sexta-feira, 26 de agosto de 2011

GALERIA SERTANEJA - PELA VIDA GRITA A TERRA... POR DIREITOS, TODOS NÓS!



Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa,
 e ter por fim da caminhada um objetivo agradável:
eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.
(Jean Jacques Rousseau)




Amigas e Amigos,

               Hoje, lembro que estamos nos aproximando de mais um Grito dos Excluídos, que acontecerá no próximo feriado de 7 de setembro. Nesta 17ª edição desse evento, o lema é “Pela vida grita a Terra... Por direitos, todos nós”. A jornalista da Adital (http://www.adital.com.br), Karol Assunção, escreveu que:
De acordo com Ari Alberti, integrante da coordenação nacional do Grito dos Excluídos, a manifestação popular acontecerá em todo o país. Por ser uma atividade descentralizada, ainda não há como fazer uma previsão do número de participantes [...] E a ideia também é que, após o 7 de setembro, as organizações sociais de cada local possam juntar as reivindicações manifestadas na mobilização para realizar um documento e cobrar das autoridades. "O Grito é um processo conjunto de formação e conscientização para o projeto popular, com ações pré e pós [Grito]”, comenta. O integrante da coordenação nacional lembra que, por ser descentralizado, não há uma pauta específica de reivindicação, pois as demandas são de acordo com os problemas locais. "A ideia é que cada local possa fluir o grito que faz parte do dia-a-dia”, afirma. [...] Para Ari Alberti, o lema chama para a discussão tanto sobre o meio ambiente, ameaçado pelo modelo desenvolvimentista e pelas grandes obras, quanto sobre os direitos. "É importante lembrar que saúde, educação, moradia são direitos básicos previstos na Constituição”, comenta. [...] Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos já faz parte do calendário nacional de ações realizadas durante o dia 7 de setembro. De acordo com Alberti, a mobilização conseguiu mudar a ideia de Semana da Pátria e questionar sobre o Dia da Independência. "Mesmo quem não concorda, sabe que existe uma atividade diferente das marchas oficiais”, destaca.



               João Peres, da Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br), publicou que:
Neste ano, o tema do Grito dos Excluídos é “Pela vida grita a terra. Por direitos, todos nós!”, uma alusão à Campanha da Fraternidade, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na edição de 2011, a Igreja Católica brasileira teve como foco as mudanças climáticas e a maneira como impactam nas sociedades empobrecidas economicamente. “Os direitos estão na Constituição. Queremos cumpri-los”, avalia Alberti. Ele lamenta em especial a postura do Congresso Nacional, que tem mostrado disposição para negociar aumento de salário de parlamentares, para discutir o Código Florestal, de interesse de alguns deputados e senadores, e para debater a nomeação para cargos públicos, mas não abre o mesmo espaço para aprovar outros temas importantes para a sociedade. “Precisa de uma ventilada, de uma limpeza. Queremos construir um projeto popular, um projeto de sociedade. O Congresso parece um balcão de negócios. É triste chegar a esse ponto.” [...] Em uma referência direta à bandeira do governo Dilma Rousseff, a superação da miséria, os movimentos sociais indicam, na carta a respeito do ato, que a ascensão de classe não é suficiente se seguir havendo disparidades insuperáveis. “Com tamanha desigualdade, sem ter feito nenhuma reforma estrutural de base, como a situação muda tão rapidamente? Alguma coisa está sendo enganosa”, destaca Alberti.

               As notícias sobre o Grito dos Excluídos são encontradas em mídias alternativas e não ocupam muito espaço nos grandes portais de notícias. Enquanto escrevia, pensava sobre os poderes e seus escândalos, onde a periodicidade de denúncias (com imagens, vídeos e arquivos sonoros) torna-se cada vez mais amiúde. Será que breve não teremos um país divido em apenas duas classes: os corruptos e os excluídos?

               Para a Galeria Sertaneja de hoje, enquanto esperamos o Grito dos Excluídos (e as suas conseqüências), é de Francisco Alves e Humberto Zanatta, e tem por título “América Latina” que, segundo a enciclopédia livre Wikipédia, “é um brado à consciência crítica e união entre os povos explorados da Latino-América”.

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AMÉRICA LATINA
                                                      Francisco Alves e Humberto Zanatta

Talvez um dia, não existam aramados
E nem cancelas, nos limites da fronteira
Talvez um dia milhões de vozes se erguerão
Numa só voz, desde o mar as cordilheiras

A mão do índio, explorado, aniquilado
Do Camponês, mãos calejadas, e sem terra
Do peão rude que humilde anda changueando
E dos jovens, que sem saber morrem nas guerras

América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor

Talvez um dia o gemido das masmorras
E o suor dos operários e mineiros
Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos
E as cicatrizes de tantos guerrilheiros
Talvez um dia o silêncio dos covardes
Nos desperte da inconsciência deste sono
E o grito do Sepé na voz do povo
Vai nos lembrar, que esta terra ainda tem dono

América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor

E as sesmarias, de campos e riquezas
Que se concentram nas mãos de pouca gente
Serão lavradas pelo arado da justiça
De norte a sul, no Latino Continente

América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor

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               A interpretação hoje está por conta de Dante Ramon Ledesma, cantor popular e sociólogo argentino, naturalizado brasileiro em 1978, e morador do Rio Grande do Sul.

  

               Até a próxima e um grande abraço!

Wilmar Machado

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

TERTÚLIA NATIVA – SURRUPIADO É SURRUPIADO, E PONTO.



Muitos ensinam o que adquiriram com o estudo, não com a conduta,
e assim o que pregam com a palavra destroem com o seu modo de vida.
(São Gregório Magno)



Amigas e Amigos,


               A Tertúlia Nativa inicia com uma notícia do portal “Congresso em Foco” (http://congressoemfoco.uol.com.br), sobre o pífio salário recebido pelo nobre presidente do Senado. Segundo o referido portal:
Alguns parlamentares acumulam o que recebem no Congresso com aposentadorias, que fazem com que os R$ 26,7 mil sejam ultrapassados em muito. É o caso do próprio presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). No salário dele, ninguém mexeu. [...] Uma ação do Ministério Público afirma que o próprio presidente do Senado, José Sarney, recebe acima do teto constitucional. [...] Segundo o MP, Sarney recebe duas aposentadorias, como ex-governador do Maranhão e como servidor do Tribunal de Justiça daquele estado, além do salário de senador em Brasília. Em 2009, o jornal Folha de S.Paulo mostrou que as duas aposentadorias de Sarney somavam R$ 35.560,98, em valores de 2007. Com o salário de senador da época – R$ 16.500 – ele ganharia R$ 52 mil. Como o salário de senador hoje é de R$ R$ 26.723,13, a remuneração de Sarney seria agora de pelo menos R$ 62.284,11, considerando-se os documentos noticiados pelo jornal e ignorando-se eventuais reajustes nas aposentadorias. Assim, a assessoria do Senado disse que nenhum senador ganha mais que o teto, pelo menos pelo que consta na folha de pessoal da Casa. O salário de R$ 26.700 foi definido pelos próprios senadores e deputados no ano passado, quando também elevaram para o mesmo valor a remuneração da presidente da República, de seu vice e de seus 38 ministros de Estado. Na ação contra Sarney na 21ª Vara, o procurador Vollstedt pede que a União e o governo do Maranhão suspendam os pagamentos ao senador que estourem o teto. O procurador pede que o parlamentar escolha qual fonte de rendimentos vai utilizar para se manter dentro do limite de R$ 26.700. E pede ainda que Sarney seja condenado a devolver aos cofres públicos tudo o que ganhou além do permitido nos últimos cinco anos.

               O objeto da notícia é o salário do parlamentar e não considera as mordomias acumuladas à guisa de verbas de representatividade e outras rubricas, que elevam esse valor divulgado para patamares estratosféricos. O assunto é sério e a notícia abordada, também, de forma muito séria, mas terminei de ler às gargalhadas, com o pedido do procurador para que haja uma condenação provocando a devolução aos cofres públicos do que foi abocanhado além do permitido. Depois dos “mensalões” pluripartidários, dos ministérios envolvidos nos mais diversos embustes e de outros escândalos envolvendo dinheiro público, devolução desse tipo de roubo, por aqui, nem um mês depois de confirmada a prisão do Zorro pelo Sargento Garcia.

               Além dos salários astronômicos e das sombrias verbas adicionais, a aposentadoria nesse patamar apresentado transforma a “carreira” política – para a qual não há necessidade sequer de alfabetização – no emprego dos sonhos. E esse emprego dos sonhos ainda tem como atrativo a dispensa do trabalho para os mais dedicados a mancomunação. Uma boa parte dos políticos são profissionais da política (e da politicagem), que não retornam jamais para qualquer outro emprego por não ser oferecido pelo mercado nada que se compare as facilidades do exercício de cargos eletivos públicos (inclua-se nisso a sempre bem recebida por eles imunidade, que acaba sendo associada a impunidade).



               Como imaginei que um dos motivos de tanto apego aos cargos possa estar ligado ao esquecimento de como voltar a vida privada, lembre de um causo que contei no programa Canto da Terra do último domingo, do livro Balaio de Causos, do radialista e poeta Leonel Colvero, que transcrevo abaixo.

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GATO DO ARMAZÉM
                                  Leonel Colvero

               Chateado com as queixas da freguesia, o bolicheiro resolveu se livrar do gato de estimação da casa.

               O bichano estava tão abusado e confiante, que vivia lambendo queijo, salame e tudo que encontrasse em cima do balcão da venda.

               O bolicheiro soube que alguns fregueses tinham deixado de freqüentar o seu estabelecimento, por causa da falta de higiene daquele felino abusado.

               Pegou o bicho, colocou dentro de um saco e atou-o bem na boca.

               Tomou um ônibus e foi soltar o gato no Passo da Ferreira, na saída para São Pedro do Sul, na entrada do Distrito da Boca do Monte.

               Quando chegou de volta ao Itararé, lá estava o gato que chegara de volta, antes dele.

               Atou novamente a boca do saco, com o gato dentro e se mandou para o Camobi, no outro extremo da cidade.

               Largou o animal nos fundos do Aeroporto, no começo da estrada para o Arroio do Só.

               Ao retornar para casa, lá estava de novo o gato que chegara mais uma vez antes dele.

               Passou o resto do dia visitando os distritos do município de Santa Maria.

               Foi até Santa Flora, na saída para São Sepé; foi ao Itaara, na saída para Júlio de Castilhos e sempre o gato chegava de volta em casa antes dele.

               De tardezinha foi para a Vila Norte, depois andou pela Caturrita, a pé, com o saco atado na boca, para confundir o gato.

               Subiu o morro da televisão, andou pela casinha branca, voltou para a chapada, e, quando já era noite estava nos peraus de Santo Antão, totalmente perdido.

               Não tinha a mínima noção de onde estava nem para onde ir naquelas “bibocas”.

               Foi aí que ele se deu conta de que só lhe restava uma saída:

               SOLTAR O GATO E SEGUI-LO PARA ACHAR O CAMINHO DE VOLTA PARA CASA.

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               A música para encerrar a Tertúlia é “Barranca e Fronteira”, de Antônio Fagundes e Luís Telles, na interpretação de Alex Hohenbergger (CD “As melhores canções gaúchas”, vol. 1).

  

               Um grande abraço para todos!

Wilmar Machado

terça-feira, 23 de agosto de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - SANTA ROSA E A ORDEM PÚBLICA


Desterra dos teus estudos a arrogância;
não fiques presumido pelo que sabes, porque tudo quando sabe o mais sábio homem do mundo
nada é em comparação com o muito que lhe falta saber. 
(Juan Luis Vives)




Amigas e Amigos,


                O Oratório Campeiro lembra a Festa, celebrada hoje, da Padroeira da América Latina: Santa Rosa de Lima, a primeira santa latino-americana a ser canonizada. Ela é, conforme sua oração, “patrona dos agentes da ordem pública e guardiã da paz e tranqüilidade das pessoas”, o que pode parecer uma ironia se considerar a notícia publicada pelo caderno Poder, do jornal Folha de São Paulo, disponível desde a noite de ontem em http://www.folha.uol.com.br, salientando que:
O presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª região, Olindo Menezes, liberou o pagamento de comissões e gratificações, entre outras verbas, acima do teto salarial de R$ 26,7 mil aos funcionários do Senado. Menezes aceitou o recurso da Casa e suspendeu uma liminar que havia sido concedida em junho pelo juiz Alaôr Piacini, da 9ª Vara Federal de Brasília, em um processo ajuizado pelo Ministério Público Federal do DF. [...] De acordo com Menezes, a liminar poderia lesar a "ordem pública" porque, feito de forma abrupta, o corte nos salários poderia inviabilizar o funcionamento dos serviços públicos do Senado.

                Acredito não ser o único a sentir um misto de indignação e incapacidade no meio da população deste país. Indignação por ver o mau uso do dinheiro público distribuído de qualquer jeito por quem não demonstra um pingo de responsabilidade para com uma sociedade penalizada por impostos astronômicos. Incapacidade por ver que meu impotente voto permite se perpetuarem nos poderes pessoas sem qualquer comprometimento com pátria e ética.

                Como gostaria de acreditar que a Folha está inventando notícias e que o presidente do TRF jamais mencionou qualquer lesão contra a “ordem pública” advinda de paralisação dos serviços públicos do Senado. Não consigo imaginar que alguém, em sã consciência, possa admitir tal discrepância, pois fico imaginando quantos anos (décadas ou séculos?) seriam necessários, após os funcionários do Senado cruzarem os braços, para a sociedade brasileira perceber que eles pararam. “Nunca” poderia ser uma opção válida.

                Mas a Folha não estava inventando nada. O portal G1 (http://g1.globo.com) também fala da liberação dos supersalários no Senado pelo presidente do TRF. O G1 ainda detalhou que:
Segundo o MPF, em agosto de 2009, o TCU identificou 464 servidores que receberam acima do teto. O prejuízo estimado, somente no Senado, seria de R$ 11 milhões, segundo o tribunal. Em relação à administração pública federal, o TCU verificou indícios de irregularidades por parte de 1.061 servidores de 604 órgãos.

                Com esses absurdos, e com todas as notícias sobre os desvios de dinheiro que vem sendo identificados nos ministérios sem qualquer indício de retorno das verbas mal utilizadas, ainda se ouve falar de justiça social e erradicação da pobreza.  



                Diante de tudo isso, a sugestão é pedir a intercessão da padroeira da América Latina para que a politicagem brasileira seja, gradativamente, substituída por uma nova política brasileira, muito além das esmolas distribuídas hoje com o único intuito de manutenção do poder.

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ORAÇÃO A SANTA ROSA DE LIMA

Senhor,
Inflamastes com vosso amor
Santa Rosa de Lima,
Padroeira da América Latina,
Patrona dos agentes da ordem pública
E guardiã da paz e tranqüilidade das pessoas.

Vós a convocastes
Para viver só para Deus
Na austeridade e penitência.

Concedei-nos por sua intercessão
Que saibamos seguir na terra
O caminho da vida de amor
Para usufruirmos no céu
Da torrente de vossas delícias,

Amém!

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                A música para este Oratório leva a uma reflexão sobre quem verdadeiramente trabalha e produz neste pais, ao contrário dos desocupados que percebem salários milionários. O título da música é "Terra Tombada", de Carlos Cézar e José Fortuna, na interpretação do Padre Fábio de Melo.



                Um grande abraço para todos e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO


Nem todos podem tirar um curso superior.
Mas todos podem ter respeito, alta escala de valores e as qualidades de espírito
que são a verdadeira riqueza de qualquer pessoa.
(Alfred Armand Montapert)


Amigas e Amigos,


               Mais uma semana começando, com uma notícia que merece reflexão pela falta de uma visão clara da intenção motivadora do ato. Refiro-me a matéria disponível na página “Vestibular e Educação”, do portal G1 (http://g1.globo.com), sobre a meta do governo federal de abrir mais de um milhão de matrículas nas universidades até 2014, abordada pela presidente Dilma em seu programa de rádio na manhã de hoje.

               O assunto do programa de rádio buscou esclarecer uma notícia da última terça-feira, dia 16, quando o governo anunciou a criação de quatro novas universidades federais, a abertura de mais 47 campi universitários e 120 unidades de institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Naquele dia, o Ministério da Educação indicou as sedes das novas entidades: a Universidade Federal Sul e Sudeste do Pará, em Marabá; a Universidade Federal da Região do Cariri, em Juazeiro do Norte; a Universidade Federal do Oeste da Bahia, em Barreiras; e a Universidade Federal do Sul da Bahia, em Itabuna. Esses projetos contam com o compromisso de prefeitos de 120 municípios que cederão terrenos para a instalação das unidades. Sobre o assunto, o portal G1 publicou que “de acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, o objetivo do projeto é promover a interiorização da educação superior e profissional no país. Haddad explicou ainda que a expansão de universidades e escolas para as regiões mais pobres do país ajudará no projeto do governo de erradicação da miséria”.



               Poderia dizer que fiquei com uma dúvida, mas para não mascarar a verdade, afirmo que tenho muitas dúvidas nisso que estão chamando de “projeto”. Uma dúvida é sobre os critérios utilizados para definir os locais onde serão instaladas as novas universidades, bem como as demais unidades de educação. Outra questão para a qual não tenho resposta é sobre a interiorização da educação no país – as localizações no interior deste país que pensam em educação já dispõem de oportunidades para suas comunidades. A frase do ministro sobre erradicação da miséria não me soou com a autenticidade esperada para o assunto, pois não encontrei relação direta imediata entre miséria e ensino superior – concordo que passa por educação, mas sem saltar etapas.

               Sobre a participação da presidente Dilma no rádio, o portal G1 trouxe, hoje, que:
Com a criação de novas instituições de ensino no país, o governo pretende chegar a 1,2 milhão de matrículas nas universidades federais até 2014. A presidente Dilma Rousseff comentou o Plano de Expansão da Rede Federal de Educação em seu programa de rádio semanal, "Café com a presidenta", na manha desta segunda-feira (22). [...] Nos institutos, a meta do governo é chegar a 600 mil matrículas até 2014. "Nós estamos agindo rápido para recuperar o tempo perdido. Se queremos que o nosso país ocupe um lugar de destaque no mundo, se queremos um país justo, um país rico, sem pobreza, se queremos que nossos filhos e netos se desenvolvam, temos de dar um grande salto de qualidade no nosso ensino e na formação de nossos jovens", disse a presidente. Dilma Rousseff explicou os critérios usados pelo governo para escolher os municípios que vão receber essas escolas de nível superior. "Primeiro, demos prioridade a municípios com mais de 50 mil habitantes, em microrregiões onde não existiam escolas da rede federal e no interior do Brasil. Segundo, tivemos a preocupação de atender municípios com elevado percentual de extrema pobreza. Terceiro, focamos em um grupo de municípios que têm mais de 80 mil habitantes, mas, nos quais, a prefeitura, muitas vezes, arrecada pouco e tem muita dificuldade de investir em educação", detalhou.

               Como tem sido rotina nos últimos anos – pelo menos nos últimos – os esclarecimentos pouco esclareceram. Não resta dúvida que “temos de dar um grande salto de qualidade no nosso ensino”, mas por tudo que foi falado o único salto perceptível é o quantitativo e não o qualitativo. Penso que a forma utilizada, com foco apenas na possibilidade de aumentar o número de estudantes poderá dar origem a um número bem maior de professores, servidores e terceirizados para atender essa nova quantidade estimada de alunos.

               E daí? Daí, que com o pouco caso tradicionalmente dedicado a educação será motivo para novas greves anuais com maior número de professores e outros servidores. Além da falta de valorização dos profissionais em educação – com salários muito longe dos praticados para com os (não-) trabalhadores eleitos para o Congresso e adjacências –, não é novidade o desleixo dedicado à qualidade do ensino praticado nas unidades existentes hoje.


               Ou será que alguém está pensando que a expressão “construir educação”, muito utilizada por especialistas no assunto, passa por erguer escolas sem políticas concretas para o aproveitamento desses prédios. Será?

               A música escolhida para abrir a porteira para mais uma semana trata em sua letra de um menino que caminhava só – como tantos meninos que não conseguem acesso a uma escola – teve uma primeira gravação do início dos anos 70 por Sérgio Reis (Sérgio Basini). Trata-se da versão do próprio Sérgio para “El chico de la armonica”, do espanhol Fernando Arbex, que recebeu o título de “O menino da gaita”, aqui interpretada pelo Sérgio Reis.


               Um grande abraço e um ótima semana para nós, se Deus quiser!

Wilmar Machado