Nem todos podem tirar um curso superior.
Mas todos podem ter respeito, alta escala de valores e as qualidades de espírito
que são a verdadeira riqueza de qualquer pessoa.
(Alfred Armand Montapert)
Amigas e Amigos,
Mais uma semana começando, com uma notícia que merece reflexão pela falta de uma visão clara da intenção motivadora do ato. Refiro-me a matéria disponível na página “Vestibular e Educação”, do portal G1 (http://g1.globo.com), sobre a meta do governo federal de abrir mais de um milhão de matrículas nas universidades até 2014, abordada pela presidente Dilma em seu programa de rádio na manhã de hoje.
O assunto do programa de rádio buscou esclarecer uma notícia da última terça-feira, dia 16, quando o governo anunciou a criação de quatro novas universidades federais, a abertura de mais 47 campi universitários e 120 unidades de institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Naquele dia, o Ministério da Educação indicou as sedes das novas entidades: a Universidade Federal Sul e Sudeste do Pará, em Marabá; a Universidade Federal da Região do Cariri, em Juazeiro do Norte; a Universidade Federal do Oeste da Bahia, em Barreiras; e a Universidade Federal do Sul da Bahia, em Itabuna. Esses projetos contam com o compromisso de prefeitos de 120 municípios que cederão terrenos para a instalação das unidades. Sobre o assunto, o portal G1 publicou que “de acordo com o ministro da Educação, Fernando Haddad, o objetivo do projeto é promover a interiorização da educação superior e profissional no país. Haddad explicou ainda que a expansão de universidades e escolas para as regiões mais pobres do país ajudará no projeto do governo de erradicação da miséria”.
Poderia dizer que fiquei com uma dúvida, mas para não mascarar a verdade, afirmo que tenho muitas dúvidas nisso que estão chamando de “projeto”. Uma dúvida é sobre os critérios utilizados para definir os locais onde serão instaladas as novas universidades, bem como as demais unidades de educação. Outra questão para a qual não tenho resposta é sobre a interiorização da educação no país – as localizações no interior deste país que pensam em educação já dispõem de oportunidades para suas comunidades. A frase do ministro sobre erradicação da miséria não me soou com a autenticidade esperada para o assunto, pois não encontrei relação direta imediata entre miséria e ensino superior – concordo que passa por educação, mas sem saltar etapas.
Sobre a participação da presidente Dilma no rádio, o portal G1 trouxe, hoje, que:
Com a criação de novas instituições de ensino no país, o governo pretende chegar a 1,2 milhão de matrículas nas universidades federais até 2014. A presidente Dilma Rousseff comentou o Plano de Expansão da Rede Federal de Educação em seu programa de rádio semanal, "Café com a presidenta", na manha desta segunda-feira (22). [...] Nos institutos, a meta do governo é chegar a 600 mil matrículas até 2014. "Nós estamos agindo rápido para recuperar o tempo perdido. Se queremos que o nosso país ocupe um lugar de destaque no mundo, se queremos um país justo, um país rico, sem pobreza, se queremos que nossos filhos e netos se desenvolvam, temos de dar um grande salto de qualidade no nosso ensino e na formação de nossos jovens", disse a presidente. Dilma Rousseff explicou os critérios usados pelo governo para escolher os municípios que vão receber essas escolas de nível superior. "Primeiro, demos prioridade a municípios com mais de 50 mil habitantes, em microrregiões onde não existiam escolas da rede federal e no interior do Brasil. Segundo, tivemos a preocupação de atender municípios com elevado percentual de extrema pobreza. Terceiro, focamos em um grupo de municípios que têm mais de 80 mil habitantes, mas, nos quais, a prefeitura, muitas vezes, arrecada pouco e tem muita dificuldade de investir em educação", detalhou.
Como tem sido rotina nos últimos anos – pelo menos nos últimos – os esclarecimentos pouco esclareceram. Não resta dúvida que “temos de dar um grande salto de qualidade no nosso ensino”, mas por tudo que foi falado o único salto perceptível é o quantitativo e não o qualitativo. Penso que a forma utilizada, com foco apenas na possibilidade de aumentar o número de estudantes poderá dar origem a um número bem maior de professores, servidores e terceirizados para atender essa nova quantidade estimada de alunos.
E daí? Daí, que com o pouco caso tradicionalmente dedicado a educação será motivo para novas greves anuais com maior número de professores e outros servidores. Além da falta de valorização dos profissionais em educação – com salários muito longe dos praticados para com os (não-) trabalhadores eleitos para o Congresso e adjacências –, não é novidade o desleixo dedicado à qualidade do ensino praticado nas unidades existentes hoje.
Ou será que alguém está pensando que a expressão “construir educação”, muito utilizada por especialistas no assunto, passa por erguer escolas sem políticas concretas para o aproveitamento desses prédios. Será?
A música escolhida para abrir a porteira para mais uma semana trata em sua letra de um menino que caminhava só – como tantos meninos que não conseguem acesso a uma escola – teve uma primeira gravação do início dos anos 70 por Sérgio Reis (Sérgio Basini). Trata-se da versão do próprio Sérgio para “El chico de la armonica”, do espanhol Fernando Arbex, que recebeu o título de “O menino da gaita”, aqui interpretada pelo Sérgio Reis.
Um grande abraço e um ótima semana para nós, se Deus quiser!
Wilmar Machado
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