quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

TERTÚLIA NATIVA - O CARANCHO E O ITAQUERÃO


Quando se navega sem destino, nenhum vento é favorável.
(Lucius Annaeus Seneca)


Amigas e Amigos,

          Aqui na bela capital portenha, continuo passeando muito, ganhando alguns quilos extras por conta dos maravilhosos cortes de assados. Sem perder o contato com as coisas de nosso Brasil, li no Blog do Perrone, no porta UOL (http://www.uol.com.br) que o Banco do Brasil se apresenta ao BNDES como “fiador” do Itaquerão, o estádio que o Corinthians não tem condições de construir.

          Dado a um presidente que parece ter usado o clube para buscar projeção política, e hoje se prepara para exercer um cargo “simbólico” (ou não, como diria Caetano) na CBF, e a outro presidente que resolveu assumir como capricho essa aparente vaidade pessoal em detrimento da ausência de investimentos em saúde, educação e segurança no país, saiu do papel a absurda idéia dessa construção sem qualquer sentido.

          O Perrone conclui a sua postagem dizendo que “Com o BB no circuito, o Itaquerão reforça sua vocação estatal. BNDES, prefeitura e governo de São Paulo são os outros entes públicos envolvidos na gestação do estádio corintiano. Sem falar na participação do então presidente Lula, que estimulou a Odebrecht a entrar na empreitada”. Essa vergonha toda com o dinheiro do povo só é possível em um país que não tem qualquer preocupação com a opinião do seu povo e sabe que, se der tudo errado – como é possível se esperar – bastará aumentar algum imposto ou criar alguma coisa que pague esse desmando administrativo.



          Com essa “confusão administrativa”, onde o governo assume os compromissos (ou a falta de compromissos) da iniciativa privada, lembrei de um causo contado lá no sul do Rio Grande do Sul, cujo personagem principal – o popular Carancho – assume um local que ainda não era seu. Segue abaixo, para preencher essa Tertúlia, a confusão provocada pelo Carancho.

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O CARANCHO E O CAIXÃO DE DEFUNTO
                                                                             Domínio Público

          Certa feita, num domingo à tarde, sentado nas guardas da ponte do rio Santa Maria, que banha Dom Pedrito, o nosso amigo Carancho aguardava uma carona, que o levasse até a campanha. Eis que surge a picape Willys da prefeitura municipal, levando um caixão para um defunto carente do interior. O Carancho, então, pediu uma carona e foi atendido.

          Dali a pouco começou a cair um chuvarada daquelas. Sem se apertar, o Carancho velho entrou no caixão e, mais do que depressa, fechou a tampa, protegendo-se da chuva.

         Mais adiante, outras pessoas também pegaram carona. E, uma vez em cima da picape, como é próprio do pessoal da campanha, que acredita em assombração e outros bichos mais, todos passaram a olhar, desconfiados, para aquele caixão de defunto fechado.

          Vai daí que lá pelas tantas começou a esquentar no interior do caixão, e o Carancho velho, abrindo a tampa de sopetão, perguntou:

          – E daí, indiada? Como é que tá o tempo aí fora, chê? Barbaridade!

          Foi vivente saltando pra todo o lado e se boleando pelos barrancos da estrada. Dizem que teve gente que correu mais de dez léguas, e sem parar!

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          Para continuar “combinando” com essa vertedura do dinheiro público brasileiro, a música desta Tertúlia Nativa é “O maior calote”, de Nhô Chico e Dino Franco, com João Mulato & Pardinho.


          Um grande abraço e até a próxima!

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