Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa,
e ter por fim da caminhada um objetivo agradável:
eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.
(Jean Jacques Rousseau)
Amigas e Amigos,
Hoje, lembro que estamos nos aproximando de mais um Grito dos Excluídos, que acontecerá no próximo feriado de 7 de setembro. Nesta 17ª edição desse evento, o lema é “Pela vida grita a Terra... Por direitos, todos nós”. A jornalista da Adital (http://www.adital.com.br), Karol Assunção, escreveu que:
De acordo com Ari Alberti, integrante da coordenação nacional do Grito dos Excluídos, a manifestação popular acontecerá em todo o país. Por ser uma atividade descentralizada, ainda não há como fazer uma previsão do número de participantes [...] E a ideia também é que, após o 7 de setembro, as organizações sociais de cada local possam juntar as reivindicações manifestadas na mobilização para realizar um documento e cobrar das autoridades. "O Grito é um processo conjunto de formação e conscientização para o projeto popular, com ações pré e pós [Grito]”, comenta. O integrante da coordenação nacional lembra que, por ser descentralizado, não há uma pauta específica de reivindicação, pois as demandas são de acordo com os problemas locais. "A ideia é que cada local possa fluir o grito que faz parte do dia-a-dia”, afirma. [...] Para Ari Alberti, o lema chama para a discussão tanto sobre o meio ambiente, ameaçado pelo modelo desenvolvimentista e pelas grandes obras, quanto sobre os direitos. "É importante lembrar que saúde, educação, moradia são direitos básicos previstos na Constituição”, comenta. [...] Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos já faz parte do calendário nacional de ações realizadas durante o dia 7 de setembro. De acordo com Alberti, a mobilização conseguiu mudar a ideia de Semana da Pátria e questionar sobre o Dia da Independência. "Mesmo quem não concorda, sabe que existe uma atividade diferente das marchas oficiais”, destaca.
João Peres, da Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br), publicou que:
Neste ano, o tema do Grito dos Excluídos é “Pela vida grita a terra. Por direitos, todos nós!”, uma alusão à Campanha da Fraternidade, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na edição de 2011, a Igreja Católica brasileira teve como foco as mudanças climáticas e a maneira como impactam nas sociedades empobrecidas economicamente. “Os direitos estão na Constituição. Queremos cumpri-los”, avalia Alberti. Ele lamenta em especial a postura do Congresso Nacional, que tem mostrado disposição para negociar aumento de salário de parlamentares, para discutir o Código Florestal, de interesse de alguns deputados e senadores, e para debater a nomeação para cargos públicos, mas não abre o mesmo espaço para aprovar outros temas importantes para a sociedade. “Precisa de uma ventilada, de uma limpeza. Queremos construir um projeto popular, um projeto de sociedade. O Congresso parece um balcão de negócios. É triste chegar a esse ponto.” [...] Em uma referência direta à bandeira do governo Dilma Rousseff, a superação da miséria, os movimentos sociais indicam, na carta a respeito do ato, que a ascensão de classe não é suficiente se seguir havendo disparidades insuperáveis. “Com tamanha desigualdade, sem ter feito nenhuma reforma estrutural de base, como a situação muda tão rapidamente? Alguma coisa está sendo enganosa”, destaca Alberti.
As notícias sobre o Grito dos Excluídos são encontradas em mídias alternativas e não ocupam muito espaço nos grandes portais de notícias. Enquanto escrevia, pensava sobre os poderes e seus escândalos, onde a periodicidade de denúncias (com imagens, vídeos e arquivos sonoros) torna-se cada vez mais amiúde. Será que breve não teremos um país divido em apenas duas classes: os corruptos e os excluídos?
Para a Galeria Sertaneja de hoje, enquanto esperamos o Grito dos Excluídos (e as suas conseqüências), é de Francisco Alves e Humberto Zanatta, e tem por título “América Latina” que, segundo a enciclopédia livre Wikipédia, “é um brado à consciência crítica e união entre os povos explorados da Latino-América”.
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AMÉRICA LATINA
Francisco Alves e Humberto Zanatta
Talvez um dia, não existam aramados
E nem cancelas, nos limites da fronteira
Talvez um dia milhões de vozes se erguerão
Numa só voz, desde o mar as cordilheiras
A mão do índio, explorado, aniquilado
Do Camponês, mãos calejadas, e sem terra
Do peão rude que humilde anda changueando
E dos jovens, que sem saber morrem nas guerras
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor
Talvez um dia o gemido das masmorras
E o suor dos operários e mineiros
Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos
E as cicatrizes de tantos guerrilheiros
Talvez um dia o silêncio dos covardes
Nos desperte da inconsciência deste sono
E o grito do Sepé na voz do povo
Vai nos lembrar, que esta terra ainda tem dono
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor
E as sesmarias, de campos e riquezas
Que se concentram nas mãos de pouca gente
Serão lavradas pelo arado da justiça
De norte a sul, no Latino Continente
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor
Talvez um dia, não existam aramados
E nem cancelas, nos limites da fronteira
Talvez um dia milhões de vozes se erguerão
Numa só voz, desde o mar as cordilheiras
A mão do índio, explorado, aniquilado
Do Camponês, mãos calejadas, e sem terra
Do peão rude que humilde anda changueando
E dos jovens, que sem saber morrem nas guerras
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor
Talvez um dia o gemido das masmorras
E o suor dos operários e mineiros
Vão se unir à voz dos fracos e oprimidos
E as cicatrizes de tantos guerrilheiros
Talvez um dia o silêncio dos covardes
Nos desperte da inconsciência deste sono
E o grito do Sepé na voz do povo
Vai nos lembrar, que esta terra ainda tem dono
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor
E as sesmarias, de campos e riquezas
Que se concentram nas mãos de pouca gente
Serão lavradas pelo arado da justiça
De norte a sul, no Latino Continente
América Latina, Latina América
Amada América, de sangue e suor
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A interpretação hoje está por conta de Dante Ramon Ledesma, cantor popular e sociólogo argentino, naturalizado brasileiro em 1978, e morador do Rio Grande do Sul.
Até a próxima e um grande abraço!
Wilmar Machado