quinta-feira, 15 de setembro de 2011

GALERIA SERTANEJA - SANTOS DO PAU OCO E O VENTO NEGRO



A cegueira que cega cerrando os olhos, não é a maior cegueira;

a que cega deixando os olhos abertos, essa é a mais cega de todas.
(Padre António Vieira)


Amigas e Amigos,

               As notícias de hoje mostram o vice-presidente Michel Temer conclamando o PMDB se preparar, unido e forte, para as eleições de 2012. O que chamou a atenção é que esse pedido foi feito em discurso sussurrado pelo vice durante o fórum nacional do partido, em Brasília.

               Inicialmente, pensei que Michel Temer falava baixo por vergonha de pertencer a um partido envolvido em tantas situações constrangedoras proporcionadas por seus ministros demitidos por suspeitas (talvez até um pouco mais do que apenas “suspeitas”) de envolvimentos em desvios de verbas públicas e improbidade administrativa. A fraca voz não tinha nada a ver com vergonha, mas estava relacionada a problemas, provavelmente, com a baixa umidade de Brasília.

               Acredito que o “toque” mais “surreal” desse fórum do primeiro partido que “não é de direita, não é de esquerda, nem é de centro” (o Kassab está tentando fundar o segundo partido com essa mesma proposta filosófica) ficou para seu presidente, Raupp, que entende serem as recentes trocas de ministros no atual governo “parte da democracia”. Segundo o portal G1 (http://g1.globo.com), o presidente do PMDB teria afirmado que:
as três substituições de ministros do PMDB feitas pela presidente Dilma Rousseff ocorreram a pedido dos próprios ministros. "[Nos casos dos ministros que saíram] não houve comprovação de absolutamente nada. Todos eles pediram para sair. Wagner Rossi, que a presidente não queria que saísse, pediu para sair, e agora Pedro Novais também", afirmou. Desde o começo do governo Dilma Rousseff, três ministros do PMDB deixaram seus cargos. Wagner Rossi, da Agricultura, Pedro Novais , do Turismo e Nelson Jobim, da Defesa - os dois primeiros após denúncias de irregularidades; Jobim após criticar colegas de ministério.

               Não dá para ignorar o pronunciamento do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, ao se referir a esse processo de troca de ministros como natural, quando disse que:
"O partido respondeu da melhor maneira possível, com rapidez e precisão, ou seja, deu as respostas que precisavam ser dadas", disse. Para Calheiros, Gastão Vieira é um dos "melhores quadros do PMDB", e a crise no Turismo é "página virada".

               E antes que o PMDB encaminhe para o Vaticano a proposta de beatificação em vida de seus “santos ministros”, seria interessante indagar como será devolvido todo o dinheiro desviado na gestão desses ministros. Informações extra-oficiais dizem que as pizzas já foram encomendadas para mais um final como o dos últimos escândalos.



               Com esses ventos nada alvissareiros que sopram pelo planalto central do país, a música escolhida para essa Galeria Sertaneja é “Vento Negro”, de José Fogaça, conforme a letra abaixo.


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VENTO NEGRO

                                 José Fogaça



Onde a terra começar

Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou

Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão

Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão

Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração

Dos montes, vales que venci
No coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país

Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei

Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão

Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração


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               A interpretação de “Vento Negro” é com o grupo “Os Almôndegas”, que contava com os irmãos Kleiton & Kledir iniciando a carreira.


               Um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado

TERTÚLIA NATIVA - A SENADORA E O BOI VELHO



 Nas sociedades brilhantes pela inteligência, mas de carácter fraco,
o poder acaba muitas vezes por cair nas mãos de homens inferiores e audaciosos. 
(Gustave Le Bom)


Amigas e Amigos,


               Antes do conto de meu saudoso conterrâneo João Simões Lopes Neto, entretenho-me com o “vídeo game” que tanto sucesso faz entre nossos Senadores. O brinquedinho eletrônico é objeto de matéria da Rosa Cosata, ontem, no jornal “O Estado de São Paulo” (http://www.estadao.com.br), abordando o questionamento do senador Jarbas Vasconcelos ao presidente da Casa, José Sarney, a respeito dos nomes dos senadores que permanecem congelados no painel como se aquele grupo estivesse presente (seria a institucionalização do senador virtual?).

               Conforme a matéria do Estadão, a assessoria da senadora Marta Suplicy negou que ela tenha congelado as informações do painel nos seis primeiros dias deste mês de setembro. O que significa essa negação e o porque dela acontecer me remeteu aquela situação onde um grupo de pessoas reunidas percebe, repentinamente, um mau cheiro no ar. O primeiro que diz “Não fui eu!!!” normalmente não vê esse seu veemente argumento resistir a uma “investigação” mais apurada.

               Não deve ser o caso da senadora, mas essa situação do painel também exala um odor bem desagradável. Segundo consta no jornal a senadora Suplicy (que utiliza essa marca, “emprestada” em algum momento de seu passado, como uma espécie de “nome artístico”) não “congelou as informações do painel eletrônico do plenário do dia 1º ao dia 6 de setembro. Ela teria feito isso, sim, em "duas outras ocasiões" e não em setembro”.

               Aparentemente, a prática é comum, ainda que a senadora garanta não ter nada a ver com o ocorrido no início deste mês, pois aparece na matéria do referido jornal que “na queixa feita ao presidente do Senado, José Sarney, Jarbas lembrou que a prática de congelar os dados do plenário também ocorria na legislação passada. A diferença é que o procedimento, normalmente utilizado para "garantir" o quórum do dia seguinte, dependia do aval de todos os líderes e não apenas de um parlamentar, como ocorreu com a senadora”.

               O que mais chama atenção é que tal prática – com concordância dos líderes ou, ainda, de todos os presentes – não tem qualquer sustentação nas normas regimentais. Mas na própria matéria que li, percebi uma “motivação” para o exercício desse jogo do painel eletrônico, pois “além de indicar o número dos presentes, os dados do painel também servem para efeito de pagamento dos senadores”. Logo, parece que o quorum do dia seguinte (ou dos dias seguintes) pode não garantir – e não garante – a presença dos senadores, indicados no painel, nas sessões subsequentes, mas garante o pagamento da remuneração a que o senador não teria direito por estar ausente.



               Essa moleza para garantia de remuneração sem esforço, me fez lembrar que quem gosta de erva tenra é boi velho. Por isso, a Tertúlia Nativa de hoje abre espaço para o conto “Boi Velho”, publicado no livro “Contos Gauchescos e Lendas do Sul”.


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O BOI VELHO 

                                               João Simões de Lopes Neto

               Cuê-pucha!... é bicho mau, o homem!
               Conte vancê as maldades que nós fazemos e diga se não é mesmo!... Olhe, nunca me esqueço dum caso que vi e que me ficou cá na lembrança, e ficará té eu morrer... como unheiro em lombo de matungo de mulher.
               Foi na estância dos Lagoões, duma gente Silva, uns Silvas mui políticos, sempre metidos em eleições e enredos de qualificações de votantes.
               A estância era como aqui e o arroio como a umas dez quadras; lá era o banho da família. Fazia uma ponta, tinha um sarandizal e logo era uma volta forte, como uma meia-lua, onde as areias se amontoavam formando um baixo: o perau era do lado de lá. O mato aí parecia plantado de propósito: era quase que pura guabiroba e pitanga, araçá e guabiju; no tempo, o chão coalhava-se de fruta: era um regalo!
               Já vê ... o banheiro não era longe, podia-se bem ir lá de a pé, mas a família ia sempre de carretão, puxado a bois, uma junta, mui mansos, governados de regeira por uma das senhoras-donas e tocados com uma rama por qualquer das crianças.
               Eram dois pais da paciência, os dois bois. Um se chamava Dourado, era baio; o outro, Cabiúna, era preto, com a orelha do lado de laçar, branca, e uma risca na papada.
               Estavam tão mestres naquele piquete, que, quando a família, de manhãzita, depois da jacuba de leite, pegava a aprontar-se, que a criançada pulava para o terreiro ainda mastigando um naco de pão e as crioulas apareciam com as toalhas e por fim as senhoras-donas, quando se gritava pelo carretão, já os bois, havia muito tempo que estavam encostados no cabeçalho, remoendo muito sossegados, esperando que qualquer peão os ajoujasse. Assim correram os anos, sempre nesse mesmo serviço.

               Quando entrava o inverno eles eram soltos para o campo, e ganhavam num rincão mui abrigado, que havia por detrás das casas. Às vezes, um que outro dia de sol mais quente, eles apareciam ali por perto, como indagando se havia calor bastante para a gente banhar-se. E mal que os miúdos davam com eles, saíam a correr e a gritar, numa algazarra de festa para os bichos.
– Olha o Douradol Olha o Cabiúnal Oôch! ... ôch! ...
               E algum daqueles traquinas sempre desencovava uma espiga de milho, um pedaço de abóbora, que os bois tomavam, arreganhando a beiçola lustrosa de baba, e punham-se a mascar, mui pachorrentos, ali à vista da gurizada risonha.

               Pois veja vancê ... Com o andar do tempo aquelas crianças se tornaram moças e homens feitos, foram-se casando e tendo família, e como quera, pode-se dizer que houve sempre senhoras-donas e gente miúda para os bois velhos levarem ao banho do arroio, no carretão.
               Um dia, no fim do verão, o Dourado amanheceu morto, mui inchado e duro: tinha sido picado de cobra.
               Ficou pois solito, o Cabiúna; como era mui companheiro do outro, ali por perto dele andou uns dias pastando, deitando-se, remoendo. Às vezes esticava a cabeça rara o morto e soltava um mugido... Cá pra mim o boi velho - uê! tinha caraca grossa nas aspas! - o boi velho berrava de saudades do companheiro e chamava-o, como no outro tempo, para pastarem juntos, para beberem juntos, para juntos puxarem o carretão, ...
               Que vancê pensa! ... os animais se entendem... eles trocam língua! ...
               Quando o Cabíúna se chegava mui perto do outro e farejava o cheiro ruim, os urubus abriam-se, num trotão, lambuzados de sangue podre, às vezes meio engasgados, vomitando pedaços de carniça...

               Bichos malditos, estes encarvoados! ...
               Pois, como ficou solito o Cabiúna, tiveram que ver outra junta para o carretão e o boi velho por ali foi ficando. 
               Porém começou a emagrecer... e tal e qual como uma pessoa penarosa, que gosta de estar sozinha, assim o carreteiro ganhou o mato, quem sabe, de penaroso. também...

               Um dia de sol quente ele apareceu no terreiro.
Foi um alvoroto da miuçalha.
               - Olha o Cabiúna! O Cabiúna! Oôch! Cabiúnal oôch! ...
               E vieram à porta as senhoras-donas, já casadas e mães de filhos, e que quando eram crianças tantas vezes foram levadas pelo Cabiúna; vieram os moços, já homens, e todos disseram:
               - Olha o Cabiúna! Oôch! Oôch! ...

               Então, um notou a magreza do boi; outro achou que sim; outro disse que ele não agüentava o primeiro minuano de maio; e conversa vai, conversa vem, o primeiro, que era mui golpeado, achou que era melhor matar-se aquele boi, que tinha caraca grossa nas aspas, que não engordava mais e que iria morrer atolado no fundo dalguma sanga e... lá se ia então um prejuízo certo, no couro perdido...
               E já gritaram a um peão, que trouxesse o laço; e veio. À mão no mais o sujeito passou uma volta de meia-cara; o boi cabresteou, como um cachorro ...
Pertinho estava o carretão, antigão, já meio desconjuntado, com o cabeçalho no ar, descansando sobre o muchacho.

               O peão puxou da faca e dum golpe enterrou-a até o cabo, no sangradouro do boi manso; quando retirou a mão, já veio nela a golfada espumenta do sangue do coração...
               Houve um silenciozito em toda aquela gente.
               O boi velho sentindo-se ferido, doendo o talho, quem sabe se entendeu que aquilo seria um castigo, algum pregaço de picana, mal dado, por não estar ainda arrumado. . . - pois vancê creia!-: soprando o sangue em borbotões, já meio roncando na respiração, meio cambaleando, o boi velho deu uns passos mais, encostou o corpo ao comprido no cabeçalho do carretão, e meteu a cabeça, certinho, no lugar da canga, entre os dois canzis ... e ficou arrumado, esperando que o peão fechasse a brocha e lhe passasse a regeira na orelha branca...
               E ajoelhou ... e caiu ... e morreu...
               Os cuscos pegaram a lamber o sangue, por cima dos capins ... um alçou a perna e verteu em cima... e enquanto o peão chairava a faca para carnear, um gurizinho, gordote, claro, de cabelos cacheados, que estava comendo uma munhata, chegou-se para o boi morto e meteu-lhe a fatia na boca, batia-lhe na aspa e dizia-lhe lia sua língua de trapos:
               - Tome, tabiúna! Nó té... Nó fá bila, tabiúna!. . .

               E ria-se o inocente, para os grandes, que estavam por ali, calados, os diabos, cá pra mim, com remorsos por aquela judiaria com o boi velho, que os havia carregado a todos, tantas vezes, para a alegria do banho e das guabirobas, dos araçás, das pitangas, dos guabijus! ...
               - Veja vancê, que desgraçados; tão ricos. . e por um mixe couro do boi velho! ...
               Cuê-pucha! ... é mesmo bicho mau, o homem!


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               Para concluir esta Tertúlia, fica a música de Palmeira e Teddy Vieira, com o título “Couro de Boi”. A interpretação escolhida é da dupla Palmeira e Biá, que começou a gravar em 1952 e realizou a primeira gravação desta música em 1954.



               Um grande abraço e até a próxima!


Wilmar Machado

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO – A “VIAGEM” DO NOSSO DINHEIRO



A dignidade pessoal e a honra não podem ser protegidas por outros
 Devem ser zeladas pelo indivíduo em particular.
(Mohandas Karamchand Gandhi)



Amigas e Amigos,

               Pela notícia de hoje, na Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br), o nosso dinheiro – o dinheiro público coletado por meio do esquema de arrecadação possuidor de monstruosa voracidade – anda “viajando” por insólitos destinos a partir de “roteiros” bem desenvolvidos pelo Ministério do Turismo.

               Pela matéria da Folha, o ministro do Turismo, Pedro Novais, pagou uma governanta com verba pública por 7 anos, fazendo de conta que ela era secretária do Congresso. Provavelmente, o ministro – à época, deputado federal – acreditava que seu apartamento seria, talvez, um anexo da Câmara.

               Não me foi perceptível a remuneração dessa senhora, responsável por importantes funções junto ao tal “anexo” da Câmara, mas pela reportagem seria algo entre R$ 1.142 e R$ 2.284 (a variação seria por conta de gratificações). Como a “secretária do lar” era responsável pelo conjunto de atividades “cozinhar – lavar – passar” e, considerando que desempenhava essas funções também no Rio de Janeiro e no Maranhão, quando o então deputado para algum desses lugares viajasse, acredito que seu pagamento não estaria muito próximo do patamar inferior citado.

               Como a justiça não demonstra muito apetite para condenar políticos – por mais corruptos que eles se apresentem – e como as comissões responsáveis pela conduta dos parlamentares julgam com voto secreto para perpetuar a “roubalheira”, é bem provável que todo o dinheiro desviado – com as devidas correções monetárias – jamais retorne aos cofres de onde foram desviados.

Considerando, ainda, que a doméstica foi exonerada quando o deputado se fez ministro em janeiro do corrente ano – o apartamento foi substituído por um flat que dispensava os serviços da “secretária” –, é natural que se pense estar tudo “resolvido” (como são resolvidas situações semelhantes aos desvios proporcionados pelo atual ministro).

               Um colega de trabalho fez uma adaptação para um conhecido ditado – possibilitando que o mesmo freqüentasse os nobres salões da corte – que, penso eu, se adapta muito bem ao pensamento que deve ter norteado a seqüência dessa história. O ditado virou “o que é um beijo para quem está todo casado” e o agora ministro passa a fazer valer sua nova função para que sua antiga secretária-governanta prossiga em sua brilhante carreira, pois conforme a Folha ela “foi contratada pela Visão Administração e Serviços, que recebe anualmente R$ 1,5 milhão do Turismo para fornecer mão de obra. Dora virou recepcionista de um escritório que o ministério mantém em um shopping de Brasília”. Não foi informado se a limpeza do escritório é função da atualmente recepcionista-secretária-governanta.



               No próximo dia 15 é a Festa de Nossa Senhora das Dores, que experimentou o sofrimento de acompanhar a morte de seu filho na cruz para apagar os pecados da humanidade. Todas as dores de Maria parecem, em determinadas situações, terem sido em vão, pois o que acontece sorrateiramente na Esplanada, em Brasília, passa uma idéia de que tudo ali gira em torno dos próprios umbigos, sem qualquer preocupação com o próximo, principalmente se estiverem no grupo dos mais necessitados. O dinheiro da saúde, da educação e da segurança é, sem qualquer constrangimento, desviado para pagamento de empregadas domésticas. E nada acontece.

               Rezemos, então, pela interseção de Nossa Senhora da Dores, na esperança de que ainda aconteça “uma sincera mudança” na vida de nossos representantes e nas nossas vidas.

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ORAÇÃO A nª srª das dores

Ó Mãe das Dores.
Rainha dos mártires,
Que tanto chorastes vosso Filho, morto para nos salvar,
Alcançai-nos uma verdadeira contrição dos nossos pecados
E uma sincera mudança de vida.
Mãe pela dor que experimentastes
Quando vosso divino Filho,
No meio de tantos tormentos,
Inclinando a cabeça expirou à vossa vista sobre a cruz,
Eu vos suplico que nos alcanceis uma boa morte.
Por piedade, ó advogada dos pecadores,
Não deixeis de amparar a nossa alma na aflição
E no combate da terrível passagem
Desta vida a eternidade.
E, como é possível que, neste momento,
A palavra e a voz nos faltem para pronunciar
O vosso nome e o de Jesus,
Rogo-vos, desde já, a vós e a vosso divino Filho,
Que nos socorrais nessa hora extrema
E assim diremos:
Jesus e Maria, entrego-Vos a minha alma.
Amém!

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               Para acompanhar a nossa oração e a reflexão propiciada por este Oratório Campeiro, a música escolhida é “Ilumina, Ilumina”, do Padre Zezinho, na interpretação do próprio autor.

   

               Um grande abraço para todos e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - O CARIBE EM QUINTAL BRASILIENSE


Se você acha que está maluco é porque não está.
Mas, se você acha que todo o mundo está maluco, então está.
(Millôr Fernandes)


Amigas e Amigos,

               No começo de mais uma semana, em Brasília, onde a umidade do ar parece ficção, dado que vapor de água no ar desta região pode ser comparado com cabeça de bacalhau, pois ambos podem até existir, mas por aqui não são percebidos. Ontem, à noite, jantando com amigos do Sul, comentávamos que, como a umidade relativa do ar em Santa Catarina ultrapassa os 90% e a de Brasília anda por volta de 10%, pode-se afirmar que a umidade do ar, em SC e no DF, atinge a marca média de aproximadamente 50%, mostrando – como tão bem fazem alguns conhecidos – que, nessa situação, a estatística serve para justificar um “faz-de-conta”.

               O início desta semana em Brasília – atenção: isto não é uma piada nem roteiro para alguma obra surrealista – faz retornar às manchetes dos jornais a aparentemente aloprada promotora Deborah Guerner, acusada de ligação com o denunciado esquema do mensalão do DEM, reivindicando, junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a restituição de R$ 280 (em reais, dólares e euros) apreendidos pela Polícia Federal na casa dela. No portal G1 (http://g1.globo.com), hoje, pode-se encontrar uma justificativa do advogado Paulo Sérgio Leite Fernandes para essa dinheirama toda, pois “segundo Fernandes, os valores foram apreendidos em reais, dólares e euros e têm origem lícita, comprovada por meio de extratos bancários e da declaração de imposto de renda”. A extrema necessidade da liberação fica clara, também, na conversa do advogado, ao informar que “o dinheiro apreendido pela PF é necessário para o tratamento da promotora. Segundo a família e os advogados, Deborah Guerner passa por tratamento psiquiátrico em razão de um transtorno bipolar que teria piorado após as denúncias de envolvimento no suposto esquema do mensalão do DEM”.

               O jornal Correio Braziliense de hoje, abordando esse assunto, descreve a ação da polícia na casa da promotora e ainda informa que: “O dinheiro, apreendido pela Polícia Federal em junho do ano passado, estava dentro de um cofre enterrado no quintal”. Procedimento adotado pela população, quando está juntando dinheiro para realizar um tratamento médico, na esperança de que, um dia no futuro do país, sejam inventados Bancos e Caixas Econômicas que possam substituir os baús enterrados nos quintais. O Caribe não é aqui, mas a pirataria...



               Nos comentários de leitores do Correio Braziliense (http://www.correiobraziliense.com.br), aparece uma sugestão que considerei muito pertinente. O leitor sugere que a promotora procure uma consulta no SUS para tratar seu problema, o que ela poderá fazer sem qualquer preocupação com o dinheiro apreendido.

               Resolvido o problema da consulta da Drª Deborah, permaneceria a necessidade de restituição do dinheiro apreendido na operação Caixa de Pandora, pois a doutora, bem como o ex-procurador de Justiça Leonardo Bandarra, negam as acusações sobre terem exigido R$ 2 milhões do ex-governandor Arruda para divulgarem um vídeo comprometedor. Se a Polícia Federal for utilizar o mesmo argumento dos acusados, bastará negar que tenha apreendido esse dinheiro... e será “vitorioso” desse embate quem tiver a “cara de pau” com maior brilho. Sendo assim, é melhor descartar essa alternativa pois a PF perderia fácil, por lhe faltar “treinamento”, conforme recorda,  no dia 2 de junho passado, o portal G1:
Deborah Guerner e o marido, Jorge Guerner, chegaram a ficar oito dias presos na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, acusados de interferir do processo ao simular insanidade mental.Vídeos gravados pelo circuito interno da casa da promotora mostraram ela supostamente tendo aulas com o psiquiatra para parecer ter transtornos mentais.

               Quem sabe não estamos presenciando o surgimento de um novo diretor teatral (não tenho idéia de quão rentável se mostre o exercício da psiquiatria) que, com artistas menos canastrões, poderá participar de montagens bem mais interessantes para o público em geral.

               Para que seja abertas as porteiras para mais uma semana, a música de hoje é “Brinquedo Perigoso”, de Dionísio Costa e Oscar Soares, na interpretação do Gaúcho da Fronteira.

   

               Uma boa semana para todos e um forte abraço!

Wilmar Machado