quinta-feira, 11 de agosto de 2011

GALERIA SERTANEJA - QUANDO O AMOR SE VAI...

Para esquecer é preciso deixar correr o coração,
de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. 
( Miguel Esteves Cardoso)


Amigas e Amigos,

               Inicio esta Galeria Sertaneja com um destaque especial para a matéria publicada hoje no portal G1 (http://g1.globo.com) sobre a inauguração, hoje, da primeira (de nove) sala de música do projeto social “Por um mundo melhor”, em uma escola municipal no Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro-RJ. Pode não se tratar de um projeto caipira, sertanejo ou regional, conforme a proposta do Canto da Terra, mas é música. E quem promove tudo isso é o “Rock in Rio”, que aproveita seu reconhecimento perante a sociedade para melhorar a vida de muitas crianças.



               Mais do que a própria matéria, o que mais me chamou a atenção foi a iniciativa. Consta lá no G1 que:
O Rock in Rio inaugurou nesta quinta-feira (11), na Escola Municipal Pereira Passos, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio, a primeira sala de música do projeto social “Por um mundo melhor”. Até o início de setembro, outras nove salas serão montadas em unidades da rede municipal de ensino da cidade, indicadas pela Secretaria municipal de Educação.

A cerimônia contou com a participação da vice-presidente do festival, Roberta Medina; da secretária municipal de Educação, Claudia Costin; e do secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro, além de professores da escola e músicos do grupo Monobloco, que promoveram a aula inaugural para alunos do sexto ano. [...] Além de isolamento acústico — para não atrapalhar as demais aulas que acontecem simultaneamente —, ar condicionado e mobiliário, cada sala será equipada com iluminação especial, TV, CD player e DVD e ainda 30 instrumentos de percussão. A expectativa dos organizadores é de que pelo menos 10 mil alunos sejam beneficiados anualmente pela iniciativa. [...] Na ocasião, também foi anunciada a prorrogação da campanha de doação de instrumentos promovida pelo festival, que agora poderão ser entregues nas mais de seis mil agências dos Correios participantes até o dia 2 de outubro. São aceitos todos os tipos de instrumentos, novos ou danificados, que passarão por um processo de avaliação e reparo na oficina de luthier, que será inaugurada nos próximos dias, no Centro de Referência da Juventude da Providência (CRJ), no Centro do Rio. A quarta edição brasileira do Rock in Rio está marcada para os dias 23, 24, 25, 29 e 30 de setembro e 1 e 2 de outubro de 2011, no Parque Olímpico Cidade do Rock, na Barra da Tijuca.

               Chama a atenção ver um festival utilizar a força de sua imagem para uma iniciativa voltada para a cultura e a educação, muito além dos manuais e panfletos, pouco oportunos, do Ministério da Educação. Também, com o que tem sido notícia envolvendo ministérios atualmente, se educação não envolver grandes transações financeiras, necessitará de outros artifícios para chamar a atenção para sua pasta. E aí, o que se vê é o descaso atual dedicado a essa área aqui em nosso país.

               Mas isso foi só para iniciar a Galeria de hoje. O mais importante aqui é a música escolhida para hoje. Do poeta, de coração caipira, Renato Teixeira, é a letra que está logo abaixo.

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QUANDO O AMOR SE VAI
                                  Renato Teixeira

O destino queria
que eu fosse um peão
um vaqueiro matreiro
Mas um dia eu senti
Que queria e podia
Ser um marinheiro
Nas viagens da vida.
Vivi aventuras
E amores primeiros
Fui nesse compasso
Cavalgando mares
Estreitando laços.

Quando o amor se vai,
outro logo vem.
Depois contam histórias
Narrando seus feitos
pela vida afora.

Vi por esses caminhos
Que o amor e a intriga
viajam colados
A paixão e o ciúme
Por serem contidos
viajam calados.
E a gente revira esse mundo
E no fundo, tá tudo acertado
O futuro acontece
E no mesmo momento
Se entrega ao passado.

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               A interpretação é do próprio Renato Teixeira, acompanhado pelo saudoso Pena Branca, em uma gravação realizada no auditório do Ibirapuera, em São Paulo.



               Um  grande abraço para todos!

Wilmar Machado

TERTÚLIA NATIVA - O BURRO E AS POMBAS

O que mais me admira ver
 é como ninguém se admira com a sua fraqueza. 
(Blaise Pascal)


 Amigas e Amigos,

               Enquanto lia algumas matérias publicadas no portal da “Folha de São Paulo” (http://www.folha.uol.com.br), hoje, encontrei uma publicação, abordando algumas “pérolas” sui generis propiciadas por um vereador do DEM, de Jacareí-SP, que atende pela alcunha de “Burro” e do qual nunca ouvira falar, postadas em sua conta oficial em site de relacionamento. O tal Burro agride verbalmente os professores da rede pública, chamando-os – dentre outras citações – de frustrados.

               Deve haver alguma explicação para uma pessoa pública (se isso quis dizer alguma coisa em nosso país, pelos exemplos atuais acredito não fazer mais qualquer diferença) se prestar a tantos impropérios, conforme publicado pela Folha:
Em um dos textos, o político diz que os professores "descontam frustrações nos estudantes". "O professor gostaria de ser Engenheiro, não consegue e vai dar aula de Matemática; outro queria ser Advogado, não consegue e vai dar aula de Português; outro queria ser Médico e vai dar aula de Biologia", disse Burro na sua conta na rede social. O volume de comentários de Burro contra os professores ganhou força no último dia 3 e, até às 13h07 desta quarta-feira, ele já havia postado 17 textos diferentes sobre o tema. No primeiro deles, Burro critica as palestras nas escolas. "Professores adoram palestras nas escolas! Assim eles não precisam dar aulas. Transferem o dever para o visitante. O voluntário faz de graça o que os professores são remunerados para fazer!". Depois de receber críticas de professores, Bueno postou: "Confirmado ficou o Autoritarismo dos professores! Detestam ser contrariados e querem punir, punir e punir. Deveriam educar, mas não são comprometidos o suficiente para isso!". Em um dos comentários acima, Burro critica o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), avaliação promovida pelo governo federal. "Ideb? As crianças são treinadas para o Ideb assim como muitos são treinados para o vestibular!". Na outra postagem, o vereador do DEM fala sobre uma suposta "pedagogia do fracasso": "Se a Escola é onde se cultiva a inteligência a Escola deveria ter mais soluções do que problemas. Os professores se sentem importantes por praticar a Pedagogia do Fracasso!".

               Sem entender direito essa vociferação do aparentemente descontrolado edil, fui procurar algum indício que me permitisse pensar um pouco na origem de tudo isso. Como o dito Burro é vereador, fui buscar alguma realização para ter alguma pista sobre a razão da ojeriza noticiada.

               Encontrei que ele fez uma indicação à Prefeitura de Jacareí para transformar os cargos em comissão de diretores de escolas em cargos efetivos na rede de ensino daquele município, com o objetivo de permitir, segundo o vereador, a igualdade na desenvoltura das atividades pedagógicas em si. Fiquei imaginando se uma atitude de indiferença do executivo para com sua indicação poderia levar a um comportamento sem equilíbrio contra, exatamente, os que seriam, aparentemente, beneficiados com sua proposta. Pensei que não haveria muita lógica.

               Outro momento de atuação na vereança do Sr. Burro foi no encaminhamento de um projeto de lei, no início de 2011, para proibir a alimentação de pombos soltos no município com o intuito de diminuir a proliferação desordenada dessas aves. Apesar de não ter nada a ver com educação ou educadores, mostra que Jacareí deve ser a nova “terra onde corre leite e mel”, pois seus vereadores, desocupados, preocupam-se com a alimentação de aves.

               Quando já estava quase desistindo de encontrar uma explicação, consultei uma base de dados com informações pessoais de todos os candidatos e, entre as informações oficiais, encontrei que o Sr. Burro concluiu o ensino médio – apenas o ensino médio consta em sua ficha – e sua ocupação principal declarada é – pasmem – professor de ensino médio: o professor Burro!



               Apesar da aparente limitada formação do professor Burro (conforme seu currículo declarado), parece que ele recordou bem o tempo em que atuou como professor ao fazer as suas “brilhantes” colocações, a partir, provavelmente, de sua experiência pessoal como formador de “fracassados”. A pergunta que fica é: foi essa sua atuação como (pseudo-) educador responsável por levá-lo a conseguir os aproximadamente 1800 votos que o elegeram para se tornar o paladino exterminador de aves jacareienses?

               Na Tertúlia Nativa de hoje, recordo um causo do Rolando Boldrin, do livro “Contando Causos” (p. 91-93), narrando a epopéia de um candidato burro, também, que na ficção do Boldrin, ao contrário da vida real, não se elegeu.

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POR FALAR EM ELEIÇÃO
                                           Rolando Boldrin

               Sempre que chega uma eleição, me vem uma saudade danada do Genésio, lá de São Joaquim. Aliás, ele não era de lá, ele era do sertão da Bahia. E conta-se que os pais dele chegaram com a trupe de migrantes, um punhado de baianinho quase tudo do mesmo tamanho, e se acostaram lá na minha terra. Nesse tempo, o Genésio devia ter uns 14 anos e todo o pessoal dele trazia aquele sotaque arretado de quem nasceu nos fundões da Bahia.

               Pois bem. Se acostumaram por lá e lá ficaram, até restar apenas o Genésio, que devia ter uns 50 anos quando resolveu, por ser figura muito popular, se candidatar a deputado.

               É preciso que se diga que o simpático Genésio era analfabeto de pai e mãe. E, além de tudo, apesar de já morar em São Joaquim da Barra, estado de São Paulo, e já ter vivido e convivido com meus conterrâneos paulistas uns 36 anos, mesmo assim o nosso Genésio não perdia aquele sotaque de baiano da molesta. Mas, como tinha adotado a minha cidade como sua, e por ela tinha um amor declarado, ai de quem tivesse a ousadia de falar mal da nossa terrinha. O Genésio era capaz de sair, como lá diz o outro, no pau com o dito cujo.

               Isso posto, vamos à campanha política que deveria eleger aquele simpático baiano sem letras ao título pretensioso de deputado. Me lembrei do Genésio só pra contar o tanto que era curioso o seu discurso no palanques de lá. Ele estava sempre acompanhado, como é natural, dos seus grandes cabos eleitorais, onde tem sempre aquele que dá os palpites apelativos ao pé do ouvido do candidato.

CABO ELEITORAL (ao ouvido do Genésio) – Fala da fome, Genésio.

               E ele falava...

               Mas o que era muito engraçado, e atraía a multidão da cidade aos seus comícios, era principalmente o bordão que o Genésio usava para abrir cada comício.

GENÉSIO (com o sotaque do sertão da Bahia) – Eu sou a fulo que nasceu na Bahia... e veio dá o botão aqui em São Joaquim da Barra.

               Era risada geral.

GENÉSIO (em tom sempre discursivo) – A Assembléia ge-néis-la-tiva, de Sum Paulo, vai ter lá... se eu ganhá as inleição – um verdadeiro trabaiadô para o povo. Vô trabaiá quinem um leão da Áfra (África). E quem quisé vortá nimim... que vorte... quem num quisé vortá... qui num vorte... Agora... se eu ganhá as inleição... aí daqueles qui estão iscondido atrás dos toco (ameaçava todo mundo ingenuamente).

               Nessas caminhadas discursivas, eis que o Genésio e seus comandados chegam até a cidade de Ituverava, que fica perto de São Joaquim. E lá também foi a mesma lengalenga.

GENÉSIO – Eu sou a fulo que nasceu na Bahia e veio dá o botão em São Joaquim da Barra. Povo de I-ga-ra-pa-va.

CABO ELEITORAL (corrigia ao pé do ouvido dele) – Genésio! Não é Igarapava, é Ituverava.

GENÉSIO – Povo de I-tum-bi-ara...

CABO – Genésio! Você errou de novo. Não é Itumbiara e sim Ituverava.

GENÉSIO (encerrando o papo bem ao microfone, para todos ouvirem) – Dêxa de sê burro, ô cabo! Pois tu num sabe que cidade do interiô é tudo a mêma m...

               Claro que o querido Genésio perdeu as “inleição”...

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               A música para traduzir a imagem que fiquei do professor Burro, hoje, é de João Pantaleão Leite e Gildinho, com o grupo Os Monarcas, que tem por título “Coisa Irritante”.


               Um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado

terça-feira, 9 de agosto de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - SANTA CLARA E A IMAGEM DA DOR


 A mais pequenina dor que diante de nós se produz
e diante de nós geme,
põe na nossa alma uma comiseração e na nossa carne um arrepio,
que lhe não dariam as mais pavorosas catástrofes passadas longe,
noutro tempo ou sob outros céus. 
(Eça de Queirós)

Amigas e Amigos,

               Na página de Cultura do portal do periódico “O Estado de São Paulo” (http://www.estadao.com.br), foi publicada uma matéria sobre a campanha iniciada hoje, nas redes sociais, com a participação de astros da música, ao som de uma música de Bob Marley, contra a fome no nordeste da África. Diz o referido jornal que:
Mais de 150 artistas – incluindo Lady Gaga, U2, Justin Bieber, Jay-Z, The Rolling Stones e Paul McCartney – estão usando o Facebook e o Twitter para conclamar seus fãs a doarem dinheiro para ajudar as numerosas famílias que passam fome na região. A campanha, intitulada "I'm Gonna Be Your Friend" (Serei seu amigo), pode ser vista no endereço www.imgonnabeyourfriend.com. Ela mostra um clipe da canção "High Tide or Low Tide", gravada em 1973 por Bob Marley & The Wailers, junto com imagens de crianças desnutridas. A direção do clipe ficou a cargo do premiado cineasta Kevin Macdonald. Cerca de 12 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome no chamado Chifre da África, sendo 3,6 milhões na Somália, segundo a ONU. A campanha pretende alcançar 1 bilhão de pessoas, contando com a ajuda de parceiros como Universal Music Group, Yahoo, Facebook, AOL, MSN, YouTube e Twitter. Doações e downloads de "High Tide or Low Tide" ao custo de 1,29 dólar serão entregues à ONG Save the Children, que fez um apelo para levar água, comida e remédios às vítimas da fome. Outros participantes incluem Sting, David Beckham, Eminem, Rihanna, Annie Lennox, Bruno Mars, Madonna, Ricky Martin e Lily Allen.

               A matéria do “Estadão” trocou o final do endereço onde a campanha aparece, que é www.imgonnabeyourfriend.org, local onde o clipe também está disponível. Acredito que vale a pena ver e, se durante a exibição, alguma lágrima insistir em molhar seu rosto, agradeça a Deus por ter um coração. As imagens são fortes, mas à distância são apenas imagens que dão idéia da situação sem, efetivamente, nos fazerem experimentar esse desespero de crianças e adultos sem espaço para esperança.

               No site da campanha pode ser visto outras celebridades que estão aderindo ao apelo além das citadas na matéria acima. Ainda que possamos ter certeza que uma campanha é muito pouco para melhorar a situação daquele pedaço da África, não podemos esquecer que aquelas crianças e aqueles adultos, enquanto esperam por melhores dias, precisam de um copo d’água e um pão para sobreviverem hoje.



               O clipe, com imagens dolorosas, serviu também para me recordar que no próximo dia 11 de agosto será celebrada a Festa de Santa Clara, que foi proclamada em 21 de agosto de 1958, pelo papa Pio XII, como a Padroeira da Televisão, exatamente por ser agraciada com uma projeção sem qualquer intervenção técnica um ano antes de sua morte. Um resumo da vida dessa Santa pode ser encontrado no portal das Irmãs Paulinas (http://www.paulinas.org.br), que diz:
Clara nasceu em Assis, no ano 1193, no seio de uma família da nobreza italiana, muito rica, onde possuía de tudo. [...]  No dia 18 de março de 1212, aos dezenove anos de idade, fugiu de casa e, humilde, apresentou-se na igreja de Santa Maria dos Anjos, onde era aguardada por Francisco e seus frades. Ele, então, cortou-lhe o cabelo, pediu que vestisse um modesto hábito de lã e pronunciasse os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência. Depois disso, Clara, a conselho de Francisco, ingressou no Mosteiro beneditino de São Paulo das Abadessas, para ir se familiarizando com a vida em comum. Pouco depois foi para a Ermida de Santo Ângelo de Panço, onde Inês, sua irmã de sangue, juntou-se a ela. [...] Em agosto, quando ingressou Pacífica de Guelfúcio, Francisco deu às irmãs sua primeira forma de vida religiosa. Elas, primeiramente, foram chamadas de "Damianitas", depois, como Clara escolheu, de "Damas Pobres", e finalmente, como sempre serão chamadas, de "Clarissas". [...] O testemunho de fé de Clara foi tão grande que sua mãe, Ortolana, e mais uma de suas irmãs, Beatriz, abandonaram seus ricos palácios e foram viver ao seu lado, ingressando também na nova Ordem fundada por ela. [...] Em 1226, Francisco de Assis morreu e Clara teve visões projetadas na parede da sua pequena cela. Lá, via Francisco e os ritos das solenidades do seu funeral que estavam acontecendo na igreja. Anteriormente, tivera esse mesmo tipo de visão numa noite de Natal, quando viu, projetado, o presépio e pôde assistir ao santo ofício que se desenvolvia na igreja de Santa Maria dos Anjos. Por essas visões, que pareciam filmes projetados numa tela, santa Clara é considerada Padroeira da Televisão e de todos os seus profissionais. Depois da morte de São Francisco, Clara viveu mais vinte e sete anos, dando continuidade à obra que aprendera e iniciara com ele. [...] No dia 11 de agosto de 1253, algumas horas antes de morrer, Clara recebeu das mãos de um enviado do papa Inocêncio IV a aguardada bula de aprovação canônica, deixando, assim, as sua "irmãs clarissas" asseguradas. Dois anos após sua morte, o papa Alexandre IV proclamou Santa Clara de Assis.

               No Brasil, desde 2005, existe o “Prêmio Clara de Assis para a Televisão”, criado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para estabelecer um espaço de diálogo entre a Igreja Católica e os profissionais da televisão brasileira, com o objetivo de contribuir para a educação através de uma leitura crítica da comunicação televisiva.

               Para que possamos perceber a África bem mais perto de nós do que a sensação provocada pela distância geográfica, sugiro orarmos, pedindo a intercessão de Santa Clara de Assis para que a justiça aconteça no mundo e para não fugirmos de nossas responsabilidades diante desses dramáticos apelos.

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ORAÇÃO A SANTA CLARA


Ó heróica Virgem Santa Clara, que,
Em hora perigosa para a paz do vosso Mosteiro e da vossa pátria,
Superando medo e fraqueza, e animada de fé inabalável,
Dirigistes ao Coração Eucarístico de Jesus esta prece:
“Ó Senhor, não entregueis às feras as almas que em Vós confiam!
Vós que desassombradamente enfrentastes os bárbaros”.
E, levantando o sagrado Cibório,
Pusestes os invasores em precipitada fuga,
Hoje acolhei benigna, as nossas orações
E apresentai-as juntamente com as vossas ao trono do Divino Cordeiro,
Para nos obterdes misericórdia.
Oferecei ao seu Coração compassivo,
Nestes dias de provação,
As angústias dos corações e os sofrimentos físicos dos povos.
A Ele repeti mais uma vez a vossa oração
Confiante da justiça para o mundo,
À tranquilidade e prosperidade para o Brasil,
E para todos mais ardente amor à Eucaristia!
Assim seja!

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               A música para o Oratório Campeiro de hoje é “São Francisco”, com Sílvio Brito.


               Um grande abraço para todos e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - "PARCERIA" AGRICULTURA & TRANSPORTE

A índole do homem, ou busca boas ervas ou ervas daninhas;
 por isso mesmo, deixai regar, a seu talante, umas, e destuir as outras.
(Francis Bacon)



Amigas e Amigos,


               Parece que o PMDB ficou incomodado com a projeção do PR nas últimas semanas e resolveu mostrar que ainda tem muito “poder” na estrutura do atual governo. Como é muito maior do que o partido encarregado do “loteamento” da área de transportes, o partido que sucedeu o MDB (de Tancredo e Ulysses) dá idéia de que pode “gerar” corrupção com maior intensidade (se bem que nesse assunto nem sempre quantidade é proporcional a valores envolvidos).



               Se havia alguma preocupação com o escoamento de nossas safras, pelos escândalos envolvendo a área de transportes, pode-se observar que as preocupações das áreas que comandam a agricultura são com outros “valores”. Segundo matéria do jornal Folha de São Paulo (http://folha.uol.com.br), a agricultura virou cabide de emprego para a cúpula do PMDB, com loteamento de cargos iniciado a época em que o atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, dirigia a Conab, entre junho de 2007 e março de 2010, quando multiplicou o número de assessores do gabinete da presidência da entidade de 6 para 26 postos, que só foram totalmente preenchidos quando Lula trouxe Rossi para seu ministério.

               Na matéria acima referida, está dito que:
Neste ano, já no governo de Dilma Rousseff, foram definidas 21 nomeações. Algumas contratações foram assinadas de próprio punho pelo ministro, homem de confiança do vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do PMDB. Receberam cargos, entre outros, um filho de Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado; a ex-mulher do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara; um neto do deputado federal Mauro Benevides (CE); e um sobrinho de Orestes Quércia, ex-governador e ex-presidente do PMDB de São Paulo, que morreu no ano passado. [...] Funcionários antigos da Conab disseram à Folha que nunca viram Adriano [sobrinho de Quércia] por lá - nem o neto de Benevides, Matheus. Ambos dizem que trabalham normalmente. Os funcionários da Conab indicados pelo PMDB recebem salários de R$ 7,8 mil a R$ 10 mil por mês. [...] A associação de servidores da Conab alertou o Palácio do Planalto para a ocupação política da empresa seguidas vezes neste ano. A única providência conhecida foi tomada pela Casa Civil, que remeteu as acusações ao próprio ministro da Agricultura, alvo principal da reclamação.


               Hoje, à tarde, o ministro Rossi convocou a imprensa para explicações em uma entrevista coletiva, onde negou conhecer o lobista Júlio Fróes – que, segundo a revista Veja teria uma sala exclusiva no ministério para a defesa de interesses de empresas tidas como clientes do lobista.

               Em notícia publicada no portal G1 (http://g1.com.br), o ministro afirma que irá investigar as denúncias e se disse preparado para qualquer tipo de investigação por não ter cometido qualquer irregularidade. Conforme o G1, sobre as denúncias de ilegalidades na contratação de funcionários da Conab, Rossi:
afirmou que não há ilegalidade na contratação de funcionários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e afirmou que todos os atuais ocupantes de cargos na empresa são competentes e se enquadram nas exigências dos cargos. Rossi admitiu que as indicações de diferentes partidos para cargos na Conab têm "criado problemas" e disse que está trabalhando para resolver isso. [...] Sobre o uso de funcionários da Conab no Ministério da Agricultura e sobre a contratação de parentes de políticos, Rossi afirmou que não há ilegalidade nos dois aspectos. Segundo ele, mais de cem funcionários da Conab atuam no ministério, recebem salário pela estatal, sem adicionais ou vantagens extras por atuarem fora. [...] “Não ponho, não aceito e não tenho nenhum fantasma. Não ponho funcionário na folha de pagamento do governo que não trabalhe, seja filho de quem for. Não há ilegalidade indicar qualquer pessoa desde que ela tenha competência. Não tenho nenhum parente em cargo qualquer em qualquer instância de governo e não faço essas indicações, mas considero absolutamente legítimo que as pessoas possam indicar pessoas que cumprirem todos os requisitos”, declarou.

               Acredito que a coletiva, cercada de alguma expectativa, serviu para quase nada. A técnica no “eu não sabia” e “eu não conheço”, já utilizada no governo anterior para “blindagem” em relação a escândalos, foi a preferida pelo ministro. Ainda deverá apodrecer muito “produto” neste “silo”. E até o momento que alguém prove alguma coisa, muitos patrimônios evoluirão como só evoluem, atualmente, os patrimônios de homens (?) públicos, conforme nossa história mais recente. Puxemos as cadeiras e sentemos para esperar e, na hipótese de se instaurar uma CPI, comeremos, bem acomodados, o nosso pedaço de pizza.

               Para melhorar a segunda-feira, a música escolhida neste Abrindo a Porteira é “Tropa”, do compositor, folclorista, comunicador e violeiro, de São João Del Rei-MG, Chico Lobo. A interpretação é do próprio Chico Lobo com a companhia do saudoso cantador Pena Branca.


               Até a próxima e um grande abraço!

Wilmar Machado

PROSA DE DOMINGO - A GREVE QUE ESCANDALIZA

Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios.
 Eles estão convictos da sua excelência,
da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras),
de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
(Alexandre O'Neill)

Amigas e Amigos,

               Na Prosa de hoje, recupero uma notícia da última sexta-feira da página de Notícias do Portal UOL (http://noticias.uol.com.br),  sobre a ameaça de greve feita pela associação de juízes com o objetivo de reivindicar o aumento de salário de magistrados.

               A matéria do UOL inicia com o seguinte teor:
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) manifestou hoje (5), por meio de nota, o descontentamento com a posição do governo de não autorizar, este ano, reajuste dos salários dos magistrados. De acordo com o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), a Casa não irá votar o aumento de 14,79% encaminhado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. “A posição do governo pode, lamentavelmente, precipitar uma nova paralisação ou greve geral da categoria”, alertou o presidente da Ajufe, Gabirel Wedy. A entidade fará assembleia no dia 17 de agosto para decidir o que fazer diante da posição da liderança do governo. Em abril, a Ajufe organizou um dia de paralisação e, agora, já considera promover pelo menos uma semana de greve em setembro.

               Fico pensando se a sociedade chegará a perceber uma semana de paralisação de quem, invariavelmente, produz muito pouco. Não estou dizendo que essa classe que ameaça a paralisação trabalhe pouco, porque acredito que muitos trabalhem muito. Falo de produção, o que necessariamente não está associado a muito trabalho, mas a trabalho bem planejado e bem executado – pelo menos.



               Na seqüência da matéria, pode-se encontrar:
Para Wedy, a alegação de falta de recursos é improcedente porque, segundo ele, a Justiça Federal é superavitária em R$ 4 bilhões. “Os juízes federais arrecadam nas varas de execução fiscal R$ 11 bilhões por ano. O custo total do Judiciário Federal, incluindo salários e infraestrutura, é R$ 6,3 bilhões”. A entidade já ajuizou duas ações no STF para que a Corte determine ao Congresso Nacional a votação imediata da proposta de aumento dos salários.

               Parece que a idéia da Ajufe é algo além de “participação nos lucros”, pois o entendimento aparente é de que a arrecadação propiciada pelos juízes federais é para ser repartida entre os ilustres magistrados. E se alguém pensar que a arrecadação governamental deveria ser aplicada em educação, saúde e segurança pública, penso que pode repensar, pois se todas as classes responsáveis por arrecadação utilizarem a mesma fórmula (válida para juízes federais), tudo o que for arrecadado será repartido entre os “arrecadadores”.

               Para uma boa reflexão, vale à pena verificar quanto estão recebendo os juízes federais, por mês, para trabalhar em horários com certa liberdade e com vários recessos anuais, além de férias e facilidades para algumas outras atividades – por exemplo, nas áreas de educação e comunicação (com remuneração adicional). Será que esses salários recebidos por esses magistrados suportam uma comparação com semelhantes de outros países, talvez até com justiça menos lenta? Comparar esses salários (que devem ultrapassar a faixa dos R$ 20 mil/mês) com o salário de professores (que, ao contrário dos magistrados, cumprem metas e não deixam acumular aprovação ou reprovação de alunos para o próximo período letivo) poderá parecer brincadeira de mau gosto.

               Enquanto a justiça dos homens, por aqui, tarda e falha, a música para a Prosa de Domingo é de autoria de Geraldinho e Léu, com a dupla Liu & Léu, “O Juiz e o Réu”, do “vinil” de 1983 “O Ipê Florido”.


               Um grande abraço e que tenhamos uma agradável segunda-feira!

Wilmar Machado