Amigas e Amigos!
A Tertúlia Nativa de hoje nos remete para a página do Correio do Povo (http://www.correiodopovo.com.br/), de Porto Alegre-RS, que trouxe uma nota sobre a participação da presidente Dilma no XII Fórum dos Governadores do Nordeste, onde uma bagunça de sua assessoria deu lugar a uma inoportuna e ufânica advertência. Diz a referida nota que:
A presidente Dilma Rousseff deu uma bronca na sua equipe durante sua apresentação no XII Fórum dos Governadores do Nordeste, que ocorre em Barra dos Coqueiros, município próximo a Aracaju, em Sergipe. Dilma citava experiências que disse considerar de sucesso, como Arranjos Produtivos Locais (APLs) no Nordeste. "Há de se dar suporte e fazer com que se reproduzam experiências de sucesso, como é o caso de Botirama, não é Eduardo (Campos, governador de Pernambuco pelo PSB)?", indagou a presidente, que logo foi corrigida por ele quanto ao nome do município pernambucano. Diante da observação, Dilma não se conteve: "Não é Botirama? Eu falei para vocês que não é Botirama. Vocês vejam o que é uma ótima assessoria. Eles acharam esse Botirama na internet", disse a presidente. A cidade que Dilma queria citar é Toritama, no semiárido de Pernambuco, conhecida por ser polo de confecção de jeans. A presidente também falou da criação de uma Secretaria Nacional de Irrigação e voltou a citar o Ministério de Micro e Pequenas Empresas, uma de suas promessas de campanha.
“Eles acharam esse Botirama na internet”, disse a presidente, mas fico com a dúvida sobre a página de busca utilizada pelos assessores. Se fosse Ibotirama, que fica na Bahia, seria mais fácil o meu entendimento da confusão. Botirama tem, na internet, como identificação de um bar e mercearia em São Paulo que, penso, não deve trabalhar muito com Arranjos Produtivos Locais (a menos que isso tenha a ver com a exposição de hortifrutigranjeiros).
Nessa verdadeira mistura de “alhos com bugalhos”, lembrei de um caso do livro “Contando Causos”, de Rolando Boldrin, da Editora Nova Alexandria (páginas 141-143), que reparto com vocês logo a seguir.
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O TURCO DO BAZAR
Rolando Boldrin
Como era tretêro (embrulhão) o sêo Salim, dono de um bazarzinho num vilarejo chamado Bacuri, pertinho da minha terra. Ele fora, noutros tempos, aquele mascate que carregava nos ombros, pelas roças, um punhado de gravatas coloridas e muitas sacolas, com rendas, alfinetes, colchetes e até calcinhas de mulher. Tudo para vender, com a intenção de abrir uma lojinha de armarinhos, exatamente o que acabou acontecendo algum tempo depois.
Mas para contar esse causo, é preciso ir para outro assunto. O da imagem dos santos da Igreja Católica. É sabido que todos os santos têm um detalhe para ficar mais fácil sua identificação junto aos fiéis. Por exemplo: São Sebastião é aquele que tem flechas cravadas no corpo; Santa Luzia, protetora da vista da gente, carrega um pratinho com dois olhos expostos; o glorioso São Jorge, montado num cavalo bonito e com uma lança, briga feio com um dragão; São Pedro, o porteiro do Senhor, traz nas mãos uma grande chave para simbolizar a abertura da porta do céu. Enfim: cada um dos santos tem uma marca inconfundível.
No causo que conto agora, a cumadi caipira lá de Bacuri, depois que seu quadro de São Jorge (sua devoção) foi danificado pelo fogo da lamparina de querosene, resolve comprar um quadro novo. Para isso, intima seu filho pequeno, o Juquinha, para que vá até o bazar do sêo Salim para comprar uma gravura do santo. E lá vai o garoto.
JUQUINHA – Sêo Salim! A mãe mando eu aqui móde cumpra um quadro de São Jorge.
Salim procura entre tantos quadros de santo que tinha para vender e não encontra nenhum de São Jorge. Então, pega um quadro de São Pedro e o entrega ao Juquinha.
SALIM – Bronto.Bode leva este. Este é Son Jorge.
JUQUINHA – Brigado, sêo Salim.
Ao chegar em casa, a velha caipira, católica fervorosa – e portanto conhecedora dos detalhes de todos os santos do mundo –, ao se deparar com o quadro de outros santo, que não o seu querido guerreiro em riba do cavalo, esbraveja.
MÃE – Esse sêo Salim é tretêro, mêmo. Pensa que eu sô besta? Pode levá de vorta, Juquinha. Diz pro sêo Salim que esse num é meu São Jorge. O meu santo tá montado num cavalo bonito. Esse num tem cavalo. Vorta lá depressa, anda!
Juquinha então aparece de novo no bazar do sêo Salim.
JUQUINHA – Sêo Salim! Minha mãe ficô brava. Ela disse que o São Jorge dela num é esse santo. Que o São Jorge tem cavalo bonito. Esse tá com uma chave na mão, ué.
SALIM – Fala brá tua mamãezinha que este é Son Jorge sim sinhora. Ele tinha cavalo antes, quando era pobre. Agora, ficô rico, melhorou de vida, combrô tomóve. Olha a chave da carro na mão dele. Leva este mesmo, menino, e nom me enche a saco!
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Para concluir nossa Tertúlia de hoje, vamos ouvir de Tonico, Criolo e Nhô Crispim, a música “Campeiro” - que apresenta um devoto de São Jorge -, na interpretação da dupla Tonico & Tinoco.
Até a próxima Tertúlia Nativa. Um grande abraço para todos!
Wilmar Machado
Muito bom. Agradeço muito ao meu santo guerreiro São Jorge. Ele protege eu e meu pai desde o dia em que nascemos. Joge Paulo(23/04/1959), Jorge Paulo Filho(23/04/1992).
ResponderExcluirGostaria de pedir, para qualquer devoto ou pessoa se conhecem ou tem as imagens da: Chave de São Jorge, do Manto, do Escudo e da Espada.
São Jorge, guerreiro vencedor do dragão, Rogai por nós.