sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ORATÓRIO CAMPEIRO - APÓS A EPIFANIA, MAIS IMPOSTOS



O imposto é a arte de pelar o ganso fazendo-o gritar o menos possível
e obtendo a maior quantidade de penas.
(John Garland Pollar)


Amigas e Amigos,
         
Domingo passado marcou a celebração da Epifania do Senhor, dando início a um novo tempo litúrgico na Igreja – estamos na primeira semana do Tempo Comum.  A Epifania do Senhor é a manifestação de Jesus como Messias de Israel, o Filho de Deus e o Salvador do mundo. Essa solenidade da Epifania nos traz a certeza de que a divindade de Deus está sempre presente em meio a nossa vida. É uma festa associada à presença dos Reis Magos logo após o nascimento de Cristo, como mostrando lideranças mundiais buscando um novo mundo a partir da chegada do Salvador.



Aproveito esse Oratório, ainda, para trazer mais uma grande intervenção do governo a fim de melhorar as condições de vida da população brasileira. Li, aqui na capital da Argentina, no portal do Estadão (http://www.estadao.com.br) que:
Os municípios poderão cobrar pedágio para diminuir o trânsito de automóveis, segundo a Lei de Mobilidade Urbana, sancionada na última semana pela presidente Dilma Rousseff. Um dos principais objetivos é estimular o transporte coletivo e reduzir a emissão de poluentes. A nova lei autoriza a cobrança de tributos pelo uso da infraestrutura urbana, "visando a desestimular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade". A receita gerada pelo pedágio ou outra forma de tributação deve ser destinada ao transporte coletivo, como a concessão de subsídio público à tarifa. O uso de bicicletas também precisa ser estimulado, segundo o texto. As novas regras de incentivo ao transporte coletivo podem não entrar em vigor antes da Copa do Mundo de 2014, porque os municípios têm prazo até 2015 para se adequarem a elas. As 1.663 cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes terão de elaborar planos de mobilidade urbana. E as cidades que não cumprirem o prazo de três anos para os planos podem ser punidas com a suspensão dos repasses de recursos federais ao setor. Desafio. Hoje, apenas municípios com mais de 500 mil habitantes eram obrigados a ter planos de mobilidade e nem todas as 38 cidades com esse perfil têm políticas para o setor. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) alerta que "fazer a lei pegar" é um dos principais desafios da Lei de Mobilidade Urbana. Atualmente, os municípios já são autorizados a subsidiar os transportes coletivos, mas o subsídio só vale na Região Metropolitana de São Paulo e nos metrôs, segundo o Ipea. O estudo considera a lei um avanço, depois de 17 anos de debate no Congresso. Já o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, apontou contradições nas políticas públicas. "Ao mesmo tempo em que o governo estimula a compra de automóveis para ajudar a indústria automotiva a enfrentar a crise internacional, a nova lei autoriza a cobrança de tributos para limitar sua circulação nas cidades", afirmou. O presidente da confederação prevê que poderá ser criada uma guerra fiscal entre os municípios, com estímulo aos motoristas para que licenciem seus automóveis em cidades que tributem a circulação de carros em suas ruas. "Poderemos até questionar a constitucionalidade, porque sobre a propriedade de veículos já incide a cobrança do Imposto de Circulação de Veículos Automotores (IPVA) e poderia ser caracterizada uma dupla tributação." A lei também determina que os municípios fixem a tarifa máxima cobrada pelos táxis. A medida estimularia a competição por meio de descontos.
          Espero estar muito enganado, mas me ficou a impressão de que a presidente, ao sancionar a Lei da Mobilidade Urbana, “viajou” mais do que a soma de todas as horas de vôo do seu antecessor.

          Conforme a matéria, a receita gerada pelo pedágio (ou equivalente) será aplicada em subsídios para as tarifas de transporte coletivos, o que dá idéia de que as empresas prestadoras desse serviço serão as grandes beneficiadas para continuarem oferecendo os péssimos (em alguns casos, os quase péssimos) meios de locomoção aos seus usuários. Fico imaginando Brasília, onde estão instalados os poderes, com seu sofrível serviço de locomoção – além de muito ruim, muito caro – com pedágios. O grande benefício da nova lei será para com a arrecadação pública, pois é praticamente impossível não utilizar condução própria na capital federal. Dá para imaginar, também, que – como amigos do poder constituído – os donos das empresas prestadoras desse (des)serviço também tentarão ser beneficiados (pouco provável é que não o sejam).

          Pela notícia, parece que pagaremos IPVA (imposto para circulação de veículos) para “termos o direito” de deixar nossos carros parados. Se for necessário qualquer deslocamento, somente com “mais impostos”. Afinal, uma máquina (enferrujada) pública que não para de crescer (para acomodar os “amigos”) – sem qualquer utilidade para o povo – necessita que se inventem, constantemente, formas de “arrecadar” dinheiro fácil dos que trabalham para distribuir, fartamente, aos que ocupam cargos como figurantes.

Enquanto pensamos um pouco se não estaria passando da hora de buscarmos um país mais justo, trouxe, como sugestão para esta semana que iniciou com a Festa da Epifania do Senhor, uma oração para este tempo, lembrando a presença dos reis magos nos primeiros momentos da vida de Cristo.         

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ORAÇÃO

Concedei-nos, Senhor,
a fé dos magos:
- Daí-nos que sejamos atentos a vossos apelos
no dia a dia de nossas vidas...
- Ensinai-nos a buscar a luz nas Escrituras,
na vossa Palavra...

- Daí-nos descobrir-vos não mais na fragilidade de uma criança
mas sob o sinal de um  pouco de pão...

Sim, vós nos atraís para o mistério da Eucaristia
e esperai-nos, como atraístes e esperastes os magos.

Concedei-nos buscar-vos e encontrar-vos como eles,
e, como eles também, possamos oferecer-vos:
o incenso de nossa prece,
o ouro de nosso amor
e a mirra de nossa vida unida à vossa

para a salvação do mundo.

Amém.

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          Na conclusão deste primeiro Oratório Campeiro do Tempo Comum, escolhi a música “Folia de Reis”, interpretada pelo sambista Martinho José Ferreira, o Martinho da Vila, que não nasceu na Vila Izabel, mas em Duas Barras-RJ, em um sábado de Carnaval.

  

          Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco ao longo de 2012!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PROSA DE DOMINGO - A SAGA MINISTERIAL, NOVELA SEM FIM...



Os mentirosos são sempre pródigos em juras.
(Pierre Corneille)



Amigas e Amigos,

Aparentemente, 2012 está muito igual a 2011 lá pelas bandas do planalto central do Brasil. Aqui da capital portenha – após passear pelo Caminito, ao som de tangos e milongas, jantar na Recoleta e participar da missa na Iglesia Nuestra Señora da La Consolación – a única diferença percebida em relação aos ministérios brasileiros é a data, pois o novo ano traz denúncia contra o ministro Fernando Bezerra Coelho sobre privilégios concedidos ao seu estado natal – Pernambuco – na distribuição de verbas das chuvas. Parece que Pernambuco recebeu mais verbas para enchentes do que o Rio de Janeiro, que tanto sofreu com esse tipo de calamidade em 2011.

Além disso, o ministro foi acusado de favorecer seu filho, que é deputado federal, e de atuar para manter o seu irmão como presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba). Sábado, no portal G1 (http://g1.globo.com), podia se encontrar que:
Na terça (10), há possibilidade de o ministro comparecer ao Congresso. O PPS pediu ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a convocação da Comissão Representativa do Congresso Nacional para discutir as denúncias relacionadas ao Ministério da Integração Nacional. A comissão é composta por oito senadores e 17 deputados e pode ser convocada durante os períodos de recesso parlamentar. Bezerra se colocou à disposição para comparecer ao Congresso e dar explicações. "Eu estarei à disposição para visitar a comissão no Congresso na terça-feira, às 10h, para poder responder às dúvidas ou indagações do requerimento e outras tantas dúvidas que, porventura, os parlamentares possam ter em relação à política de aplicação de recursos do Ministério da Integração no que toca à defesa civil", afirmou o ministro nesta sexta. Bezerra nega ter privilegiado Pernambuco, seu estado natal, na distribuição das verbas para prevenção a desastres naturais. Em nota, o ministério contestou reportagem publicada na quinta pelo jornal "O Globo", que informa que, no Orçamento de 2012, Pernambuco foi o estado com a maior previsão de verbas da Integração no Programa de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres. Segundo a publicação, o estado receberia R$ 81,4 milhões, cerca de 11,6% do total do programa sob gestão da pasta. A Integração afirmou que a maior parte dos recursos foi incluída por parlamentares através de emendas durante a tramitação da lei orçamentária. Inicialmente, informa, a previsão enviada pelo Executivo era de R$ 67,6 milhões, complementados com R$ 634 milhões de emendas parlamentares. Em entrevista nesta sexta à Agência Brasil, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, defendeu o ministro da Integração. Ela disse que não houve irregularidades na utilização de créditos extraordinários para investimentos na construção de barragens em Pernambuco. Segundo a ministra, em 2010, o governo pediu um estudo sobre obras para se evitar a repetição das tragédias das chuvs que, naquele ano, atingiram Pernambuco e Alagoas. “Quando a solução foi identificada, não tínhamos dotação específica para 2011. Por isso, o ministro da Integração usou a dotação de crédito extraordinário. Não há nenhuma irregularidade nisso. É dinheiro de defesa civil utilizado em uma obra de defesa civil”, afirmou a ministra à agência. O jornal "Folha de S.Paulo" afirmou na edição deste sábado (7) que o filho do ministro, deputado Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), foi o único parlamentar que conseguiu obter o empenho (compromisso de pagamento) de todas as emendas que apresentou para obras do ministério. De acordo com o jornal, o ministério respondeu em nota que o ministro não beneficiou o filho. Segundo a nota, o deputado conseguiu a liberação de cerca de 80% dos pedidos em anos anteriores, quando o pai não era ministro. Segundo "O Estado de S. Paulo", o ministro agiu para manter durante um ano o irmão, Clementino Coelho, na presidência da Codevasf. Coelho assumiu após a exoneração do antecessor, Orlando Cézar da Costa Castro. Pelo estatuto da Codevasf e por orientação da Controladoria-Geral da União (CGU), na ausência do presidente, o diretor mais antigo - no caso, Coelho - assume a presidência até a nomeação do novo titular do cargo. Nesta sexta, a Casa Civil da Presidência da República divulgou nota informando que, "há cerca de 50 dias", Fernando Bezerra fez o pedido para que Guilherme Almeida, que também é diretor da empresa, seja nomeado novo presidente da Codevasf. "Em que pese Almeida já ocupar o cargo de diretor da estatal, a assunção à presidência do órgão exige novas consultas, conforme determina a legislação. Cabe, porém, destacar que, tendo sido concluídas as consultas, Guilherme Almeida será nomeado nos próximos dias", informou a nota da Casa Civil.

          Salvo engano, 2011 terminou com ministros sendo denunciados, negando falcatruas, sendo defendidos por alguma fonte oficial, e caindo fora antes que seus malfeitos (apelido oficial – apreciado pela presidente e seu séquito – para prevaricação) fossem efetivamente esmiuçados, pois acredito que a inhaca tenderia ao insuportável.



Como políticos têm certeza que nós temos curta memória, saem do “palco” temporariamente, já preparando um breve retorno como tantas “figurinhas carimbadas” que achincalham nossa política. Não será de estranhar que mais um ministro caia antes da protelada reforma (ou limpeza) ministerial. Acho melhor reforma, por que pelas últimas substituições fica difícil imaginar limpeza.

Para que possamos ter uma boa semana, separei uma belíssima moda do amigo Chico Lobo, interpretada por ele mesmo, que tem por título “Beira de Mato”, do CD “No braço desta viola”. E assim a gente esquece um pouco destes políticos que só lembram da gente quando precisam de nossos votos para se elegerem.  


          Um grande abraço e uma semana maravilhosa para nós!