O portal G1 (http://g1.globo.com/) noticiou, hoje, que ativistas do PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), cuja preocupação é o tratamento ético dos animais, fizeram propaganda, na Casa Branca, EUA, para estimular os americanos a comerem "tofu de peru", uma espécie de "peru vegetariano", em vez da carne utilizada tradicionalmente no Dia de Ação de Graças. O portal traz esta notícia com a foto abaixo, da AFP:
O PETA que, no final de outubro último, fez uma proposta inusitada para a atriz Lindsay Lohan, que passava por um crise financeira e não tinha condições de custear o tratamento na clínica de reabilitação onde estava internada. A organização demonstrou interesse em bancar o tratamento de recuperação da atriz caso ela parasse de consumir carne. Segundo o portal Terra (http://www.terra.com.br/), a carta enviada pela instituição aos representantes de Lohan dizia que:
O PETA vai ajudar a pagar sua conta de US$ 50 mil (cerca de R$ 85 mil) para o tratamento da dependência de nicotina se você se livrar de mais uma substância tóxica: a carne. Como você sabe, uma parte crucial de qualquer recuperação é mostrar caridade para com os outros. Uma maneira de fazer isso é respeitar os animais, a Terra e seu próprio corpo. Você nunca vai se arrepender.
Lendo o Livro "Rapa de Tacho: causos gauchescos", do Aparício Silva Rillo, fiquei imaginando que o PETA talvez tenha andado lá para os lados de Bagé, Pinheiro Machado e Lavras do Sul. E penso, ainda, que Bola Madureira, que vocês vão conhecer no causo de hoje, do citado livro, pode ter sido vítima dessa instituição sem perceber. Leiam e tirem suas conclusões.
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BOLAÇOS DO BOLAAparício Silva Rillo
Os que me contaram seus causos não lhe sabiam seu primeiro nome. No seu túmulo, em Bagé, duas datas e a inscrição: "Bola Madureira". Pinheiro Machado e Lavras do Sul disputam, com a terra onde viveu e foi enterrado, a primazia de seu nascimento. Tudo porque Bola Madureira terá sido um dos gaúchos mais completos que o Rio Grande já teve.
Há todo um folclore a respeito de suas proezas como campeiro: a de emérito laçador, a ponto de não lhe escapar a armada nem mesmo uma lebre correndo coxilha acima; a de grande atirador de boleadeiras, havendo, certa vez, boleado um joão-grande que lhe cruzava a frente do cavalo; quando mais moço, gineteava ao revés, seguro apenas na cola da montada.
Mas tendem tanto ao fantástico as histórias de extração campeira que o levam como personagem que, precavido, prefiro les contar dois causos que me parecem revelar o senso de humor que foi uma das tantas características de Bola Madureira, cuja estampa física, segundo Diogo Madruga Duarte, seria "a de um Búfalo Bill sem bigodes".
De volta de uma tropeada, o Bola ficou de pousada numa casa de estância, onde chegou de tardezita. Depois do mate habitual, foi convidado a jantar. Foi servida uma canjica aguada, com os grãos de milho duros e mal cozidos. Bola foi sorvendo devagar o prato mal preparado. De repente, a ordem do dono da casa, falando em direção à cozinha:
- Muié, pode trazer o frango!
Bola Madureira, roído de fome, sentiu um alívio. Finalmente alguma coisa que prestava. Sorveu o caldo sem gosto e deixou a canjica praticamente intacta. Demorou pouco seu entusiasmo. Entrou a dona da casa na sala com um frango embaixo do braço. Largou-o em cima da mesa e comandou, com voz macia:
- Come, franguinho querido, come. Canjiquinha cozida vai te deixar bem gordinho...
.o.O.o.
Doutra feita, também de pousada em rancho alheio, Bola Madureira mateou até dez horas da noite com o dono da casa. De bóia, nada. Lá pelas tantas, seu hospedeiro, insinuando que já era hora de espichar os ossos nos pelegos, convidou:
- Quem sabe a gente lava os pés na gamela? Temo que levantá cedo amanhã...
Bola, louco de fome, saiu-se com esta:
- Mas será que não faz mal lavar os pés em completo jejum?
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Mas como essa comida "disfarçada" aumentou minha vontade de saborear alguma coisa mais suculenta, vou ouvir - e convido vocês - José Mendes cantando "Churrasco", música do próprio José Mendes em parceria com Luiz Muller.
E por aqui, encerramos nossa Tertúlia Nativa desta semana. Até a próxima!
Wilmar Machado.
P.s.: Deixem seus comentários aí embaixo, que serão sempre muito bem-vindos!
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