quinta-feira, 4 de agosto de 2011

GALERIA SERTANEJA - O PARAÍSO É "MARA"!

Somente pela arte podemos sair de nós mesmos,
saber o que um outro vê desse universo que não é o mesmo que o nosso
e cujas paisagens permaneceriam tão desconhecidas para nós
quanto as que podem existir na lua. 
(Marcel Proust)



Amigas e Amigos,



               Abrem-se as cortinas, na casa de espetáculos chamada Paraíso, para receber um ícone do teatro brasileiro: Ítalo Balbo Di Fratti Coppola Rossi. Um dos mais importantes atores brasileiro, Ítalo Rossi – que morreu na terça-feira, 2 de agosto, vítima de complicações respiratórias, no Rio de Janeiro – era paulista, de Botucatu, e havia completado 80 anos em janeiro.



               O portal G1 (http://g1.globo.com) destacou, ontem, uma lembrança de Marília Pêra sobre Rossi com a declaração “Lembro das gargalhadas nos bastidores. Essa é a lembrança que carrego comigo. O ídolo não morreu. Ele deixa essa graça para sempre”. Na matéria do G1, encontra-se também um pouco da vida de Rossi dedicada à atuação, conforme abaixo:
Com mais de 400 montagens e mais de 50 anos de carreira, era considerado um dos atores mais importantes do Brasil. Estreou no Teatro Brasileiro de Comédias (TBC) e teve uma longa carreira nos palcos, onde atuou até os últimos anos de vida. Foi um dos fundadores do Teatro dos Sete, ao lado de Fernanda Montenegro, Sergio Britto e Fernando Torres. Nos anos 1980, ganhou três prêmios Molière, o mais importante das artes cênicas no Brasil. Na televisão, Ítalo Rossi iniciou a carreira em 1963, na extinta TV Rio, e participou de dezenas de novelas, séries e especiais na TV Globo [...] Seu último trabalho na televisão foi o personagem Seu Ladir, do humorístico "Toma lá, dá cá", dono do bordão "É mara, maravilhoso!". Rossi também brilhou no cinema, tendo participado de cerca de 20 longas-metragens [...] No fim de 2010, o ator foi homenageado com o livro "Fotobiografia de Ítalo Rossi", que retrata sua trajetória nos palcos e nas telas.

               As primeiras atuações de Ítalo Rossi que tive oportunidade de assistir foram em Escrava Isaura (na televisão) – exibida pela Rede Globo em 1976/77, onde Rossi fez o papel de José – e Noite sem Homem (no cinema) – produção de 1976, que assisti em 1980, no Rio de Janeiro (acho que no Roxi Copacabana), no qual Ítalo deu vida ao homossexual Salô, da obra de Orígenes Lessa. Depois disso, assisti muito trabalho desse artista, principalmente na televisão, onde “Seu Ladir” foi marcante o suficiente para se fazer o ápice de mais de 50 anos de carreira.


               Com a música escolhida para hoje, homenageio Ítalo Rossi, esse menino artista de apenas 80 anos. Abaixo a letra de “Não há pandorgas no céu” (pandorga = pipa, papagaio), do Lênin Nunez.

=======================================

NÃO HÁ PANDORGAS NO CÉU
                                        Lenin Nunez


Quando morre um menino
Reza o vento sua prece
O destino fecha a porta
E o dia não amanhece

Quando morre um menino
Se quebra a vida em pedaços
As horas correm vazias
Sem travessuras e abraços

Quando morre um menino
Choram as águas da sanga
Amadurecem inúteis
Figos, melões e pitangas

Quando morre um menino
A tristeza mata a fome
E crescem ervas daninhas
Pelos caminhos de um homem

Quando morre um menino
Tem o pão gosto de fel
A alegria sai da casa
E não há pandorgas no céu

Quando morre um menino
Não há pandorgas no céu.



=======================================


               Para interpretar a canção escolhida para esta Galeria Sertaneja escolhi o saudoso César Passarinho, considerado o cantor símbolo da Califórnia da Canção Nativa.


               Um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - O CURA D'ARS

Se impuseres a vida, fundarás a ordem;
 se impuseres a ordem, imporás a morte.
A ordem pela ordem é caricatura da vida.
(Antoine de Saint-Exupéry)




Amigas e Amigos,


               Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a absurda exigência de diploma específico para o exercício do jornalismo, encerrando uma disputa judicial que se estendia desde 2001, quando uma decisão provisória suspendeu a obrigatoriedade do diploma para registro profissional, em São Paulo.

               Ontem, dia 1º de agosto, o STF negou um recurso da Ordem dos Músicos do Brasil – para manter a exigência de filiação de quem quisesse trabalhar como músico – e dispensou músicos de registro profissional. Conforme o portal G1, ainda não é uma decisão abrangente, mas criou um precedente para outros músicos conseguirem a mesma dispensa.

               Na matéria do portal, pode-se encontrar que:
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta segunda-feira (1º) que um músico de Santa Catarina não precisa ser filiado à entidade de classe para ter o direito de exercer a profissão. [...] No julgamento, os ministros rejeitaram, por unanimidade, recurso da Ordem dos Músicos que pretendia reverter decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. O TRF liberou o músico de Santa Catarina da obrigação de se filiar à entidade e pagar anuidade para ter o direito de trabalhar. Atualmente, a Ordem dos Músicos do Brasil concede a carteira de músico mediante aprovação em provas escrita e prática. Por lei, a carteira é exigida para que o músico possa atuar. A Ordem dos Músicos foi criada por legislação de 1960 com a finalidade de “exercer, em todo o país, a seleção, a disciplina, a defesa da classe e a fiscalização do exercício da profissão do músico”. A lei é contestada em outra ação que tramita no Supremo. [,,,] Para a relatora do caso, ministra Ellen Gracie, para restringir a atuação dos músicos seria preciso identificar risco à sociedade.

               Se essas decisões continuarem acontecendo, pode ser o início do fim das ordens caça-níqueis, preocupadas mais em tirar dinheiro fácil de seus filiados, sem qualquer retorno. A prova da OAB tem boas condições de ser enquadrada nesse tipo de decisão, afinal o “risco” que um advogado com a “carteirinha” pode oferecer à sociedade é o mesmo de um sem essa identificação. Será que as contribuições sindicais obrigatórias – e sem qualquer sentido – não poderiam pegar carona nessa aparente moralização do exercício de profissões.



               Enquanto isso, abre-se o espaço para a oração da semana. E a oração sugerida para hoje é de São João Maria Batista Vianney, que tem sua Festa no próximo dia 4 de agosto. João Vianney só foi freqüentar uma escola quando abriu uma em sua aldeia, ele já era adolescente e só permaneceu dois anos estudando, pois necessitava trabalhar no campo. Foi para o Seminário aos vinte anos de idade e sua falta de instrução se apresentou como um obstáculo para sua nova formação, por ser visto como um camponês rude. Mas era, ao mesmo tempo, um exemplo de obediência, caridade, piedade e perseverança na fé em Cristo. Quando foi ordenado sacerdote, em 1815, foi considerado incapaz de guiar consciências, não estando, conseqüentemente, apto para confessar. Apesar disso, se transformou em um dos mais famosos e competentes confessores que a Igreja. A fama de seus dons e de sua santidade correu entre os fiéis de todas as partes da Europa e muitos acorriam para paróquia de Ars com um só objetivo: ver o cura (pároco) e, acima de tudo, confessar-se com ele. O corpo do Cura D’Ars, incorrupto, encontra-se na igreja da paróquia de Ars, que se tornou um grande santuário de peregrinação e ele foi proclamado Padroeiro dos Sacerdotes e no dia de sua festa é celebrado o Dia do Padre.

======================================

ORAÇÃO DE SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Eu Vos amo, meu Deus,


e o meu único desejo é amar-Vos



até ao último suspiro da minha vida.


Eu Vos amo, Deus infinitamente bom,


e prefiro morrer amando-Vos



que viver um só instante sem Vos amar.


Eu Vos amo, meu Deus,


e só desejo o Céu para ter


a felicidade de Vos amar perfeitamente.

Eu Vos amo, meu Deus,


e só temo o inferno porque aí nunca haverá



a doce consolação de Vos amar.


Meu Deus, se a minha língua


não puder estar sempre a dizer que Vos amo,



que o meu coração o diga



tantas vezes como quantas eu respiro.


Senhor, dai-me a graça de sofrer amando-Vos,


de Vos amar sofrendo,



e de um dia expirar amando-Vos



e sentindo que Vos amo.


E quanto mais me aproximo do meu fim,


mais Vos imploro a graça



de aumentar e aperfeiçoar o meu amor.


Amem!

======================================


               A música de hoje é de Padre Zezinho, interpretada por ele mesmo, e tem por título “Trabalhadores”.


               Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - SERÁ "RABO-PRESO"?


Não pode haver senão vantagem num acordo
e prejuízo num conflito.
(André Gide)

Amigas e Amigos,

               Na última quinta-feira (28/7), comentei aqui no Blog a minha dificuldade para entender o pouco caso demonstrado pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal em relação a recomendações do Ministério Público e do TCU na aprovação das contas do governo do DF no exercício de 2010.

               Hoje, lendo as notícias do jornal “O Estado de São Paulo” (www.estadao.com.br) tive a sensação de conseguir uma justificativa plausível para uma parte da minha falta de entendimento acima apresentada. A matéria trata do preenchimento de uma cadeira no TCU, em função de uma aposentadoria, que deu origem a uma nova disputa na Câmara entre governo e oposição – que já tem por volta de uma dezena de candidatos a ministro. O futuro titular dessa cadeira vaga receberá um salário de R$ 25 mil, férias de dois meses por ano, um carro oficial, uma cota de R$ 50 mil/ano para passagens aéreas, além do benefício de aposentadoria (compulsória) aos 70 anos com vencimentos integrais.



               Diz ainda o referido jornal que:
Câmara e Senado se alternam na indicação de seis das nove vagas de ministro do TCU - as outras três são escolhidas pelo presidente da República - e agora é a vez de um deputado ganhar o posto. A novidade desta eleição é que, na esteira do escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, a União dos Auditores Federais de Controle Externo (Auditar), com o apoio de entidades civis como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento Ficha Limpa, entrou na disputa. Mais do que lançar a campanha Ministro Cidadão, o movimento apresentou a candidatura do auditor Rosendo Severo e agora trabalha para ganhar o apoio de um partido. [...] As regras não admitem candidaturas avulsas no plenário. Ainda assim, se todos os nomes que manifestaram interesse em disputar se mantiverem na briga, serão sete candidatos em busca dos 513 votos do plenário. [...]  Para complicar ainda mais a vida do governo, a votação é secreta. Foi graças ao voto secreto que o Congresso impôs outra derrota ao presidente Lula na escolha do ministro do TCU que saiu da cota do Senado. [...]  O que mais irritou Lula na ocasião foi o placar de 41 a 34, quando os partidos de oposição só reuniam 26 votos. Seja quem for, o escolhido ainda terá de passar pelo crivo do Senado, que poderá acolher ou rejeitar o nome da Câmara. Já houve um caso em que a Câmara recusou o nome de um senador.

               Pode não ser a realidade vivenciada no processo de indicação de um ministro do TCU, mas parece que o nome escolhido já tomaria posse com uma série de “obrigações prévias”, que poderiam ser cobradas em função das benesses recebidas, em função da indicação para o cargo. Supondo que essa não seja a realidade, então continuarei sem entender porque o TC-DF ignora – sem qualquer pudor – uma recomendação do TCU.

               Enquanto isso, abro a porteira para mais uma semana com a música - que parece combinar com a cadeira vaga - de Gentil Neri, Costa Mello, Carlos Magrão e Osvaldir, com a dupla Osvaldir & Carlos Magrão, "Tetinha".


               Um grande abraço para todos e uma ótima semana!

Wilmar Machado

domingo, 31 de julho de 2011

PROSA DE DOMINGO - FESTIVAL DO BODE

Era desses caras que cruzam cabra com periscópio
pra ver se conseguem um bode expiatório.
(Stanislaw Ponte Preta)

Amigas e Amigos,

               Está terminando mais um domingo e no interior do Ceará chega ao fim uma festa em homenagem ao bode, conforme noticiado pelo portal G1(http://g1.globo.com). A 10ª Tejubode começou na última sexta-feira, no parque de exposições da cidade de Tejuçuoca, distante 142 km de Fortaleza.

(Foto: Giselle Dutra/ G1 CE)

               Segundo o portal, esse Festival que está terminando hoje tem como grande atração uma feira para mostrar o que pode ser feito a partir de bodes, como comidas, artesanato, livros, chaveiros, bolsas e até lingerie com detalhes em couro do animal. O pessoal da região aproveita a festa para melhorar um pouco a renda familiar, conforme noticiado no G1:
A artesã Edmir da Cruz, 41 anos, vende peças decorativas na feira e produziu um pequeno bode para a festa. Ela cobra R$ 6,00 pela obra e acredita terá bom lucro na feira. José Neto, 54 anos, "o baixinho do couro", faz questão de dizer que fabricou as bolsas  para as placas do evento a serem entregues às autoridades. Na feira, ele vende bolsas e sandálias feitas de couro de bode. [...] O festival gastronômico é dos principais atrativos da feira. Em um dos primeiros estandes, pode-se encontrar um cardápio variado feito a base de bode: churrasco no espeto, buchada e linguiça são alguns dos itens mais pedidos. […] O agricultor Carlos Alberto Farias Duarte, 48 anos, é um deles. Dono de um pequeno rebanho de 20 bodes e 60 ovelhas, durante o ano, ele vende carne e derivados dos caprinos para ser usados no lanche das crianças das escolas municipais. E quando chega o Tejubode, a expectativa é de aumentar em 25% a renda familiar. Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Tejuçuoca, Paulo César Uchoa Braga, desde o primeiro Tejubode, em 2001, a economia do município começou a mudar. Naquele ano, o rebanho de ovinos e caprinos em todo o município era de cerca de 5 mil cabeças. Hoje, afirma o secretário, esse número chega a 17 mil cabeças. 

               Na continuação da matéria, o portal comenta a má fama do bode que fazem com que os criadores tenham de, frequentemente, pedir desculpas aos donos de pastos vizinhos, pois os bodes não “respeitam” as cercas que delimitam as propriedades. Na festa, tem até aquela fotografia clássica de criança montada em pônei artificial, mas em Tejuçuoca o pônei dá lugar a um bode confeccionado em fibra. Nas escolas do município, as crianças começam cedo a assimilar a cultura do bode, com livros infantis – como o “Bode Chico e Chico Homem” – e com a participação no cortejo que abre o evento.

               Para encerrar essa Prosa de Domingo, escolhi a música “Ladrão de Bode”, de Rui Morais e Silva, interpretada pelo saudoso mestre Luiz Gonzaga.


               Um grande abraço e que tenhamos uma bela segunda-feira!

Wilmar Machado