A medida do carácter de um
homem é o que ele faria
se soubesse que nunca seria
descoberto.
(Thomas Babington Macaulay)
Amigas e Amigos,
Está começando mais uma semana e,
para os cristãos, marca o início do Tempo do Advento – período compreendido
pelas quatro semanas que antecedem o Natal. O primeiro domingo desse novo tempo
trouxe uma notícia na página de Política do portal d’O Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br) que em nada se
parece com uma “boa nova”, tão identificada com esta época do ano. Diz a
matéria que:
A fraude no Ministério das Cidades que abriu caminho para a aprovação do projeto de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá, R$ 700 milhões mais caro que o original, é apenas um dos exemplos de como o custo das obras da Copa do Mundo escapou do controle público. No que diz respeito à mobilidade urbana, os gastos totais aumentaram R$ 760 milhões, quando comparada a atual estimativa à previsão inicial de janeiro de 2010. O caso de Cuiabá foi revelado pelo Estado na última quinta-feira. Levando-se em conta a alteração orçamentária dos estádios, o aumento total das obras da Copa supera R$ 2 bilhões. A mudança de planos em Cuiabá atendeu aos apelos do governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB). Além de Cuiabá, houve aumento de preço nas obras de mobilidade urbana em outras cinco cidades: Belo Horizonte, Manaus, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, o BRT da avenida Cristiano Machado saltou de R$ 51,2 milhões para R$ 135,3 milhões, acréscimo de 164,3%. Em Manaus, o valor global das duas obras previstas - um monotrilho, já criticado pela Controladoria-Geral da União (CGU), e uma linha rápida de ônibus - aumentou 20%. O prolongamento da Avenida Severo Dullius, em Porto Alegre, ficou 70% mais caro. Todas as cinco obras de mobilidade urbana programadas para Recife encareceram - entre elas, o BRT Leste/Oeste - Ramal Cidade da Copa, que aumentou de R$ 99 milhões para R$ 182,6 milhões (84,40% de diferença). O Corredor Caxangá (Leste/Oeste), por sua vez, agora custa R$ 133,6 milhões, ou 80,54% a mais.
Paralelo ao Advento, parece que surge um tempo de completa
ausência de Ordem Pública. Se imaginarmos a existência de muita “sujeira” ainda
escondida sob os “tapetes políticos”, pode-se pensar que os valores publicados
pelo Estadão representem tão somente a ponta do iceberg.
Ao final da matéria, o Portal
destaca como exceção a obra do monotrilho de São Paulo, cujos valores caíram de
R$ 2,8 bilhões para R$ 1,8 bilhão. Por conta desse tratamento de exceção é que
se poderia começar a identificar um pouco mais do “iceberg” refletindo sobre a
construção do Itaquerão, em São Paulo, com isenções fiscais – que nada mais são
do que apropriações indevidas de dinheiro público – e com investimentos do
governo do Estado de São Paulo, sem os quais o estádio não estará capacitado a
abrigar jogos da Copa do Mundo. Todo esse desvio de dinheiro propiciado por
escaramuças entre a CBF e os dirigentes do São Paulo F.C. – com aparente anuência do
Ministério dos Esportes e do próprio governo federal – que não permitiram a
utilização de um estádio praticamente pronto para receber os jogos designados
para o estado. A origem dessas confusões todas talvez esteja no relacionamento
que permitiu a indicação do “mentor” do Itaquerão – e grande companheiro do
presidente da CBF, do deposto ministro dos Esportes e do ex-presidente da
República – para ser o novo diretor de seleções da CBF.
Aparentemente, o “time” dos
dirigentes perniciosos no nobre esporte bretão está ganhando um reforço (bem
considerável). Enquanto isso, sem preocupar-se muito com esses fatores
extra-campo, o campeonato brasileiro de futebol passou por sua penúltima rodada
e deixou uma série de definições para a última.
Chamou-me a atenção alguns
finais de partidas, como o empate do Ceará – quando o Cruzeiro se sentia livre
do “fantasma” do rebaixamento – ou a vitória do Flamengo sobre o Inter – com um
gol que deve ter feito alguns gremistas rasgarem suas notas falsas com a figura
do Ronaldinho. Mas nada comparável a cena que presenciei ao final da partida
que começou atrasada: após a vitória sobre o Figueirense, torcedores do
Corinthians tiravam seus carros das garagens, apressadamente, e iniciavam o que
se antevia como um grande “buzinaço”... Ao som das primeiras buzinas, o Vasco –
“ao apagar das luzes” – faz 2 x 1 sobre o Fluminense e os carros,
silenciosamente, buscam o primeiro retorno para voltar – envergonhados – para
suas respectivas garagens.
Domingo que vem (com muitos clássicos regionais),
tem mais: o campeão será conhecido e festejado, as vagas para a
Libertadores e Sul-Americana somente
serão conhecidas nesse dia e os quatro times rebaixados para a Série B estarão
definidos. Que campeonato!
Para iniciar bem a
semana, a música escolhida para hoje é “Jeitinho Brasileiro”, de Tony Val e
João Batista, interpretada pelo violeiro Rodrigo Mattos e que faz parte do CD “Brasil
com S”.
Um Santa e Abençoada
semana para nós e até a próxima.
Wilmar Machado
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