sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

GALERIA SERTANEJA - TRISTE BERRANTE

Amigas e Amigos,

          A "grande" notícia de hoje é o corte de gastos anunciado pelo Senado Federal, acompanhando os cortes (?) anunciados pelo executivo. No página de notícias do UOL (http://noticias.uol.com.br/politica) tem uma matéria dizendo que:
A exemplo do governo federal -- que, nessa quarta (9), anunciou corte de R$ 50 bilhões no orçamento da União para 2011 --, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informou nesta quinta-feira (10) que a Casa também terá ações de contenção de despesa para os próximos meses. Entretanto, não foram citados valores, nem percentuais de cortes -- apenas que a primeira medida será a proibição do pagamento de horas extras a funcionários que ocupam cargos de direção.
        Se alguém estiver mais feliz com a notícia, provavelmente tem uma percepção que me falta. Não consegui perceber nada além de uma perspectiva calculada para aparecer na mídia, jogando palavras e embaralhando idéias. Procedimento, aliás, responsável pela eleição de muita gente por esse país afora (como somos facilmente iludidos por palavras e expectativas de sobrar uma "boquinha").

          A pérola dessa matéria, logo na sequência, diz respeito a "bombástica" declaração de José Sarney, conforme abaixo:
“Todo funcionário que ocupar cargo de direção não tem direito a horas extras pra evitar que eles sejam os próprios árbitros das avaliações das horas que devam trabalhar”, justificou o peemedebista.
          Serão cortadas as horas extras que não deveriam sequer existir. É "mole"?

          Pelo barulho feito e pela tristeza de perceber que política cada vez mais se identica com politicagem nessa Terra de Vera Cruz, seleciono para a Galeria Sertaneja desta semana a música "Triste Berrante", do saudoso Adauto Santos - cantor, compositor, violonista e violeiro, nascido em São Paulo e criado em Londrina.



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TRISTE BERRANTE
                                   Adauto Santos

Já vai bem longe este tempo, bem sei

Tão longe que até penso que eu sonhei

Que lindo quando a gente ouvia distante

O som daquele triste berrante

E um boiadeiro a gritar, êia!

E eu ficava ali na beira da estrada

Vendo caminhar a boiada até o último boi passar

Ali passava boi, passava boiada

Tinha uma palmeira na beira da estrada

Onde foi gravado muito coração

Onde foi gravado muito coração

Lá, lá lá iá lá iá....

Mas sempre foi assim e sempre será

O novo vem e o velho tem que parar

O progresso cobriu a poeira da estrada

E esse tudo que é o meu nada

Eu hoje tenho que acatar e chorar

Mas mesmo vendo gente, carros passando

Meus olhos estão enchergando uma boiada passar

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          A seguir, está o vídeo de Sérgio Reis, interpretando a música da Galeria de hoje.


          Encerro a Galeria Sertaneja, esperando que tenham gostado e deixando um forte abraço para todos!

Wilmar Machado

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

TERTÚLIA NATIVA - SERÁ CACHORRADA?

Amigas e Amigos!

          Estava lendo notícias no portal G1 (http://g1.globo.com/) e encontrei mais uma nota sobre a "batalha do mil réis" que está sendo travada para o reajuste do salário mínimo. Diz o referido portal que:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira (9) que a correção da tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas neste ano depende de acordo, com os sindicatos, sobre o valor do salário mínimo. Segundo ele, caso os sindicatos concordem com um reajuste do mínimo para R$ 545, última proposta do governo, a tabela do IR poderá ser corrigida em 4,5%. As centrais sindicais, porém, pedem um salário mínimo de R$ 580 para 2011. "Em relação ao possível reajuste da tabela, depende ainda de negociação com os trabalhadores que ainda não terminou. Não concordamos em atualizar a tabela sem uma definição sobre a concordância deles sobre o trabalho de R$ 545 para 2011", declarou ele, acrescentando que os sindicatos também teriam de concordar com a política de reajuste do salário mínimo até 2015. Segundo o ministro da Fazenda, a eventual correção da tabela do Imposto de Renda em 2011, em 4,5%, implicaria em uma perda de receita de R$ 2,2 bilhões.
          "Venda casada" é proibida pelo, se não me falha a memória, artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Mas provavelmente o Código de Ética em Política (ou algo semelhante, se existir) não deve ter nenhum artigo referente a esse tipo de "negociação".

          O recurso a ameaças de represálias como forma de convencimento utilizado na situação exposta nos noticiários de hoje fica mais estranho ainda quando, aparentemente, o embate esteja sendo realizado entre grupos que defendem os mesmos intereresses (será que poder-se-ia falar de uma relação quase hierárquica?).

          Eu cheguei a pensar que pudessem estar aprontando uma "cachorrada" com o salário mínimo. Mas aí, lembrei de um certo cachorro, que faz parte de um causo que escrevi em julho de 2006, e por isso não devo comparar a proposta com os melhores amigos do homem. Para que se possa dizer se tenho ou não razão, publico o causo.

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BOM CAÇADOR

          Morava pelas bandas de Jaguarão o Clóvis das Neves, conhecido como Pandulho, por cultivar uma enorme barriga. Sua fazenda era muito próspera, o que ele definia como um “sitiozinho que deu certo”.



          Seu passatempo preferido era a “caçada”, onde destacava a preferência por capinchos e perdizes. Mas vale dizer que qualquer um gostaria de caçar se tivesse um cachorro como Pealo, um perdigueiro que o Pandulho criara desde filhote e se mostrara excepcional companheiro para as lides de caçar. O Pealo tinha uma forma especial de se portar durante uma caçada, pois era só se aproximar de um animal de caça para ficar com o pelo do lombo todo eriçado, o que para Pandulho era a certeza de caça boa muito próxima.

          Com essa faculdade do seu perdigueiro, Pandulho acabou por se tornar um dos caçadores mais respeitados em toda aquela região, a ponto de caçadores de Pelotas, Rio Grande, Herval, Canguçu e Bagé (naqueles tempos ainda não existiam essa quantidade de municípios que hoje formam a região) se deslocarem para agendar uma caçada como o Pandulho somente para verem o Pealo em ação.

          Ninguém jamais conseguiu explicar essa habilidade do cachorro, mas era o Pandulho participar de uma caçada e, sempre sem falhar uma, voltar com alguma caça abatida. Não é preciso nem contar que entre o cão e o dono existia uma cumplicidade e um entendimento superior a muita amizade existente entre homens. Era como se conhecessem todas as alegrias e todas as manias um do outro.

          Um dia, sem que se soubesse direito como, o Pealo apareceu morto e o Pandulho ficou um bom tempo sem participar de qualquer caçada, por mais que os amigos tentassem animá-lo para uma que lhe apresentavam como especial, pois diziam que as perdizes estavam “assim e assado”, que as capivaras eram “isso e aquilo”... Mas nada animava o Pandulho nem amainava sua saudade do Pealo.

          A essa altura, as conversas nos bolichos das redondezas eram de que Pandulho não caçava mais porque sem o Pealo ele não era o mesmo caçador. Alguns até diziam que ele nunca tinha sido caçador, que levou foi muita sorte de ter um cachorro que nem o Pealo. A língua dos invejosos não tem limites e se espalha como gás.

          Até que Pandulho decidiu que não se entregaria a desventura e, segundo ele pela memória de Pealo, voltaria a caçar. Apesar de toda a descrença do pessoal das cercanias, Pandulho retornou da caçada com a boa caça de sempre, fato que se repetiu outras tantas vezes até que alguns companheiros resolveram perguntar ao Pandulho como que, sem o Pealo, ele continuava caçando cada vez melhor.

          E o Pandulho explicou:

          – Nem lhes conto. Quando o Pealo me deixou, não suportando a idéia de não ter mais meu companheiro de tantas caçadas, mandei fazer uma guaiaca com seu couro e que só uso, em sua memória, quando vou caçar. Pois não vê que toda vez que estou próximo de alguma boa caça, o couro de minha guaica fica todo eriçado... Que cachorrinho que continua bom de caça, tchê!

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          Depois do causo, vamos continuar com história de caçador. Abaixo, está a música "Caçador", de Tião Carreiro e Carreirinho, com a dupla Brenno Reis & Marco Viola.


          Por aqui, vou encerrando a Tertúlia dessa semana, deixando um grande abraço!

Wilmar Machado

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - DEPUTADO PROFISSIONAL

Amigas e Amigos!

          Que semana é essa que estamos iniciando?
          Primeiro, li a notícia no Bol Notícias (http://noticias.bol.uol.com.br/) sobre o tratamento que o governo vem dispensando ao salário mínimo, conforme pode ser observado na declaração do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. A matéria diz que:
O valor oferecido pelo governo, de R$ 545, está mantido. Luiz Sérgio, inclusive, descartou a possibilidade de antecipação de parte do reajuste previsto para 2012 --estimado em torno de 14%-- de forma a garantir um aumento mais robusto do salário já neste ano. A manobra é bem recebida pelas centrais. "Se temos uma política nós temos uma regra. E essa regra não pode ser quebrada, porque aí estaremos abrindo uma exceção perigosa, principalmente para os trabalhadores. Porque se a regra pode ser quebrada, ela não é regra", afirmou.
          E hoje, leio no Jornal do Brasil (http://www.jb.com.br/) a deslavada confissão de um deputado federal:
O deputado federal Francisco Vieira Sampaio, o Chico das Verduras (PRP-RR), 60 anos, foi trabalhador rural, marceneiro, garimpeiro, taxista e, como o apelido indica, verdureiro, mas foi à carreira política que recorreu para ter estabilidade financeira e um salário fixo. A venda de hortifruti garantia o sustento da família, segundo o deputado, mas após mudar de ponto diversas vezes, enfrentou períodos ruins, de ganhos baixos. Como o apelido Chico das Verduras era popular na cidade, decidiu então tentar uma nova profissão em 1992, quando, na primeira candidatura, foi eleito vereador. "Entrar para a política foi uma forma de ter um salário", diz. Naquela época, os ganhos de vereador equivaliam a, aproximadamente, 15 salários mínimos (na moeda atual R$ 8,1 mil).
          Onde se encontram as duas notícias? Com certeza não será em um lugar que possa ser considerado como muito bom. Pois a merreca proposta (ou imposta) para o salário mínimo será encaminhada para que deputados votem "sim, eu concordo que essa mixaria está muito boa para o trabalhador", a fim de manterem seus próprios sálarios de R$ 26.723,13 e, de quebra, a vergonhosa imunidade.



           Desse jeito, só mesmo lembrando que no próximo dia 11 de fevereiro é o dia dedicado a Nossa Senhora de Lourdes, pequena cidade no sudoeste da França, nos montes Pireneus e que abriga um dos santuários marianos mais visitado do mundo. Façamos, então, esta semana a oraçao abaixo.

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ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE LOURDES

Ó Virgem puríssima,
Nossa Senhora de Lourdes,
que vos dignastes aparecer a Bernadette,
no lugar solitário de uma gruta,
para nos lembrar
que é no sossego e recolhimento
que Deus nos fala,
e nós falamos com Ele,
Ajudai-nos a encontrar
o sossego e a paz da alma
que nos ajudem a conservar-nos
sempre unidos a Deus.
Nossa Senhora da gruta de Lourdes,
dai-me a graça que vos peço e tanto preciso.
Amém!

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          A música para o Oratório Campeiro de hoje é "Justiça Divina", de Jesus Belmiro, Julinho e Tião Carreiro, interpretada por Lourenço & Lourival.


         Até o próximo Oratório e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado


 



 



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - POLÍTICO x SOLDADO, QUE DISTÂNCIA!

          Amigas e Amigos!
 
          Depois do período de férias, voltei a fazer o programa Canto da Terra, ao vivo, no último domingo de janeiro e neste primeiro domingo de fevereiro. O reencontro com os ouvintes é sempre um momento emocionante, mas esses foram muito especiais pela quantidade de telefonemas recebidos, antes mesmo da abertura do quadro Prosa de Domingo (para participações dos ouvintes), com mensagens emocionantes pelo retorno e manifestações de carinho que se transformaram em força para continuarmos buscando levar o nosso melhor a cada novo programa.
 
          Ao tempo em que nos emocionamos com nossos ouvintes, não podemos demonstrar o mesmo sentimento com nossa “classe” (?) política. Há alguns dias, li a página na Internet do Diário Popular (www.diariopopular.com.br), de Pelotas-RS, e observei, em destaque, que os “deputados federais começam a receber supersalários”. Diz a matéria que:
No dia 15 de dezembro de 2010, o Senado aprovou o aumento de 61,83% nos salários dos deputados federais. O projeto iguala o pagamento de deputados e senadores, do presidente da República, do vice e dos ministros. Sendo assim, todos eles passarão a receber R$ 26.723,13 por mês, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o reajuste que entra em vigor a partir desta terça-feira (1º) não conta com a aprovação da população brasileira. Segundo a vice-presidente do Sindicato dos Municipários de Pelotas (Simp), Tatiane Lopes Rodrigues, o reajuste de quase 62% nos salários dos parlamentares é uma contradição à realidade brasileira. Além disso, Tatiane disse acreditar que esta medida gera um efeito cascata no Congresso Nacional e resulta em mais aumentos abusivos. Em relação ao reajuste dos municipários, a vice-presidente do Simp informou que o aumento da categoria é uniforme e no último ano foi de aproximadamente 6%. Entretanto, a prefeitura aprovou um aumento de 11% para os funcionários que recebiam um salário abaixo do mínimo nacional. Esta realidade também é vivida pela Brigada Militar (BM). De acordo com o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar (ACS), João Carlos Goulart Domingues, o aumento dos praças no ano passado foi de 10% e dos oficiais superiores foi de 19,9%, sendo este, retroativo a março de 2009. Na prática, com o reajuste um soldado em início de carreira que ganhava R$ 1.050,00 recebeu um aumento líquido de R$ 150,00.
 
          Um soldado da Brigada Militar passou de R$ 1.050 para R$ 1.200. Um deputado, um senador, presidente e vice-presidente da República ou um ministro ganham R$ 26.723,13 (cada um!).
 
          Com alguma curiosidade, busquei um edital de concurso para soldado da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Entre os requisitos para inclusão do candidato a graduação de soldado, pode-se destacar:
  • possuir ilibada conduta pública e privada;
  • não estar respondendo a processo criminal; não ter sofrido condenação criminal com pena privativa de liberdade ou qualquer condenação incompatível com a função Policial Militar;
  • ter obtido aprovação na 1ª Fase - Exame Intelectual (com provas de Língua Portuguesa, Matemática, Direitos Humanos e Cidadania, Legislação Aplicada, Conhecimentos Gerais e Informática);
  • ter sido considerado APTO nas 2ª, 3ª e 4ª Fases (saúde, capacitação física e psicológico) atender todas as exigências da Etapa – Sindicância da Vida Pregressa do Candidato, exigidos para a inclusão na Brigada Militar e matrícula no Curso Básico de Formação Policial Militar; se Reservista das Forças Armadas, deverá o candidato ter sido licenciado, no mínimo, no comportamento BOM;
  • possuir Ensino Médio (2º Grau) completo ou equivalente;
  • não apresentar resultado positivo no exame toxicológico, mediante laudo a ser apresentado por ocasião da Etapa da Sindicância da Vida Pregressa do Candidato, posterior a homologação do concurso.
           Consta, ainda , no edital do concurso para soldado da BM que, ao contrário de nossos políticos que se escondem atrás de seus cargos, para permanecer no serviço o soldado deve ter sido e continuar sendo correto, pois:
O candidato ficará sujeito à anulação do ato de inclusão na Brigada Militar, a qualquer tempo, caso surja fato novo, informação não declarada ou omitida, ou ainda existência de fato da vida pregressa do candidato que o desabone e seja considerado incompatível para o exercício da função policial militar, mesmo que apurado posteriormente.
 
          Não apareceu no edital quantas passagens aéreas um soldado recebe por mês, nem sua verba de representatividade, nem quantos ajudantes poderá contratar com verba da BM, nem quantas folgas serão permitidas por semana (além do sábado e do domingo, e dos dias que já se passaram sem que muitos políticos permaneçam ausentes do "trabalho" sem qualquer justificativa, e recebendo em dia). Mas os candidatos a soldado da BM terão de estudar muito para receberem R$ 1.200/mês.
 
          Agora, para receber R$ 26.723,13, não é exigida ilibada conduta pública e privada. Para esse salário ser pago não existe processo criminal ou condenação incompatível. Não é necessário se submeter a exames intelectuais, nem tem aptidão psicológica. Nem qualquer nível de ensino (completo ou incompleto) e pode ser usuário de droga (desde que disfarce um pouco). A inclusão entre os que recebem R$ 26.723,13 para trabalhar opcionalmente (nesses casos, e somente para esses salários, é facultado passar o tempo sem se incomodar muito) não será tolhida, nem interrompida posteriormente, por uma Vida Pregressa desabonadora (a imunidade, nesses casos, parece ter validade retroativa). E pasmem: os R$ 26.723,13 são somente a “ponta do iceberg” da grana que esses “trabalhadores” receberão durante um longo período em pagaremos elevadíssimos impostos para não haver atrasos salariais.
 
          Para nos divertirmos um pouco, apesar da situação apresentada estar mais para tristeza e desespero, vamos ouvir “O Mineiro e o Italiano”, de Teddy Vieira e Nelson Gomes, com a dupla Zilo & Zalo.
 

          Um grande abraço e deixo a porteira do Canto da Terra aberta para mais uma semana!

Wilmar Machado

domingo, 6 de fevereiro de 2011

PROSA DE DOMINGO - ÁGUA NO LEITE. SÓ ÁGUA?

Amigas e Amigos!

          Encontrei, lendo a edição on-line da Folha de São Paulo (http://folha.com/), uma matéria assinada por Juliana Coissi abordando os riscos que estamos sujeitos ao consumirmos o nosso matinal café com leite. Ainda que o café não seja o vilão aqui, o leite faz por merecer nossa preocupação. Observem o que diz a reportagem:
Três anos após o escândalo que pôs em xeque a qualidade do leite no Brasil, o setor ainda tem problemas. A cada 10 litros produzidos, 3 não passam por inspeção. Os últimos dados anuais fechados revelam que 9,5 bilhões de litros produzidos em 2009 (33% do total) não passaram pelas autoridades sanitárias, segundo o IBGE. Os números mostram pouco avanço na fiscalização desde 2007, quando a Polícia Federal deflagrou uma operação que encontrou soda cáustica e água oxigenada adicionadas ao leite. Naquele ano, 8,2 bilhões de litros (31,5%) de leite ou derivados foram consumidos pelos brasileiros sem qualquer fiscalização sanitária. A repercussão chegou a atingir gigantes, como a Parmalat, e a Anvisa interditou lotes. O leite informal e ilegal vem geralmente do pequeno produtor, que não conseguiu bom preço na cooperativa e decide vender no varejo. "Sempre vai haver esse leite informal se a inspeção dos governos não tomar uma atitude e passar a fiscalizar e multar", afirma Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Leite). Vendido em garrafas pet ou transformado em queijo, esse leite não inspecionado é levado diretamente ao consumidor ou é entregue em feiras livres, quitandas e outros comércios. "Campeãs de consumo de queijo informal são as pizzarias de São Paulo", diz Rubez.
          Se comecei a ler a matéria da Folha preocupado com o próximo café da manhã, estou pensando agora em qualquer refeição, pois até a pizza, que pode ser considerada a preferida dos encontros familiares de qualquer dia da semana, está sob suspeita.



          Com as autoridades governamentais (cada vez menos preparadas para os cargos) que temos, não estamos livre de ouvir alguma declaração nos acusando de sermos os causadores da "pirataria láctea", porque não "cobramos" das pizzarias (ou do botequim onde tomamos nosso café) a procedência do leite utilizado.

            Enquanto escrevia, lembrava de uma música que toquei no programa Canto da Terra, hoje pela manhã, nas Rádios Nova Aliança, de Brasília (http://www.novaalianca.org.br/), atendendo um pedido da ouvinte Lúcia, da Candangolândia. A música, de autoria de José Fortuna e Paraíso, interpretada pela dupla Teodoro & Sampaio, tem por título "Água no Leite", que publico abaixo.


          Aguardo seu comentário no espaço abaixo. Se você sabe mais alguma notícia relacionada ao assunto, escreve aí para enriquecer essa postagem.

          Um grande abraço e até a nossa próxima Prosa de Domingo!

Wilmar Machado