segunda-feira, 21 de março de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - POR QUEM COBRAM OS PARDAIS

Amigas e Amigos!

            Ao abrir a porteira para mais uma semana, vou trazer algumas notícias que foram veiculadas em diversos segmentos da imprensa nacional sobre os controladores de velocidade – “pardais”, que devem envergonhar muito os pássaros mesmo que eles não tenham qualquer idéia sobre o que seja comportamento ético.


 
            Começo com o jornal Zero Hora (http://zerohora.clicrbs.com.br) que denunciou, no dia 14 de março último, uma suposta fraude na licitação de pardais:
Uma reportagem investigativa realizada pela RBS TV e exibida na noite de domingo no programa Fantástico, da TV Globo, mostrou uma suposta fraude na relação entre prefeituras e empresas fabricantes de controladores eletrônicos de velocidade. [...] Por dois meses, a reportagem gravou uma série de conversas com representantes de oito empresas: duas delas do Rio Grande do Sul, três de Curitiba (PR), três de São Paulo e uma de Florianópolis (SC). Sem saber que estavam sendo gravados, vendedores, gerentes e até um diretor ofereceram propinas que variaram entre 3,5% e 50% em troca de contratos com uma suposta prefeitura gaúcha.
            Na reportagem do programa Fantástico (http://fantastico.globo.com), mais uma denúncia, envolvendo a Consilux, responsável por radares no Paraná e em São Paulo, onde o repórter se diz representante de uma prefeitura perante o diretor da empresa:
E será que todos os motoristas são iguais perante os radares? A resposta é não. É possível anular multas de apadrinhados políticos, amigos, parentes. Perguntado se existe alguma maneira de livrar um cara desses da multa, o diretor comercial da Consilux assegura: “Tem. Você tem”. E confessa: a Consilux já anulou multas em Curitiba. Segundo ele, ninguém descobriu.
            No dia 15 de março, o DFTV (http://dftv.globo.com/), na 2ª edição, denunciou que do dinheiro arrecadado com multas:
Os equipamentos de fiscalização eletrônica aplicaram 1.525.268 milhão de multas no ano passado, uma média de 4.178 mil multas por dia. O faturamento das empresas terceirizadas responsáveis pelos pardais e barreiras eletrônicas se multiplica. [...]As multas aumentam a cada ano, o faturamento se multiplica, mas o trânsito continua fazendo mais vítimas: foram 383 mortes em 2009. No ano passado, foram 431. “Por falta de campanhas realmente eficientes, hoje a sensação de impunidade se alastrou de tal forma que os infratores estão soltos na ruas”, analisa o especialista em trânsito Luiz Miura.
            Hoje, segundo a Agência Estado e publicado no portal UOL (http://noticias.uol.com.br), cinco estradas do estado de São Paulo têm radares “invisíveis”, funcionando às escondidas dos motoristas:
Assim funcionam radares de fiscalização de limite de velocidade em trechos das Rodovias Anhanguera, Ayrton Senna, dos Bandeirantes, Dom Pedro I e Governador Carvalho Pinto, que ligam a capital paulista ao interior e ao litoral do Estado. Os equipamentos estão atrás de passarelas, placas, painéis e estruturas de sustentação de pórticos. A localização dos radares contraria resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que determinam a instalação em pontos onde o motorista possa vê-los.

            Além das negociatas envolvendo representantes de empresas com o setor público, parece que a mais organizada das facções criminosas sentiria inveja do filão que estaria perdendo (se de fato estiver). E essa arrecadação tende a aumentar cada vez mais pois as “armadilhas” preparadas para os motoristas são progressivamente aumentadas, em períodos que encurtam rapidamente à medida em que aumenta a ganância dos arrecadadores. Para os defensores dos “pardais”, é importante lembrar que o número de acidentes de trânsito vem aumentando. A razão aparente é que motoristas conscientes, educados, enfim, preparados para uma atuação responsável no trânsito, não interessam para quem só pensa em arrecadação e não tem qualquer interesse com educação.

            Também no dia 15 de março, o Diário Catarinense (http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense) encerra seu editorial, dizendo que:
O poder público tem o dever de moralizar o uso de controladores eletrônicos de tráfego, fazendo com que a prioridade seja reduzir o número de mortos e de acidentes com veículos, não simplesmente a de arrecadar. A preocupação torna-se particularmente inaceitável quando o afrouxamento nos sistemas de fiscalização dá margem a uma verdadeira indústria de ganhos fáceis, para a qual conscientização no trânsito está longe de se constituir em objetivo.
            Se for para tornar a reflexão proposta no início do texto mais abrangente, pode-se pensar se algum partido político em algum poder executivo está livre dessa ganância retratada nas notícias. Como já cansei dos "pardais", gostaria que João Chagas Leite respondesse "Por quem cantam os cardeais?" (Vaine Darde e João Chagas Leite).


            Um grande abraço e não deixe um "pardal" se apaixonar pela placa do seu carro.

Wilmar Machado

2 comentários:

  1. Depois do belíssimo exemplo do bem que faz a educação para o trânsito, demonstrado pelo respeito à faixa de pedestres no Distrito Federal, resolveram trocar a conscientização da população pela arrecadação. É a política em nosso país: quem luta pela educação perde espaço para quem só quer se aproveitar das "vantagens" do cargo e da máquina pública.
    Excelente postagem para começar a semana refletindo sobre males da nossa sociedade...

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  2. Leonardo,
    Acredito que o desinteresse maior pela educação está associado diretamente às "vantagens" referidas por você. Imagine que se a população for devidamente conscientizada das vantagens de dirigir com responsabilidade, as multas tenderiam a diminuir. E, penso também, que nas gestões públicas de nosso país diminuição de receitas é mais apavorante que o próprio Inferno (que, aparentemente, não provoca medo em nossos gestores públicos).

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