Se
a regra é a desordem, pagarás por instituir a ordem.
(Paul
Ambroise Valery)
Amigas
e Amigos,
Uma
notícia da madrugada desta segunda-feira sobre a desarticulação de uma
quadrilha de tráfico de drogas, que agia em Porto Alegre e em Alvorada, região
metropolitana da capital gaúcha, se fez acompanhar de um ingrediente que pode
ser visto como inusitado. O mandachuva da citada quadrilha mantinha seu centro
empresarial no Presídio Central da capital, onde ele cumpre pena desde 2009.
João Bafo de Onça, de Walt Disney
O
portal G1, hoje, noticiou que a polícia prendeu 24 suspeitos de atuar comandados
por um detento no RS. A matéria informou que:
A Polícia Civil prendeu 24 pessoas na manhã desta segunda-feira (20) em operação realizada em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, após investigação de seis meses. Segundo a delegada Graciela Forest, da 3ª Delegacia de Polícia do município, a organização criminosa era comandada por um detento do Presídio Central da capital gaúcha. O objetivo era cumprir 24 mandados de busca e apreensão e 20 de prisão, mas outras prisões foram feitas em flagrante. Entre os detidos estão a mulher, a mãe e três irmãos do apenado identificado como líder do grupo. Ele está no Central desde 2009. "Um patrimônio de mais de R$ 1 milhão, em veículos, casas e contas bancárias foi bloqueado por ordem da Justiça", disse a delegada. Por meio de escutas telefônicas a polícia descobriu a ligação do preso com os familiares fora da cadeia. Um mandado de busca e apreensão também é realizado dentro do Presídio Central, conforme a delegada. Na operação, a polícia ainda apreendeu drogas como maconha e crack, computadores, celulares, caderno de anotações das operações do tráfico, armas e mais de R$ 30 mil. O efetivo contou com 150 policiais.
Ao
mesmo tempo em que se percebe como louvável a ação policial, é possível iniciar
um questionamento sobre as facilidades oferecidas pelo sistema carcerário. Se por
um lado todos os usuários – longe dos presídios – têm alguma queixa dos serviços
que pagam e nem sempre recebem, parece que nas prisões brasileiras a comunicação
se faz com grande eficácia. Além disso, não deve ser muito fácil para as
autoridades responsáveis conseguir explicar a razão dessa facilidade para os
prisioneiros.
O
portal Clicrbs, também hoje, ao
comentar essa operação que prendeu os integrantes da quadrilha comandada de
dentro do Presídio Central, trouxe mais detalhes da atuação policial e o nome
do comandante da equipe responsável
pelo tráfico de drogas, que tem seu escritório dentro do presídio:
Até o momento, 24 pessoas já foram presas na Operação Espreita, que mobiliza 150 agentes da polícia civil e combate o tráfico de drogas em Alvorada e Porto Alegre. [...] Os integrantes do bando atuavam entre as áreas de Jardim Porto Alegre e Jardim Aparecida. Segundo a delegada Adriana Regina da Costa, da 1ª Delegacia Regional, a investigação iniciou em fevereiro e a polícia contabiliza que o traficante Nataniel da Silva, líder da quadrilha, tenha um patrimônio equivalente a R$ 1 milhão em bens: 40 veículos, 25 contas bancárias, joias e casas.
O
Jornal Nacional, da Rede Globo, ainda trouxe mais um
detalhe: as contas bancárias eram controladas (inclusive com transferências bancárias)
de dentro do presídio. De lá, também, o presidiário mantinha contato com seu
grupo e com o judiciário para ter detalhes do encaminhamento dado a processos
em que figura como réu. E tudo isso, submetido à severa vigilância...
Às
vezes, penso que já passou – e muito – da hora de buscar alguma troca para
compensar as mordomias dedicadas aos meliantes que cumprem algum tipo de pena. Se
os presidiários tivessem que cumprir horário com algum trabalho para a
sociedade que os sustenta nas cadeias, provavelmente teriam menos tempo ocioso
para dedicar a atividades criminosas.
Enquanto
o tempo passa, e nada muda, fica registrada a música “Ninho de cobra”, de Jacó
e Moacyr dos Santos, interpretada pela dupla Jacó e Jacozinho.
Um
grande abraço e até a próxima!
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