sábado, 27 de novembro de 2010

COM O PÉ NO ESTRIBO - A Arte da Guerra (no Morro)!

  Amigas e Amigos!

        Acompanhando pela televisão a ação policial no Rio de Janeiro contra a ocupaçao de alguns morros por traficantes, lembrei-me de uma citação:
Em operações militares, o terreno é um aliado importante do comandante. Avaliar, corretamente, a situação do inimigo, criando condições favoráveis para a vitória, e analisar os tipos de terreno e distâncias com muito cuidado, são os deveres básicos de um comandante sábio. Aquele que avalia corretamente esses aspectos e sabe aplicá-los, vencerá; aquele que é ignorante nestas normas e não sabe como empregá-las em guerra, será derrotado.
        Esse texto é do capítulo 10, do livro "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, um general chinês que viveu por volta do século IV, a.C. Fiquei intrigado ao ver a quantidade de pessoas que fugiram, conforme mostravam as imagens da cobertura televisiva, sem que os policiais conseguissem interceptá-las. Para mim, estava claro que nem a situação do inimigo fora corretamente avaliada nem fora analisado o tipo de terreno.
  
         Minha idéias eram reforçadas pela entrevista do professor Paulo Sérgio Pinheiro, um dos autores do livro "Violência Urbana", à Livraria da Folha (http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha), falando da política bélica reativa do Estado do Rio de Janeiro, dizia achar uma situação estranha a PM não ter conseguido interceptar os criminosos saindo por uma rota de fuga que deveria ter sido prevista.

        Preocupado com isso, comentei hoje com o Léo (Peter), meu filho e parcerio na produção do programa Canto da Terra e ele me trouxe um dado que eu não havia considerado: a principal rota de fuga deixada levava ao morro do Alemão, outro complexo habitacional dominado por traficantes. Cercar esta rota traria, pelo menos, dois incovenientes: a) a ação da polícia poderia ficar entre fogo cruzado dos que fugiam e dos que dominam o outro morro; e b) poderia levar a uma dispersão dos que ocupavam o morro do Alemão.

        A ação policial conduzida como foi permite que, agora à noite, as forças policiais cerquerm e atuem no morro do Alemão onde diversas facções (ou que nome se dê a esse tipo de coisa) estão concentradas. Essa análise me fez pensar que, de repente, o melhor lugar para a passagem do Ano Novo volte a ser a praia de Copacabana, em um Rio de Janeiro onde as pessoas se encantem de novo com a Cidade Maravilhosa.
        Espero, então, que essa "Tropa de Elite 3", ao vivo, tenha um final feliz para a população do Rio de Janeiro, como a maioria das produções cinematográficas, salientando que essa tem o cenário mais bonito do que qualquer outra: a própria cidade.

        E para homenagear a Maravilhosa Cidade do Rio de Janeiro de São Sebastião, vamos ouvir Renato Teixeira, cantando uma homenagem na história de "A primeira vez que fui ao Rio".

 

         E por aqui, vou colocando meu pé no estribo para encerrar esta semana. Até o próximo.

        Um grande abraço!

Wilmar Machado

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

FOGÃO DE LENHA - Feijão Tropeiro

        A receita de hoje faz parte de culinária típica de Minas Gerais e se pode afirmar que hoje é apreciada, com algumas variações desculpáveis pela difuldade encontrada para conseguir determinados ingredientes, em todo o Brasil.

        Luciana P. de Morais, ao resumir a publicação "Receita de mineiridade: a cozinha e a construção da imagem do mineiro?", da pesquisadora Mônica C. Abdala - disponível em http://www.historiadaalimentacao.ufpr.br/ -, diz que:

As farinhas de milho e mandioca, bem como as carnes conservadas na banha ou salgada estavam presentes entre os tropeiros e também nas mesas das famílias mineiras. Como os homens se concentravam nas lavras ou no comércio em torno delas, a cozinha do Setecentos era um espaço feminino. Em relação à conjuntura, exibir alimentos em profusão, era maneira de demarcar status, numa sociedade com dificuldades de abastecimento. Na esfera íntima, servir alimentos era acolher.
         Abaixo, então, a nossa receita de hoje.   

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FEIJÃO TROPEIRO

Ingredientes:

500g de feijão cozido

300g de lombo cortado em cubos

100g de toucinho defumado cortado em pedaços não muito grandes
½ maço de cheiro-verde

2 xícaras de farinha de milho (ou de mandioca)

½ xícara de alho batido com óleo

2 ovos

1 pitada de pimenta-do-reino

Sal a gosto

1 cebola grande picada em cubos

½ maço de couve cortada bem fina

Modo de preparar:
 
Colocar panela em fogo forte e doure o tocinho defumado. 
Quando dourar, separe um pouco para utilizar na finalização da receita. 
Baixe o fogo e prepare um fundo de panela acrescentando o lombo, o cheiro verde e alho, depois os ovos. Misturar bem, colocar a couve bem fina e jogar o feijão e, por último a farinha.
Para finalizar, por cima, salpicar com torresminho bem pururuca.
 
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       Para melhorar ainda mais o sabor do prato de hoje, vou deixar para vocês a interpretação de Milionário & Jose Rico para a música O Tropeiro, versão do Capitão Furtado de El Bandolero.
         

       E por aqui vou  apagando a chama de nosso Fogão de Lenha. Sexta-feira que vem, tem mais!

       Um grande abraço, no aguardo seus comentários!

Wilmar Machado


GALERIA SERTANEJA - Minha Querência

Amigas e Amigos!

        A Galeria Sertaneja de hoje preparou uma homenagem aos gaúchos da região mais ao sul do Rio Grande do Sul. A música escolhida foi "Minha Querência", de Gilda Souza Soares, saudosa pelotense, cuja composição me soa como um verdadeiro hino gaúcho desde meus tempos de juventude, quando estudava no Colégio Municipal Pelotense, onde participei da fundação do CTG Sinuelo do Sul. Tive a honra de desenhar a primeira bandeira, que foi confeccionada pela mais sensível costureira que já teve naquela região: minha mãe, Dª Lêda Machado da Silva.

        Mas para dar uma idéia para os que ainda não conhecem essa música do quanto ela marca o povo riograndense, desde a belíssima gravação de Leopoldo Rassier, que aparece no Volume 2 da coletânea "As Melhores Canções Gaúchas", destaco uma matéria publicada por Fernando Vieira, no dia 11 de outubro passado, no portal da Associação Rural de Pelotas (ARP), sobre a 84ª Expofeira, que ocorreu no Parque de Exposições Ildefonso Simões Lopes Neto, na Avenida Fernando Osório, em Pelotas. Na conclusão da matéria, pode-se encontrar:
A abertura da cerimônia contou com cavaleiros conduzindo a Bandeira Nacional, a do Estado do Rio Grande do Sul e a de Pelotas, seguidos pelos demais com a da ARP, do Sindicato Rural, da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos, que ao formarem semi-círculo receberam aplausos e manifestações emocionadas do público presente. Logo após, foi cantado o Hino Nacional e depois ouvido o hino oficial da ARP, Minha Querência, de Gilda Souza Soares.

        Para que se possa cantar junto com a música, encontrada logo abaixo, publico, a seguir, a letra:


MINHA QUERÊNCIA
Gilda Souza Soares

    
De manhã muito cedinho, quando o sol devagarinho

Vem rasgando a eescuridão

Ouço a voz da peonada, no galpão arrinconada

Em roda de chimarrão

De cacimba vem chegando, a velha pipa derramando

Gotas d'água pelo chão

Vacas mansas na mangueira e ciscando, muy faceira

No terreiro a criação.



Meu Rio Grande Do Sul, meu lindo pago, meu chão

Minha querência eu te trago, na forma do coração.


Gineteando a cavalhada, cruza o campo a gauchada

Pra o rodeio e a marcação

E o quero-quero alvissareiro, que lhes avista primeiro

Grita a sua saudação

Quando eu vejo a minha serra e a beleza desta terra

Nos meus olhos o debucho

Prezo a Deus em minha crença

por esta ventura imensa de ter nascido gaúcho.
 
 
        A interpretação escolhida é mais recente. Vamos ouvir, então, com a dupla Osvaldir & Carlos Magrão.
 
 
 
       E por aqui, vamos encerrando mais uma Galeria Sertaneja. Abaixo vocês podem deixar comentários, críticas e até sugestões para próximas postagens.
 
       Um grande abraco!
 
Wilmar Machado

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

TERTÚLIA NATIVA - Peru Vegetariano?

Amigas e Amigos!

      O portal G1 (http://g1.globo.com/) noticiou, hoje, que ativistas do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), cuja preocupação é o tratamento ético dos animais, fizeram propaganda, na Casa Branca, EUA, para estimular os americanos a comerem "tofu de peru", uma espécie de "peru vegetariano", em vez da carne utilizada tradicionalmente no Dia de Ação de Graças. O portal traz esta notícia com a foto abaixo, da AFP:

       O PETA que, no final de outubro último, fez uma proposta inusitada para a atriz Lindsay Lohan, que passava por um crise financeira e não tinha condições de custear o tratamento na clínica de reabilitação onde estava internada. A organização demonstrou interesse em bancar o tratamento de recuperação da atriz caso ela parasse de consumir carne. Segundo o portal Terra (http://www.terra.com.br/), a carta enviada pela instituição aos representantes de Lohan dizia que:
O PETA vai ajudar a pagar sua conta de US$ 50 mil (cerca de R$ 85 mil) para o tratamento da dependência de nicotina se você se livrar de mais uma substância tóxica: a carne. Como você sabe, uma parte crucial de qualquer recuperação é mostrar caridade para com os outros. Uma maneira de fazer isso é respeitar os animais, a Terra e seu próprio corpo. Você nunca vai se arrepender.
      Lendo o Livro "Rapa de Tacho: causos gauchescos", do Aparício Silva Rillo, fiquei imaginando que o PETA talvez tenha andado lá para os lados de Bagé, Pinheiro Machado e Lavras do Sul. E penso, ainda, que Bola Madureira, que vocês vão conhecer no causo de hoje, do citado livro, pode ter sido vítima dessa instituição sem perceber. Leiam e tirem suas conclusões.
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BOLAÇOS DO BOLAAparício Silva Rillo

      Os que me contaram seus causos não lhe sabiam seu primeiro nome. No seu túmulo, em Bagé, duas datas e a inscrição: "Bola Madureira". Pinheiro Machado e Lavras do Sul disputam, com a terra onde viveu e foi enterrado, a primazia de seu nascimento. Tudo porque Bola Madureira terá sido um dos gaúchos mais completos que o Rio Grande já teve.

      Há todo um folclore a respeito de suas proezas como campeiro: a de emérito laçador, a ponto de não lhe escapar a armada nem mesmo uma lebre correndo coxilha acima; a de grande atirador de boleadeiras, havendo, certa vez, boleado um joão-grande que lhe cruzava a frente do cavalo; quando mais moço, gineteava ao revés, seguro apenas na cola da montada.

      Mas tendem tanto ao fantástico as histórias de extração campeira que o levam como personagem que, precavido, prefiro les contar dois causos que me parecem revelar o senso de humor que foi uma das tantas características de Bola Madureira, cuja estampa física, segundo Diogo Madruga Duarte, seria "a de um Búfalo Bill sem bigodes".

      De volta de uma tropeada, o Bola ficou de pousada numa casa de estância, onde chegou de tardezita. Depois do mate habitual, foi convidado a jantar. Foi servida uma canjica aguada, com os grãos de milho duros e mal cozidos. Bola foi sorvendo devagar o prato mal preparado. De repente, a ordem do dono da casa, falando em direção à cozinha:

      - Muié, pode trazer o frango!

      Bola Madureira, roído de fome, sentiu um alívio. Finalmente alguma coisa que prestava. Sorveu o caldo sem gosto e deixou a canjica praticamente intacta. Demorou pouco seu entusiasmo. Entrou a dona da casa na sala com um frango embaixo do braço. Largou-o em cima da mesa e comandou, com voz macia:

      - Come, franguinho querido, come. Canjiquinha cozida vai te deixar bem gordinho...

.o.O.o.

      Doutra feita, também de pousada em rancho alheio, Bola Madureira mateou até dez horas da noite com o dono da casa. De bóia, nada. Lá pelas tantas, seu hospedeiro, insinuando que já era hora de espichar os ossos nos pelegos, convidou:

      - Quem sabe a gente lava os pés na gamela? Temo que levantá cedo amanhã...

      Bola, louco de fome, saiu-se com esta:

      - Mas será que não faz mal lavar os pés em completo jejum?
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      Mas como essa comida "disfarçada" aumentou minha vontade de saborear alguma coisa mais suculenta, vou ouvir - e convido vocês - José Mendes cantando "Churrasco", música do próprio José Mendes em parceria com Luiz Muller.




      E por aqui, encerramos nossa Tertúlia Nativa desta semana. Até a próxima!


Wilmar Machado.

P.s.: Deixem seus comentários aí embaixo, que serão sempre muito bem-vindos!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

ORATÓRIO CAMPEIRO - O Direito de Viver

Amigas e Amigos!

      Hoje tomei conhecimento no site “Gateway Pundit”, disponível no portal AOL (http://www.aol.com) de que a cristã paquistanesa Asia Bibi – primeira mulher condenada à morte por balsfêmia –, após permanecer presa por um ano e meio, foi liberada, ao receber o perdão (concedido ontem) do presidente paquistanês Asif Ali Zardari.

      O Blog do Noblat – no site do jornal “O Globo” (http://oglobo.globo.com) – também traz uma notícia carregada de esperança sobre outra condenada à morte: Sakineh Mohammadi Ashtiani, acusada de envolvimento no assassinato do marido e de adultério. A informação é de que Sakineh tem boa chance de não ser executada.

      As boas notícias até aqui são para refletirmos juntos sobre alguém que, mesmo sem estar condenado à morte (como estavam as mulheres citadas), não teve direito à vida: Joel da Conceição Santos, um menino de 10 anos, repleto em planos para seu futuro, morto dentro de casa, vítima de uma bala perdida durante uma ação da PM, em Salvador. Segundo o portal G1 (http://g1.globo.com):
Joel era um garoto esperto, que adorava capoeira. Ele participou de um vídeo que fazia parte de uma campanha para divulgar o verão na Bahia. A assessoria de comunicação da PM disse ao G1 que uma arma que teria sido usada por traficantes foi abandonada na rua e apreendida. O objeto será analisado. A PM ainda informou que foi aberto um inquérito para investigar o caso, com prazo para conclusão de 40 dias. As três equipes que teriam envolvimento foram afastadas das ruas e devem trabalhar no setor administrativo até o fim da apuração. As armas dos policiais também foram recolhidas e devem passar por perícia.

      O garoto Joel foi sepultado nesta terça-feira, pela manhã, e seus amigos e parentes, abalados, ainda lembram dele sonhando em ser um mestre de capoeira. No enterro, capoeiristas prestaram uma homenagem a Joel.
      Convido a lembrarem de tantas crianças, adolescentes e jovens que perderam suas vidas pela violência urbana, cujas famílias receberam como consolo uma Nota de algum Órgão Oficial, na grande maioria das vezes, sem qualquer conseqüência posterior. Não falo aqui em punição para eventuais culpados, mas em ações efetivas, e não eleitoreiras como as promessas recentes, para melhoria das condições de nossa população oprimida e desanimada em nossos grandes centros urbanos.

      Recordando essas inocentes vítimas da própria “sociedade” onde deveriam ter vivido, convido a rezarmos juntos, pedindo a intercessão dos Santos deste dia – Santa Felicidade e sete irmãos – sobre os quais encontramos no portal das Paulinas (http://www.paulinas.org.br):
A tradição diz que Felicidade era uma rica viúva que foi acusada de ser cristã pelos sacerdotes pagãos ao imperador. Públio, prefeito de Roma, ficou encarregado do seu julgamento. Começou o interrogatório somente com ela, todavia não obteve resultado algum. No dia seguinte, mandou conduzir a mãe e os sete filhos para adorarem os deuses. Mas Felicidade exortou os filhos a que não fraquejassem na fé. O juiz, então, condenou mãe e filhos à morte. Através das "Atas" podemos saber todos os seus nomes e a forma de martírio de cada um. [...] Januário, após ser açoitado com varas e ter padecido no cárcere, foi morto com flagelos chumbados. Félix e Filipe foram espancados e mortos a cacetadas. Silvano foi jogado num precipício. Alexandre, Vidal e Marcial foram decapitados. Apesar de saberem que sofreriam muito antes de morrer, todos mantiveram a firmeza na fé e não renegaram o Cristo. A última a morrer, por decapitação foi Felicidade, que sofreu muitas torturas até a execução no dia 23 de novembro. A tradição cristã reverência todos estes santos mártires na mesma data.


ORAÇÃO A SANTA FELICIDADE E SETE IRMÃOS

Santa Felicidade,

Que tivestes teus sete filhos martirizados pela intolerância deste mundo,

Intercedei junto a Deus, nosso Pai,

Para que as famílias das vítimas inocentes da violência urbana

Sejam consoladas

E se fortaleçam na fé em Cristo, filho de Deus Pai,

Que por todos morreu na Cruz.

Amém!



      Vamos ouvir, agora, Padre Antônio Maria, cantando com Chitãozinho & Xororó, a música "Direito de Viver", de autoria de Álvaro Socci e Cláudio Matta.




      Até a próxima semana e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ABRINDO A PORTEIRA - Artistas fora das ruas

Amigas e amigos,

        Já na hora do café da manhã desta segunda-feira, deparo-me com uma daquelas notícias sujeitas a talhar o leite, esfriar o café, endurecer o pão, azedar a manteiga e deixar o suco com gosto amargo. Nas noticias do portal UOL (http://noticias.uol.com.br/) encontrei que:
Avenida mais famosa da cidade de São Paulo, a Paulista é conhecida por ser o centro financeiro da capital, e também por ser um tradicional reduto de artistas de rua. Esse cenário, porém, vem mudando. Enquanto os prédios de empresas e bancos permanecem na paisagem, a classe artística vem minguando no local com a chegada da Operação Delegada, iniciada em dezembro do ano passado pela Polícia Militar, após a assinatura de um convênio com a prefeitura paulistana e o governo do Estado. Estátuas vivas, palhaços, saxofonistas, guitarristas e malabaristas: todos eles agora estão sujeitos à ação policial, cujo objetivo principal é coibir e enquadrar o comércio ambulante ilegal nas principais vias do município. Para o jurista Luiz Flávio Gomes, a ação é um "ato nazista". "A atividade deles é lícita. Expressão artística você pode fazer quando quiser. Eles serem proibidos é uma ilegalidade, um abuso patente", diz. "Se houver prisão então é crime: abuso de autoridade", afirma [...] Cidadãos ouvidos pelo UOL Notícias criticaram a medida. "Deixa os caras trabalharem, eles animam a cidade", disse o segurança Rogério Alexandre. "A arte sempre tem que ter lugar, misturada com a cidade", afirmou o publicitário Lucas Lamenha. "É um jeito do povo ganhar a vida", concordou Stephanie de Souza, analista de atendimento. "Isso só prejudica os caras, eles querem trabalhar", afirmou o gari Edson da Silva. "Não tem do que reclamar dos artistas. Eles não atrapalham ninguém e, na verdade, estão trabalhando", disse o Jerônimo dos Reis, jornaleiro de uma banca em frente ao Parque Trianon. "Não tem nada a ver. Isso aqui é a av. Paulista, tem que deixar eles trabalharem", finalizou a comerciante Julia Delácio [...] a Polícia Militar, por meio de nota oficial, afirmou que os artistas se incluem no critério comercial. "As manifestações culturais podem ser exercidas em qualquer lugar e a Polícia Militar respeita e garante os termos constitucionais. Contudo, é preciso separar manifestação cultural da comercialização do talento. Quando há qualquer tipo de exploração comercial, caracteriza-se um evento e há a necessidade de autorização da Prefeitura, que é competente para disciplinar o uso e a ocupação do solo. No caso de artistas e pessoas que aproveitam para divulgar seu trabalho e comercializar CDs e DVDs, ou ainda 'estátuas vivas' que sugiram algum pagamento em dinheiro, são situações que descaracterizam a manifestação cultural e se classificam como um evento", afirma a nota oficial da PM.

       O pior desse tipo de coisa é que não estraga só o café, pois até agora me sinto um pouco "azedo", pensando nesses "bandidos" que estão sendo perseguidos pela polícia por tentarem disseminar um pouco de cultura, levar um pouco de alegria as pessoas presas nos "engarrafamentos", por semearem alegria e divertirem adultos e crianças. Como alguém pode imaginar ser possível deixar solta e perturbando a ordem pública esse tipo de gente que ainda acredita em felicidade.

       Ainda bem que nossos policiais estão preparados para enfrentarem violentos palhaços, truculentos malabaristas, agressivos músicos e desalmados atores. Se nossos motoristas (e nossa população) tivesse de ficar a merce desses marginais, provavelmente, sucumbiria aos maus tratos provocados, conforme se pode observar na "revolta" manifestada pelos cidadãos ouvidos pela equipe de reportagem acima.

       O pior é que esse tipo de bobagem não é uma exclusividade do prefeito e da polícia da capital de São Paulo. Outras cidades já passaram por situações ridículas semelhantes. E não estamos livres delas acontecerem sempre que esses "senhores da verdade" se alvorarem de paladinos da lei e da ordem.

       Vamos ouvir, com a saudosa dupla Alvarenga & Ranchinho, a melodia "Rimando Nome", de Alvarenga, que tanto sucesso fizeram nos circos de antigamente e que hoje estariam sujeito a serem barrados por "certos" políticos com apoio de "certos" policiais.


        E vou encerrando esta, desejando um boa semana e até a próxima segunda-feira, com mais um "Abrindo a Porteira"! Um grande abraço!

Wilmar Machado 

 



domingo, 21 de novembro de 2010

PROSA DE DOMINGO - Paul e Kevin em SP

Amigas e amigos,

      Cada domingo é um novo domingo. Diferente do que passou e diferente do vem por aí. E esse domingo foi marcado por dois shows que vieram de fora: um que está acontecendo agora - começou por volta de quinze para as dez desta noite - e o outro que aconteceu no início da madrugada de hoje.

      O que já aconteceu foi ofuscado pela expectativa que havia em relação ao que está acontecendo agora. Agora, Paul McCartney está "incendiando" o Morumbi, na capital de São Paulo. Durante a madrugada, o ator Kevin Costner e sua banda - Modern West - surpreendeu o SP Online Festival, em Baurú, interior do estado de São Paulo. Kevin Costner foi, conforme as declarções de quem assistiu, uma surpresa agradável, com uma presença de palco marcante e bonitas interpretações da música country, com destaque para  “Mr. Tambourine man”, de Bob Dylan, que o público cantou junto.

       Paul McCartney esgotou os ingressos para a apresentação de hoje e para a de amanhã, também em São Paulo, com uma estimativa de público em torno de 64 mil pessoas em cada uma das apresentações. Eu,  que fui um  garoto que "amava os Beatles e (não gostava muito d`) os Rolling Stones", fico pensado que a moçada de Liverpool parou muito cedo.

       E como hoje é domingo e o Canto da Terra se permitiu sair um pouco de nossas fronteiras neste comentário, retornamos agora para nossas raízes, trazendo uma música do saudoso Noel Guarany, compositor da cidade de Bossoroca-RS - "Destino de Peão" -, interpretada pela dupla Jorge Leal e Aroldo Torres. Acompanhe o vídeo e deixe seu comentário no espaço abaixo.


      Um grande abraço e até domingo que vem, com mais uma prosa!

Wilmar Machado

COM O PÉ NO ESTRIBO - Leitura com censura velada

      No último dia 5 de novembro, o portal http://legisbrasil.com.br/ publicou sobre a sugestão do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre a não inclusão de livros com "inclinações preconceituosas" no Programa Nacional Biblioteca da Escola:
A exemplo do presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) também são contrários a proposta de censura ao livro “Caçadas de Pedrinho”, do escritor Monteiro Lobato. A restrição foi pedida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) por suposto conteúdo racista. Segundo os imortais, os “professores e formuladores de política educacional deveriam ler a obra e se familiarizar com ela”.
      A notícia acima ainda me incomodava quando, ontem, li no portal da Folha de São Paulo que:
O Tribunal de Justiça de São Paulo divulgou na quinta-feira (18) uma decisão liminar que proíbe a distribuição do livro "Cem melhores contos brasileiros do século" a alunos de escolas públicas do Estado. Segundo a decisão, o livro possui conteúdo sexual, com "descrições de atos obscenos, erotismo e referências a incestos", e, por isso, é inapropriado para estudantes do ensino fundamental e médio, que têm entre 11 e 17 anos [...] Procurada, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo disse que ainda não foi notificada da decisão e comentou somente que, ao contrário do que diz a liminar, a obra foi entregue apenas para alunos do Ensino Médio.
      No portal G1 (http://g1.globo.com/), confirmando que a Secretaria Estadual da Educação, de São Paulo, declarou distribuir os livros apenas aos estudantes do ensino médio, foi informado que:
Segundo a sentença, a Secretaria Estadual de Educação terá de evitar a distribuição de novos exemplares até o julgamento final do processo, sob pena de pagamento de multa de R$ 200 por livro distribuído. O Tribunal de Justiça também determinou que na medida do possível os livros já distribuídos a alunos do ensino fundamental e do ensino médio sejam recolhidos.
       E eu fiquei perguntando - em silêncio - se existirá a possibilidade de, como próximo passo, tornar a leitura crime - quem sabe hediondo e inafiançável - se o conteúdo for pouco agradável a um "grande pensador" ligado a algum Conselho de Educação ou, talvez, a própria Justiça.      

      Enquanto ainda me questionava sobre essas possibilidades, deparei-me com um artigo de Hélio Schwartsman para a Folha, publicado no dia 18 e dispnível em http://www1.folha.uol.com.br/, onde as respostas comecaram a se materializar. Diz o Bacharel em Filosofia Schwartsman, sobre censura e consciência:
me parece uma idiotice transformar o combate ao racismo (ou a qualquer outro "preconceito") numa perseguição a fantasmas do passado. Se a estratégia for levada a ferro e fogo, só nos permitiríamos ler autores contemporâneos e comprometidos com o linguajar politicamente correto (PC) - ou seja, sacrificaríamos toda a literatura, a filosofia e grande parte da ciência [...] Minha implicância com o PC não é só com o fato de ele ferir de morte o humor mas principalmente porque representa um insulto à inteligência. Uma das características mais notáveis da mente humana é a autoconsciência. Em algum grau, nós a compartilhamos com outros mamíferos [...] E o PC é o novo fundamentalismo exegético. Ele postula uma espécie de presente eterno e presume que perdemos essa capacidade tão humana de nos lançarmos no passado carregando apenas a bagagem necessária. Exceto quando alertados por uma nota explicativa, não saberíamos mais perceber que valores e ideias podem mudar com a passagem do tempo nem produzir juízos morais consonantes com o "Zeitgeist" (espírito da época).
      Acredito ser um bom momento para lembrarmos uma reportagem do Jornal Nacional, de Rede Globo, do final de agosto de 2003, onde foi afirmado - conforme disponível em http://jornalnacional.globo,com/ - que a leitura do brasileiro se restringe a menos de dois livros por ano, período em que os franceses lêem sete livros. Nesta mesma reportagem, foi apresentada uma pesquisa da Câmara Brasileira do Livro que entre os que liam, quase 50% tinham, no máximo, dez exemplares em casa, pela dificuldade encontrada para comprar.

       Mais recentemente, em julho de 2010, o "Bom Dia Brasil", também da Rede Globo, apresentou uma matéria em que foi destacado o atraso do ensino médio brasileiro em relação aos países desenvolvidos. O destaque da reportagem, conforme pode ser encontrado em http://g1.globo.com/bom-dia-brasil, é a declaração de uma professora que trabalhava com sua turma a escrita, a leitura e a interpretação de textos em uma escola do subúrbio carioca, com um dos melhores níveis de de avaliação junto ao MEC. Essa professora disse que: “Com a leitura, o aluno tem acesso a temas que circulam, como ética, saúde, meio ambiente”.

      Será que novembro já deveria ser férias para o pessoal do Conselho de Educação ou para alguns magistrados do Estado de São Paulo. Talvez, esse fato justificasse o "esgotamento" que os levou a tais manifestações tão inoportunas. Ou será que os alunos que podem comprar os livros "proibidos" devem efetivamente levar vantagem sobre os que dependem de outras iniciativas para melhorarem um pouco seu nível cultural. Piora ainda mais a situação saber que o livro de contos faz parte da preparação para vestibular (ou o pessoal do Conselho e o TJ-SP querem "facilitar" um pouco mais a vida dos cursos pré-vestibulares e eu é que não estou percebendo esse brilhantismo espiritual?).

       Para encerrarmos bem a semana, vamos ouvir Sérgio Reis, cantando "Filho Adotivo", de Arthur Moreira e Sebastião Ferreira da Silva:




      E por aqui, vou colocando meu pé no estribo para encerrar esta semana. Até o próximo.

      Um grande abraço!

Wilmar Machado