O pênalti é tão importante que devia ser cobrado pelo presidente do clube.
Neném Prancha
Amigas e Amigos,
Desde ontem, após assistir, perplexo, 120 minutos de futebol sem gol e 4 cobranças de pênaltis (ainda que os árbitros mais afetados insistam em uma denominação mais pomposa por não se tratar da punição de uma infração ocorrida dentro da grande área no decorrer do jogo), que venho tentando segurar a vontade de comentar a participação de nossa seleção de futebol na Copa América.
Como acabou minha resistência, estou escrevendo sobre o “desastre”, pouco previsível (não parecia tão óbvio como o fracasso ocorrido na última Copa do Mundo). Digo pouco previsível porque o treinador Mano Menezes convocara a maioria dos jogadores pedidos por todos.
Não acredito que possa melhorar a situação o fato de se indicar “culpados”. O futebol, por mais que evolua em sua tática e em sua técnica, continua sendo “uma caixinha de surpresas”, o que mantém esse nobre esporte bretão com tantos e fiéis apaixonados por um clube – de ponta ou de “pelada” –, por vários clubes ou, apenas, por seleções nacionais. Gostar de futebol é não conseguir assistir uma partida – importante ou não – sem se perceber torcendo, mesmo que seu time – ou seus times – de coração não esteja na disputa.
Por isso, achei até divertidas algumas citações que fizeram parte da edição de hoje do jornal Correio Braziliense, como: “errar é um Mano” ou “ para o Cebolinha, é Elano que se aplende”. Mesmo com essas brincadeiras, como a maioria dos brasileiros, gostei da convocação do Mano, de sua escalação, da idéia de agressividade e gostei, até, de algumas substituições oportunas. Mas os meninos tremeram e os mais experientes, aparentemente, se fizeram meninos também.
Em minha opinião, não está tudo errado, mas existem erros. Pode-se jogar bem e perder? É claro que sim. Até hoje a seleção que mais me encantou foi a de 1982 e perdeu. Mas a seleção atual não pode ser comparada com a de 1982, porque perdeu sem jogar bem. Não estou dizendo que essa seleção jogou menos do que a seleção do Paraguai, pois o Paraguai sequer jogou. Mas jogar mais do que uma seleção como a do Paraguai não enriquece currículo de ninguém, pela fragilidade da mesma que, com méritos, soube se defender, e nada mais.
A nossa expectativa é que talvez tenha originado o desastre ocorrido. Tínhamos uma seleção sem craques – que fizeram partes de todas as nossas seleções – e víamos craques em quase todos os convocados. Alguns dribles e algumas assistências são suficientes para, em nossa carência atual de grandes nomes do futebol, enaltecer bons jogadores como se fossem muito mais do que podem ser. Basta se destacar um pouco e surge a notícia de um “novo Pelé” – quantos novos Pelés já cresceram e diminuíram sem jamais conseguir substituir – ainda que parcialmente – o Rei.
Agora, se não temos craques, precisamos trabalhar muito mais. Esse é o ensinamento que deve ser tirado: compensar a falta de craques com muito mais trabalho. E trabalhar significa até treinar pênaltis exaustivamente, até começar a acertar dentro do gol. E treinar mais, se o objetivo final for evitar defesas de goleiros adversários. E se disse não está tudo errado, não consigo ver qualquer possibilidade de explicar 4 pênaltis perdidos. Nem em time de pelada isso seria perdoável (coloquei seria porque não conheço time de pelada que tenha perdido 4 pênaltis). Mesmo com paciência, isso é difícil de entender.
Vou torcer para que surja, finalmente, um grande craque e que se tenham paciência de deixá-lo amadurecer no tempo certo para não sua carreira não se acabe tão precocemente. Para surgir um craque na Argentina, ele precisou ser lapidado fora do país. Será que nós também, por nossa “carência”, estamos acabando com a possibilidade de nossos meninos se transformarem em jogadores que fazem a diferença.
Mesmo que tudo isso seja verdade, vamos continuar “vibrando” com o nosso futebol. Segue o campeonato nacional até que venha a seleção novamente. E pra frente Brasil (se não estiver a beire de um penhasco). E para que o futebol continue nos divertindo, a música de hoje é com Rolando Boldrin – com a participação de João Kleber, imitando a voz do Walter Abraão. O título é “Futebol da Bicharada” e o autor é Raul Torres.
Um grande abraço e melhores pênaltis nas próximas decisões.
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