sábado, 21 de maio de 2011

FOGÃO DE LENHA - ANJO BOM DA BAHIA, BEM-AVENTURADA

Sempre que puder, fale de amor e com amor para alguém.
Faz bem aos ouvidos de quem ouve e à alma de quem fala.
(Irmã Dulce)


Amigas e Amigos,

                O Fogão de Lenha abre espaço, antes da receita de hoje, para um destaque muito especial para os brasileiros: a beatificação no próximo domingo de Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia – e, também, do Brasil e do Mundo. Segundo a agência Zenit (www.zenit.org), que apresenta “o mundo visto de Roma”, Irmã Dulce:
foi postulada ao prêmio Nobel da Paz em 1988 pelo governo brasileiro. Recebeu visitas de João Paulo II em 1980 e 1991, um ano antes da sua morte. A Irmã Dulce Lopes Pontes será beatificada neste domingo, em Salvador da Bahia, em uma cerimônia celebrada pelo seu arcebispo emérito, cardeal Geraldo Majella Agnelo, em representação do Papa Bento XVI. [...] Pelo seu trabalho incansável com os pobres, mendigos e desamparados, o jornal O Estado de São Paulo a nomeou a mulher mais admirada da história do Brasil. Seu nome era Maria Rita e ela nasceu em 1914. Tinha 6 anos quando sua mãe morreu, e suas tias se encarregaram da sua criação. Aos 13 anos, uma delas a levou para conhecer as regiões mais pobres da sua cidade, fato de despertou nela uma grande sensibilidade. Assim, aos 18 anos, começou a fazer parte da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde começou a chamar-se Irmã Dulce. Uma das inspirações para o discernimento da sua vocação foi a vida de Santa Teresa do Menino Jesus: “Acho que sou como o pequeno amor do meu pequeno coração, que, por mais que tenha, é pouco para um Deus tão grande”, escrevia a Irmã Dulce quando entrou no convento. [...] morreu em 13 de março de 1992. Milhares de homens e mulheres em condições de extrema pobreza se reuniram para dar-lhe o último adeus, diante dos seus restos mortais. [... ] O milagre para a sua beatificação ocorreu em 2001, quando Cláudia Cristiane Santos, hoje com 42 anos, sobreviveu a uma hemorragia incontrolável logo após dar à luz. O sangramento não cessava, apesar das três cirurgias que lhe foram feitas. Os médicos haviam perdido toda esperança de que sobrevivesse e, quando seus pais pediram a intercessão da Irmã Dulce, em uma corrente de oração liderada pelo Pe. José Almí de Menezes, a hemorragia parou imediatamente.
                Conforme a página da Bahia, no portal G1 (http://g1.globo.com/bahia), a celebração de beatificação iniciará com uma missa, às 17h, neste domingo, que precederá o:
roteiro litúrgico do Rito de Beatificação do Vaticano. A cerimônia, que contará com a participação de mais de 500 religiosos – entre padres, arcebispos, bispos, diáconos e seminaristas de todo o Brasil. [...] O rito que consagrará Irmã Dulce como Bem-aventurada começará com um pedido do arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger, solicitando ao Santo Padre que inscreva, na lista dos santos e beatos da Igreja, o nome da religiosa baiana. Em seguida, o cardeal Dom Geraldo pedirá, em nome do Papa, que seja lida a biografia de Irmã Dulce. Terminado o relato de sua trajetória, será lido o decreto apostólico do Papa Bento XVI inscrevendo Irmã Dulce na lista dos santos e beatos da Igreja Católica, propondo-a como exemplo cristão para todos os fiéis. Neste momento, será anunciada também a data de celebração da sua festa litúrgica: 13de agosto.

                A produtora Iafa Britz (Nosso Lar) se prepara para filmar, em 2012, em Salvador, a história da vida de Irmã Dulce. Segundo a produtora, esse projeto já está em “fase embrionária”, mas já estão sendo buscados nomes para direção, roteiro e composição do elenco. Iafa e o distribuidor Bruno Wainer acertaram os direitos de produção com Maria Rita, sobrinha e sucessora de Irmã Dulce na condução das obras sociais criadas pelo Anjo Bom.


                O filme sobre a futura Bem-aventurada é para o próximo ano. Para o próximo fim de semana, fica a sugestão de prato para o jantar de sábado ou de domingo: um risoto com jeito de comida campeira.

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RISOTO SERTANEJO

Ingredientes:

½ xíc. (chá) de cebolas em rodelas finas

3 xíc. (chá) de arroz para risoto

¼ xíc. (chá) de azeite

½ xíc. (chá) de pinga

300 (aproximadamente) gramas de abóbora (cortada em cubos)

500 gramas de carne seca (dessalgada,, cozida e desfiada)

2 tabletes de caldo de carne

150 gramas de couve (cortada bem fininha)

2 colheres (sopa) de manteiga.

Pimenta-do-reino a gosto

1 litro de água fervente.

Queijo parmesão ralado.



Modo de preparar:

Dissolver os tabletes de caldo de carne na água fervente.

Em outra panela, aquecer o azeite e dourar a cebola.

Juntar o arroz, misturando com a cebola, e refogar rapidamente.

Acrescentar a pinga.

Colocar a abóbora e um pouco do caldo de carne.

Misturar bem.

Sempre que começar a secar, adicionar mais caldo mexer bem.

Quando o arroz estiver "al dente", juntar a carne desfiada e a couve.

Temperar com pimenta.

Acrescentar a manteiga.

Misturar bem e polvilhar o queijo ralado.
Servir em seguida.

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                A música para hoje é "Isso aqui tá bom demias", de Dominguinhos e Nando Cordel, na interpretação de Dominguinhos que, além de acompanhar bem o prato sugerido aqui, ainda traduz o sentimento da comunidade de Salvador com a solenidade de beatificação prevista para domingo.



 
                Um grande abraço para vocês, amigas e amigos leitores deste Blog!

Wilmar Machado

sexta-feira, 20 de maio de 2011

GALERIA SERTANEJA - MINISTRO NO ROTEIRO DE NOVELA

As Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas...
O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos
e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!
(Bob Marley)


Amigas e Amigos,

                 No último domingo (15/05), a Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br) apresentou uma matéria em que mostrava a “multiplicação” dos bens do atual ministro Palocci. De 2006 a 2010 – período em que foi deputado pelo PT –, segundo a reportagem, o valor dos bens do ministro se multiplicaram por 20, o que lhe permitiu comprar um apartamento (mais de 500 metros quadrados, nos Jardins!) por R$ 6,6 milhões e um escritório por R$ 882 mil, entre os anos de 2009 e 2010, quitados pela empresa de consultoria Projeto, mantida pelo próprio Palocci.

                 Hoje, na Folha, Clóvis Rossi, escreveu que:
Quando Lula montava seu ministério, no finzinho de 2002, Ricardo Kotscho, assessor de imprensa e, mais que isso, amigo íntimo, cobrou: "Você tem que nomear o Palocci". Lula quis saber a razão, e Kotscho explicou direitinho: "Porque ele é muito divertido". Premonitório meu amigo Kotscho: Palocci se divertiu à beça, como ele próprio confessa agora candidamente (ou cinicamente, a seu gosto, leitor). Usou seus anos de ministério para construir os alicerces de um apartamento de R$ 6,6 milhões, comprado praticamente à vista.

                 Supondo que tenha sido, de fato, a motivação acima responsável pela indicação de um ministro, pode-se tentar, mas dificilmente entender, as “motivações” (ou falta delas) consideradas no preenchimento dos demais escalões. Talvez insatisfeito com a “diversão” citada pelo Rossi, no parágrafo anterior, o ministro resolveu se divertir com seus “amigos” e apresentou uma “pérola” para a imprensa em forma de comunicado para congressistas, conforme Gabriela Guerreiro e Larissa Guimarães escreveram, na Folha, ontem (18/05):
Em mensagem enviada ontem a deputados e senadores, a Casa Civil justificou o aumento do patrimônio do ministro Antonio Palocci lembrando ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central que se tornaram "banqueiros" e "consultores de prestígio" depois de passar pelo governo. O texto diz que a passagem por esses cargos proporciona "uma experiência única que dá enorme valor a esses profissionais no mercado", na tentativa de mostrar que o caso de Palocci não é incomum. Em seguida, lista ex-presidentes do BC e do BNDES como Pérsio Arida e André Lara Resende e ex-ministros da Fazenda como Pedro Malan e Mailson da Nóbrega, ressaltando que eles "se tornaram em poucos anos" bem-sucedidos no setor privado. Resende, Arida e Malan foram do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002); Mailson foi ministro de José Sarney (1985-1990). A nota afirma que nada impedia Palocci de manter a consultoria Projeto durante seu mandato de deputado e lembra que pelo menos 273 deputados e senadores hoje são sócios de empresas.

                 Depois da “mordida” aplicada pelo ministro Palocci em integrantes de governos anteriores, Clóvis Rossi, na continuação do trecho apresentado acima, publicou na Folha:
Ingênuo e purista que sou, não gosto de que se coloque etiqueta de preço em seres humanos, ainda mais em servidores públicos. Mas não sou tão ingênuo a ponto de ignorar que Palocci disse a verdade, parte da verdade ao menos. A parte que ocultou é a seguinte: a passagem por esses postos -ou outros- dá a quem a fez conhecimento das entranhas e engrenagens do poder, o que facilita abordagens do setor privado que quer ou precisa fazer negócios com o Estado, em qualquer de suas esferas. Em linguagem clara, o mecanismo chama-se tráfico de influência. Não sei se Palocci o praticou, mas é evidente que as empresas que contrataram a sua consultoria estavam de olho nessa possibilidade. Só não sabia que esse, digamos, trânsito dava tanto dinheiro assim. Como é ilógico supor que uma eventual queda de Palocci seria um desastre (se não o foi em 2006, menos ainda o seria agora), resta suspeitar que a blindagem que até a oposição oferece ao ministro deve-se à expectativa de usar, hoje ou no futuro, a "experiência única" que tanto gozo deu a Palocci.

                 Diante do problema que poderia criar, e se valendo de experiência anterior onde o confronto não apresentou bons resultados políticos (bem verdade que imediatos), o ministro Palocci resolveu recuperar a própria imagem junto a seus “amiguinhos”. Renata Lo Prete, na Folha, hoje, comentou como o ministro “assoprou” a “mordida” aplicada:
Antonio Palocci entrou em campo ontem na tentativa de desfazer o mal-estar causado pela divulgação, na véspera, de texto elaborado pela Casa Civil no qual se procura justificar o salto patrimonial do ministro citando integrantes de governos anteriores que se tornaram profissionais bem-sucedidos no setor privado. Palocci telefonou para os quatro mencionados - os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan e Mailson da Nóbrega, o ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende - e apresentou desculpas pelo constrangimento causado. Consta que as reações foram elegantes.



                 Fica aparente a “punição” imposta ao responsável pelo “caseirogate”, que lhe facilitou o ato de “encher as burras de dinheiro”, enquanto o Francenildo Costa – o caseiro responsável pela denúncia  vai sendo apagado da memória nacional. Afinal de contas, há muito tempo que a política desse país tem grande dificuldade de “administrar” lampejos de honestidade. Enquanto o ministro "morde e assopra" (como a novela da Rede Globo), Antônio Gringo – músico, cantor e compositor, de Rodeio Bonito-RS – tem entre seus maiores sucessos a música “Cativeiros”, que nos últimos 20 anos se fez presente em todos os seus shows.  

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CATIVEIROS
                                          Antônio Gringo

Ouvi um pássaro cantar no cativeiro.
Nesse instante não contive a emoção
Em saber que a beleza de seu canto
Condenou-o a viver numa prisão.

Se por cantares, hoje vives prisioneiro,
Somos iguais neste ofício de cantor.
Pra dar ao mundo mais poesia e ternura
Em liberdade, cantar a vida e o amor.

/Não tem preço a liberdade não tem dono
Só quem é livre e sente o prazer de cantar
Se um passarinho canta mais quando está preso
É num desejo de um espaço pra cantar./

Quantos homens nas gaiolas desta vida
Aprisionados pela empáfia do poder.
São como pássaros, cativos da injustiça,
Morrendo aos poucos na prisão do mal viver.

Quero ver pássaros e homens livremente
Romper na vida toda forma de prisão.
Que só o amor e liberdade nos cativem,
Aprisionando-se em cada coração

/Não tem preço a liberdade não tem dono
Só quem é livre e sente o prazer de cantar
Se um passarinho canta mais quando está preso
É num desejo de um espaço pra cantar./

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                 A interpretação de “Cativeiros” é do próprio autor, acompanhado pelo Conjunto Os 4 Ventos.

  

                 Até a próxima e um grande abraço,

Wilmar Machado

quarta-feira, 18 de maio de 2011

TERTÚLIA NATIVA - TRISTE PARTIDA E NÃO MENOS TRISTE KIT

Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação,
seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seus semelhantes.

Amigas e Amigos,

                Em nota no “Cotidiano”, na Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br), hoje, aparecem fortes indícios do envolvimento do MEC na distribuição de um kit pornográfico, com oportunista razão de ser anti-homofobia, para as escolas. O ministro Fernando Haddad, da Educação, nega – na mesma linha de um outro governante com o qual trabalhou e que sempre se deu bem, negando até mesmo quando as evidências não permitiam – que o MEC seja responsável pela distribuição do referido kit.

                Na matéria da Folha, tem-se que:
Se aprovado pelo ministério, o Kit ( três vídeos sobre transexualidade, bissexualidade e meninas lésbicas) poderá ser repassado para estudantes do ensino médio das escolas públicas. Segundo o ministro, o kit foi entregue ontem a pasta e será avaliado pela comissão de publicação do órgão, que vai ouvir secretários estaduais e municipais sobre o conteúdo. Também serão chamados para discutir o kit deputados da bancada evangélica, católica e da frente parlamentar de defesa da família. O ministro foi chamado hoje às pressas para explicar o kit para as bancadas religiosas da Câmara que haviam anunciado ontem que "não votariam" nenhuma matéria caso o material não fosse recolhido. Parlamentares da bancada evangélica sustentam que o material já está sendo divulgado. Haddad disse que o MEC não distribuiu o material, mas não quis apontar o vazamento. Deputados que participaram da reunião disseram que no encontro o ministro atribuiu a divulgação do Kit, que não estaria pronto, à empresa responsável pela produção. O ministro disse à Folha que o material que não seria do MEC contém cenas de sexo explícito. Na reunião, deputados mostraram uma cartilha que tem o símbolo do MEC que fala, por exemplo, de masturbação e ainda uma cartilha com símbolo do Ministério da Saúde com ilustrações com cenas de sexo entre dois homens.

                A partir da ação atabalhoada do ministro, ficou-me a questão sobre até que ponto o tal kit pode ser relacionado à educação, ou mais especificamente, à formação dos alunos. Ensina-los respeito e ética, e torna-los agentes de inclusão, passa por um trabalho muito além de demagógicas campanhas.



                Um projeto sério para a educação no país e pessoas comprometidas – sem demagogias – com uma mudança cultural, pode levar a um renovado país em que a partida de uma comunidade pobre, de uma região discriminada, não seja tão triste como a apresentada por Antônio Gonçalves da Silva – o Patativa do Assaré – na poesia abaixo, que virou música na voz e sanfona de Luiz Gonzaga, o mestre Lua.

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TRISTE PARTIDA
                                              Patativa do Assaré

Meu Deus, meu Deus...


Setembro passou / Outubro e Novembro 
Já tamo em Dezembro / Meu Deus, que é de nós, 
Meu Deus, meu Deus / Assim fala o pobre 
Do seco Nordeste / Com medo da peste 
Da fome feroz / Ai, ai, ai, ai...


A treze do mês / Ele fez experiência 

Perdeu sua crença / Nas pedras de sal, 
Meu Deus, meu Deus / Mas noutra esperança 
Com gosto se agarra / Pensando na barra 
Do alegre Natal / Ai, ai, ai, ai...


Rompeu-se o Natal / Porém barra não veio 

O sol bem vermeio / Nasceu muito além 
Meu Deus, meu Deus / Na copa da mata 
Buzina a cigarra / Ninguém vê a barra 
Pois a barra não tem / Ai, ai, ai, ai...


Sem chuva na terra / Descamba Janeiro, 

Depois fevereiro / E o mesmo verão 
Meu Deus, meu Deus / Entonce o nortista 
Pensando consigo / Diz: "isso é castigo 
não chove mais não" / Ai, ai, ai, ai


Apela pra Março / Que é o mês preferido 

Do santo querido / Senhor São José 
Meu Deus, meu Deus / Mas nada de chuva 
Tá tudo sem jeito / Lhe foge do peito 
O resto da fé / Ai, ai, ai, ai...


Agora pensando / Ele segue outra tria 

Chamando a famia / Começa a dizer 
Meu Deus, meu Deus / Eu vendo meu burro 
Meu jegue e o cavalo / Nós vamos a São Paulo 
Viver ou morrer / Ai, ai, ai, ai...


Nós vamos a São Paulo / Que a coisa tá feia 

Por terras alheia / Nós vamos vagar 
Meu Deus, meu Deus / Se o nosso destino 
Não for tão mesquinho / Cá e pro mesmo cantinho 
Nós torna a voltar / Ai, ai, ai, ai...


E vende seu burro / Jumento e o cavalo 

Inté mesmo o galo / Venderam também 
Meu Deus, meu Deus / Pois logo aparece 
Feliz fazendeiro / Por pouco dinheiro 
Lhe compra o que tem / Ai, ai, ai, ai...


Em um caminhão / Ele joga a famia 

Chegou o triste dia / Já vai viajar 
Meu Deus, meu Deus / A seca terrível 
Que tudo devora / Lhe bota pra fora 
Da terra natá / Ai, ai, ai, ai...


O carro já corre / No topo da serra 

Oiando pra terra / Seu berço, seu lar 
Meu Deus, meu Deus / Aquele nortista 
Partido de pena / De longe acena 
Adeus meu lugar / Ai, ai, ai, ai...


No dia seguinte / Já tudo enfadado 

E o carro embalado / Veloz a correr 
Meu Deus, meu Deus / Tão triste, coitado 
Falando saudoso / Seu filho choroso 
Exclama a dizer / Ai, ai, ai, ai...


De pena e saudade / Papai sei que morro 

Meu pobre cachorro / Quem dá de comer? 
Meu Deus, meu Deus / Já outro pergunta 
Mãezinha, e meu gato? / Com fome, sem trato 
Mimi vai morrer / Ai, ai, ai, ai


E a linda pequena / Tremendo de medo 

"Mamãe, meus brinquedo / Meu pé de fulô?" 
Meu Deus, meu Deus / Meu pé de roseira 
Coitado, ele seca / E minha boneca 
Também lá ficou / Ai, ai, ai, ai


E assim vão deixando / Com choro e gemido 

Do berço querido / Céu lindo azul 
Meu Deus, meu Deus / O pai, pesaroso 
Nos filho pensando / E o carro rodando 
Na estrada do Sul / Ai, ai, ai, ai...


Chegaram em São Paulo / Sem cobre quebrado 

E o pobre acanhado / Procura um patrão 
Meu Deus, meu Deus / Só vê cara estranha 
De estranha gente / Tudo é diferente 
Do caro torrão / Ai, ai, ai, ai...


Trabaia dois ano, / Três ano e mais ano 

E sempre nos prano / De um dia vortar 
Meu Deus, meu Deus / Mas nunca ele pode 
Só vive devendo / E assim vai sofrendo 
É sofrer sem parar / Ai, ai, ai, ai...


Se arguma notícia / Das banda do norte 

Tem ele por sorte / O gosto de ouvir 
Meu Deus, meu Deus / Lhe bate no peito 
Saudade lhe molho / E as água nos óio 
Começa a cair / Ai, ai, ai, ai...


Do mundo afastado / Ali vive preso 

Sofrendo desprezo / Devendo ao patrão 
Meu Deus, meu Deus / O tempo rolando 
Vai dia e vem dia / E aquela famia 
Não vorta mais não / Ai, ai, ai, ai...


Distante da terra / Tão seca mas boa 

Exposto à garoa / À lama e o paú 
Meu Deus, meu Deus / Faz pena o nortista 
Tão forte, tão bravo / Viver como escravo 
No Norte e no Sul / Ai, ai, ai, ai...


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                E a música de hoje, para mostrar que inclusão pode ser feita com bom humor, independente do nojento “politicamente correto” que acompanha sempre os mau humorados e azedotes mal amados, é de Juraíldes da Cruz, compositor e cantador do Tocantins, e tem por título “Nóis e Jeca mais é jóia”.



                Um grande abraço e até a próxima,

Wilmar Machado