Amigas e Amigos!
Estava lendo notícias no portal G1 (http://g1.globo.com/) e encontrei mais uma nota sobre a "batalha do mil réis" que está sendo travada para o reajuste do salário mínimo. Diz o referido portal que:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira (9) que a correção da tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas neste ano depende de acordo, com os sindicatos, sobre o valor do salário mínimo. Segundo ele, caso os sindicatos concordem com um reajuste do mínimo para R$ 545, última proposta do governo, a tabela do IR poderá ser corrigida em 4,5%. As centrais sindicais, porém, pedem um salário mínimo de R$ 580 para 2011. "Em relação ao possível reajuste da tabela, depende ainda de negociação com os trabalhadores que ainda não terminou. Não concordamos em atualizar a tabela sem uma definição sobre a concordância deles sobre o trabalho de R$ 545 para 2011", declarou ele, acrescentando que os sindicatos também teriam de concordar com a política de reajuste do salário mínimo até 2015. Segundo o ministro da Fazenda, a eventual correção da tabela do Imposto de Renda em 2011, em 4,5%, implicaria em uma perda de receita de R$ 2,2 bilhões.
"Venda casada" é proibida pelo, se não me falha a memória, artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Mas provavelmente o Código de Ética em Política (ou algo semelhante, se existir) não deve ter nenhum artigo referente a esse tipo de "negociação".
O recurso a ameaças de represálias como forma de convencimento utilizado na situação exposta nos noticiários de hoje fica mais estranho ainda quando, aparentemente, o embate esteja sendo realizado entre grupos que defendem os mesmos intereresses (será que poder-se-ia falar de uma relação quase hierárquica?).
Eu cheguei a pensar que pudessem estar aprontando uma "cachorrada" com o salário mínimo. Mas aí, lembrei de um certo cachorro, que faz parte de um causo que escrevi em julho de 2006, e por isso não devo comparar a proposta com os melhores amigos do homem. Para que se possa dizer se tenho ou não razão, publico o causo.
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BOM CAÇADOR
Morava pelas bandas de Jaguarão o Clóvis das Neves, conhecido como Pandulho, por cultivar uma enorme barriga. Sua fazenda era muito próspera, o que ele definia como um “sitiozinho que deu certo”.
Seu passatempo preferido era a “caçada”, onde destacava a preferência por capinchos e perdizes. Mas vale dizer que qualquer um gostaria de caçar se tivesse um cachorro como Pealo, um perdigueiro que o Pandulho criara desde filhote e se mostrara excepcional companheiro para as lides de caçar. O Pealo tinha uma forma especial de se portar durante uma caçada, pois era só se aproximar de um animal de caça para ficar com o pelo do lombo todo eriçado, o que para Pandulho era a certeza de caça boa muito próxima.
Com essa faculdade do seu perdigueiro, Pandulho acabou por se tornar um dos caçadores mais respeitados em toda aquela região, a ponto de caçadores de Pelotas, Rio Grande, Herval, Canguçu e Bagé (naqueles tempos ainda não existiam essa quantidade de municípios que hoje formam a região) se deslocarem para agendar uma caçada como o Pandulho somente para verem o Pealo em ação.
Ninguém jamais conseguiu explicar essa habilidade do cachorro, mas era o Pandulho participar de uma caçada e, sempre sem falhar uma, voltar com alguma caça abatida. Não é preciso nem contar que entre o cão e o dono existia uma cumplicidade e um entendimento superior a muita amizade existente entre homens. Era como se conhecessem todas as alegrias e todas as manias um do outro.
Um dia, sem que se soubesse direito como, o Pealo apareceu morto e o Pandulho ficou um bom tempo sem participar de qualquer caçada, por mais que os amigos tentassem animá-lo para uma que lhe apresentavam como especial, pois diziam que as perdizes estavam “assim e assado”, que as capivaras eram “isso e aquilo”... Mas nada animava o Pandulho nem amainava sua saudade do Pealo.
A essa altura, as conversas nos bolichos das redondezas eram de que Pandulho não caçava mais porque sem o Pealo ele não era o mesmo caçador. Alguns até diziam que ele nunca tinha sido caçador, que levou foi muita sorte de ter um cachorro que nem o Pealo. A língua dos invejosos não tem limites e se espalha como gás.
Até que Pandulho decidiu que não se entregaria a desventura e, segundo ele pela memória de Pealo, voltaria a caçar. Apesar de toda a descrença do pessoal das cercanias, Pandulho retornou da caçada com a boa caça de sempre, fato que se repetiu outras tantas vezes até que alguns companheiros resolveram perguntar ao Pandulho como que, sem o Pealo, ele continuava caçando cada vez melhor.
E o Pandulho explicou:
– Nem lhes conto. Quando o Pealo me deixou, não suportando a idéia de não ter mais meu companheiro de tantas caçadas, mandei fazer uma guaiaca com seu couro e que só uso, em sua memória, quando vou caçar. Pois não vê que toda vez que estou próximo de alguma boa caça, o couro de minha guaica fica todo eriçado... Que cachorrinho que continua bom de caça, tchê!
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Depois do causo, vamos continuar com história de caçador. Abaixo, está a música "Caçador", de Tião Carreiro e Carreirinho, com a dupla Brenno Reis & Marco Viola.
Por aqui, vou encerrando a Tertúlia dessa semana, deixando um grande abraço!
Wilmar Machado
Por aqui, vou encerrando a Tertúlia dessa semana, deixando um grande abraço!
Wilmar Machado
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