Temos visto do jogo muitas e mui variadas definições.
A única porém que inteiramente nos satisfaz é a
seguinte: o jogo é uma asneira.
(Ramalho Ortigão)
Amigas e Amigos,
Na Galeria desta semana, comento matéria do portal G1,
sobre a prisão de suspeitos da exploração de caça-níqueis, um esquema que já completou, pelo menos, 17 anos, sem que
ninguém – considerando apenas os “peixes graúdos” – tenha sofrido qualquer
repressão. Para melhor compreensão sobre como se perpetua esse
tipo de esquema contravencional, é interessante a leitura das notícias sobre o
assunto que, conforme o G1:
Uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal prendeu 31 pessoas em quatro estados e no Distrito Federal. O principal suspeito já foi personagem de outro escândalo, do primeiro escândalo do governo do então presidente Luís Inácio Lula da Silva [Em um vídeo, feito em 2002, Waldomiro Diniz, que era presidente da Loterj, estaria pedindo propina a Carlinhos Cachoeira. As imagens foram divulgadas em 2004, quando Waldomiro era assessor do então ministro da Casa Civil José Dirceu]. Agora, de acordo com a polícia, Carlinhos Cachoeira, empresário do ramo de jogos, comandava há 17 anos um esquema de exploração de caça-níqueis. A investigação revelou que a quadrilha explorava jogos em máquinas caça-níqueis com a proteção de policiais, a maioria de Goiás, que acabaram presos. Eram policiais militares, civis, e até delegados da própria Polícia Federal. Eles avisavam quando havia uma investigação. Em troca, recebiam propina, de R$ 200 a R$ 4 mil.
Aparentemente,
o referido esquema é mais complexo do que se possa estar imaginando, pois a
operação da Polícia Federal já levou o comandante da PM de Goiânia a entregar o
seu cargo, por ter o seu nome na lista de suspeitos dessa contravenção. Sobre
os suspeitos, diz o G1:
Além de Carlinhos Cachoeiro, há pelo menos 19 detidos, entre eles o empresário e ex-presidente da Câmara Municipal em Goiânia, Wladimir Garcês. [...] De acordo com dados da assessoria de comunicação do MPF em Goiás, a investigação durou cerca de 15 meses. Nesse período, foram identificados como supostos integrantes do grupo criminoso infiltrados na área de segurança pública: dois delegados de Polícia Federal em Goiânia, seis delegados da Polícia Civil em Goiás; três tenentes-coronéis, um capitão, um major, dois sargentos, quatro cabos e 18 soldados da Polícia Militar em Goiás; um auxiliar administrativo da Polícia Federal em Brasília; um policial rodoviário federal, um agente da Polícia Civil de Goiás e um agente da Polícia Civil de Brasília; um sargento da Polícia Militar em Brasília, um servidor da Polícia Civil em Goiás; um servidor da Justiça Estadual de Valparaíso de Goiás.
Parece
que na Pasárgada Brasilis, os amigos
do rei são numerosos, pois os advogados de Carlos Cachoeira e Wladimir Garcez
vão pedir a soltura de seus clientes por acreditarem que “não há fundamento
legal para prisão”. Sobre essas “fundamentadas” defesas o G1 informa que:
Segundo Cruvinel, as ligações telefônicas são indícios e não provas efetivas. "Você pode ligar para uma pessoa, conversar um determinado assunto mas não praticar o ato. Não há provas específas de qualquer atuação dele que seja criminosa ou justifique o ato de prisão". De acordo com o advogado Jeová Viana Borges Júnior, Wladimir Garcez teria todos os requisitos necessários para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. "Ele tem residência fixa, certidões negativas, trabalho, então a gente entende que ele tem esse direito", argumenta. "Nem denúncia houve ainda do Ministério Público", diz. O relatório do Ministério Público Federal (MPF), feito com base em investigações da PF, ao qual o G1 teve acesso, mostra conversas entre o suposto número 1 da organização criminosa e Wladimir, considerado o braço direito de Cachoeira. Em um dos diálogos ele é questionado se tem cinco máquinas caça-níqueis e responde: "Não, são dez equipamentos". Wladimir é acionado para entrar em contato com membros da cúpula da Polícia Civil de Goiás (PCGO) para paralisar operações de apreensão de máquinas. Em uma das escutas, ele retorna uma ligação para Cachoeira dizendo estar ao lado da autoridade da PCGO tentando pegar com o serviço de inteligência os endereços de operações do Grupo Tático 3 (GT3).
Como se
pode encontrar no mercado uma grande oferta de produtos para conservação de “caras-de-pau”,
não se deve descartar a possibilidade de, diante do “belíssimo” currículo
profissional dos gestores da contravençao, os dois advogados citados acima
entrarem com um processo de beatificação de seus santos clientes. Quem sabe, daqui a 17 anos as notícias serão sobre os 34 anos da exploração de máquinas caça-níqueis sempre sob a mesma direção (afinal, esse negócio de "nova direção" é para quem não tem um bom "padrinho").
Como o momento é de Galeria Sertaneja, deixo abaixo a
letra de “Chalana”, grande sucesso de Mario Zan (Mário João Zandomeneghi, que nasceu na
Itália e veio para o Brasil com 4 anos) e Arlindo Pinto. Chalana foi gravada
pela primeira vez por Mario Zan, em 1954.
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CHALANA
Arlindo Pinto e Mario Zan
Lá
vai uma chalana
Bem
longe se vai
Navegando
no remanso
Do
rio Paraguai
Oh! Chalana sem querer
Tu
aumentas minha dor
Nestas
águas tão serenas
Vai
levando meu amor
E assim ela se foi
Nem
de mim se despediu
A
chalana vai sumindo
Na
curva lá do rio
E
se ela vai magoada
Eu
bem sei que tem razão
Fui
ingrato eu feri
O
seu pobre coração
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Na Galeria hoje, a interpretação é das Irmãs Castro, dupla sertaneja formada
pelas irmãs Maria de Jesus Castro – que nasceu em Itapeva-SP, em 1926 – e Lourdes
Amaral Castro – que nasceu em Bauru-SP, em 1928.