O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente.
Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver.
(Mahatma Gandhi)
Amigas e Amigos,
Hoje, ao acessar o portal UOL (http://www.uol.com.br), encontrei na página de notícias uma matéria do jornal Folha de São Paulo com uma proposta de permitir melhor entendimento do escândalo que tomou conta do noticiário depois da reportagem da revista Veja sobre as negociatas envolvendo o Ministério dos Transportes, o PR, partido que comanda a área de Transportes, funcionários do Ministério e empreiteiras.
Ao comentar a reportagem, a matéria da Folha detalha os envolvidos no esquema, ao denunciar que:
Entre os citados estão o próprio chefe de gabinete do ministro, Mauro Barbosa, o assessor do ministério, Luiz Titto Bonvini, o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot, e o presidente da estatal Valec (Engenharia, Construções e Ferrovias), José Francisco, o Juquinha. Segundo a reportagem, empreiteiros e consultorias de engenharia pagavam de 4% a 5% de "pedágio político" sobre o valor das obras do governo federal feitas com verbas do ministério. A maior parte da verba, conforme a revista, é destinada ao PR. De acordo com a reportagem, que chama o caso de "mensalão do PR", o deputado Valdemar Costa Neto, secretário-geral do PR, escolhe as empresas que vão realizar projetos e obras de transporte do governo.A revista afirma que Bonvini é o emissário do ministro, e Valdemar leva os pagamentos das comissões ao PR. O chefe de gabinete do ministro seria o responsável por liberar as verbas. Os diretores do Dnit e da Valec também são citados como membros do esquema.
Nesse momento, todos os envolvidos – menos o então Ministro dos Transportes – foram afastados de suas funções. O Ministro emitiu uma nota, rechaçando “com veemência, qualquer ilação ou relato de que tenha autorizado, endossado ou sido conivente com a prática de quaisquer atos político-partidário envolvendo ações e projetos do Ministério dos Transportes".
Quando parecia que tudo seria acomodado, o jornal O Globo (http://oglobo.globo.com), apresenta mais uma denúncia, onde:
O Ministério Público Federal Federal está investigando suposto enriquecimento ilícito de Gustavo Morais Pereira, arquiteto de 27 anos, filho do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Dois anos após ser criada com um capital social de R$ 60 mil, a Forma Construções, uma das empresas de Gustavo, amealhou um patrimônio de mais de R$ 50 milhões, um crescimento de 86.500%. [...]As investigações começaram ano passado, a partir de um nebuloso negócio entre Pereira e a SC Carvalho Transportes e Construções, empresa beneficiária de recursos do Ministério dos Transportes. Em 2007, a SC Transportes repassou R$ 450 mil ao filho do ministro, conforme documentos em poder da Procuradoria da República do Amazonas. Nesse mesmo ano, a empresa recebeu R$ 3 milhões do Fundo da Marinha Mercante, administrado pelo Ministério dos Transportes para incentivar a renovação da frota do país. Em 2008, a empresa ganhou mais R$ 4,2 milhões. [...] A SC Transportes está em nome de Marcílio Carvalho e Claudomiro Picanço Carvalho. Em 2006, um ano antes da SC receber R$ 3 milhões do Ministério dos Transportes, Picanço doou R$ 100 mil à campanha de Nascimento ao Senado, como registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O empresário foi o principal doador da campanha do ministro. Picanço também doou R$ 12 mil ao PR, então chamado de PL. Marcílio é marido de Auxiliadora Carvalho, nomeada pelo ministro para chefiar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Amazonas e em Roraima.
Aí, caiu o segundo ministro do governo da presidente Dilma em menos de 30 dias. Mas os escândalos não pararam, pois ainda hoje a Bandnews – disponível no portal UOL – apresentou um vídeo onde o ex-ministro Alfredo Nascimento aparece negociando verba em seu gabinete de forma um tanto estranha (pelo menos).
Mas tem mais. Uma matéria de José Ernesto Credendio para a Folha aponta que:
Inquérito da Polícia Federal revela que um sobrinho do deputado federal João Maia (PR-RN) recebia propina de 5% em cima dos valores pagos a uma empresa contratada pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Este é um dos 74 inquéritos abertos pela PF para investigar desvio de verbas no órgão, vinculado ao Ministério dos Transportes, comandado até ontem pelo PR. O sobrinho do deputado, Gledson Maia, ocupava o cargo de chefe de engenharia do Dnit no Rio Grande do Norte.
O que se imaginaria em um país sério é que um cidadão envolvido em tudo isso estaria com problemas. E o ex-ministro está mesmo com problemas. Conforme matéria do jornal O Globo, hoje a tarde, “O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) reassumiu, nesta quinta-feira, o mandato no Senado Federal. Mas não apareceu na Casa”. Imagine que problema deve estar enfrentando o ex-ministro com a dúvida entre manter ou trocar a decoração de seu novo gabinete.
Com a expectativa de que, por tudo que vem sendo apresentado e detalhado, o Transporte desse país fique bem distante do PR, convido para ouvir a música de Jurandy da Feira, que tem um título bem sugestivo, conforme abaixo.
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TERRA, VIDA E ESPERANÇA
Jurandy da Feira
Estou no cansaço da vida
Estou no descanço da fé
Estou em guerra com a fome
Na mesa filho e mulher
Ser sertanejo senhor
É fazer fraco forte
Carregar asa ou sorde
Comparar vida com morte
É nascer nesse sertão
A batalha está acabando
Já vejo relampear
Abra o curral da miseria
E deixa a morte passar
O que eu sinto meu Senhor
Não me queixo de ninguém
O que falta aqui é chuva
Mas eu sei que um dia vem
Vai ter tudo de fartura
Pra quem teve e hoje não tem
Com a letra acima, podemos acompanhar a interpretação de Luiz Gonzaga, o saudoso Lua.
Um grande abraço e até a próxima,
Wilmar Machado