sábado, 3 de setembro de 2011

FOGÃO DE LENHA - MATAMBRE - E OUTROS - ENROLADO


               Geralmente os espíritos medíocres condenam tudo o que está para além do seu alcance.
(Duque de La Rochefoucauld)

Amigas e Amigos,

               O Fogão de Lenha traz hoje uma receita original de Matambre (a manta que envolve a costela bovina) Enrolado. Mas enrolado mesmo, pelas notícias de hoje, está um grupo do Partido dos Trabalhadores no momento em que acontece o seu 4º Congresso. O portal de Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br) traz uma matéria de Natuza Nery, Catia Seabra e Bernardo Mello Franco dizendo que:
O comando do PT elaborou documento em que ataca a imprensa e defende o controle da mídia no Brasil. No texto, apresentado ontem à Executiva Nacional como proposta de resolução para o 4º Congresso do partido, o PT defende o fim da propriedade cruzada em veículos de comunicação, a "democratização" da mídia e a "quebra do monopólio". Apesar disso, o partido sustenta que é contra qualquer tipo de censura. A Folha apurou que o governo tende a encampar o veto à propriedade cruzada de meios de comunicação. A ideia seria acionar o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para obrigar grupos que têm várias plataformas a se desfazer de parte das concessões. A resolução preliminar diz que a falta de um marco regulatório e a concentração do domínio midiático "tolhem a democracia", "silenciam" e "marginalizam", "criando um clima de imposição de uma versão única no país". Em tom bem mais agressivo do que o do 3º Congresso, de 2007, o texto condena "certos veículos que flertam com mecanismos ilegais". O partido afirma que, após participar de "conspiração que tentou derrubar, sem êxito, o PT e Lula", setores da mídia lideram agora "campanha pela faxina" no governo. [...] O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT-PR), que participará do encontro, disse à Folha que essa não é a pauta do governo: "É insensato. Lutamos para escrever na Constituição que não pode haver controle prévio e censura". Segundo Bernardo, a Lei Geral de Telecomunicações, em discussão no ministério, regula a concessão de emissoras de rádio e TV, mas não de jornais, revistas e internet. O secretário de Comunicação do PT, André Vargas (PR), porém, diz que o partido não vai se curvar ao governo. Para ele, "a sociedade pode resolver constituir um conselho" para controlar a mídia impressa e a internet. Com 109 pontos, o documento busca proteger a imagem do ex-presidente Lula e minimiza a ideia de que Dilma é mais rigorosa no combate à corrupção. "Nunca antes na história deste país a corrupção foi combatida com tanta profundidade, sem protecionismos partidários, como nos governos Lula e Dilma", afirma o documento. O texto aponta a luta contra a corrupção como "compromisso inarredável do PT e do governo" e diz que a oposição não tem credibilidade para pregar uma "faxina".


               É lamentável observar que para determinados grupos o compromisso com a verdade é relativizado, como se afirmassem que para lhe dirigirem loas todos são livres e que para críticas é necessário “controles”.  A facilidade que encontram para criar rótulos – e se apresentarem como se detestassem rótulos – só não é maior do que a forma como geram “monstros” para tudo que não esteja de acordo com suas idéias.

               Claro que nem tudo está perdido. Aparentemente, a faxina – tão contestada por alguns setores – da presidente Dilma tem procurado melhorar um pouco o desperdício de dinheiro público (desviado de obras essenciais para contas pessoais) e o ministro Paulo Bernardo se posiciona com sensatez em relação ao cerceamento da liberdade de imprensa.

               Vera Rosa, do jornal O Estado de S.Paulo (http://www.estadao.com.br), também publicou matéria sobre o documento que está sendo preparado para o congresso do PT e informou que:
O texto, obtido pelo Estado, diz que o núcleo de combate à corrupção reside na reforma política e do Estado. Não tece críticas à conduta de Dilma, mas faz questão de defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, citando as medidas tomadas por ele para o "combate implacável" à corrupção. Nos bastidores, petistas temem que ações de Dilma acabem carimbando o governo Lula como "corrupto", já que todos os demitidos foram herdados da gestão passada. O PT atribui a turbulência no governo, provocada pelas demissões na Esplanada e em repartições dos Transporte e da Agricultura, à oposição "e a seus aliados na mídia conservadora". Para a cúpula petista, é mais do que necessário discutir no Congresso o marco regulatório da comunicação social. "A oposição, apoiada - ou dirigida - pela conspiração midiática que tentou derrubar o presidente Lula, apresenta-se agora liderando uma campanha de ‘apoio’ à presidente Dilma, para que esta faça uma "faxina" no governo", diz o texto. Na sequencia, o documento constata que políticos "sem credibilidade", e "omissos" no combate à corrupção em seus próprios Estados, tentam agora "dissolver a base parlamentar do governo Dilma", a fim de bloquear suas iniciativas.

               Quando recordo as omissões relacionadas ao “mensalão” e a forma como eram tratados os pares naquela época, percebo que o corporativismo partidário lembra muito bem o corporativismo demonstrado pela Câmara dos Deputados, escondida atrás do voto secreto, quando da vergonhosa decisão do caso da deputada flagrada – e filmada – participando de um dos desvios de verba pública em Brasília-DF.

               A última parte da matéria do Estadão, falando de credibilidade e omissões, dá idéia de que o pensamento de certas facções é uma atualização do dito “olho por olho”, onde se existe corrupção nos Estados, deixem a corrupção federal em paz.



               Depois desses rolos todos, vamos a receita de hoje.


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MATAMBRE ENROLADO

Ingredientes:
1,5 kg de matambre 

½ litro de caldo de carne (aproximadamente)

2 copos de vinho branco

Sal e pimenta do reino à gosto

5 colheres de (sopa) de óleo
1 dente de alho picado

barbante para prender o enrolado


Recheio: ¼ kg linguiça calabresa (ou paio) picada 100 g de bacon picado 2 colheres de (sopa) de vinagre 200 g de queijo parmesão ralado
4 dentes de alho, em tiras finas

10 azeitonas verdes picadas

3 cebolas picadas

1 molho de salsa bem picado

Sal e pimenta do reino à gosto



Modo de fazer:

Temperar o matambre com o sal, a pimenta do reino e o vinho.

Deixar descansar por algumas horas, na geladeira.
Enquanto isso, misturar bem todos os ingredientes do recheio.
Abrir o matambre e distribua o recheio, deixando a borda mais livre.
Enrolar a carne recheada como um rocambole.
Amarrar com barbante em vários pontos para não abrir.
Aquecer bem o óleo em uma panela de pressão.
Colocar o matrambre enrolado e dourar todos os lados.
Acrescentar o caldo de carne até cobrir o matambre.
Tampar a panela e cozinhar em fogo baixo, por cerca de 1 hora.
Deixar escapar a pressão e abrir a panela.
Virar o matambre, e adicionar mais caldo de carne até cobrir novamente.
Tampar a panela e a levar ao fogo.
Cozinhar por mais 1 hora. Retirar do fogo e deixar escapar a pressão.
Retirar o matambre da panela e remover o barbante.
Servir, cortado em fatias finas.

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               Para acompanhar a receita de hoje, a sugestão é a música “O Campo”, de André Oliveira e Rogério Melo, na interpretação de César Oliveira e Rogério Melo.

  

               Um grande abraço e até o próximo encontro!

Wilmar Machado

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - CPFM: A NOVA FÊNIX...



Para a política o homem é um meio; para a moral é um fim.
A revolução do futuro será o triunfo da moral sobre a política.
(Ernest Renan)



Amigas e Amigos,

               No último domingo, dia 28, foi festejado Santo Agostinho, o santo converso, que,  mesmo em seus momentos mais afastados de uma vida sadia, jamais foi acusado – e, muito menos, filmado, até porque ainda não havia sido inventada a câmera – de receber dinheiro para participar de esquemas como mostrado no filme sobre a compra da deputada absolvida, nesta terça-feira, por seus pares que, provavelmente, ficaram temerosos de serem os próximos a serem julgados. A pizza preparada pelos deputados deverá, como dita a lógica dos últimos julgamentos, ser assada pelo Supremo e servida para indigestão do povo brasileiro. Santo Agostinho se converteu por conta das intensas orações de sua mãe, Santa Mônica. A deputada escapou com a ação vergonhosa de seus “colegas” por alguma ação paterna que em nada poderá ser associada à oração.



               Enquanto os deputados acreditam que a corrupção não é motivo para cassar um companheiro (ou uma companheira), o dinheiro público se esvai para contas escusas sem passar por perto da solução de problemas de segurança, educação e saúde neste Brasil. Em contrapartida, o Governo está trabalhando para “ressuscitar das cinzas” a CPMF – com nova roupagem e sem qualquer conotação de provisória – e abandonar promessas de campanha. Esta é a preocupação provocada pela matéria do portal G1 (http://g1.globo.com) ao afirma que:
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou nesta terça-feira (30) que não descarta criar uma tributação exclusiva para financiar a saúde em substituição à Emenda 29, que fixa percentuais de investimentos da União, estados e municípios para o setor. Entre as opções analisadas também estão o aumento do DPVAT – imposto utilizado para indenizar vítimas de acidentes de trânsito – e a tributação sobre jogos de azar. Após almoço com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e líderes da base aliada, Vaccarezza afirmou que a busca por outras fontes de financiamento para a saúde é agora a prioridade do governo. “Para ter uma saúde universal e de qualidade precisamos de mais recursos que os previstos na Constituição, nós precisaríamos de uma fonte extra de financiamento e é sobre isso que vamos nos debruçar até o dia 28 [de setembro]”, disse Vaccarezza. Na reunião, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), definiu 28 de setembro como o prazo final para colocar em votação a Emenda 29. A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, já havia determinado aos líderes do governo que não permitam a votação de projetos que gerem aumento de gastos.

               O blog Reinaldo Azevedo (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo) publicou um trecho de discurso da presidente da república, quando em campanha, e fez alguns comentários, conforme abaixo:
“Quando eu assumi o compromisso com a regulamentação da Emenda 29, o que tem por trás do meu compromisso é a certeza que nós entramos numa nova era de prosperidade; que esse país vai crescer, sim; vai arrecadar mais, que nós podemos, priorizando a saúde, ter recursos suficientes pra assegurar que haja saúde de melhor qualidade. A participação da União é fundamental”.
De quem é a fala acima? Ora, da então candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Ela discursava na XIII Marcha dos Prefeitos, no dia 18 de maio de 2010.
Pouco mais de um ano depois, alegando os riscos da crise internacional — que já existia no ano passado —, Dilma mobiliza a sua base CONTRA a Emenda 29, descumprindo de modo nada solene a sua promessa. E não parou por aí: acenou, por intermédio de prepostos, com a volta da CPMF, desrespeitando outra promessa de campanha. Dilma será, é batata!, fortemente elogiada pela decisão de ter reforçado o superávit primário em R$ 10 bilhões. Há muito de truque aí — e pouco de corte de gastos — por causa do aumento da arrecadação. [...] Não será a crise internacional que vai me levar a aplaudir um estelionato eleitoral consolidado — a sua mobilização para não votar a Emenda 29 — e outro anunciado: a tentativa de recriar a CPMF.

               Santa Mônica, com uma vida de oração, conseguiu tirar seu filho de uma vida completamente desregrada e conduzi-lo à santidade. Para tirar os mais de 260 deputados que votaram a favor da corrupção criminosa no exercício do cargo de suas não muito claras vidas políticas e trazê-los para o caminho da representatividade com ética, acredito que seria atividade difícil mesmo que aparecessem centenas de santas como Santa Mônica. Por tudo isso, o Oratório Campeiro desta semana recomenda uma oração, pedindo a intercessão de Santo Agostinho, pedindo a conversão (ética) de nossos nem tão ilustres representantes.

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ORAÇÃO A SANTO AGOSTINHO

Tu, Senhor, que cuidas do mundo
E escolhes os homens para anunciar a felicidade,
Concede-nos que, através de Sto. Agostinho,
Te encontremos em nós mesmos
E caminhemos na perfeição do espírito.

Que sejamos capazes de amar a quem Te ama,
Ao amigo em Ti e ao inimigo por Ti;
Que nossa felicidade seja conhecer-Te,
Ainda que ignoremos tudo e fiquemos só contigo.

Tu, Senhor, que iniciaste uma obra de perfeição
Em cada um de nós e nos deste a vocação e liberdade
Para cumprir nosso destino,
Faz presente Tua promessa em cada um de nós
Para que sejamos felizes portadores
De Tua santidade e de Tua graça.

Por Jesus Cristo Nosso Senhor.

Amém!

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               A música escolhida para hoje é “Iguais”, de Padre Zezinho, “a capella” com o grupo Cantores de Deus, que no próximo dia 7 de setembro gravará o DVD do “Show Mulheres”, ao vivo, no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado, em São Paulo.

  

               Até o próximo encontro e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

terça-feira, 30 de agosto de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - QUEREM MATAR A NORMA (DE NOVO?)

Se se quer expressar com toda a precisão a lei da opinião pública como lei da gravitação histórica
 convém ter em conta esses casos de ausência, e então chega-se a uma fórmula
que é o conhecido, venerável e verídico lugar comum:
não se pode mandar contrariando a opinião pública. 
(José Ortega y Gasset)


Amigas e Amigos,

               Mais uma semana começa e mais uma vez fico sem entender a independência dos três poderes, declarada no Art. 2º da Constituição de 1988 com o texto: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.



               Lendo o conteúdo do portal d’O Estado de São Paulo (http://estadao.com.br), nesta segunda-feira, fiquei com a impressão de existir harmonia, em exagero, entre os poderes, associada a uma dependência muito bem administrada para que não haja, sob qualquer apelo ético ou jurídico, algum tipo de desconforto no relacionamento interdependente. Diz uma notícia do citado portal que:
A Lei da Ficha Limpa corre o risco de não valer na eleição municipal de 2012 nem nas que vierem depois. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão pessimistas e preveem que a Corte poderá declarar a regra inconstitucional ao julgar três ações que tramitam há meses no tribunal e que tratam da lei que nasceu de uma iniciativa popular a favor da moralização dos costumes políticos no País. Em março, o STF decidiu por 6 votos a 5 que a norma não teria validade para a eleição de 2010 porque foi aprovada com menos de um ano de antecedência ao processo eleitoral. Há uma regra na Constituição Federal segundo a qual modificações desse tipo têm de ser feitas pelo menos um ano antes. Na ocasião, os ministros somente analisaram esse aspecto temporal da lei. Nos futuros julgamentos, eles deverão debater se a regra está ou não de acordo com a Constituição Federal ao, por exemplo, estabelecer uma punição (inelegibilidade do político) antes de uma condenação definitiva da Justiça. Os contrários a esse tipo de punição afirmam que ela desrespeita o princípio constitucional da presunção da inocência, ou seja, que ninguém será considerado culpado até uma decisão judicial definitiva e sem chances de recursos. O entendimento do Supremo será fixado durante o julgamento conjunto de três processos: duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) e uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI). A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nacional e o PPS pedem que o tribunal chancele a constitucionalidade da lei. Já a Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) quer que a Corte declare inconstitucional um dispositivo da norma segundo o qual são inelegíveis as pessoas excluídas do exercício de profissão em razão de infração ético-profissional. Um dos fatos que mais preocupa a ala de ministros favorável à lei é a saída de Ellen Gracie do tribunal. Uma das maiores defensoras da regra no julgamento de março, Ellen aposentou-se no último dia 8. A presidente Dilma Rousseff ainda não escolheu o substituto ou a substituta de Gracie. É provável que o assunto Ficha Limpa seja debatido entre integrantes do governo e candidatos à vaga antes da indicação do novo membro do STF. Ministros do STF defendem que as ações sobre a Ficha Limpa sejam julgadas antes do registro dos candidatos que disputarão a eleição de 2012. Isso evitará a confusão instalada no ano passado. O Supremo decidiu apenas em março, ou seja, cinco meses depois da eleição que a lei não valeria para 2010. Até hoje existem políticos excluídos da disputa do ano passado tentando garantir a posse em cargos no Legislativo. São dois os pontos mais polêmicos da lei e que devem consumir grande parte do futuro julgamento no Supremo: o que afasta da disputa eleitoral candidatos condenados, entretanto, que ainda têm chance de recorrer, e o que proíbe a candidatura de políticos condenados antes da entrada em vigor da norma. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou na última quinta-feira pareceres ao STF sobre as ações que discutem a Lei da Ficha Limpa. O Ministério Público Federal defende a regra. O relator das ações, ministro Luiz Fux, deverá preparar os processos para julgamento e pedir a inclusão na pauta de votação do plenário da Corte.

               A pendenga sobre a Ficha Limpa se arrasta – como tudo que chega às nossas cortes – e passa a idéia de que poderá provocar forte ressaca na opinião pública. Parece agradar a nossos últimos governos a idéia de ser melhor deixar tudo como está e não mexer com esse propósito popular que ainda acredita que político deveria ser um cidadão honesto, pelo menos. Talvez, nossos governantes acreditem que cerca de dois milhões de cidadãos brasileiros sejam visionários por proporem uma Lei que prevê a inelegibilidade de candidatos que tiverem condenação por órgãos colegiados ou que renunciarem ao mandato para evitar processo de cassação.

               Entre os meses de maio e junho de 2010, a Lei da Ficha Limpa foi aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado e sancionada pela presidência da República. Em março de 2011, o voto do ministro Luiz Fux – recém-chegado ao Supremo – tornou a lei não aplicável às eleições de 2010, propiciando que 149 candidatos com condenações judiciais assumissem cargos em todo o país.

               A notícia acima traz um destaque para a posição dos “contrários” a punição que utilizam a presunção de inocência para que se aguarde uma decisão judicial definitiva e sem chances de recursos. Disso advém uma pergunta: Com a quantidade de instâncias – todas quase letárgicas para determinados assuntos – que podem ser percorridas pelos recursos de um político aparentemente corrupto, quantas aposentadorias esse político poderia acumular antes que seu julgamento chegasse à última instância?

               A CNPL não acha correto que um indivíduo que cometeu uma infração ético-profissional se torne inelegível. Afinal de contas, esse candidato pode ser daqui a pouco eleito para um cargo público e já com “etiqueta de preço”, dando bem menos trabalho para quem estiver pensando nessa “compra”. Com toda a sinceridade, espero que eu não tenha entendido nada dessa parte da notícia e que essa confederação seja séria.

               Mais preocupante ainda é saber que o preenchimento da vaga do próximo integrante do STF depende da posição dos candidatos sobre a Lei da Ficha Limpa e da expectativa do governo em relação a essa Lei. E a independência pregada pela Constituição?

               E assim, com muitas dúvidas e poucas respostas, desejo uma boa semana para todos. Como sugestão musical para hoje, escolhi “Estrada da Vida”, de José Rico, com Milionário & José Rico, na esperança de que o primeiro lugar nessa longa estrada possa ser alcançado sem deslizes ético-profissionais.

  

               Um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado