Amigas e Amigos!
Para iniciar esta primeira semana após adquirir mais experiência no último sábado, encontrei uma notícia que, acredito, poderá ser incluída no bizarro mundo de escândalos promovidos pelos poderes constituídos em nosso país.
Em matéria publicada hoje, no portal G1 (http://g1.globo.com), pode-se acompanhar, por mais estranho que pareça, que os paroquianos da Igreja de São Gonçalo do Retiro, da comunidade de São Dimas, em Salvador-BA, celebraram a festa do padroeiro em um circo (Circo Maravilha), com a presença de Dom Geraldo Magella, que compareceu ontem para apoiar a comunidade. Diz a matéria que:
A celebração da missa em homenagem ao dia do padroeiro da Igreja de São Dimas, na Baixinha de Santo Antônio, em Salvador, foi realizada dentro de um circo neste domingo (3). A construção de um motel ao lado colocou em risco a sustentação da igreja, demolida há um ano. O caso está na Justiça e os fiés reclamam solução. “Em 2007, autorizaram a construção do motel, que abalou profundamente a estrutura da igreja. A Codesal veio, deu um parecer técnico e disse que tinha ameaça de desabamento eminente. Por motivos de segurança, fomos obrigados a demolir a igreja, o centro social e também a creche”, explica o pároco Maurício Abel. A creche que funcionava na igreja atendia pelo menos 35 crianças. [...] O técnico contábil Antônio Moreira protestou contra a situação. “Estamos protestando contra a morosidade da Justiça. A igreja está no chão e o motel, infelizmente, de pé”, diz.
Apesar dessa preocupação do técnico contábil contra “a morosidade da Justiça”, aparentemente, a Justiça não é a única responsável pelo pagamento dessa conta. O caso parece envolver também a máquina administrativa, dados o tempo de enrolação e a omissão de autoridades constituídas. Para se ter uma idéia do tempo proporcionado por quem deveria buscar soluções, e não embromações, no dia 7 de abril de 2009, no telejornal “Bahia Meio Dia” (disponível em http://ibahia.globo.com/batv/materias_texto.asp?modulo=2912&codigo=202999), foi questionado o porquê de uma obra embargada pela Defesa Civil em novembro de 2007 não ter sido suspensa até aquela data, pois:
O povo diz que o dono do hotel tem muito dinheiro e muitos amigos na Sucom. Agora, a justiça embargou a obra, mas o embargo não foi respeitado e o dono continuou a sua construção até escondido de noite. [...] mesmo com a obra embargada, o hotel foi concluído. [... ] Já a assessoria da Sucom - Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo informou que o hotel foi notificado, autuado e embargado, mas não disse porquê, mesmo com tudo isso, as obras foram concluídas e a recuperação dos prédios vizinhos ainda não aconteceu.
Para corroborar a idéia de que é possível se trabalhar neste país sem gerar qualquer resultado (mas sem jamais esquecer de receber, e muito, por isso), encontrei no Correio, de Salvador, (http://correio24horas.globo.com), do dia 15 de julho de 2009, que:
O juiz da 7ª Vara de Relação de Consumo determinou a demolição de um hotel da Baixinha de Santo Antônio e também que o dono do imóvel, Manoel Borges da Silva Júnior, mande recuperar os prédios da Igreja de São Dimas e da creche do bairro que foram fechados com sérios problemas na estrutura por causa da construção do hotel. A prefeitura embargou a obra, que continuou mesmo sem permissão.
A única explicação que vislumbro para esse verdadeiro “jogo de empurra” na aparente tentativa de “esconder o jogo” está associada ao próprio padroeiro da comunidade: São Dimas. São Dimas – apesar de dúvidas quando ao seu verdadeiro nome – foi o Bom Ladrão, que na cruz, ao lado de Jesus, confessou a própria culpa e professou a fé em Cristo. Ora, parece que vivemos em um tempo onde a delação premiada abala toda e qualquer estrutura de poder deste Brasil, onde a situação de “ter o rabo preso” se generaliza propiciando cada vez mais situações em que os responsáveis por decisões e ações prefiram “meter o rabo entre as pernas” e “sair de fininho”.
Para deixar a porteira aberta para mais uma semana, vamos ouvir uma música que pode se associada ao comentário de hoje. De Prado Júnior e João Armando Perrupat, com as Gargantas de Ouro do Brasil, a dupla Milionário & José Rico, a composição "Inversão de Valores".
Um grande abraço e até a próxima!
Wilmar Machado
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