As Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas...
O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos
e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!
(Bob Marley)
Amigas e Amigos,
No último domingo (15/05), a Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br) apresentou uma matéria em que mostrava a “multiplicação” dos bens do atual ministro Palocci. De 2006 a 2010 – período em que foi deputado pelo PT –, segundo a reportagem, o valor dos bens do ministro se multiplicaram por 20, o que lhe permitiu comprar um apartamento (mais de 500 metros quadrados, nos Jardins!) por R$ 6,6 milhões e um escritório por R$ 882 mil, entre os anos de 2009 e 2010, quitados pela empresa de consultoria Projeto, mantida pelo próprio Palocci.
Hoje, na Folha, Clóvis Rossi, escreveu que:
Quando Lula montava seu ministério, no finzinho de 2002, Ricardo Kotscho, assessor de imprensa e, mais que isso, amigo íntimo, cobrou: "Você tem que nomear o Palocci". Lula quis saber a razão, e Kotscho explicou direitinho: "Porque ele é muito divertido". Premonitório meu amigo Kotscho: Palocci se divertiu à beça, como ele próprio confessa agora candidamente (ou cinicamente, a seu gosto, leitor). Usou seus anos de ministério para construir os alicerces de um apartamento de R$ 6,6 milhões, comprado praticamente à vista.
Supondo que tenha sido, de fato, a motivação acima responsável pela indicação de um ministro, pode-se tentar, mas dificilmente entender, as “motivações” (ou falta delas) consideradas no preenchimento dos demais escalões. Talvez insatisfeito com a “diversão” citada pelo Rossi, no parágrafo anterior, o ministro resolveu se divertir com seus “amigos” e apresentou uma “pérola” para a imprensa em forma de comunicado para congressistas, conforme Gabriela Guerreiro e Larissa Guimarães escreveram, na Folha, ontem (18/05):
Em mensagem enviada ontem a deputados e senadores, a Casa Civil justificou o aumento do patrimônio do ministro Antonio Palocci lembrando ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central que se tornaram "banqueiros" e "consultores de prestígio" depois de passar pelo governo. O texto diz que a passagem por esses cargos proporciona "uma experiência única que dá enorme valor a esses profissionais no mercado", na tentativa de mostrar que o caso de Palocci não é incomum. Em seguida, lista ex-presidentes do BC e do BNDES como Pérsio Arida e André Lara Resende e ex-ministros da Fazenda como Pedro Malan e Mailson da Nóbrega, ressaltando que eles "se tornaram em poucos anos" bem-sucedidos no setor privado. Resende, Arida e Malan foram do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002); Mailson foi ministro de José Sarney (1985-1990). A nota afirma que nada impedia Palocci de manter a consultoria Projeto durante seu mandato de deputado e lembra que pelo menos 273 deputados e senadores hoje são sócios de empresas.
Depois da “mordida” aplicada pelo ministro Palocci em integrantes de governos anteriores, Clóvis Rossi, na continuação do trecho apresentado acima, publicou na Folha:
Ingênuo e purista que sou, não gosto de que se coloque etiqueta de preço em seres humanos, ainda mais em servidores públicos. Mas não sou tão ingênuo a ponto de ignorar que Palocci disse a verdade, parte da verdade ao menos. A parte que ocultou é a seguinte: a passagem por esses postos -ou outros- dá a quem a fez conhecimento das entranhas e engrenagens do poder, o que facilita abordagens do setor privado que quer ou precisa fazer negócios com o Estado, em qualquer de suas esferas. Em linguagem clara, o mecanismo chama-se tráfico de influência. Não sei se Palocci o praticou, mas é evidente que as empresas que contrataram a sua consultoria estavam de olho nessa possibilidade. Só não sabia que esse, digamos, trânsito dava tanto dinheiro assim. Como é ilógico supor que uma eventual queda de Palocci seria um desastre (se não o foi em 2006, menos ainda o seria agora), resta suspeitar que a blindagem que até a oposição oferece ao ministro deve-se à expectativa de usar, hoje ou no futuro, a "experiência única" que tanto gozo deu a Palocci.
Diante do problema que poderia criar, e se valendo de experiência anterior onde o confronto não apresentou bons resultados políticos (bem verdade que imediatos), o ministro Palocci resolveu recuperar a própria imagem junto a seus “amiguinhos”. Renata Lo Prete, na Folha, hoje, comentou como o ministro “assoprou” a “mordida” aplicada:
Antonio Palocci entrou em campo ontem na tentativa de desfazer o mal-estar causado pela divulgação, na véspera, de texto elaborado pela Casa Civil no qual se procura justificar o salto patrimonial do ministro citando integrantes de governos anteriores que se tornaram profissionais bem-sucedidos no setor privado. Palocci telefonou para os quatro mencionados - os ex-ministros da Fazenda Pedro Malan e Mailson da Nóbrega, o ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende - e apresentou desculpas pelo constrangimento causado. Consta que as reações foram elegantes.
Fica aparente a “punição” imposta ao responsável pelo “caseirogate”, que lhe facilitou o ato de “encher as burras de dinheiro”, enquanto o Francenildo Costa – o caseiro responsável pela denúncia vai sendo apagado da memória nacional. Afinal de contas, há muito tempo que a política desse país tem grande dificuldade de “administrar” lampejos de honestidade. Enquanto o ministro "morde e assopra" (como a novela da Rede Globo), Antônio Gringo – músico, cantor e compositor, de Rodeio Bonito-RS – tem entre seus maiores sucessos a música “Cativeiros”, que nos últimos 20 anos se fez presente em todos os seus shows.
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CATIVEIROS
Antônio Gringo
Ouvi um pássaro cantar no cativeiro.
Nesse instante não contive a emoção
Em saber que a beleza de seu canto
Condenou-o a viver numa prisão.
Se por cantares, hoje vives prisioneiro,
Somos iguais neste ofício de cantor.
Pra dar ao mundo mais poesia e ternura
Em liberdade, cantar a vida e o amor.
/Não tem preço a liberdade não tem dono
Só quem é livre e sente o prazer de cantar
Se um passarinho canta mais quando está preso
É num desejo de um espaço pra cantar./
Quantos homens nas gaiolas desta vida
Aprisionados pela empáfia do poder.
São como pássaros, cativos da injustiça,
Morrendo aos poucos na prisão do mal viver.
Quero ver pássaros e homens livremente
Romper na vida toda forma de prisão.
Que só o amor e liberdade nos cativem,
Aprisionando-se em cada coração
/Não tem preço a liberdade não tem dono
Só quem é livre e sente o prazer de cantar
Se um passarinho canta mais quando está preso
É num desejo de um espaço pra cantar./
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A interpretação de “Cativeiros” é do próprio autor, acompanhado pelo Conjunto Os 4 Ventos.
Até a próxima e um grande abraço,
Wilmar Machado
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