sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

GALERIA SERTANEJA - LEGÍTIMO DOUTOR

Amigas e Amigos!


            Hoje, pela manhã, estava ouvindo a BandNews FM, em Brasília, quando o Ricardo Boechat, com grande surpresa, comentava a destruição da única pista do Aeroclube de João Pessoa-PB. O fato não chamaria a atenção se os hangares estivessem vazios, mas não estavam.

            Em busca de mais detalhes sobre o assunto, encontrei na Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com) um texto sobre o assunto que transcrevo, parcialmente, abaixo:
A Prefeitura de João Pessoa destruiu na noite de terça-feira (22) a pista do Aeroclube da Paraíba. A área, localizada num bairro nobre da capital paraibana e cercada por prédios, é disputada pela administração do aeroclube e pela prefeitura, que pretende construir um parque no local. A demolição aconteceu horas depois de a prefeitura conseguir na Justiça uma liminar que garantia a posse do imóvel. A decisão acabou sendo derrubada poucas horas depois, e a posse do aeroclube voltou para os administradores, mas as máquinas levadas até o local já haviam arrancado grandes trechos do asfalto, impedido o uso da pista. Segundo o aeroclube, que funciona no local desde 1964, os proprietários dos aviões e dos ultraleves estacionados nos hangares não foram notificados e agora cerca de 40 aeronaves estão paradas no local sem poder decolar, inclusive um avião que faz transporte de medicamentos. Sem pista, as aeronaves terão que ser desmontadas ou rebocadas para outro local.

            No portal Paraíba Verdade (http://www.paraibaverdadehoje.com.br), encontrei mais detalhes sobre a confusão criada, provavelmente, por falta de diálogo ou excesso de truculência. Diz o portal que:
A juíza da 3ª Vara da Justiça Federal, Cristina Garcez, decretou na tarde desta quarta-feira (23) a anulação da desapropriação do Aeroclube da Paraíba pela Prefeitura de João Pessoa. Em sua decisão a juíza decretou uma liminar antecipando a tutela de que a competência para a desapropriação é apenas da União. Essa decisão impede que “qualquer ato administrativo e/ou judicial que dê concretude e sequência ao Decreto Municipal Expropriatório ora questionado”.

            Ainda segundo o portal Paraíba Verdade, após um encontro com políticos e autoridades da Paraíba, nesta quinta-feira, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, teria considerado:
o ato da Prefeitura arbitrário e criticou, inclusive, a decisão judicial que culminou com a destruição da pista. Segundo Jobim, a competência para decidir sobre o Aeroclube de João Pessoa é federal. “Só a União pode interferir sobre o Aeroclube. Nem o Governo do Estado nem governos municipais têm esta competência”, disse o Ministro.

            O Aeroclube da Paraíba, em Nota na sua página na Internet, esclarece que:
... no último dia 13/01, a Diretoria do Aeroclube esteve reunida com representantes da Prefeitura de João Pessoa para tomar conhecimento da proposta e dos planos da edilidade diante da inesperada declaração de utilidade pública do terreno onde hoje funciona o único aeródromo de João Pessoa; [...]no decorrer da reunião, recebemos uma proposta muito aquém do que esperávamos.

            Conforme a Folha de São Paulo, o entendimento da prefeitura é outro, pois:
Em nota, a Prefeitura de João Pessoa afirmou que nenhuma atitude foi tomada de "forma ilegal" e que o governo municipal "não pode ser acusado de truculento ou de intransigente pela direção do aeroclube", já que um decreto com a desapropriação foi publicado e R$ 5 milhões foram pagos pela área, mas a oferta não foi aceita pelo Aeroclube da Paraíba.

            Deixar um aero - clube, porto ou seja lá o que for - cheio de aviões no solo e sem pista de decolagem poderia ser associado, talvez, com excesso de vaidade ou com burrice. Pior que qualquer uma dessas opções pode ser o acúmulo das duas. Essa certeza de todos os envolvidos de estarem absolutamente coerentes em suas posições, lembrou-me o Dr. Clemente, da música escolhida hoje para nossa Galeria Sertaneja. A música tem por título “Legítimo Doutor”, de Geraldinho e Zeca, da qual, abaixo, transcrevo a letra.


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LEGÍTIMO DOUTOR


Foi nascido entre a medicina

O nome famoso de doutor Clemente

Operando já tinha salvado

Uma infinidade de paciente

Chegou a ficar convencido

Ter ultrapassado Deus onipotente

Recebia bastantes elogios

Que eram prestados pelos seus clientes

Apertava o diploma no peito

E dizia desse jeito

Eu garanto vida com esta patente



A sua maior fortuna que tinha

Considerado em mãos

Era uma filha somente

Ela era as cordas de seu coração

Mas por ele sendo examinada

Foi quando encontrou uma estranha lesão

Apesar da moléstia incurável

Podia tentar por uma operação

Prevenindo a sua família

Dizia que a filha

Marcava a derrota em sua profissão



Certa noite seu lar se alarmou

Pela forte crise que ela sofreu

Carregando a menina nos braços

Lá pro hospital quase louco correu

Me preparem a sala depressa

Disse pra enfermeira e na hora tremeu

Muito embora eu não tenha esperança

Mas devo cumprir com o dever meu

Vou usar a ciência em defesa

Da maior riqueza

Que aqui nessa terra a vida me deu



Uma imagem de Jesus na sala

Quando o grande clinico a ela destina

O sucesso da minha carreira

Chegou o momento que agora termina

Nada espero da ciência da terra

Por isso eu entrego à ciência divina

As pessoas que eu tenho salvado

Não é importante quanto esta menina

Essa hora é a mais traiçoeira

Da minha carreira

Que desconhecia em toda medicina



Depois disso sentiu-se capaz

A grande coragem pra ele surgiu

Como fosse uma pessoa estranha

Foi logo operando e a criança reagiu

E provando a presença divina

Nem a cirurgia tampouco sentiu

Recebendo os cuidados do pai

Aquele rostinho logo sorriu

Vendo ela fora do perigo

Louvava consigo

O grande milagre que ele conseguiu



Sua esposa lhe abraçou dizendo

Na realidade és um salvador

Vai agora abraçar seu diploma

E ele depressa num gesto de amor

Apanhou a imagem da parede

Apertou em seu peito e com ar inferior

Eu dispenso o seu elogio

Pra não me tornar maior pecador
Minha ciência já está superada

Você está enganada

Estou abraçando o legitimo Doutor.

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              Agora, vamos ouvir os irmãos Liu (Linconl Paulino da Costa) & Léu (Walter Paulino da Costa) - dupla de Itajobi-SP -, cantando "Legítimo Doutor", gravação de 1977.




            Ao final da Galeria Sertaneja de hoje, deixo um grande abraço para todos!

Wilmar Machado

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TERTÚLIA NATIVA - (DES)ARRANJOS EM BOTIRAMA?

Amigas e Amigos!

          A Tertúlia Nativa de hoje nos remete para a página do Correio do Povo (http://www.correiodopovo.com.br/), de Porto Alegre-RS, que trouxe uma nota sobre a participação da presidente Dilma no XII Fórum dos Governadores do Nordeste, onde uma bagunça de sua assessoria deu lugar a uma inoportuna e ufânica advertência. Diz a referida nota que:
A presidente Dilma Rousseff deu uma bronca na sua equipe durante sua apresentação no XII Fórum dos Governadores do Nordeste, que ocorre em Barra dos Coqueiros, município próximo a Aracaju, em Sergipe. Dilma citava experiências que disse considerar de sucesso, como Arranjos Produtivos Locais (APLs) no Nordeste. "Há de se dar suporte e fazer com que se reproduzam experiências de sucesso, como é o caso de Botirama, não é Eduardo (Campos, governador de Pernambuco pelo PSB)?", indagou a presidente, que logo foi corrigida por ele quanto ao nome do município pernambucano. Diante da observação, Dilma não se conteve: "Não é Botirama? Eu falei para vocês que não é Botirama. Vocês vejam o que é uma ótima assessoria. Eles acharam esse Botirama na internet", disse a presidente. A cidade que Dilma queria citar é Toritama, no semiárido de Pernambuco, conhecida por ser polo de confecção de jeans. A presidente também falou da criação de uma Secretaria Nacional de Irrigação e voltou a citar o Ministério de Micro e Pequenas Empresas, uma de suas promessas de campanha.

          “Eles acharam esse Botirama na internet”, disse a presidente, mas fico com a dúvida sobre a página de busca utilizada pelos assessores. Se fosse Ibotirama, que fica na Bahia, seria mais fácil o meu entendimento da confusão. Botirama tem, na internet, como identificação de um bar e mercearia em São Paulo que, penso, não deve trabalhar muito com Arranjos Produtivos Locais (a menos que isso tenha a ver com a exposição de hortifrutigranjeiros).

          Nessa verdadeira mistura de “alhos com bugalhos”, lembrei de um caso do livro “Contando Causos”, de Rolando Boldrin, da Editora Nova Alexandria (páginas 141-143), que reparto com vocês logo a seguir.

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O TURCO DO BAZAR
                          Rolando Boldrin


          Como era tretêro (embrulhão) o sêo Salim, dono de um bazarzinho num vilarejo chamado Bacuri, pertinho da minha terra. Ele fora, noutros tempos, aquele mascate que carregava nos ombros, pelas roças, um punhado de gravatas coloridas e muitas sacolas, com rendas, alfinetes, colchetes e até calcinhas de mulher. Tudo para vender, com a intenção de abrir uma lojinha de armarinhos, exatamente o que acabou acontecendo algum tempo depois.

          Mas para contar esse causo, é preciso ir para outro assunto. O da imagem dos santos da Igreja Católica. É sabido que todos os santos têm um detalhe para ficar mais fácil sua identificação junto aos fiéis. Por exemplo: São Sebastião é aquele que tem flechas cravadas no corpo; Santa Luzia, protetora da vista da gente, carrega um pratinho com dois olhos expostos; o glorioso São Jorge, montado num cavalo bonito e com uma lança, briga feio com um dragão; São Pedro, o porteiro do Senhor, traz nas mãos uma grande chave para simbolizar a abertura da porta do céu. Enfim: cada um dos santos tem uma marca inconfundível.



          No causo que conto agora, a cumadi caipira lá de Bacuri, depois que seu quadro de São Jorge (sua devoção) foi danificado pelo fogo da lamparina de querosene, resolve comprar um quadro novo. Para isso, intima seu filho pequeno, o Juquinha, para que vá até o bazar do sêo Salim para comprar uma gravura do santo. E lá vai o garoto.

JUQUINHA – Sêo Salim! A mãe mando eu aqui móde cumpra um quadro de São Jorge.

          Salim procura entre tantos quadros de santo que tinha para vender e não encontra nenhum de São Jorge. Então, pega um quadro de São Pedro e o entrega ao Juquinha.

SALIM – Bronto.Bode leva este. Este é Son Jorge.

JUQUINHA – Brigado, sêo Salim.

          Ao chegar em casa, a velha caipira, católica fervorosa – e portanto conhecedora dos detalhes de todos os santos do mundo –, ao se deparar com o quadro de outros santo, que não o seu querido guerreiro em riba do cavalo, esbraveja.

MÃE – Esse sêo Salim é tretêro, mêmo. Pensa que eu sô besta? Pode levá de vorta, Juquinha. Diz pro sêo Salim que esse num é meu São Jorge. O meu santo tá montado num cavalo bonito. Esse num tem cavalo. Vorta lá depressa, anda!

          Juquinha então aparece de novo no bazar do sêo Salim.

JUQUINHA – Sêo Salim! Minha mãe ficô brava. Ela disse que o São Jorge dela num é esse santo. Que o São Jorge tem cavalo bonito. Esse tá com uma chave na mão, ué.

SALIM – Fala brá tua mamãezinha que este é Son Jorge sim sinhora. Ele tinha cavalo antes, quando era pobre. Agora, ficô rico, melhorou de vida, combrô tomóve. Olha a chave da carro na mão dele. Leva este mesmo, menino, e nom me enche a saco!

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          Para concluir nossa Tertúlia de hoje, vamos ouvir de Tonico, Criolo e Nhô Crispim, a música “Campeiro” - que apresenta um devoto de São Jorge -, na interpretação da dupla Tonico & Tinoco.

 
          Até a próxima Tertúlia Nativa. Um grande abraço para todos!
 
Wilmar Machado

ABRINDO A PORTEIRA - COINCIDÊNCIAS OU MARACUTAIAS

Amigas e Amigos!   


          Neste final de segunda-feira, abro a porteira para que mais uma semana passe deixando boas novas, mas me deparo com uma notícia não muito agradável sobre o programa Segundo Tempo.

          Para entender um pouco do que é esse programa recorri à página do Ministério do Esporte, sobre a Iniciação Esportiva Educacional Segundo Tempo, ou simplesmente Segundo Tempo, onde se pode ler:
O Segundo Tempo como Programa Estratégico do Governo Federal tem por objetivo democratizar o acesso à prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social.

          O portal do Estadão (http://www.estadao.com.br), que se encontra sob censura há 570 dias, informou que a ONG (organização não governamental) Bola Pra Frente, dirigida pela vereadora Karina Rodrigues(ex-jogadora de basquete), do PCdoB, estaria cobrando uma taxa para implementação do programa federal Segundo Tempo, do Ministério do Esporte – que, talvez por coincidência, é comandado por Orlando Silva, também filiado ao PCdoB. Segundo o Estadão:
Para beneficiar 600 crianças na cidade de Cordeirópolis com o projeto do governo federal, a Bola Pra Frente cobrou da prefeitura uma taxa mensal de R$ 15 por aluno. Segundo os documentos, a prefeitura teve de pagar R$ 90 mil no ano passado para a ONG, em parcelas mensais, num prazo de 10 dias, após o "recebimento dos serviços". O prefeito da cidade decidiu não pagar mais pela intermediação, não renovou o contrato, e pediu em novembro passado, por ofício, a parceria direta ao Ministério do Esporte para "viabilizar a continuação do Programa Segundo Tempo" sem a necessidade de "empresas para assessoria". Até a semana passada, o ministério não havia respondido à prefeitura de Cordeirópolis.


         É interessante observar que, segundo a matéria, a ONG Bola Pra Frente, sem licitação – como assim? –, detém a prerrogativa de implementar o programa Segundo Tempo no interior paulista, o que a tornou a maior receptora de recursos providos pelo programa do Ministério do Esporte. Tudo isso fica um pouco mais preocupante se considerarmos a continuidade do texto do Estadão onde se pode ler que:
Em entrevista ao Estado, Karina Rodrigues admitiu que o prefeito que não paga não leva o programa do governo federal. "Eu não tenho como implantar o projeto na cidade dele", disse. Karina fundou a ONG e hoje atua como "coordenadora-geral". Recebe R$ 5 mil oficiais de salário da entidade. "A Bola pra Frente é a principal referência dentro do Segundo Tempo", disse o ministro Orlando Silva numa visita à cidade de Jaguariúna (SP).
          Ao final da matéria, o Estadão recorda que:
Reportagens publicadas ontem pelo Estado mostraram que o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, serve para gerar dividendos eleitorais e financeiros ao PC do B em todo o País. A reportagem visitou o programa em São Paulo, Piauí, Santa Catarina, Brasília e Goiás e flagrou entidades de fachada recebendo recursos do projeto, núcleos esportivos fantasmas, outros abandonados ou em condições precárias com crianças expostas ao mato alto e todo tipo de detritos. Em algumas unidades faltam uniforme e calçados para as crianças, os salários de funcionários estão atrasados e a merenda, vencida.

          Em sendo verdade tudo o que foi escrito pelo portal, fica ainda a dúvida sobre a declaração do Ministro sobre a Bola Pra Frente ser a “principal referência”. Referência em ...?
          A única "referëncia" recordada aqui é a utilizada por Mário Barbará Dorneles e Sérgio Napp na música "Desgarrados", interpretada, abaixo, pelo próprio Mário Barbará. Espero que os programas do Ministério do Esporte não leve a nossa juventude para esse difícil caminho por conta de  "duvidosas amizades", de competência ainda mais duvidosa.  
 
 
          Está aberta a porteira para mais uma semana. Grande abraço!
 
Wilmar Machado

domingo, 20 de fevereiro de 2011

PROSA DE DOMINGO - RAPADURA É DOCE, MAS...

Amigas e Amigos!

          A prosa deste domingo é sobre uma matéria publicada no portal G1 (http://g1.globo.com/) sobre um tragicômico acidente envolvendo uma professora e a polícia do interior de São Paulo-SP. A professora Angélica Batista viajava de ônibus da capital de São Paulo para Ourinhos, no interior, quando recebeu voz de prisão por portar - pasmem - rapadura (é mole?).



          No portal G1, está registrado que:
Um tablete de rapadura gerou confusão nesta sexta-feira (18), durante operação policial em Ourinhos, a 378 km de São Paulo. Com informações de que uma mulher iria transportar drogas de São Paulo até a cidade em um ônibus, policiais civis revistaram vários veículos em uma base da Polícia Rodoviária de Santa Cruz do Rio Pardo. Em um dos ônibus parados durante a operação, eles encontraram um suposto entorpecente dentro da bolsa da professora Angélica Jesus Batista. A polícia deu voz de prisão ainda dentro do veículo. A mulher chegou a ser algemada. Segundo Angélica, a policial que a abordou disse que era muita droga e a algemou na frente de todo mundo, enquanto ela era retirada do ônibus. Depois, constatou-se o engano. O que os policiais pensavam ser crack era, na verdade, um tablete de rapadura que a professora levava de presente. Em seguida, a professora foi liberada.
          Sobre a "trapalhada policial", o Extra (http://extra.globo.com/) publica uma declaração da professora sobre a "aquisição da referida droga":
- Eu e minha mãe estivemos na Bahia e trouxemos rapadura, requeijão. Era um presente para minha sogra e meu namorado, mas eles confundiram com a droga - disse. Depois do mal entendido a professora foi liberada. Ela registrou boletim de ocorrência por constrangimento. A verdadeira traficante foi presa horas depois em outro ônibus portando 2 kg de crack. O delegado seccional de Ourinhos, Amarildo Aparecido Leal, diz que os policiais usaram o procedimento padrão diante da situação, mas que mesmo assim o caso será investigado. - Os policiais são obrigados a agir com cautela, mas o caso vai ser analisado. Foi preciso garantir a segurança dos passageiros do ônibus e do próprio policial - diz o delegado.
          "Segurança dos passageiros do ônibus e do próprio policial" é a declaração do delegado preocupado porque a "perigosíssima" professora portava, além de rapadura, uma violenta dose de requeijão baiano, que pode ser letal se manipulado por guerrilheiros treinados por determinadas facções terroristas...

          Se o delegado já tem absoluta certeza - tirada sabe-se lá de onde - de terem os policiais se utilizados do procedimento padrão para a situação -, fica a dúvida sobre a necessidade de investigar um caso em que os "padrões" (para abordagem de portadores de rapadura baiana) foram seguidos. Será que a "análise" do caso servira para previnir que outros traficantes - ou usuários - de rapadura fiquem alertas porque a polícia não vai dar moleza.

           Lembrei-me de que existem diversas campanhas, nas mais diversas mídias, para protejer a mulher da violência doméstica - chocante para todos, acredito. Mas surgiu uma pergunta enquanto escrevia: Quem defenderá a mulher da violência policial? 

            Enquanto não surgem respostas para a dúvida levantada, o melhor - penso - é ouvir o grupo "Trem da Viração", cantando de Cauíque Bonsucesso e Beto Jaguary, a música "Rapadura".       

          Para encerrar a prosa deste domingo, deixo um grande abraço para todos!
 
Wilmar Machado