Quem não se sentir ofendido com a ofensa feita a outros homens,
quem não sentir na face a
queimadura da bofetada dada noutra face, seja qual for a sua cor,
não é digno de ser homem.
(José Julián Martí Pérez)
Amigas e Amigos,
Na
semana em que a celebramos a Festa do Santíssimo Nome de Jesus, festejamos
nesta terça-feira Santa Genoveva, uma francesa que, como Santa Joana D’Arc, fez
da atividade política e social uma obrigação tão importante como o jejum e a oração.
Antes
de continuar nosso bate-papo sobre Santa Genoveva neste Oratório Campeiro,
quero registrar que li – aqui na capital portenha onde passo minhas férias –
uma matéria no portal G1 (http://g1.globo.com) sobre o escalpamento de duas
crianças – de 10 e 13 anos – em acidentes com motor de barco no Pará, no dia 30
de dezembro. Segundo a notícia, as crianças estão em estado grave na Santa Casa
de Belém, referência para esse tipo de caso.
Saber
que existe um lugar tido com referência para esse tipo de caso (conforme a
notícia) é algo que me deixa perplexo, pois reconhecer uma referência para essa
situação é admitir que existam um número significativo de casos semelhantes.
Diz, ainda, a matéria que:
Os acidentes costumam ocorrer quando as vítimas têm o cabelo arrancado pelo movimento do eixo que liga o motor até a hélice dos barcos, que fica exposto aos passageiros de maneira irregular. A menina de 10 anos sofreu perda total do couro cabeludo, teve exposição óssea, a orelha esquerda rasgada e fratura no úmero. A vítima sofreu o acidente quando viajava com a mãe da região onde mora até o centro de Portel (PA), trajeto que demora quatro horas para ser percorrido de barco. "No momento, ela está em estado grave, porém estável. A criança está com infecção e faz hemoterapia em virtude de quadro anêmico. A lesão sofrida por ela chegou até a cervical", disse Socorro Ruivo, coordenadora do Programa de Assistência Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. A criança de 13 anos foi ferida quando era levada do ponto onde mora, em Oeiras (PA), até o centro da cidade, que fica na região do Arquipélago de Marajó. Ela perdeu parte do couro cabeludo, com exposição parcial do crânio. "Nos dois casos, as pacientes estão recebendo acompanhamento médico até que possam passar por cirurgia reparadora e ortopédica", disse Socorro. Para evitar casos de vítimas escalpeladas em embarcações na região amazônica, a Defensoria Pública Geral da União (DPGU) tem um programa, desde abril de 2005, para tentar erradicar os casos de acidentes deste tipo. Segundo dados do governo do Pará, foram registrados 250 casos de vítimas escalpeladas, no período de 1982 a 2011. A maioria aconteceu na região do Arquipélago de Marajó, na Região Metropolitana de Belém, nas regiões Nordeste e do Baixo Tocantins. A DPGU trabalha com o Projeto de Prevenção e Erradicação do Escalpelamento, que é feito em parceria com as secretarias de Saúde dos estados do Pará, Amapá, Rondônia e Amazonas, com o Ministério da Justiça e com a Marinha. De acordo com a defensora pública federal Luciene Strada, a DPGU tem 241 processos de assistência jurídicas para vítimas escalpeladas. Destes, 145 casos são no Pará, 94 no Amapá, um no Amazonas e um em Rondônia. A defensoria atua em duas linhas de ação. A primeira, reparadora, orienta as vítimas e seus familiares sobre os direitos que têm após o acidente, abre processos de assistência jurídica e viabiliza o recebimento de indenização. "O objetivo é atuar de maneira que sejam garantidos todos os direitos de cidadão até a reinserção das vítimas ao mercado de trabalho e todo acompanhamento médico, desde os primeiros cuidados até os últimos reparos de cirurgia plástica, em cooperação com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e atendimento psicológico", disse Luciene. A segunda, preventiva, atua com campanhas de esclarecimento com donos de embarcações e passageiros. Um dos focos é o aumento da segurança dos barcos. "Não tenho registro de donos de barcos reincidentes. O acidente com vítimas escalpeladas e tão feio que o barqueiro que passou por uma situação dessa dificilmente vai querer passar por isso de novo", afirmou a defensora pública federal.
Por
mais que se possa alegar diferenças culturais – ou quaisquer outras bobagens
para explicar tais situações – não consigo aceitar que acidentes dessa
magnitude possam ocorrer sem que se busque – efetivamente – erradicá-los.
O
programa da Defensoria Pública Geral da União, que se arrasta – conforme a material
– desde de 2005 para erradicar “casos de acidentes deste tipo”, pode ser
classificado como inóquo diante da realidade apresentada na reportage do G1. E
aparentemente é assim que ele também é visto pela própria DPGU, pois atua em
duas linhas de ação, onde orienta as vítimas (após sofrerem o acidente) e
esclarece os envolvidos para que não haja reincidência (quando alguém já sofreu
um acidente deste tipo). Parece brincadeira com o sofrimento alheio.
Volto,
então, a falar de Santa Genoveva, para relembrar principalmente um dos
episódios mais marcantes de sua vida. Esse episódio diz respeito a sua atuação
na história da França como protetora dos moradores do campo à uma cidade que
vivia na penúria. Graças a essa intervenção, milhares de franceses foram salvos
da morte e, por isso, Santa Genoveva é invocada sempre que a capital francesa
passa por calamidades e é a Padroeira de Paris.
Como
sugestão, vamos pedir, pela intercessão de Santa Genoveva, que Deus ajude
nossos governantes a deixarem de “estar fazendo” e a “fazerem” o que os nossos
irmãos mais necessitados tanto precisam, para que, assim, eles possam ser
vistos como pessoas e não apenas como um voto para as próximas eleições.
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ORAÇÃO A SANTA GENOVEVA
Deus, nosso Pai,
Deus, nosso Pai,
Por intercessão de Santa Genoveva,
Afastai de nós a peste, a fome, as guerras.
Saibamos defender nossa dignidade
De cidadãos livres e de filhos de Deus,
Que nos chamou a viver na paz e na justiça,
Deixando de lado interesses mesquinhos e
individualistas.
Dai-nos, Senhor,
Dai-nos, Senhor,
A coragem e a abnegação de Santa Genoveva
Que soube praticar o Evangelho, servindo aos irmãos,
E que obteve na oração
Forças para debelar o perigo da opressão e o desespero
da fome.
Jamais nos falte a vossa proteção
E auxílio nas dificuldades pelas quais passamos.
Amém.
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Para concluir esse
primeiro Oratório Campeiro de 2012, escolhi a música “Minha Vida Tem Sentido”,
do Padre Zezinho, interpretada pelo próprio autor.
Um grande abraço e que
a Paz de Cristo permaneça conosco por todo 2012!
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