segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - "PARCERIA" AGRICULTURA & TRANSPORTE

A índole do homem, ou busca boas ervas ou ervas daninhas;
 por isso mesmo, deixai regar, a seu talante, umas, e destuir as outras.
(Francis Bacon)



Amigas e Amigos,


               Parece que o PMDB ficou incomodado com a projeção do PR nas últimas semanas e resolveu mostrar que ainda tem muito “poder” na estrutura do atual governo. Como é muito maior do que o partido encarregado do “loteamento” da área de transportes, o partido que sucedeu o MDB (de Tancredo e Ulysses) dá idéia de que pode “gerar” corrupção com maior intensidade (se bem que nesse assunto nem sempre quantidade é proporcional a valores envolvidos).



               Se havia alguma preocupação com o escoamento de nossas safras, pelos escândalos envolvendo a área de transportes, pode-se observar que as preocupações das áreas que comandam a agricultura são com outros “valores”. Segundo matéria do jornal Folha de São Paulo (http://folha.uol.com.br), a agricultura virou cabide de emprego para a cúpula do PMDB, com loteamento de cargos iniciado a época em que o atual ministro da Agricultura, Wagner Rossi, dirigia a Conab, entre junho de 2007 e março de 2010, quando multiplicou o número de assessores do gabinete da presidência da entidade de 6 para 26 postos, que só foram totalmente preenchidos quando Lula trouxe Rossi para seu ministério.

               Na matéria acima referida, está dito que:
Neste ano, já no governo de Dilma Rousseff, foram definidas 21 nomeações. Algumas contratações foram assinadas de próprio punho pelo ministro, homem de confiança do vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do PMDB. Receberam cargos, entre outros, um filho de Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado; a ex-mulher do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara; um neto do deputado federal Mauro Benevides (CE); e um sobrinho de Orestes Quércia, ex-governador e ex-presidente do PMDB de São Paulo, que morreu no ano passado. [...] Funcionários antigos da Conab disseram à Folha que nunca viram Adriano [sobrinho de Quércia] por lá - nem o neto de Benevides, Matheus. Ambos dizem que trabalham normalmente. Os funcionários da Conab indicados pelo PMDB recebem salários de R$ 7,8 mil a R$ 10 mil por mês. [...] A associação de servidores da Conab alertou o Palácio do Planalto para a ocupação política da empresa seguidas vezes neste ano. A única providência conhecida foi tomada pela Casa Civil, que remeteu as acusações ao próprio ministro da Agricultura, alvo principal da reclamação.


               Hoje, à tarde, o ministro Rossi convocou a imprensa para explicações em uma entrevista coletiva, onde negou conhecer o lobista Júlio Fróes – que, segundo a revista Veja teria uma sala exclusiva no ministério para a defesa de interesses de empresas tidas como clientes do lobista.

               Em notícia publicada no portal G1 (http://g1.com.br), o ministro afirma que irá investigar as denúncias e se disse preparado para qualquer tipo de investigação por não ter cometido qualquer irregularidade. Conforme o G1, sobre as denúncias de ilegalidades na contratação de funcionários da Conab, Rossi:
afirmou que não há ilegalidade na contratação de funcionários da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e afirmou que todos os atuais ocupantes de cargos na empresa são competentes e se enquadram nas exigências dos cargos. Rossi admitiu que as indicações de diferentes partidos para cargos na Conab têm "criado problemas" e disse que está trabalhando para resolver isso. [...] Sobre o uso de funcionários da Conab no Ministério da Agricultura e sobre a contratação de parentes de políticos, Rossi afirmou que não há ilegalidade nos dois aspectos. Segundo ele, mais de cem funcionários da Conab atuam no ministério, recebem salário pela estatal, sem adicionais ou vantagens extras por atuarem fora. [...] “Não ponho, não aceito e não tenho nenhum fantasma. Não ponho funcionário na folha de pagamento do governo que não trabalhe, seja filho de quem for. Não há ilegalidade indicar qualquer pessoa desde que ela tenha competência. Não tenho nenhum parente em cargo qualquer em qualquer instância de governo e não faço essas indicações, mas considero absolutamente legítimo que as pessoas possam indicar pessoas que cumprirem todos os requisitos”, declarou.

               Acredito que a coletiva, cercada de alguma expectativa, serviu para quase nada. A técnica no “eu não sabia” e “eu não conheço”, já utilizada no governo anterior para “blindagem” em relação a escândalos, foi a preferida pelo ministro. Ainda deverá apodrecer muito “produto” neste “silo”. E até o momento que alguém prove alguma coisa, muitos patrimônios evoluirão como só evoluem, atualmente, os patrimônios de homens (?) públicos, conforme nossa história mais recente. Puxemos as cadeiras e sentemos para esperar e, na hipótese de se instaurar uma CPI, comeremos, bem acomodados, o nosso pedaço de pizza.

               Para melhorar a segunda-feira, a música escolhida neste Abrindo a Porteira é “Tropa”, do compositor, folclorista, comunicador e violeiro, de São João Del Rei-MG, Chico Lobo. A interpretação é do próprio Chico Lobo com a companhia do saudoso cantador Pena Branca.


               Até a próxima e um grande abraço!

Wilmar Machado

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