sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

GALERIA SERTANEJA - PREVISÃO, EMENDAS E REMENDOS



O escravo apenas tem um senhor,
o ambicioso tem tantos quantos lhe puderem ser úteis para vencer.
(Jean de La Bruyère)


Amigas e Amigos,

Esse 2011 está “apagando suas luzes” e eu, longe de Brasília (DF), percebo pelo portal G1 (http://g1.globo.com) que, por conta do prazo para se obter “empenho” de emendas – termina às 14h do último dia deste ano –, tem muito deputado e senador pressionando para serem liberados dinheiro para obras em suas bases eleitorais. A dúvida que me persegue é quantos deixaram o ano passar sem qualquer retribuição para com os que lhes garante seus salários. Não imagino todos (mas uma boa parte).




Diz o referido portal que está acontecendo uma verdadeira romaria ao Palácio do Planalto pelos que buscam promessas de pagamento de emendas parlamentares ao orçamento da União. Segundo o portal:
As emendas parlamentares são apresentadas por deputados e senadores e incluem no orçamento projetos e obras direcionados a estados e municípios onde têm bases eleitorais. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), escreveu em seu perfil no microblog Twitter que está no Rio de Janeiro, em férias com a família, mas permanece trabalhando, por telefone, pela liberação das emendas para o seu estado. Cada parlamentar tem o direito a R$ 13 milhões em emendas individuais e pode também incluir pedidos nas emendas reservadas às bancadas e comissões. Mesmo durante o recesso, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) começou a visitar ministérios e o Palácio do Planalto já na segunda-feira (26). Ele disse que encontrou muitos parlamentares e assessores de gabinetes na Casa Civil. "Tem em torno de uns 40, 50 deputados esta semana trabalhando [nos ministérios]”, disse o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Saúde. Para o deputado Lázaro Botelho (PP-TO), os parlamentares da base aliada ao governo deveriam ter “tratamento diferenciado” na liberação das emendas. Em agosto, PMDB e outros partidos da base aliada se articularam para impedir a realização de votações na Câmara dos Deputados. O objetivo da paralisação foi demonstrar insatisfação com o governo, principalmente com a demora na liberação de emendas parlamentares. No início do segundo semestre, o governo chegou a anunciar que seria empenhado R$ 1 bilhão em emendas, somente em agosto.
          Quanta informação maravilhosa para nós que elegemos essas simpáticas figuras, capazes de gozar férias no Rio de Janeiro com a família e permanecer trabalhando. Imagino que, alguém que não faça nada ao longo de onze meses e receba polpuda remuneração, ao tirar seu “merecido” mês de férias – e continuar sem fazer nada – possa afirmar que está trabalhando pois suas férias estão muito semelhantes ao seu ano laboral.

          Outra coisa que me parece formidável para nós eleitores é perceber que, nos últimos dias do ano, cerca de 40 ou 50 parlamentares estão trabalhando para garantirem uma próxima reeleição por conta de distribuição de verbas para seus correligionários.

          E ver a “sensibilidade” do ilustre deputado que clama por “tratamento diferenciado” para os aliados, afinal as verbas – fruto de altíssimos impostos pagos por todos – devem beneficiar somente aqueles que moram em regiões representadas pelos parlamentares “puxa-sacos”.

          Pode-se constatar, ainda, na matéria acima que parlamentares se organizaram em agosto e paralisaram seus trabalhos – ou seja, fizeram greve branca – por estarem insatisfeitos como o Governo e a greve não foi declarada ilegal por nenhuma instância do judiciário. Será que greve ilegal só pode ser vinculada a classe que trabalhe?

          Como eu citei no início que 2011 está apagando as luzes, valho-me dos versos de Adair de Freitas, em sua música “Previsão”, que dizem “que alegria se eu previsse que a chuva do amor caísse nos ranchos do meu rincão” para desejar um Santo e Abençoado 2012 para todas as Amigas e Amigos leitores deste Blog. Segue a letra completa da música nesta Galeria Sertaneja.

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PREVISÃO
                  
Adair de Freitas

O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai.

E é por isso
Que o campeiro se agasalha
Porque sabe que não falha
Previsão de vaqueano
Mesmo aragano
Sabe que é dura a peleia
Quando o tempito se enfeia
Pro lado dos castelhanos.

O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai.

Isto é costume
Da gente lá da fronteira
Gente boa sem fronteira
Que observa a Natureza
É sutileza do peão, e está provado
Se armando pra aquele lado
Chove chuva com certeza.

O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai.

A vida é um tempo
Temporal, vento maleva
E a vida que a gente leva
Leva o tempo pela mão
Meu bom patrão,
Que alegria se eu previsse
Que a chuva do amor caísse
Nos ranchos do meu rincão.

O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai.

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          Para acompanhar a letra acima, fica aqui a interpretação do próprio autor, Adair de Freitas.


          Um grande abraço e Feliz 2012!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

TERTÚLIA NATIVA - O CARANCHO E O ITAQUERÃO


Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável.
(Lucius Annaeus Seneca)


Amigas e Amigos,

          Aqui na bela capital portenha, continuo passeando muito, ganhando alguns quilos extras por conta dos maravilhosos cortes de assados. Sem perder o contato com as coisas de nosso Brasil, li no Blog do Perrone, no porta UOL (http://www.uol.com.br) que o Banco do Brasil se apresenta ao BNDES como “fiador” do Itaquerão, o estádio que o Corinthians não tem condições de construir.

          Dado a um presidente que parece ter usado o clube para buscar projeção política, e hoje se prepara para exercer um cargo “simbólico” (ou não, como diria Caetano) na CBF, e a outro presidente que resolveu assumir como capricho essa aparente vaidade pessoal em detrimento da ausência de investimentos em saúde, educação e segurança no país, saiu do papel a absurda idéia dessa construção sem qualquer sentido.

          O Perrone conclui a sua postagem dizendo que “Com o BB no circuito, o Itaquerão reforça sua vocação estatal. BNDES, prefeitura e governo de São Paulo são os outros entes públicos envolvidos na gestação do estádio corintiano. Sem falar na participação do então presidente Lula, que estimulou a Odebrecht a entrar na empreitada”. Essa vergonha toda com o dinheiro do povo só é possível em um país que não tem qualquer preocupação com a opinião do seu povo e sabe que, se der tudo errado – como é possível se esperar – bastará aumentar algum imposto ou criar alguma coisa que pague esse desmando administrativo.



          Com essa “confusão administrativa”, onde o governo assume os compromissos (ou a falta de compromissos) da iniciativa privada, lembrei de um causo contado lá no sul do Rio Grande do Sul, cujo personagem principal – o popular Carancho – assume um local que ainda não era seu. Segue abaixo, para preencher essa Tertúlia, a confusão provocada pelo Carancho.

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O CARANCHO E O CAIXÃO DE DEFUNTO
                                                                             Domínio Público

          Certa feita, num domingo à tarde, sentado nas guardas da ponte do rio Santa Maria, que banha Dom Pedrito, o nosso amigo Carancho aguardava uma carona, que o levasse até a campanha. Eis que surge a picape Willys da prefeitura municipal, levando um caixão para um defunto carente do interior. O Carancho, então, pediu uma carona e foi atendido.

          Dali a pouco começou a cair um chuvarada daquelas. Sem se apertar, o Carancho velho entrou no caixão e, mais do que depressa, fechou a tampa, protegendo-se da chuva.

         Mais adiante, outras pessoas também pegaram carona. E, uma vez em cima da picape, como é próprio do pessoal da campanha, que acredita em assombração e outros bichos mais, todos passaram a olhar, desconfiados, para aquele caixão de defunto fechado.

          Vai daí que lá pelas tantas começou a esquentar no interior do caixão, e o Carancho velho, abrindo a tampa de sopetão, perguntou:

          – E daí, indiada? Como é que tá o tempo aí fora, chê? Barbaridade!

          Foi vivente saltando pra todo o lado e se boleando pelos barrancos da estrada. Dizem que teve gente que correu mais de dez léguas, e sem parar!

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          Para continuar “combinando” com essa vertedura do dinheiro público brasileiro, a música desta Tertúlia Nativa é “O maior calote”, de Nhô Chico e Dino Franco, com João Mulato & Pardinho.


          Um grande abraço e até a próxima!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - SÃO JOÃO E O CORPORATIVISMO



Nada parece verdadeiro que não possa parecer falso.
(Michel Eyquem de Montaigne)


Amigas e Amigos,

          Estou passando ferias em Buenos Aires e, direto da capital federal da Argentina, renovo para todos vocês meus votos de que a alegria do menino Deus, que novamente nasceu entre nós, se faça felicidade em um Santo e Abençoado 2012.

          Para não perder contato com o que acontece aí no Brasil, tenho a Internet como canal de informação. Hoje, lendo o portal do jornal “O Estado de São Paulo” (http://www.estadao.com.br), encontrei que o novo presidente do TJ de São Paulo, desembargador Ivan Ricardo Garisio Sartori, comparou os atos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aos da ditadura. Diz o referido portal que Sartori:
É uma voz poderosa a atacar a devassa do CNJ sobre juízes e servidores de todo o País. As investigações do órgão de fiscalização do Judiciário sobre irregularidades nos Estados foram bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal. A decisão ampliou a polêmica em torno da ministra Eliana Calmon, corregedora nacional de Justiça, que já havia descontentado a classe ao apontar ‘bandidos de toga’ no Judiciário. Na semana passada, no último dia de funcionamento do STF em 2011, os ministros Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski atenderam a pedidos de associações de juízes e deram liminares suspendendo investigações do CNJ. Uma dessas apurações é sobre o suposto favorecimento irregular a magistrados do TJ de São Paulo, que teriam recebido de uma só vez benefícios de uma decisão judicial sobre auxílio-moradia, em detrimento de colegas que obtiveram o pagamento em parcelas. Sartori disse que determinou a elaboração de um levantamento sobre os pagamentos realizados desde 1996 para verificar se há "fundamento" nos repasses antecipados a determinados juízes. Para ele, o desrespeito à "fila" teria justificativa em caso de doença grave do beneficiário ou de um parente. Caso se constate a irregularidade dos pagamentos, o futuro presidente do TJ, que tomará posse na segunda-feira, defende a imposição de descontos nos vencimentos dos juízes favorecidos como forma de compensar os repasses antecipados.
          É difícil imaginar a quem se deseja enganar com um discurso carregado de ressentimentos pela agressão cometida contra “sua classe”. O que se pode esperar desses  “levantamentos”, ou outras “práticas investigativas” promovidas pela Justiça, é que sejam esquecidos pelo tempo que (en)rolarão pelos tribunais. 

          As atitudes corporativas, como as promovidas pelos ministros do Supremo e pelo futuro presidente do TJ-SP, estão bem mais distantes do que se poderia considerar democracia do que as investigações do CNJ, em um momento em que a suspeita de corrupção se faz presente nos mais diversos escalões dos poderes constituídos. E, não havendo qualquer irregularidade, porque não mostrar isso de forma transparente para a sociedade brasileira, responsável pelos altos salários desses injuriados senhores?




          Nesta última terça-feira de 2011, celebramos a festa de São João Evangelista, “o apóstolo que Jesus amava”, que esteve com o Mestre até a sua morte na cruz. São João era considerado inculto e não lhe fez falta a cultura para ser amado por Jesus, pois de nada lhe valeria ser douto se ficasse preocupado em acobertar irregularidades que houvessem entre os que lhe eram próximos, como se poderia imaginar na notícia acima.

          Neste momento de tantas “roupas sujas” sendo lavadas, em público, por representantes de diversas áreas do judiciário brasileiro, invoquemos São João para que este apostolo interceda a Jesus pelo discernimento dos magistrados.

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ORAÇÃO DE SÃO JOÃO EVANGELISTA

Ó São João Apóstolo e Evangelista,
Fostes o mais íntimo confidente das palavras de vida
Que brotavam dos lábios de Jesus;
O mais próximo de sua glória, no Tabor;
De seu coração, na Ceia;
De sua Cruz, no Calvário.
Ó Apóstolo do Amor,
Sois por excelência a testemunha da fé,
Da verdade e da caridade.
Pelo amor e fidelidade ao Mestre,
Sois o protetor de todos os cristãos;
Dos sacerdotes: vivestes o sacerdócio em toda a sua plenitude;
Da virgindade: sois o apóstolo virgem;
Das mães, merecestes ser dado por filho a Mãe de Deus;
Das crianças e dos jovens: fostes o mais moço dos apóstolos;
Dos velhos: é como ancião que vos apresentais na Epístolas;
Dos que sofrem: padecestes ao pé da Cruz;
Das almas contemplativas: estivestes no Tabor;
Dos pobres: por eles trabalhastes nas minas de Patmos;
Dos doentes: curastes os enfermos;
Dos males do corpo e do espírito: após traçar o sinal da cruz bebestes do cálice com veneno e ressuscitastes os mortos;
De todas as pessoas que querem dedicar-se aos seus irmãos e amá-los em Deus: a caridade não pode ter ideal mais puro que o do amigo de Jesus.
Ó Apóstolo, orador da divindade,
Pela grandeza de vossa vida
E pelos dons que recebestes, sem cessar,
Intercedei por nós ao Pai, Filho e Espírito Santo,
Agora e sempre e por todos os séculos dos séculos.
Amém!
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          A música deste Oratório é “No meio de nós”, de Ronaldo Monteiro de Souza e Paulo Barros, interpretada por Padre Fábio de Melo, com Zezé Di Camargo & Luciano.


          Um Feliz 2012 e que a Paz de Cristo permaneça conosco!