terça-feira, 12 de abril de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO – SANTA INFÂNCIA E VELHAS MARACUTAIAS

“Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste essas coisas aos sábios e
entendidos e as revelaste aos pequeninos.”
(Evangelho de Lucas 10,21)


Amigas e Amigos!

               O portal UOL (www.uol.com.br) trouxe hoje uma nota sobre um projeto para a realização de um plebiscito – com uma carga de oportunismo que sempre esperamos dos ocupantes de cargos públicos – no próximo mês de outubro, com o seguinte teor:

               O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou nesta terça-feira (12) que apresentará ainda hoje um projeto de decreto legislativo para realizar um plebiscito no 1º domingo de outubro (no caso, 2 de outubro) sobre comercialização de armas e munição. [...] De acordo com Sarney, os eleitores de todo país iriam às urnas responder a seguinte questão: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”. Caso vença a proibição, o Congresso pretende agilizar a elaboração de um projeto para modificar a lei e o que foi referendado em 2005.

               Aparentemente, poderia ser uma proposta razoável de um parlamentar preocupado com o nível de violência atingido pelo recente massacre de Realengo, mas por todo o retrospecto parece mais o aproveitamento de uma oportunidade para aparecer na mídia – e, de repente, beneficiar algum parente ou amigo na condução ou divulgação da consulta popular. Até por conta dessas possibilidades, pode ser que outros companheiros não tenham sido convidados para essa “festa”, pois em outra nota no mesmo portal se pode encontrar que:

O anúncio do projeto de lei do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de realizar um plebiscito no 1º domingo de outubro sobre comercialização de armas e munição já provocou repercussões e argumentações contrárias à proposta.Para o senador Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador da República, a ideia de alterar a legislação impulsionada pelo massacre que ocorreu na semana passada no Rio de Janeiro, quando 12 estudantes foram assassinados e 12 ficaram feridos por um ex-aluno.“Eu penso que qualquer legislação gestada e criada em um momento emocional não é bom. Isso aí é a chamada legislação de emergência. Nós temos que pensar a questão do desarmamento. Não é porque ocorreu este evento trágico no Rio de Janeiro que nós vamos, de afogadilho, fazer o referendo ou o plebiscito”, defendeu Taques. [...] Já a avaliação do líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), é que o foco da discussão no Congresso é que está errado, porque a mudança na legislação atual poderia “tira a arma de fogo do ‘homem de bem’, e não a do marginal”. [...] A previsão de elevados gastos com campanha e a realização do plebiscito também foi alvo das críticas do deputado federal Sandro Mabel (PR-GO). “O que iria custar isso, a gente poderia colocar muito mais detector de metais nas escolas e acabar com este negócio de arma em mão de menino”, argumentou. Questionado se seu argumento se referia ao fato de ele ter sido financiado durante a campanha por fabricante de armas Taurus e pela Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições, Mabel não mostrou constrangimento em defender este ramo industrial.
               O que impressiona é a capacidade de nossos desocupados representantes de tirarem proveito de situações diversas sempre que as mesmas possam servir para seus propósitos, nem sempre claros para os eleitores. A idéia do plebiscito serve, provavelmente, para desviar nossa atenção, enquanto se espera a consulta e nossos representantes continuam com suas estressantes jornadas de trabalho entre as terças e quintas-feiras, criando leis que não resistem às investidas feitas pelos juristas. E o tempo vai passando.


 
               Como o dia é de Oratório Campeiro, é bom lembrar que no próximo dia 16 (sábado) é dia de uma santa com uma belíssima experiência em sua infância, em Lourdes, na França, onde foi escolhida para aparições da Virgem Maria. Conforme o portal das Irmãs Paulinas (www.paulinas.org.br), sobre essa santa:
Bernarda, era o nome a filha de Francisco Soubirous e Luisa Casterot, nascida em 7 de janeiro de 1844, em Lourdes, uma região montanhosa da França, os famosos Pirineus. Mas era chamada pela forma carinhosa do nome no diminutivo: Bernadete. [...] Numa tarde úmida e fria, Bernadete foi, junto com a irmãzinha e algumas companheiras, procurar gravetos. Tinham de atravessar um riacho, mas ela se atrasou porque ficou com receio de molhar os pés, quando ouviu um barulho nos arbustos, ergueu os olhos e viu uma luz, dentro da gruta natural na encosta da montanha. Olhando melhor, viu Nossa Senhora vestida de branco, faixa azul na cintura, terço entre as mãos, que a chamou para rezar. Era o dia 11 de fevereiro de 1858. [...]O pároco da diocese, no início, mostrou-se incrédulo quanto às aparições, por isso disse a Bernadete: "Peça a essa senhora que diga o seu nome". A resposta foi: "Eu sou a Imaculada Conceição". O que mais se admirou em Bernadete foi a sua modéstia, autenticidade e simplicidade. Compreendeu que tinha sido escolhida como instrumento para a mensagem que a Virgem queria transmitir ao mundo, que era a conversão, a necessidade de rezar o terço e o seu próprio nome: "Imaculada Conceição". [...] Bernadete morreu em 16 de abril de 1879. O papa Pio XI canonizou-a em 8 de dezembro de 1933, dia da Imaculada Conceição, designando sua festa para o dia de sua morte.
               A proposta para esta semana é que, acompanhados de Santa Bernadete - cujo corpo permanece incorrupto-, oremos invocando a Imaculada Conceição de Maria.

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ORAÇÃO PELA IMACULADA CONCEIÇÃO

Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem

Preparastes para Vosso Filho digna morada,

Nós Vos suplicamos humildemente que,

Assim como, em atenção

Aos merecimentos desse mesmo Filho,

Dignastes-vos preservá-la de toda mácula,

Concedais-nos igualmente, por sua intercessão,

A graça de chegarmos a Vós limpos do pecado.

Pelo mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.

Amém!

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               Para acompanhar nossa oração, ainda lembrando as vítimas, e seus familiares, da chacina na escola do Rio de Janeiro, sugiro escutar Bruno & Marrone, cantando com Pe. Marcelo Rossi, a música “Nossa Senhora do Brasil”.




               Até o próximo Oratório, aqui no Canto da Terra, e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado

domingo, 10 de abril de 2011

PROSA DE DOMINGO – O RANÇO DA DITADURA

Amigas e Amigos,

                  Neste domingo, com muito sol e muita (mas muita, mesmo) chuva em Brasília-DF, apresentei o programa Canto da Terra, pela manhã, nas Rádios Nova Aliança (http://www.novaalianca.org.br) e, no período da tarde, após o futebol na televisão, encontro uma matéria, pelo menos, instigante. Pareceu-me que ainda existem muitas “viúvas” da ditadura militar, que sobrevivem com o vazio psicológico provocado pela ausência do poder absoluto experimentado.

                  Não tenho nada contra (e também não lembro nada muito a favor) de novelas televisivas. Como toda a expressão que envolve arte, acredito existirem novelas bem feitas e outras de duvidosa elaboração, mas nem sempre esses critérios impactam diretamente o sucesso ou insucesso da obra. Não penso, agora, em qualquer reflexão sobre novelas, autores, produtores, diretores, técnica ou atores, nem sobre o “aproveitamento” dado pelas emissoras a esses espaços, com propagandas ou apresentações de idéias, nem sempre bem entendidas. Penso sempre que a audiência pode levar emissoras e patrocinadores a algum tipo de reflexão.



 
                  Fazendo um elo entre os parágrafos acima, reproduzo a matéria publicada na página “Na Telinha”, do portal UOL (http//www.uol.com.br), sobre um abaixo-assinado (nem tudo está tao perdido, pois o número de adesões é muito baixo) que o portal militar promove para cancelar a novela “Amor e Revolução”, do SBT, que, segundo o portal Terra (http://www.terra.com.br) “tem boa história e nenhuma dramaturgia”. Diz o “Na Telinha” que:
Desta vez, um portal militar resolveu fazer um abaixo-assinado contra a novela de Tiago Santiago, que aborda o período da ditadura militar no Brasil. Os donos do site querem que a trama seja proibida de ir ao ar no SBT. No texto, os autores dizem que "é óbvio que o governo federal através da comissão da verdade, recém criada, está participando do acordo em exibir a novela Amor e Revolução no SBT. Parece-nos que se trata de um acordo firmado com o empresário Silvio Santos, visando o saneamento do Banco Panamericano do próprio empresário. As forças armadas não devem permitir, dentro da legalidade, que tal novela seja exibida, pelos motivos óbvios abaixo declarados. Convém salientar que as forças armadas já se manifestaram negativamente a respeito da novela Amor e Revolução". E completam: "sendo assim, o efetivo da forças armadas, tanto da ativa como inativos e pensionistas, vêm respeitosamente através desse abaixo assinado, como um instrumento democrático, solicitar do digno Ministério Público Federal, representado acima, providências em defesa da normalidade constitucional, vista o cumprimento da lei de anistia existente, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal. Nestes termos pede deferimento em caráter urgentíssimo". Procurado pelo NaTelinha, o novelista Tiago Santiago falou sobre o protesto: [...] “achei uma iniciativa despropositada, que interessa apenas aos criminosos, torturadores e assassinos, que violaram as Convenções de Genebra, nos chamados ’anos de chumbo’ da ditadura militar". A colaboradora de Tiago Santiago em "Amor e Revolução", Renata Dias Gomes, também falou com o NaTelinha. Ela comentou que "felizmente a ditadura e a censura acabaram e hoje a gente pode contar uma história sem medo. Ou deveria poder".

                  É interessante observar o perfil (poder-se-ia considerar doentio?) semelhante aos dos personagens dos Anos de Cumbo, ao imaginarem – com duvidosa criatividade – situações que, rapidamente, viram verdades em “cérebros pouco privilegiados”. Visitei o portal militar e essas verdadeiras “preciosidades” me chamaram a atenção: o “é óbvio” seguido de uma bobagem como se fosse uma verdade; e o citado “acordo firmado” é tão perceptível como “chifre em cabeça de cavalo”. Mas o ranço ditatorial fica evidente ao se evidenciar a “normalidade constitucional” para tentar uma violência bárbara contra a própria constituição.

                  Não vi nenhum capítulo dessa novela e nem estou defendendo a história retratada, até por desconhecê-la completamente. Mas penso que a liberdade de expressão deve estar acima das baboseiras que tanto nos privaram em um período recente de nossa história – ainda bem que, a inteligência de nossos artistas conseguiram inúmeras vezes burlar a ignorante censura de alguns ignorantes. E só assim, poderemos garantir o direito de criar – assistir ou não é decisão de cada um.

                  Para concluir esta Prosa com muita esperança de que o Brasil coloque esse abaixo-assinado em seu lugar devido – que pode ser abaixo da terra, devidamente enterrado na mesma cova da ditadura que alguns ainda tentam ressuscitar –, sugiro a música “Brasil Poeira”, de Almir Sater e Renato Teixeira, na interpretação de Almir Sater, com sua inconfundível viola.


                  Até a próxima Prosa, aqui no Canto da Terra, e um grande abraço!

Wilmar Machado