sexta-feira, 3 de junho de 2011

FOGÃO DE LENHA - MANDIOCAS E CHIMPANZÉS

Quanto maior o poder, maior o perigo de abuso.
(Edmund Burke)

Amigas e Amigos,


               O portal Ig (www.ig.com.br), traz matéria em que Anne Mansouret – mãe da jornalista Tristane Banon que acusou de tentativa de estupro o diretor-gerente do FMI, Strauss-Kahn,  – pode ser expulsa do partido, afirmando que membros do partido socialista sabiam da tentativa de estupro, mas optaram por ignorá-la. Segundo a matéria:
Nove anos atrás, Anne Mansouret dissuadiu sua filha de fazer uma queixa legal de tentativa de estupro contra Dominique Strauss-Kahn, um membro proeminente do Partido Socialista na França e ex-marido de uma de suas melhores amigas. [...] Banon, jornalista e escritora, afirma que Strauss-Kahn, que está enfrentando acusações criminais em Nova York pela tentativa de estupro de uma empregada de hotel, tentou estuprá-la durante uma entrevista em um apartamento vazio em 2002 – agarrando-lhe o braço, tirando o seu sutiã, tentando abrir o seu jeans, lutando com ela no chão e ignorando seus gritos de "não". Ela o descreveu como "um chimpanzé no cio". Os líderes do partido sabiam da experiência de sua filha com Strauss-Kahn, disse Mansouret, mas optaram por ignorá-la. E ela se sentia frustrada, em parte, porque a segunda esposa de Strauss-Kahn, Brigitte Guillemette, era uma de suas melhores amigas e madrinha de Banon.  [...] A equipe de Strauss-Kahn também pressionou Banon a remover um capítulo sobre ele do livro no qual ela relata o momento do suposto ataque. Ela se recusou, mas sua editora suprimiu o capítulo de qualquer jeito. No livro, publicado em 2003, ela entrevistou vários homens bem conhecidos sobre os erros que fizeram em suas carreiras. Strauss-Kahn falou de seu envolvimento em um grande escândalo político e financeiro em 1998, embora ele tenha sido inocentado das acusações. Ramzi Khiroun, assessor de comunicação de Strauss-Kahn na época, explicou então que ele estava com medo que o livro "poderia atrair muita atenção" para Strauss-Kahn, disse Mansouret. Khiroun não respondeu a pedidos para comentar o assunto.

               Aparentemente, esse é mais um caso onde a corrupção advinda do poder se espalha rapidamente pelas entranhas de uma organização. Acobertar seus dirigentes em ações ilícitas parece ser norma para determinadas entidades, onde cada vez mais a transparência integra discursos dos mais diferentes escalões sem, no entanto, fazer parte de ações concretas. A postura adotada pelo partido citado na reportagem, se confirmada como verdade, torna-se ainda mais nojenta na medida em que, buscando justificativas e tentando confundir opiniões, almeja denegrir a imagem de vítimas, transformado-as em agentes de desestabilização – no caso, só se estiverem pensando na estabilização da bandalheira.



               Voltando para nosso Fogão de Lenha – pois por mais que esquente nossos brios esse tipo de notícia, a temperatura nos últimos dias não anda muito quente – estamos sugerindo para uma noite deste fim de semana um Caldo de Aipim (mandioca) capaz de espantar qualquer friagem.


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CALDO DE AIPIM

Ingredientes:

300 gramas de bacon picado
½ quilo de costelinha de porco em pedaços pequenos
600 gramas de lingüiça calabresa em rodelas
3 cebolas medias picadas

4 dentes de alho picados
600 gramas de aipim
Cheiro verde picado
Sal 
Pimenta 


Modo de preparar:

Cozinhe bem o aipim (pode utilizar panela de pressão).
Retire os fios do aipim.
Bata o aipim com a água de cozimento no liquidificador e reserve.
Em uma panela grande, derreta o bacon e frite a costelinha de porco.
Acrescente a lingüiça calabresa e frite por igual.
Junte a cebola e o alho. Coloque pimenta, a gosto.
Junte o caldo de aipim.
Cozinhe por 20 minutos, mexendo para não grudar no fundo da panela.
Se necessário, acerte o sal.
Salpique o cheiro verde e sirva bem quente.

Sugestão para servir:
Um filete de azeite, 
Queijo parmesão, ralado, e
Torradas, preparadas com manteiga e orégano.

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               A música para acompanhar a receita de hoje é “Pilão”, de José Hilário Retamozo e Ewerton Ferreira, interpretada por Eracy Rocha.


               Fico por aqui, esperando que possa diminuir o frio com a receita de hoje. Um grande abraço!

Wilmar Machado

GALERIA SERTANEJA - CANTOS DOS LIVRES, E DE OUTROS TIPOS...


A ocasião faz o roubo, o ladrão já nasce pronto.


Amigos e Amigas,

                Esta Galeria Sertaneja de hoje apresenta a música “Canto dos Livres”, de Cenair Maicá. Mas antes abro espaço para uma melodia desafinada interpretada pela livre (ainda) primeira-dama de Campinas, conforme se pode ler no portal Terra (www.terrra.com.br):
A primeira-dama de Campinas, Rosely Nassin Jorge Santos, pediu exoneração do cargo de chefe de Gabinete da prefeitura da cidade no começo da noite desta quinta-feira, minutos após prestar depoimento ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP). Ela é citada em investigações do MP como chefe de um esquema de corrupção e tráfico de influência. Rosely é acusada de facilitar acordos para empresas terceirizadas que prestam serviços à Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa). [...]  Conforme a investigação do MP, o ex-presidente da Sanasa Luiz Augusto Contrillon de Aquino revelou como funcionava a operação, se beneficiando com a delação premiada. Rosely se apresentou hoje pela primeira vez ao MP. Em duas outras oportunidades, ela foi convocada como testemunha, mas não apareceu. Em abril, ela integrou a comitiva da presidente Dilma Rousseff (PT) na China e em maio se afastou por 15 dias para tratar um problema de saúde.
                A matéria trata de acusações, graves, contra a primeira-dama e chefe de gabinete da prefeitura o que pode deixar o prefeito em situação muito delicada. Mesmo que seja adotada a linha do “eu não sabia de nada” pelo prefeito  - tipo de defesa que fez muito sucesso recentemente – será de difícil sustentação pelo relacionamento do prefeito com a acusada. Enquanto não tem julgamento, não existem culpados ou responsáveis e como a demissão foi do cargo de chefia do gabinete, a acusada continua primeira-dama. Será que a situação do prefeito não fica um pouco esquisita?



                Depois dessas histórias de personagens de aparentes “rabos presos”, vamos ver a letra da música de hoje logo abaixo.

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CANTO DOS LIVRES
                               Cenair Maicá

Se meu destino é cantar, eu canto
Meu mundo é mais que chorar, não choro
A vida é mais do que pranto, é um sonho
Com matizes sonoros
Hay os que cantam desditas de amores
Por conveniência agradando os senhores
Mas os que vivem a cantar sem patrão
Tocam nas cordas do seu coração


Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando
Prá aliviar meu padecer


Quisera um dia cantar com o povo
Um canto simples de amor e verdade
Que não falasse em misérias nem guerras
Nem precisasse clamar liberdade


No cantar de quem é livre
Hay melodias de paz
Horizontes de ternura
Nesta poesia de andar


Quisera ter a alegria dos pássaros
Na sinfonia do alvorecer
De cantar para anunciar quando vem chuva
E avisar que já vai anoitecer
E ao chegar a primavera com as flores,
Cantar um hino de paz e beleza
Longe da prisão dos homens, da fome
Prá nunca cantar tristeza


Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando
Prá aliviar meu padecer.


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                Para encerrar a Galeria de hoje, vamos ouvir “Canto dos Livres”, na interpretação do próprio autor.


                Com um grande abraço para todos, concluo mais uma Galeria Sertaneja.

Wilmar Machado

terça-feira, 31 de maio de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - DIA MUNDIAL "SEM PAIA E SEM FUMO"

Não há tóxico no mundo que mate tão eficientemente
como as ganâncias que destroem a perfeição.
(Santa Teresa de Jesus)

Amigas e Amigos,

               Hoje, 31 de maio, é o Dia Mundial sem Tabaco, data criada pela Organização Mundial da Saúde, em 1987, na busca de diminuir o número de mortes por ano por conta desse hábito. As informações publicadas em matéria do Caderno Bem-estar, do Jornal Zero Hora (http://zerohora.clicrbs.com.br), hoje, deixam a impressão de que pouco se pode comemorar em relação ao atingimento dos objetivos propostos pelos idealizadores da data. Na matéria consta que:
O cigarro deve matar em 2011 quase 6 milhões de pessoas em todo o mundo — dessas, 600 mil são fumantes passivos. O número representa uma morte a cada seis segundos. [...]  A OMS classificou o tabaco como um dos fatores que mais contribuem para a epidemia de doenças não contagiosas como ataques cardíacos, derrames, câncer e enfisema. O grupo é responsável por 63% de todas as mortes no mundo. Dados indicam que metade dos fumantes deve morrer em razão de uma doença relacionada a esse hábito. No Dia Mundial sem Tabaco, lembrado hoje, dia 31, a OMS listou avanços no enfrentamento ao cigarro. Entre os destaques estão países como o Uruguai, onde os alertas sobre o risco provocado pelo cigarro ocupam 80% das embalagens. A China, Turquia e Irlanda também receberam elogios por leis que proíbem o fumo em locais públicos.

               No Brasil – que não aparece na matéria citada – as grandes produtoras de câncer  cigarros, empenhadas em aumentar seus lucros com a conseqüente geração de doenças para a população, publicam notas – melodramáticas – preocupadas com o aumento do comércio ilegal de cigarros que, segundo as citadas notas, podem trazer prejuízos à saúde da população. Fica a impressão de que o cigarro “legal” não mata do mesmo jeito.



               A grande diferença entre o cigarro legal e o ilegal é a quantidade de dinheiro injetada nos cofres públicos. Isso pode explicar a doação de equipamentos, a serem utilizados no combate ao comércio ilegal de cigarros, para a Polícia Federal por produtora de cigarros. A impressão que fica – espero estar completamente enganado – é não ser preocupação do governo se seus cidadãos têm sua morte antecipada pelo vício. A preocupação, se existe, é anulada pelos números que aparecem na arrecadação de impostos com o comércio legal de cigarros.

               Como o dia é de Oratório Campeiro aqui no Blog, é bom lembrar que ontem, dia 30 de maio, foi a festa de São José Marello, fundador da Congregação dos Oblatos de São José, cujos sacerdotes são conhecidos como padres Josefinos. São José Marello deixou uma oração que publico abaixo, como sugestão para esta semana.



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ORAÇÃO PELO POVO DE DEUS 


Meu Senhor,
Rogo-vos por aqueles
que vivem na abundância de todos os bens,
para que na alegria
se recordem de estar em terra de exílio.
Rogo-vos por aqueles
que gemem sob o peso da desventura,
para que na tristeza
se recordem que estão na estrada do Céu.
Rogo-vos por aqueles
que desceram ao túmulo,
para que durmam o sono da paz.
Rogo-vos por mim,
que estou nu na vossa presença,
para que possais revestir-me com a veste
de minha primeira inocência.
Rogo-vos por toda a peregrina família de Adão.
Sede Vós seu guia e seu auxílio,
para que possa atingir a salvação na pátria celeste.
Amém.

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               A música de hoje – afinal é o Dia Mundial sem Tabaco – é de Mano Lima, Ricardo Lima e Farelo Lima, “Sem paia e sem fumo”, interpretada pelo próprio Mano Lima.



               Até o próximo Oratório e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

segunda-feira, 30 de maio de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - MUNDO VELHO DA (IN)JUSTIÇA

É pior cometer uma injustiça do que sofrê-la,
porque quem a comete transforma-se num injusto
e quem a sofre não.
(Sócrates)


Amigas e Amigos,

               Abro a porteira de mais uma semana para, preocupado, indagar se é possível a existência de “corporativismo” (conforme o idicionário Aulete: “Defesa dos interesses de uma categoria profissional em detrimento dos da sociedade como um todo”) no poder judiciário brasileiro? Em sendo afirmativa a resposta, o que esse poder constituído permitiu ser feito com o dinheiro público ao longo de mais de 22 anos pode ser considerado um crime contra o Estado? E se a resposta for negativa, seria passível de punição o mau uso, por ineficiência administrativa, de recursos públicos?





               Além das alternativas acima propostas, ou de quaisquer outras que porventura sejam elencadas, está a preocupante situação propiciada pela lentidão – institucional ou situacional – do percurso processual, conforme se pode encontrar na Folha de São Paulo (http://www.folha.com/), hoje:
O Ministério Público de São Paulo expulsou de seus quadros na sexta-feira um promotor acusado de corrupção, após batalha jurídica que durou mais de 22 anos. Durante o período do processo – o mais antigo contra um membro da instituição – o  réu recebeu salários sem trabalhar. Segundo a legislação, nesse tipo de caso o corte nos vencimentos só pode ocorrer após o fim das ações em última instância. O histórico da causa é um exemplo de como o arsenal de apelações previstas nas leis do país pode retardar o desfecho de ações e permite a apresentação de até dez recursos a um mesmo tribunal. [...] As ações do caso começaram em 1989, quando a Procuradoria acusou o promotor Luiz Aguinaldo de Mattos Vaz de corrupção passiva. Segundo a denúncia, Vaz aproveitou-se do cargo de curador de Massas Falidas (que fiscaliza falências), entre 1983 e 1984, para participar de várias fraudes. Uma das decisões atesta que ele desviou bens "com o fim de obter proveito ilícito", com substituição fraudulenta de bens penhorados e arrematados por outros. O Ministério Público também deu início a ação civil pública para destituir Vaz do cargo de promotor em 1991. Ele foi afastado, mas continuou recebendo. Considerado o atual salário inicial dos promotores, de cerca de R$ 18 mil, é possível estimar que, desde seu afastamento, Vaz já tenha recebido mais de R$ 4,7 milhões.

               Pelas notícias divulgadas nos mais diversos meios de comunicação, a corrupção se apresenta cada vez mais espalhada pelos diversos escalões dos diversos poderes. Fica, portanto, a dúvida sobre a existência de casos semelhantes onerando os cofres públicos com pagamentos de salários bem mais atraentes do que os sonhados pela maioria da população brasileira.

               É importante ressaltar que essa situação apresentada pela Folha é apenas uma das formas de continuidade de “desvio” de dinheiro público para pagamento de salários para quem não presta serviço – se alguma vez, prestou. Existe, ainda, outro “jeitinho” de proteger os magistrados delinqüentes: aposenta-los, com soberbas remunerações pagas pela sociedade.

               O interessante é ver como a vida desses infratores pode ser amparada pela tradicional morosidade legal. Na mesma matéria da Folha, tem-se a linha do tempo permitida pela justiça ao promotor Luiz Aguinaldo de Mattos Vaz:
Em 1996, o TJ o condenou a um ano e seis meses de prisão. Mas a punição não poderia ser executada, pois os delitos já estavam prescritos. O julgamento serviu de base para que, na ação civil, o TJ exonerasse Vaz em 2000. O réu então recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça). A apelação entrou na corte em 2002 e só foi concluída no tribunal em 2010. No período, o promotor apresentou dez recursos ao STJ. Sua última derrota foi em 2010. O recurso foi para o STF (Supremo Tribunal Federal). Em março de 2011, o ministro Ricardo Lewandowski declarou que a apelação não atendia aos requisitos jurídicos para ser apreciada pelo STF. Essa decisão tornou-se irrecorrível no dia 25 de abril. Após consultas aos tribunais superiores, o Ministério Público concluiu que o processo chegou ao fim. Na sexta-feira, o procurador-geral assinou a demissão de Vaz, que foi publicada no "Diário Oficial" de São Paulo.

               A música que abre a porteira, hoje, é “O mundo velho não tem jeito”, de Tião Carreiro, Lourival Dos Santos e Rose. De repente, se a Justiça resolvesse dar um jeito na própria Justiça, o “mundo velho” poderia até melhorar um pouco. Enquanto isso, vamos ouvir a música do dia, na interpretação de Tião Carreiro e Pardinho.



               Até a próxima e um grande abraço!

Wilmar Machado.