segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PROSA DE DOMINGO - A SAGA MINISTERIAL, NOVELA SEM FIM...



Os mentirosos são sempre pródigos em juras.
(Pierre Corneille)



Amigas e Amigos,

Aparentemente, 2012 está muito igual a 2011 lá pelas bandas do planalto central do Brasil. Aqui da capital portenha – após passear pelo Caminito, ao som de tangos e milongas, jantar na Recoleta e participar da missa na Iglesia Nuestra Señora da La Consolación – a única diferença percebida em relação aos ministérios brasileiros é a data, pois o novo ano traz denúncia contra o ministro Fernando Bezerra Coelho sobre privilégios concedidos ao seu estado natal – Pernambuco – na distribuição de verbas das chuvas. Parece que Pernambuco recebeu mais verbas para enchentes do que o Rio de Janeiro, que tanto sofreu com esse tipo de calamidade em 2011.

Além disso, o ministro foi acusado de favorecer seu filho, que é deputado federal, e de atuar para manter o seu irmão como presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba). Sábado, no portal G1 (http://g1.globo.com), podia se encontrar que:
Na terça (10), há possibilidade de o ministro comparecer ao Congresso. O PPS pediu ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a convocação da Comissão Representativa do Congresso Nacional para discutir as denúncias relacionadas ao Ministério da Integração Nacional. A comissão é composta por oito senadores e 17 deputados e pode ser convocada durante os períodos de recesso parlamentar. Bezerra se colocou à disposição para comparecer ao Congresso e dar explicações. "Eu estarei à disposição para visitar a comissão no Congresso na terça-feira, às 10h, para poder responder às dúvidas ou indagações do requerimento e outras tantas dúvidas que, porventura, os parlamentares possam ter em relação à política de aplicação de recursos do Ministério da Integração no que toca à defesa civil", afirmou o ministro nesta sexta. Bezerra nega ter privilegiado Pernambuco, seu estado natal, na distribuição das verbas para prevenção a desastres naturais. Em nota, o ministério contestou reportagem publicada na quinta pelo jornal "O Globo", que informa que, no Orçamento de 2012, Pernambuco foi o estado com a maior previsão de verbas da Integração no Programa de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres. Segundo a publicação, o estado receberia R$ 81,4 milhões, cerca de 11,6% do total do programa sob gestão da pasta. A Integração afirmou que a maior parte dos recursos foi incluída por parlamentares através de emendas durante a tramitação da lei orçamentária. Inicialmente, informa, a previsão enviada pelo Executivo era de R$ 67,6 milhões, complementados com R$ 634 milhões de emendas parlamentares. Em entrevista nesta sexta à Agência Brasil, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, defendeu o ministro da Integração. Ela disse que não houve irregularidades na utilização de créditos extraordinários para investimentos na construção de barragens em Pernambuco. Segundo a ministra, em 2010, o governo pediu um estudo sobre obras para se evitar a repetição das tragédias das chuvs que, naquele ano, atingiram Pernambuco e Alagoas. “Quando a solução foi identificada, não tínhamos dotação específica para 2011. Por isso, o ministro da Integração usou a dotação de crédito extraordinário. Não há nenhuma irregularidade nisso. É dinheiro de defesa civil utilizado em uma obra de defesa civil”, afirmou a ministra à agência. O jornal "Folha de S.Paulo" afirmou na edição deste sábado (7) que o filho do ministro, deputado Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), foi o único parlamentar que conseguiu obter o empenho (compromisso de pagamento) de todas as emendas que apresentou para obras do ministério. De acordo com o jornal, o ministério respondeu em nota que o ministro não beneficiou o filho. Segundo a nota, o deputado conseguiu a liberação de cerca de 80% dos pedidos em anos anteriores, quando o pai não era ministro. Segundo "O Estado de S. Paulo", o ministro agiu para manter durante um ano o irmão, Clementino Coelho, na presidência da Codevasf. Coelho assumiu após a exoneração do antecessor, Orlando Cézar da Costa Castro. Pelo estatuto da Codevasf e por orientação da Controladoria-Geral da União (CGU), na ausência do presidente, o diretor mais antigo - no caso, Coelho - assume a presidência até a nomeação do novo titular do cargo. Nesta sexta, a Casa Civil da Presidência da República divulgou nota informando que, "há cerca de 50 dias", Fernando Bezerra fez o pedido para que Guilherme Almeida, que também é diretor da empresa, seja nomeado novo presidente da Codevasf. "Em que pese Almeida já ocupar o cargo de diretor da estatal, a assunção à presidência do órgão exige novas consultas, conforme determina a legislação. Cabe, porém, destacar que, tendo sido concluídas as consultas, Guilherme Almeida será nomeado nos próximos dias", informou a nota da Casa Civil.

          Salvo engano, 2011 terminou com ministros sendo denunciados, negando falcatruas, sendo defendidos por alguma fonte oficial, e caindo fora antes que seus malfeitos (apelido oficial – apreciado pela presidente e seu séquito – para prevaricação) fossem efetivamente esmiuçados, pois acredito que a inhaca tenderia ao insuportável.



Como políticos têm certeza que nós temos curta memória, saem do “palco” temporariamente, já preparando um breve retorno como tantas “figurinhas carimbadas” que achincalham nossa política. Não será de estranhar que mais um ministro caia antes da protelada reforma (ou limpeza) ministerial. Acho melhor reforma, por que pelas últimas substituições fica difícil imaginar limpeza.

Para que possamos ter uma boa semana, separei uma belíssima moda do amigo Chico Lobo, interpretada por ele mesmo, que tem por título “Beira de Mato”, do CD “No braço desta viola”. E assim a gente esquece um pouco destes políticos que só lembram da gente quando precisam de nossos votos para se elegerem.  


          Um grande abraço e uma semana maravilhosa para nós!

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