As urnas eletrônicas utilizadas na eleição do último domingo ainda não esfriaram completamente e uma “promessa” de candidatos começa a se tornar realidade. Notícias de quinta-feira passada dão conta de que a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) será “ressuscitada”, o que indica a consolidação da promessa de que os impostos cairiam – e vão cair sobre nossas cabeças, sobre nossos salários, sobre nossas compras no supermercado, sobre nossos...
Por outro lado, é muito bom ver nossos recém eleitos governadores se preocuparem com a saúde dos brasileiros. Com essa preocupação, o governador reeleito de Pernambuco defende a volta da CPMF para amenizar o déficit anual na área da saúde, alegando que a supressão da contribuição não permitiu a queda de preços dos produtos no mercado brasileiro. O governador reeleito do Ceará acredita que se trata de um sacrifício necessário de alguns para o bem de todos, não com a CPMF, mas com a CSS (Contribuição Social para a Saúde).
Apesar de demonstrar, em sua primeira entrevista coletiva, preocupação com o estabelecimento de novos impostos, a presidente eleita no domingo passado se mostra satisfeita (conforme noticiaram os jornais da última semana) com o movimento dos governadores para a geração de uma nova (ou velha) fonte de recursos onde o financiamento da saúde é usado como mote.
Na primeira página do Correio Braziliense deste sábado, como manchete principal, pode-se encontrar que “CPMF nem começou e juros aumentam” e no portal da Folha de São Paulo é destacado que, mesmo depois da queda da contribuição provisória, “Receita cresceu duas CPMFs, mas verba não foi para a saúde”.
Baseado em experiências de nosso passado recente, os problemas da saúde acabarão, com certeza, assim que a contribuição esteja definida. Depois, solucionaremos os demais problemas com a criação da CSE (para a Educação), da CSP (para o Policiamento de nossas ruas), da CSC (para a Cultura), da CSCM (para o Combate a Miséria), da CSetc. (para et cetera).
O professor Idalberto Chiavenato afirma que “administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar a aplicação dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz”. Quando podemos “inventar” recursos de acordo com as necessidades que se apresentam, para que administrar e para que administradores?
E ainda assim votamos, porque o voto é obrigatório. Mas acredito que um dia votaremos, não por obrigação, mas por acreditarmos em propostas e em pessoas capazes de administrar essas propostas com “recursos escassos”. Até lá, vamos continuar pensando sobre o que tem sido feito com uma das maiores arrecadações de impostos do mundo que não consegue resolver, ou pelo menos amenizar, os problemas na área de saúde.
Enquanto pensamos, vamos ouvir Zé Mulato & Cassiano cantando, de autoria deles mesmos, a divertida “Mensalão”.
E por aqui, vou colocando o pé no estribo e encerrando a semana. No próximo sábado, tem mais. Um grande abraço!
Wilmar Machado.