Leva tempo para alguém ser bem sucedido porque o êxito
não é mais do que a recompensa natural pelo tempo gasto em fazer algo direito.
(Joseph Ross)
Amigas e Amigos,
Abrindo a porteira hoje para manifestar minha estupefação com a mais recente “franquia” implementada em São Paulo e que, acredito muito em breve, se espalhará pelo país inteiro. Ao se observar a elaboração leis nesse Brasil, onde aos legisladores não é exigido conhecimento, discernimento, comportamento ético ou ficha policial limpa, é difícil imaginar uma solução para qualquer expectativa mínima de justiça. Falando nisso, com uma Corte Superior que parece se mostrar conivente com a livre expressão de apologia ao crime, através da liberação de passeatas em pró de drogas ilícitas, penso que nem deveria ficar tão surpreso com a citada “franquia”.
Mas fiquei surpreso. E mostro um trecho da matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo (disponível em http://www.folha.uol.com.br), hoje, sobre a intensa atividade empresarial do grupo de criminosos para distribuição de drogas. Pode-se ler na reportagem que:
A facção criminosa PCC montou um "esquema empresarial" de venda de drogas no Estado de São Paulo que inclui o cadastro dos pontos de venda e registros em livros-caixa. O sistema, que tem até o pagamento de "franquias" para o traficante manter os pontos de vendas, foi descoberto pela Polícia Civil de São Sebastião através de escutas telefônicas, no inquérito que desmontou quadrilhas no litoral norte paulista. As escutas captaram conversas em que traficantes tratam os pontos de "lojinha" e "biqueira" e citam como funciona o cadastro. O inquérito desmontou uma refinaria de cocaína em Ubatuba. As informações sempre passavam por um preso, tratado como "MP", chefe da facção no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Caraguatatuba (SP). Segundo as investigações, o ponto de venda é "registrado" no nome de uma pessoa ou família, que paga "franquia" de R$ 300 a R$ 500 por mês para a facção. Com o registro da facção, o traficante pode depois "terceirizar" o ponto de venda para outra pessoa ou vendê-lo, mas sempre após autorização do crime organizado. Existe ainda o compromisso de que as "bocas" só podem comprar drogas dos esquemas do PCC, que tem hoje forte atuação no Paraguai, segundo a Polícia Federal. Em contrapartida, o "franqueado" tem a garantia de segurança e de que ninguém tentará tomar o ponto, como ocorre em favelas do Rio. Se o dono da "boca" é preso, alguém indicado por ele assume, e o negócio continua. O inquérito conclui que a rede do PCC funciona ao estilo das máfias, com fornecedores exclusivos, venda de segurança e garantia de ajuda, quando um "cliente" – o pequeno traficante – é preso. As investigações chefiadas pelo delegado André Luiz Costilhas apontam um duplo comando no esquema, de dentro do CDP e fora da prisão. Entre seis e dez casas, além de veículos, foram comprados pela quadrilha no litoral norte. O inquérito reforça que o crime organizado consegue manter seus negócios normalmente, mesmo dentro da prisão, e que vem aumentando o nível de organização da facção, que criou um modelo copiado por todas as suas células no Estado. Um dos meios de fazer caixa é em sorteios. Em Ubatuba, os policiais apreenderam cartelas de rifas de um Vectra e um Polo, que seriam sorteados pelo bando.
Mesmo com todo o esforço que os poderes brasileiros vem fazendo para colocar marginais nas ruas, é difícil imaginar um argumento convincente para as diretorias das organizações empresariais abandonarem os lugares protegidos em que têm seus “escritórios” devidamente estruturados. Pelo que se pode aferir da matéria, quem necessita permanecer na insegurança das ruas é o “cliente pequeno traficante”, beneficiado com segurança e garantia de ajuda para lhe possibilitar um bom desempenho como franqueado. E a vida continua...
E como a vida continua, vou abrindo a porteira para mais uma semana com a música “Não podemos se entregá pros home”, de Humberto Zabatta, Francisco Alves e F. Scherer, interpretada pelo saudoso Leopoldo Rassier.
Desejando a todos um excelente semana, deixo um forte abraço,
Wilmar Machado
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