sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

FOGÃO DE LENHA – TALHARIM AO PESTO E PRISÃO A RODO



O ímpio aceita um presente debaixo do manto para distorcer o direito.
(Provérbios 17,23)





Amigas e Amigos,


          Ao iniciar mais um Fogão de Lenha, reparto com vocês o que para mim foi uma descoberta fantástica: o Marcos Valério, diretor financeiro do Mensalão (primeiro e único, ainda que várias tentativas tenham sido feitas por outros partidos, que acabaram se revelando “amadoras”) estava solto. Minha “descoberta” esta ligada a notícias veiculadas do portal d’O Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br/), informando que o referido "diretor financeiro" teria sido preso, hoje, acusado de grilagem de terra.

          Segundo O Estado, o número de pessoas detidas já está na marca de 15 pessoas – todas ligadas a crimes associados ao esquema de grilagem. O portal informa que :
Entre as 15 pessoas que já foram detidas acusadas de participar de um esquema de grilagem de terras em São Desidério (BA), está, além do publicitário e empresário Marcos Valério, preso com três sócios em Belo Horizonte, a mãe do piloto de Fórmula 1 Luiz Razia, a ex-tabeliã do município de Barreiras, vizinho de São Desidério, Ana Elizabete Vieira Santos. A Polícia Civil baiana, em conjunto com o Ministério Público da Bahia e de Minas Gerais, cumpriu 23 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão expedidos pelo juiz da comarca de São Desidério, Gabriel Moraes Gomes, a pedido do MP, em três Estados (Minas Gerais, Bahia e São Paulo). As investigações duraram 17 meses. São dez presos na Bahia, quatro em Minas e uma em São Paulo - o empresário Marcus Vinícius Rodrigues de Martins. Os suspeitos, empresários, advogados e funcionários de órgãos públicos da Bahia, são acusados de falsificação de documentos públicos, falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa e formação de quadrilha. Eles teriam montado um esquema de registro de imóveis inexistentes, que eram dados como garantia de transações financeiras. Os quatro presos em Minas e o preso em São Paulo devem chegar à Bahia ainda hoje, onde vão prestar depoimento. 

          E depois desse jogo de cena, nos fica, como sempre, a questão sobre quanto tempo  (um fingurão ligado ao poder) vai “ususfruir” da pensão do governo (se fosse pobre - que, por exemplo, se apoderasse de um pão francês passado para levar para os filhos - tenderia a passar muito tempo no “calabouço”).

          Como hoje é dia de culinária neste blog, apresento uma receita já testada  (em casa, e aprovada) sobre um molho verde, para acompanhar macarrão. A nossa receita é um Talharim ao Pesto. Mas lhe é facultada a possibilidade de utilizar qualquer outro tipo de massa, seguindo seu próprio gosto.


          A receita abaixo, como sugestão, pode ser seu almoço, ou jantar, em algum momento deste fim-de-semana.


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TALHARIM AO PESTO

Ingredientes:
500 gramas de talharim (ou outra massa)

1 maço de rúcula

200 ml. de azeite de oliva

3 dentes de alho

60 g. de castanha do Pará

3 colheres de requeijão

1 abobrinha italiana

20 g. de manjericão

Salsa a gosto

Sal e pimenta a gosto

3 pedras de gelo

Tomate cereja a gosto

Azeitonas a gosto

Queijo parmesão, em lascas, a gosto


Modo de preparar:

Em uma panela grande, ferva bastante água.

Acrescente sal e um filete de azeite.

Despeje a massa na água fervente, sem quebrar.

Coloque em um liquidificador o azeite, a rúcula, o alho, a castanha do Pará, o requeijão, a abobrinha em rodelas, o manjericão, a salsa, sal e pimenta.

Acrescente 3 pedras de gelo para o molho manter a cor verde bem viva.

Bata até formar um molho homogêneo.

Coloque o pesto em uma frigideira grande (ou caçarola).

Cozinhe por cerca de dois minutos.

Quando a massa estiver “al dente”, escorra e despeje sobre o molho.

Com a frigideira no fogo, acrescente o tomate cereja e as azeitonas.

Misture rapidamente para o molho aderir a massa.

Acomode em um prato grande.

Distribua o parmesão em lascas sobre o prato e sirva.

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          Para acompanhar a receita de hoje, nossa sugestão é o xote “De fogões e inverneiras”, de Xirú Antunes, Joca Martins e Jari Terres, interpretada por Jari Terres e que faz parte do CD “Entre Paisanos”, uma produção da TV Cidade, de Pelotas-RS.



          Um grande abraço, até a próxima e bom apetite!

Wilmar Machado

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - REGA-BOFE, MAGISTRADOS E SÃO TIAGO DAS MARCAS



A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes,
mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade.
(Emmanuel Kant)


Amigas e Amigos,

            Na manhã desta terça-feira – véspera de feriado em Brasília –, ao ler a página “Poder” do portal da Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br), encontrei uma notícia de difícil entendimento para meu limitado discernimento. Está lá publicado que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) viajaram com despesas pagas pela Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Nordeste (Fetronor). O encontro de juízes aconteceu no último fim-de-semana em um resort na Paraíba. Reparto com os leitores essa matéria para que vocês ajudem no entendimento da situação retratada pelo portal, que diz:
O "Terceiro Encontro Jurídico de Transportes Públicos do Nordeste" foi realizado no Mussulo Resort, que fica no litoral do Estado. A diária do hotel custa R$ 609 (quarto para duas pessoas). Além dos ministros, participaram do encontro juízes e advogados, que também tiveram suas despesas pagas. O evento teve o apoio da Petrobras, que ofereceu patrocínio de R$ 50 mil. [...] A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e o Copedem (Colégio Permanente de Diretores de Escolas Estaduais da Magistratura) também apoiaram o encontro, que teve pontos em comum com a reunião promovida em outubro pela Confederação Nacional de Seguros, no Sofitel Jequitimar Guarujá (SP). Nas duas ocasiões, foram convidados representantes da cúpula do Judiciário para discutir temas de interesse do setor privado. Em nenhum dos casos houve divulgação pela AMB ou pelo Copedem. O presidente da Fetronor, Eudo Laranjeiras Costa, diz que o encontro "permitiu uma visão atual da jurisprudência". Ele calculou a presença de 200 pessoas. A Fetronor reúne oito sindicatos patronais, que representam mais de cem empresas de transporte urbano, metropolitano e rodoviário.

            Não tenho qualquer idéia do número de ações judiciais contra as mais de cem empresas de transporte que bancaram o evento. Não imagino também o número de ações envolvendo a Petrobrás. Imagino que seja um número bem significativo. Mas para o presidente da AMB o evento teve finalidade acadêmica, não podendo por isso ser censurado. Ele entende que a iniciativa privada acredita que os juízes tenham “coisas importantes” a comentarem.

            A Folha destaca, ainda, que essa prática de magistrados viajando com despesas pagas para lugares paradisíacos vem se tornando corriqueira. Somente nestes últimos meses já foram registrados dois eventos: um, em outubro, quando a Confederação Nacional de Seguros bancou as despesas de ministros do STF, do STJ e do TST durante um seminário em um hotel de luxo com diárias de até R$ 8 mil – Sofitel Jequitimar –, no Guarujá, e outro, em Porto de Galinhas, onde 320 juízes do Trabalho disputaram provas desportivas em encontro patrocinado por empresas privadas e estatais, com diárias até R$ 1,6 mil.

            Pela frequência das participações, acredito que não exista qualquer impedimento legal para os magistrados refestelarem-se nos luxuosos resorts por conta de prováveis envolvidos em ações judiciais que, em algum momento, poderão estar dependendo de seus julgamentos. No Executivo federal, não é permitido receber presentes que ultrapassem um pequeno valor fixado (era algo em torno de R$ 100, que não sei se já foi alterado) e o motivo dessa restrição é uma questão vinculada a transparência e decência.

            A pergunta que fica, após tudo isso, é: essa particpação dos magistrados, mesma que legal, ética?

            Surge, também, mais uma questão a partir de uma outra notícia da Folha, também desta terça-feira, onde o Palácio do Planalto não quer correr o risco de levar a tramitação da emenda que prorroga a DRU (objeto de comentário neste blog em “Tertúlia Nativa – Meu canto, de Jayme a Adair”) no Senado para discussão no STF: estaria o Planalto preocupado por não ter ainda patrocinado um “encontro” de magistrados?

            Como terça-feira é dia de oração aqui no blog, lembro que a festa de hoje é para São Tiago das Marcas (1394-1476), que nasceu na Itália, na região de Le Marche. Após diplomado em Direito Civil, deixou a profissão para ingressar na Ordem dos Fransciscanos e ser sacerdote.



            Proponho, aqui, dirigirmos nossa oração a S. Tiago das Marcas para, por sua intercessão, ser mostrado a nossos magistrados que a justiça está muito acima dos “rega-bofes” patrocinados.

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ORAÇÃO A SÃO TIAGO DAS MARCAS

Ó Deus,
Fizestes de São Tiago das Marcas
Um grande arauto do Evangelho,
Para salvação das almas
E para chamar os pecadores de volta ao caminho  das virtudes.
Concedei que, por sua intercessão,
Purificados de todo pecado, alcancemos a vida eterna.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
Na unidade do Espírito Santo
Amém!

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Para fechar o Oratório Campeiro deixo a magistral interpretação, ao violão, de Marcello Caminha para a música “Entardecer”, de Antônio Augusto Ferreira e Ewerton Ferreira. Esta música faz parte do CD “Clássicos Gaúchos ao Violão – Marcello Caminha”.


            Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ABRINDO A PORTEIRA – OS COFRES PÚBLICOS E A COPA DO MUNDO


A medida do carácter de um homem é o que ele faria
se soubesse que nunca seria descoberto.
(Thomas Babington Macaulay)



Amigas e Amigos,

               Está começando mais uma semana e, para os cristãos, marca o início do Tempo do Advento – período compreendido pelas quatro semanas que antecedem o Natal. O primeiro domingo desse novo tempo trouxe uma notícia na página de Política do portal d’O Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br) que em nada se parece com uma “boa nova”, tão identificada com esta época do ano. Diz a matéria que:
A fraude no Ministério das Cidades que abriu caminho para a aprovação do projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, R$ 700 milhões mais caro que o original, é apenas um dos exemplos de como o custo das obras da Copa do Mundo escapou do controle público. No que diz respeito à mobilidade urbana, os gastos totais aumentaram R$ 760 milhões, quando comparada a atual estimativa à previsão inicial de janeiro de 2010. O caso de Cuiabá foi revelado pelo Estado na última quinta-feira. Levando-se em conta a alteração orçamentária dos estádios, o aumento total das obras da Copa supera R$ 2 bilhões. A mudança de planos em Cuiabá atendeu aos apelos do governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB). Além de Cuiabá, houve aumento de preço nas obras de mobilidade urbana em outras cinco cidades: Belo Horizonte, Manaus, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, o BRT da avenida Cristiano Machado saltou de R$ 51,2 milhões para R$ 135,3 milhões, acréscimo de 164,3%. Em Manaus, o valor global das duas obras previstas - um monotrilho, já criticado pela Controladoria-Geral da União (CGU), e uma linha rápida de ônibus - aumentou 20%. O prolongamento da Avenida Severo Dullius, em Porto Alegre, ficou 70% mais caro. Todas as cinco obras de mobilidade urbana programadas para Recife encareceram - entre elas, o BRT Leste/Oeste - Ramal Cidade da Copa, que aumentou de R$ 99 milhões para R$ 182,6 milhões (84,40% de diferença). O Corredor Caxangá (Leste/Oeste), por sua vez, agora custa R$ 133,6 milhões, ou 80,54% a mais.

               Paralelo ao Advento, parece que surge um tempo de completa ausência de Ordem Pública. Se imaginarmos a existência de muita “sujeira” ainda escondida sob os “tapetes políticos”, pode-se pensar que os valores publicados pelo Estadão representem tão somente a ponta do iceberg.





               Ao final da matéria, o Portal destaca como exceção a obra do monotrilho de São Paulo, cujos valores caíram de R$ 2,8 bilhões para R$ 1,8 bilhão. Por conta desse tratamento de exceção é que se poderia começar a identificar um pouco mais do “iceberg” refletindo sobre a construção do Itaquerão, em São Paulo, com isenções fiscais – que nada mais são do que apropriações indevidas de dinheiro público – e com investimentos do governo do Estado de São Paulo, sem os quais o estádio não estará capacitado a abrigar jogos da Copa do Mundo. Todo esse desvio de dinheiro propiciado por escaramuças entre a CBF e os dirigentes do São Paulo F.C. – com aparente anuência do Ministério dos Esportes e do próprio governo federal – que não permitiram a utilização de um estádio praticamente pronto para receber os jogos designados para o estado. A origem dessas confusões todas talvez esteja no relacionamento que permitiu a indicação do “mentor” do Itaquerão – e grande companheiro do presidente da CBF, do deposto ministro dos Esportes e do ex-presidente da República – para ser o novo diretor de seleções da CBF.

               Aparentemente, o “time” dos dirigentes perniciosos no nobre esporte bretão está ganhando um reforço (bem considerável). Enquanto isso, sem preocupar-se muito com esses fatores extra-campo, o campeonato brasileiro de futebol passou por sua penúltima rodada e deixou uma série de definições para a última. 

               Chamou-me a atenção alguns finais de partidas, como o empate do Ceará – quando o Cruzeiro se sentia livre do “fantasma” do rebaixamento – ou a vitória do Flamengo sobre o Inter – com um gol que deve ter feito alguns gremistas rasgarem suas notas falsas com a figura do Ronaldinho. Mas nada comparável a cena que presenciei ao final da partida que começou atrasada: após a vitória sobre o Figueirense, torcedores do Corinthians tiravam seus carros das garagens, apressadamente, e iniciavam o que se antevia como um grande “buzinaço”... Ao som das primeiras buzinas, o Vasco – “ao apagar das luzes” – faz 2 x 1 sobre o Fluminense e os carros, silenciosamente, buscam o primeiro retorno para voltar – envergonhados – para suas respectivas garagens. 

               Domingo que vem (com muitos clássicos regionais), tem mais: o campeão será conhecido e festejado, as vagas para a Libertadores  e Sul-Americana somente serão conhecidas nesse dia e os quatro times rebaixados para a Série B estarão definidos. Que campeonato!


               Para iniciar bem a semana, a música escolhida para hoje é “Jeitinho Brasileiro”, de Tony Val e João Batista, interpretada pelo violeiro Rodrigo Mattos e que faz parte do CD “Brasil com S”.


               Um Santa e Abençoada semana para nós e até a próxima.

Wilmar Machado