quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ORATÓRIO CAMPEIRO – A GANÂNCIA DE ALGUNS E O SANTO DE MUITOS


A ganância do ter não só engoliu o ser e a convivência pacífica,
mas até privou a maior parte dos homens do ter indispensável,
para acumular nas mãos de uns poucos o que a todos pertence.
(Dom Paulo Evaristo Arns)



Amigas e Amigos,



No começo de mais uma semana, encontrei na página Auto Esporte, do portal G1, ontem, que o especialista em BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), Kenneth Rapoza, da revista Forbes, publicou em sua coluna, no último sábado que o consumidor brasileiro, na busca de status, confunde o preço com a qualidade dos carros. Ele criticou, ainda, os valores praticados pelo comércio do setor automotivo, classificando como “ridículos” os valores dos carros no Brasil.  
  
Na matéria da Auto Esporte pode-se ler o que Rapoza colocou em sua coluna:
"Desculpem, brazukas... não existe status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand [Cherokee] ou Dodge Durango", escreveu. "Não se deixem enganar pelo preço. Vocês estão sendo roubados." Para fazer a comparação de preços com os praticados nos EUA, Rapoza utilizou-se de dois modelos da americana Chrysler. Ele lembra que os impostos e outras taxas fazem com que um Jeep Grand Cherokee custe até 3 vezes mais no Brasil do que em Miami. Afirma que o modelo 2013 custará US$ 28 mil nos EUA, mas, no Brasil, o carro atual sai por US$ 89.500 (R$ 179 mil). Outro exemplo citado é o do Dodge Durango, que a Chrysler lançará no próximo Salão de SP, em outubro, por, segundo Rapoza, R$ 190.000 (US$ 95.000). "Nos EUA, custa US$ 28.500. Um professor de pública escola primária do Bronx consegue comprar um. OK, talvez não um novinho, mas com 1 ou 2 anos de uso... com certeza." "Não há outra razão [para os preços do Brasil] a não ser a taxação excessiva, de mais de 50% [do preço do carro], e a ingenuidade do consumidor que pensa que dá na mesma pagar por um Cherokee o valor de um BMW X5", critica. O colunista também cita produtos brasileiros de relativo sucesso no exterior, chinelos Havaianas e cachaças, para explicar a "exploração" do consumidor no país. "Pense como seria se um amigo americano dissesse a vocè que acabou de comprar um par de Havaianas por US$ 150. Claro que esses chinelos são sexy, chiques e estão na moda, mas não valem US$ 150", exemplifica. "Quando se trata de status oferecido por carros no Brasil, a elite está servindo capirinha com Pitu e 51 pensando que é bebida de primeira."

Boa parte dos altos valores de comercialização de carros no Brasil pode ser atribuída aos impostos, responsáveis por mais de 30% do preço final do veículo. Mas se forem retirados os impostos embutidos no valor de comercialização, ainda teremos aqui os carros mais caros. Logo, pode-se observar que o Governo brasileiro não está sozinho nessa manifestação clara de ganância.

Se por um lado, o Governo necessita dessa arrecadação toda para garantir escritórios inchados por empregados que garantem retorno em tempos eleitorais – sem esquecer que os mensalões e seus derivados consomem, e muito, desse quinhão – por outro lado, as montadoras instaladas no Brasil têm registrado seus maiores índices de lucratividade nas filiais brasileiras. Poder-se-ia imaginar o surgimento de uma nova parceria público privada do tipo: toma lá muito; dá cá bastante. E que venha o próximo exercício fiscal...

Sobre isso, em 2009, o portal G1 publicou uma reportagem indicando que os impostos correspondiam, em média, a 30,4% do valor final de um carro comercializado aqui no Brasil. Fazendo referência a essa reportagem, o citado portal, ontem, complementou:
“Este mesmo valor para outros países é bem menor. Na Espanha, por exemplo, representa 13,8%; na Itália, 16,7% e nos Estados Unidos, 6,1%”, afirmou, na época, a vice-presidente da consultoria Booz & Company, Letícia Costa. Fora isso, entram na conta outros aspectos como os custos de produção ("custo Brasil"), que abrangem desde o valor da mão-de-obra até o desembaraço alfandegário, no caso da importação de produtos e peças, e os gastos com logística, além da escala de produção, menor no Brasil se comparada com a de EUA, China e Japão, por exemplo.

Nessa mesma linha, o portal d’O Estado de São Paulo publicou em 22/09/2011 que, mesmo sem a incidência de IPI, ICMS e PIS/Cofins, veículos nacionais custariam mais do que os estrangeiros. À época, foi dito pelo Estadão que:
O Chevrolet Malibu, por exemplo, custa a partir de R$ 89.900 no Brasil. Tirando IPI, ICMS e PIS/Cofins, o valor poderia cair para R$ 57.176. Mesmo assim, estaria mais caro do que nos Estados Unidos, onde carro sai por R$ 42.300 com impostos para o consumidor de Nova York.  O Ford Focus Sedan está em situação semelhante. Sem impostos, o preço poderia cair de R$ 56.830 para R$ 39.554 no Brasil. Porém, em nova York esse veículo custa R$ 30.743 com tributação.  Entre as montadoras com sede na Europa, o carro sem impostos aqui seria mais barato do que o com impostos lá. Mas, ao retirar a tributação no Brasil e na matriz, o preço por aqui ainda é mais alto. [...] Especialistas dividem-se sobre qual seria o outro fator, além dos impostos, que explica o alto preço do carro no Brasil. Uns culpam o chamado "custo Brasil"; outros, o "lucro Brasil". Essa dúvida existe porque as montadoras não divulgam detalhes sobre lucros e custos. [...] Para o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o preço alto do carro brasileiro é explicado pelo custo Brasil e pela baixa produtividade no País. Ele diz que para comparar com outros países, seria necessário considerar também os impostos que incidem sobre as matérias-primas dos carros. [...] Para Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, "a postura das montadoras, de evitar a divulgação do seu custo de produção, corrobora a suspeita" de que a margem de lucro no Brasil possa ser "muito superior" à de países desenvolvidos. Ele afirma, ainda, que a mão de obra no Brasil é mais barata do que na Europa e nos EUA.

Para mudar essa conversa sobre a ganância de governo e empresários, recordo que hoje é a festa de São Maximiliano Maria Kolbe, franciscano da Ordem dos Frades Menores Conventuais e fundador do apostolado mariano “Milícia da Imaculada”, a quem o Papa João Paulo II se referiu como o “Padroeiro do nosso difícil século XX”. São Maximiliano Kolbe (que foi batizado como Rajmund, ou Raimundo) era de uma família pobre repleta de religiosidade.

São Maximiliano Maria Kolbe

As realizações do frei Maximiliano Maria Kolbe, frutos do seu carisma do apostolado, fundado no amor infinito a Maria Santíssima e pela palavra (tanto impressa quanto falada), seriam suficientes para ser um exemplo para todos nós que continuamos nossa caminhada terrena. Para ele, porém, esse exemplo era insignificante, o que pode ser constatado a partir do depoimento feito, na Polônia, no dia 8/01/2004 – data que assinalou os 110 anos do nascimento de São Maximiliano Maria Kolbe – por Micherdzirski, ex-prisioneiro, junto com frei Kolbe, no campo de concentração de Auschwitz. Esse depoimento está disponível no portal Milícia da Imaculada e se pode encontrar ali que em:
30/07/1941 as 19h15, foi o momento que Padre Kolbe saiu da fila, do dia 29/07 ao 30/07 ficamos no pátio em pé sem comer, sem dormir, a noite era muito fria, e durante o dia muito calor. Os soldados colocavam a comida na nossa frente, e jogavam no chão, muitos não agüentavam, não tendo mais força e acabavam morrendo. Eu, Padre Kolbe e Francisco estávamos na mesma fila, na 5º ou 6° fila. Fritz andava entre as filas, e quando parava na frente de um prisioneiro significava que era seu fim, era condenado, quando Fritz se aproximou de mim, me sumiu a visão, tremia minhas pernas, meu único desejo era de viver, minha oração era “Deus não deixe ele tocar em mim”. Naquele momento não podíamos ter nenhum tipo de reação, não podia manifestar nem mesmo uma expressão, porque seria o suficiente para morrer. Quando tudo acabou foi um alivio, mas de repente se percebe que alguém sai do lugar, naquele momento o silêncio reinava, só se ouvia os passos daquele homem, Padre Kolbe. Ele calmamente se aproximou de Fritz e disse: “Quero morrer no lugar desse homem”. Em um lugar onde milhões morriam, morrer por um não significava nada. Fritz perguntou: “Quem é o senhor?”.Calmamente Padre Kolbe responde: “Sou um Polaco sacerdote católico”. Sete milhões de prisioneiros passaram por lá, essa foi a primeira vez que Fritz chamava um prisioneiro de senhor, éramos sempre chamados de porcos, besta e outros nomes terríveis. Padre Kolbe disse simplesmente: “Porque ele tem mulher e filhos” ela salvava o valor do sacramento matrimonial e a paternidade. O que mais impressionou, não foi o fato que ele morria por alguém, isso era normal em um lugar como aquele, mas naquele dia os Tedescos perderam a guerra, era inacreditável Fritz falar com um prisioneiro, e ter aceitado a troca, ele podia simplesmente atirar em Padre Kolbe e nos outros, ou então soltar os cachorros neles. No campo de concentração era inaceitável gesto de martírio, os Tedescos não admitiam, os prisioneiros só podiam morrer, por suas mãos. Padre kolbe morreu para salvar um único prisioneiro, mas naquele dia ele trouxe a Auchwitz a esperança e o amor. Foram 386 horas de sofrimento, e de fome. A Imaculada fez com Padre Kolbe tudo aquilo que desejava, fez dele um grande dom. Humanamente era difícil entender aquele ato, aquele momento marcou a história de Auschwtiz, a história de cada prisioneiro, ele trouxe a cada um de nós a dignidade e a vontade de viver.

A oração para esta semana é uma consagração composta por São Maximiliano Maria Kolbe.

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CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA

Ó Imaculada,
Rainha do Céu e da Terra,
Refúgio dos pecadores e Nossa Mãe amantíssima,
A quem Deus quis confiar toda a Ordem da misericórdia!
Eu, indigno pecador, me prostro aos vossos pés,
Suplicando-vos com insistência:
Dignai-vos aceitar-me por completo,
Como coisa e propriedade vossa;
Fazei o que quiserdes de mim,
De todas as faculdades da minha alma e do meu corpo,
De toda a minha vida, da minha morte,
Da minha eternidade.
Dispõe de mim totalmente como vos agradar,
Para que se cumpra o que está dito de vós:
“Ela esmagará a cabeça da serpente”,
E também:
“Só vós destruístes todas as heresias no mundo inteiro”.
Que em vossas mãos,
Imaculadas e misericordiosíssimas,
Eu seja um instrumento que vos serve a introduzir
E a aumentar o mais possível de vossa glória
Em tantas almas desgarradas e tíbias.
Assim se estenderá cada vez mais
O Reino Bendito do Santíssimo Coração de Jesus.
Pois onde entrais,
Conseguis a graça da conversão e santificação,
Já que é do Sacratíssimo Coração de Jesus
Que todas as graças chegam para nós
Por vossas mãos.
Dai-me a graça de vos louvar ó Virgem Santíssima.
Dai-me força contra vossos inimigos.

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Neste mês vocacional de agosto, a música escolhida para acompanhar este Oratório, lembrando da vocação de São Maximiliano Maria Kolbe, é “Águia Pequena”, do Padre Zezinho, interpretada pelo próprio Padre Zezinho.

  

Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!