quinta-feira, 14 de junho de 2012

TERTÚLIA NATIVA – TREM ESQUISITO: DORMIU LEGAL; ACORDOU ILEGAL


É tal a falibilidade dos juízos humanos,
que muitas vezes os caminhos por onde esperamos chegar à felicidade
conduzem-nos à miséria e à desgraça.
(Marquês de Maricá)




Amigas e Amigos,



Parece que a cachoeira da corrupção tem mais vazão do que poderia ser imaginável. Notícias sobre novos rumos para as gravações que envolvem o empresário zoofílico Carlinhos Cachoeira podem levar ao relaxamento de sua prisão.




Voltando apenas sessenta dias, pode ser encontrado no portal da revista Época, do dia 13/04/20012, notícias sobre a legalidade das escutas contra o senador Demóstenes e Carlinhos Cachoeira. A revista noticiou que:
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, negou o pedido feito pelos advogados do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) para desconsiderar as gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na operação Monte Carlo, informa o jornal O Globo. As gravações mostram a ligação entre o senador com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. [...] O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também argumentou nesta sexta-feira (13) que as escutas feitas pela Polícia Federal são legais. Segundo Gurgel, não era necessária autorização especial do STF, porque o alvo inicial das escutas era Carlinhos Cachoeira. O senador Demóstenes jamais foi alvo das interceptações telefônicas. “As interceptações tinham por alvo Cachoeira e outras pessoas não detentoras de prerrogativa de foro e por isso podiam ser, como foram, autorizadas pela Justiça Federal em Goiás", disse. Segundo Gurgel, a descoberta da relação entre Cachoeira e Demóstenes foi um "achado fortuito".


Com toda a coerência que se observa no tratamento dado pelos homens da justiça para qualquer assunto, o portal R7 informou, no último dia 12/06 que o relator do processo na Justiça Federal pode tirar o bicheiro da prisão por considerar ilegal as gravações do Cachoeira. Informa o referido portal que:
O desembargador Tourinho Neto, da 3ª Turma do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, considerou nesta terça-feira (12) que são ilegais as gravações feitas pela PF (Polícia Federal) que servem como prova contra o contraventor Carlinhos Cachoeira. O magistrado sugeriu ainda que as escutas sejam retiradas dos autos do processo. [...]  No voto, o relator do processo, juiz Tourinho Neto, afirmou que o direito à privacidade, que inclui o sigilo de comunicações telefônicas, é garantia constitucional pétrea, que estabelece que a interceptação telefônica só é admissível por exceção, “em situações que não estão caracterizadas no caso sob análise”. Não há prazo para o TRF-1 decidir o habeas corpus. A terceira turma se reúne semanalmente, às segundas-feiras, e, quinzenalmente, às terças-feiras, mas o desembargador Ribeiro não é obrigado a retomar o caso na próxima semana, e sim quando tiver seu voto pronto. Caso a tese de Tourinho Neto prevaleça, a interceptação telefônica contra Cachoeira será declarada nula e as provas dela derivadas, ilegais. A decisão, se confirmada, significará a liberdade imediata para o bicheiro e o enfraquecimento das acusações que há contra ele.


Acredito que, como diz um provérbio português, “muita água passará debaixo da ponte”, pois aparentemente a cachoeira não parará de “verter” tão cedo. E sabe-se lá o que anda correndo nesses rios (mas deve ser muito!).

Junte-se a isso, o verdadeiro passatempo de senadores e deputados, conhecido como CPI, que consegue transformar nosso Congresso em algo próximo a um grande teatro de araque, com produções mal ensaiadas e interpretações de sofríveis canastrões. Os conluios com os governadores Marcondes e Agnelo deram o tom dos últimos dias, comprovando a idéia do Gran Circo, onde cada um deles compareceu com sua claque. E foi feita a festa...

Pensando nessa “evolução espontânea” da justiça, na avaliação das gravações – a contravenção, a apropriação de dinheiro público, o envolvimento de políticos e outros tantos – lembrei de um causo do livro “Causos de Fronteira”, do escritor e  professor uruguaianense Luís Alberto Ibarra, que transcrevo abaixo pelo medo que determinadas “evoluções” provocam em algumas pessoas.  


=========================================

                                 
O TREM
                        Luís Alberto Ibarra

O Juca era um guri criado na campanha, que não conhecia o “povo”, isto é, a cidade.

O pai era invernador e certa feita negociou uma ponta de bois com a Cooperativa. Como Juca já estava taludinho, decidiu confiar ao filho a tarefa de tropear o gado, junto com alguns peões da estância.

Mas fez uma recomendação muito importante: cuidado quando tiver que passa os trilhos. É muito perigoso. Antes de atravessar tem que olhar bem para os dois lados.

No dia marcado, lá se foi o Juca e a peonada, tropeando as 200 cabeças, rumo ao frigorífico da Cooperativa.

Bueno, mas quando o “velho” foi acertar as contas na Cooperativa, em lugar de 200 bois, só constava 180.

Chamou o filho e perguntou:

– Mas não eram 200 cabeças, Juca?

– Eram, pai, mas aconteceu o seguinte: na hora de cruzar os trilhos, cuidei, cuidei e como não vinha nada, mandei tocar a tropa. Quando estava bem no meio apareceu aquele baita bicho, bufando, e atropelou 20 bois. E a sorte que o bicho veio de frente, porque se vem de lado, eram um tendal, matava toda a tropa.

Daí uns dias, o Juca foi ao “povo” e quando passou frente a uma loja viu um trenzinho andando numa linha de trilhos circular. Não se conteve. Entrou e pisoteou o trenzinho, destruindo-o completamente, ante a surpresa geral.

– Mas o que é isso? – perguntou o proprietário espantado.

– Esse bichinho tem que matar quando pequeno, porque depois que cresce, causa um baita estrago – respondeu o Juca.

=========================================


         Para animar a Tertúlia de hoje, deixo a música "Trem do Pantanal", de Paulo Simões e Geraldo Roca, na interpretação de Almir Sater.



         Um grande abraço e até a próxima!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

ORATÓRIO CAMPEIRO – SANTO ANTÔNIO E A CORRUPÇÃO


Quando te sorriem prosperidade mundana e prazeres,
não te deixes encantar; não te apegues a eles;
brandamente entram em nós,
mas quando os temos dentro de nós, nos mordem como serpentes.
(Santo Antônio)






Amigas e Amigos,



Este Oratório Campeiro, neste Dia dos Namorados, é dedicado a todas e a todos que vivem um agradável relacionamento com a pessoa amada. E como amanhã é Dia de Santo Antônio, que por aqui carrega a fama de casamenteiro, a homenagem é feita com a lembrança especial deste Santo.



Santo Antônio é invocado com tanta devoção por todo mundo, conhecido em Portugal como Santo Antônio de Lisboa – cidade portuguesa onde nasceu – e na maior parte do mundo como Santo Antônio de Pádua – localidade da Itália onde morreu.

O portal das Paulinas, ao apresentar um resumo da vida de Santo Antônio, destaca que ele “pregava contra as novas formas de corrupção nascidas do luxo e da avareza dos ricos e poderosos das cidades”.

Santo Antônio, que foi batizado Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo em 1195 e viveu até 1231, talvez hoje cansasse de pregar nesta terra do pau-brasil onde indícios de corrupção, a cada novo dia, brotam mais do que chuchu na serra. O jornal Folha de São Paulo, nesta terça-feira trouxe uma matéria sobre a opinião de um dos réus do mensalão, Delúbio Soares, que acredita que a imprensa já condenou o PT e defende sua ideia com “argumentos” que poderiam convencer cegos, surdos e esquecidos – desde que acumulassem os três problemas. Diz a Folha que:
O ex-tesoureiro do Diretório Nacional do PT Delúbio Soares disse ontem que a imprensa já condenou os réus do partido no julgamento do mensalão. "Estamos condenados pela imprensa, mas não podemos baixar a cabeça. A denúncia, com todo o respeito ao Procurador-Geral da República, foi uma fantasia", disse Delúbio em reunião com um grupo de aliados em Morrinhos (GO). "Quem for candidato do PT tem que se vacinar. Esse negócio do mensalão vai sair na mídia todo dia: 'Dirceu é ladrão, Delúbio é ladrão'. E os adversários vão pegar esse embalo", afirmou. Na reunião em Morrinhos estavam presentes cerca de 30 integrantes do partido, entre eles possíveis candidatos nas próximas eleições. Delúbio Soares é um dos 38 réus no processo do mensalão, cujo julgamento deve ter início no dia 1º de agosto no STF (Supremo Tribunal Federal). Ex-dirigente da sigla, Delúbio é acusado pelo Ministério Público Federal de integrar o núcleo político do esquema, revelado em 2005. Ele responde por crimes de corrupção e formação de quadrilha pelo suposto envolvimento no esquema de compra de parlamentares da base do governo ocorrido no primeiro mandato do ex-presidente Lula. Delúbio diz que o julgamento vai prejudicar os partidos da base aliada nas próximas eleições, em outubro: "Julgando agora, ou daqui a dois meses, ou três meses, o processo está entrando em fase de maturação para ser julgado. Não tenho medo para ser julgado agora em agosto, mas acho vai prejudicar as campanhas eleitorais dos partidos aliados", afirmou. A apresentação de Delúbio em Morrinhos faz parte de uma caravana promovida pelo ex-tesoureiro diversas cidades do interior do país. Com foco no interior, Delúbio vem intensificando essas "palestras", sempre repetindo o discurso de que o mensalão foi "uma fantasia".


Talvez o mensalão não tenha sido apenas uma fantasia, mas um verdadeiro desfile de fantasias onde poderia se encontrar grandes destaques como “A Maleta Recheada”, “A Cueca Endinheirada”, “O Banco da Esperança”, “O Político Adulterado”, “O Gestor Alienado” e tantas outras. Como destaque, tinha até uma fantasia de personagem de histórias em quadrinhos: o “Pinduca” (criado por Carl Anderson em 1932, conhecido também como o Carequinha, considerado o maior clássico do chamado “quadrinho pantomímico”).

A oração desta semana junina (disponível na página da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, de Curitiba-PR – http://www.ocapuchinho.com.br) é para o taumaturgo Santo Antônio, nesses tempos em que sinais de corrupção e, consequente, violência se espalham pelo Brasil.


        

==========================================


ORAÇÃO CONTRA A CORRUPÇÃO E A VIOLÊNCIA NO BRASIL




Pai Celeste, 

Por vosso imenso amor criastes os homens e as mulheres

E todo o universo para que vivam segundo os vossos desígnios

E tenham vida plena e felicidade.


Abençoastes o nosso Brasil com riquezas naturais

E abundância de recursos humanos

Para serem utilizados para a vossa glória

E para o bem estar de todos os que aqui vivem.


Estamos profundamente amargurados

Pelo mau uso que fazemos dos vossos dons

E da vossa generosidade,

Provocando injustiças e corrupção,

E fazendo com que muitos de nossos irmãos

Sofram fome e doenças, vivam na ignorância

E sejam vítimas da violência.


Pai, somente vós podeis salvar a nossa nação deste flagelo.


Transformai as nossas vidas,

Convertei nossos corações e de nossos governantes,

De modo que todos se conscientizem

Do mal causado pela corrupção e pela violência

E possamos lutar com todas as nossas forças para eliminá-las.


Ajudai-nos a não cair nessas tentações

E dai-nos forças para construir um mundo novo

Baseado no amor recíproco.

Suscitai em nosso país um povo que vos ame

E governantes comprometidos com o bem comum,

Guiando nossos passos pelos caminhos

Da justiça, da paz e da prosperidade.


Isto vos pedimos por Jesus Cristo, nosso Senhor.


Amém!


==========================================




         A música para marcar este Oratório é a marchinha “Isto é lá com Santo Antônio”, de Lamartine Babo, com Carmen Miranda e Mário Reis, em uma gravação de 1934.


 

         Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

ABRINDO A PORTEIRA – DOCE FENADOCE

Os melhores petiscos são aqueles que não podem ser comprado
 - por muito dinheiro ou amor que se tenha –
mas somente adquiridos por ter nascido e vivido num determinado lugar;
por ser filho, sobrinho ou compadre de determinadas pessoas.
(Miguel Esteves Cardoso)





Amigas e Amigos,


Nesta semana, o destaque para seu início aqui no Blog, fica com a matéria do portal G1 sobre a 20ª Fenadoce (Feira Nacional do Doce), que começou no último dia 30 de maio e terminará no próximo dia 17 de junho, em Pelotas-RS, e que já vendeu mais de 1 milhão e 200 mil doces. A organização do evento estimou em 370 mil os doces vendidos somente no último fim de semana.





Alguns exemplos dessas guloseimas aparecem na foto acima – o Bem Casado, a Panela de Coco, o Pastel de Santa Clara, o Camafeu, o Quindim e o Olho de Sogra – e se você já experimentou alguma “cópia” delas, pode ter certeza que a fama dos originais é merecida e só experimentando para comprovar. Para conhecer um pouco mais da história desses e dos demais doces de Pelotas é só acessar a página http://www.fenadoce.com.br.

Para as doceiras da cidade, um momento importante no decorrer desta 20ª Feira foi a identificação de procedência dos doces de Pelotas, que possuem agora um Selo de Autenticidade como diferencial de mercado e com proteção contra imitações. Os doces de Pelotas fazem parte, agora, do grupo em que se encontram os charutos de Cuba, os espumantes de Champagne e os vinhos do Porto, produtos com garantia de qualidade reconhecida e procedência específica.

Sobre a certificação, o portal G1 noticiou, no último dia 4 de junho, que:
Os doces de Pelotas, no Rio Grande do Sul, receberam o Selo de Indicação Geográfica durante a realização da Fenadoce, Feira Nacional dos Doces. A certificação foi autorizada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que reconheceu a qualidade e a tradição das quitandas do município. Não se sabe exatamente desde quando a produção de doces virou tradição em Pelotas, município localizado no sul gaúcho. Mas sabe-se que as delícias de influência portuguesa existem pela região há mais de 150 anos. Em agosto de 2011, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial concedeu o Selo de Indicação Geográfica a 14 variedades de doces. As fábricas passaram por uma inspeção do conselho regulador da associação, que avaliaram documentação, higiene das instalações, qualidade dos ingredientes e características dos doces. A partir de agora, identificar os doces tradicionais de Pelotas ficou fácil. Além do selo, eles são embalados com uma renda, que é padrão e deve ser usada por todas as doceiras autorizadas a usar a identificação geográfica.

A música de hoje para abrir a porteira para mais uma semana é “Pelotas”, de Kleiton Ramil e Kledir Ramil, com interpretação dos autores e imagens da minha cidade natal.

Um grande abraço e até a próxima!