Na coluna desta semana do jornalista Ricardo Boechat, na revista "Isto É", pode-se encontrar que:
Segue a toque de caixa a reforma do Hotel Glória, no Rio de Janeiro, adquirido por Eike Batista. Ocorre que, com as obras, o local perde sua história. Após a derrubada do tradicional teatro e do quarto onde Einstein concluiu o manuscrito da comunicação científica sobre a teoria da luz (1925), sob golpes de marreta caiu a suíte presidencial onde Getúlio Vargas morou. Lembranças do ex-presidente agora só no memorial em frente, na praia do Russel, erguido pela Prefeitura do Rio, ou no Palácio do Catete, um pouco adiante, no bairro do Flamengo.
Pensar que tratamos nossa história de forma tão leviana deve ser motivo para, pelo menos, refletirmos sobre o que podemos esperar de nosso futuro se nos presente não aprendemos com nosso passado. Preocupante é ver que alguns comentários a essa nota dão conta de que a modernização ou a preparação para a próxima Copa do Mundo de Futebol ou, ainda, a acomodação "confortável" de turistas nas Olimpíadas justificam plenamente as reformas da forma que estão sendo conduzidas. Outra justificativa que não acompanho a magnitude do pensamento fica por conta do "crescimento" econômico.
Por outro lado, vale a pena um "passeio" por alguns lugares do mundo, através de algumas publicações. Vamos começar esse nosso passeio pela wikipedia, que diz sobre o Palácio de Versailles:
Ainda nessa mesma enciclopédia virtual, encontramos sobre o Museu do Prado, em Madri:O Palácio de Versalhes (em francês: Château de Versailles) é um château real localizado na cidade de Versalhes, uma aldeia rural à época de sua construção, mas actualmente um subúrbio de Paris. Desde 1682, quando Luís XIV se mudou de Paris, até a família Real ser forçada a voltar à capital em 1789, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo Regime na França. Em 1660, de acordo com os poderes reais dos conselheiros que governaram a França durante a menoridade de Luís XIV,[3] foi procurado um local próximo de Paris mas suficientemente afastado dos tumultos e doenças da cidade apinhada.
Quando o rei Carlos III regressou de Nápoles à sua cidade natal, apercebeu-se de que Madrid não havia melhorado em nada desde que de lá tinha saído: Madrid continuava aquele lugar que, convertido repentinamente em capital por obra e graça de Filipe II, cresceu precipitada e desordenadamente e de um modo pouco consistente. Decidiu assim encarregar Juan de Villanueva, o arquitecto real, de projectar um edifício destinado às Ciências e que pudesse albergar o Gabinete de História Natural. [...] As obras de construção do museu prolongaram-se por muitos anos, ao largo de todo o reinado de Carlos IV. Porém, a chegada dos franceses a Espanha e a Guerra da Independência, interromperam-nas. Foi então utilizado para fins militares, tendo-se aqui estabelecido um quartel militar. Neste momento começou a deterioração do edifício, que se notava cada vez mais, à medida que os anos avançavam. Aborrecidos, Fernando VII e a sua esposa, Maria Isabel de Bragança, puseram fim a tal situação, impedindo que o museu chegasse à ruína total e recuperando-o. Isabel foi a grande impulsionadora deste projecto e é a ela que se deve o êxito final, mesmo que não tenha vivido para saboreá-lo, pois morreu um ano antes da grande inauguração do museu, a 19 de Novembro de 1819.
É importante lembrar aqui o que o Guia da Cidade, de Lisboa, diz sobre o Mosteiro dos Jerônimos, construído próximo ao local de onde sairam as grandes expedições que propiciaram tantas conquistas e o próprio Descobrimento do Brasil:
Obra fundamental da arquitectura Manuelina, o Mosteiro dos Jerónimos foi encomendado pelo rei D. Manuel I, pouco depois de Vasco da Gama ter regressado da sua viagem à Índia. A obra iniciou-se em 1502 com vários arquitectos e construtores, entre eles Diogo Boitaca (plano inicial e parte da execução) e João de Castilho (abóbodas das naves e do transepto, pilares, porta sul, sacristia e fachada). No reinado de D. João III foi acrescentado o coro alto. O seu nome deriva do facto de ter sido entregue à Ordem de São Jerónimo, nele estabelecida até 1834. Sobreviveu ao sismo de 1755 mas foi danificado pelas tropas invasoras francesas enviadas por Napoleão Bonaparte no início do século XIX. Inclui, entre outros, os túmulos dos reis D. Manuel I e sua mulher, D. Maria, D. João III e sua mulher D. Catarina, D. Sebastião e D. Henrique e ainda os de Vasco da Gama, de Luís Vaz de Camões, de Alexandre Herculano e de Fernando Pessoa. Os elementos decorativos são repletos de símbolos da arte da navegação e de esculturas de plantas e animais exóticos.
E quando se visita a Europa, lá estão os Palácios e o Museus que nos propiciam, conforme o professor Matias Pereira, da Universidade de Brasília, com sua sabedoria, comenta com seu alunos emocionado "uma oportunidade de pisarmos em nossa história". Se o franceses, os espanhóis e os portugueses tivessem o pensamento voltado para o lucro e o crescimento econômico, acima de tudo, provavelmente, teríamos grande dificuldades de experimentarmos tantas emoções como as que nos são permitididas por essas visitas.
O Hotel Glória, inaugurado em 1922, foi o primeiro hotel 5 estrelas do Brasil. Construído a pedido do presidente da República Epitácio Pessoa para sediar o Primeiro Centenário da Independência do Brasil, o luxuoso e ousado projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo arquiteto francês Joseph Gire e representou um marco da hotelaria no Brasil e na América do Sul durante décadas, com algumas características, tais como: Primeiro prédio em concreto armado do Brasil; Primeiro hotel com banheiros e telefones em todos os 180 quartos iniciais; Primeiro hotel com heliponto no Rio de Janeiro; Uma das primeiras piscinas em hotéis do Rio de Janeiro; A primeira sauna; Primeiro hotel com central telefônica com tarifador automático; Primeiro hotel com sala e equipamentos para videoconferência.
Mas, sempre resta o consolo de que, quando sentirmos necessidade de revisitarmos a história, a Europa pode nos acolher e muito bem. Por aqui, cultura é coisa de gabinete ou... Vou parar por aqui, que já está batendo uma saudade de nossos prédios tão bonitos e tão pouco considerados. Convido vocês para escutarmos, juntos, Renato Teixeira cantando a belíssima "Saudade".
E por aqui, vou colocando meu pé no estribo para encerrar esta semana. Até o próximo.
Um grande abraço!
Wilmar Machado