não disse porquê, mesmo com tudo isso, as obras foram concluídas e a recuperação dos prédios vizinhos ainda não aconteceu.
                 Para corroborar a idéia de que é possível se trabalhar neste país sem gerar qualquer resultado (mas sem jamais esquecer de receber, e muito, por isso), encontrei no Correio, de Salvador, (http://correio24horas.globo.com), do dia 15 de julho de 2009, que:
O juiz da 7ª Vara de Relação de Consumo determinou a demolição de um hotel da Baixinha de Santo Antônio e também que o dono do imóvel, Manoel Borges da Silva Júnior, mande recuperar os prédios da Igreja de São Dimas e da creche do bairro que foram fechados com sérios problemas na estrutura por causa da construção do hotel. A prefeitura embargou a obra, que continuou mesmo sem permissão.
                 A única explicação que vislumbro para esse verdadeiro “jogo de empurra” na aparente tentativa de “esconder o jogo” está associada ao próprio padroeiro da comunidade: São Dimas. São Dimas – apesar de dúvidas quando ao seu verdadeiro nome – foi o Bom Ladrão, que na cruz, ao lado de Jesus, confessou a própria culpa e professou a fé em Cristo. Ora, parece que vivemos em um tempo onde a delação premiada abala toda e qualquer estrutura de poder deste Brasil, onde a situação de “ter o rabo preso” se generaliza propiciando cada vez mais situações em que os responsáveis por decisões e ações prefiram “meter o rabo entre as pernas” e “sair de fininho”.

                 Para deixar a porteira aberta para mais uma semana, vamos ouvir uma música que pode se associada ao comentário de hoje. De Prado Júnior e João Armando Perrupat, com as Gargantas de Ouro do Brasil, a dupla Milionário & José Rico, a composição "Inversão de Valores".


                 Um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado