segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - VINHO, CADEIA E CICLISTAS

Amigas e Amigos,

            Há pouco, lia o portal da RBS (http://www.clicrbs.com.br/) e encontrei uma manchete que dizia: "Ibravin e governo estadual acertam ação para fortalecer cadeia do vinho". Na mesma velocidade com que se lê uma manchete, se pensa um monte de coisas onde fundamento é o de menos. Pois pensei que Ibravin era o sobrenome de algum "figurão" do judiciário gaúcho e a cadeia do vinho estaria associada a prisão de motoristas embriagados. Será que isso teria alguma coisa com o atropelamento de ciclistas na última sexta-feira na capital gaúcha.

            Provavelmente essa associação desconexa foi motivada pela declaração do advogado de defesa do atropelador, em entrevista à rádio Gaúcha. Pode até que exista alguma coisa de verdade no que foi dito - além do nome do cliente -, mas parecia mais roteiro de curta metragem que não vai concorrer a prêmio algum. O roteiro, quer dizer, o depoimento está parcialmente transcrito em matéria do jornal Zero Hora:
Segundo o advogado Luís Fernando Coimbra Albino, Neis alegará legítima defesa dele e de seu filho de 15 anos. O motorista decidiu se apresentar para afirmar que investiu contra os ciclistas após se sentir ameaçado por supostos golpes contra seu Golf preto. Ao chegar à sede da polícia, o advogado afirmou que, ao se encontrar cercado por bicicletas, Neis tentou "sair para o lado", mas teve os vidros do carona — onde se encontrava o filho — quebrados: — Para preservar a integridade física dele e do filho, [Neis] tentou sair do local. Questionado sobre o motivo do abandono do veículo, Albino afirmou que seu cliente estava com medo, pois foi avisado por um parente que estaria sendo perseguido pelos manifestantes.

            Dá pra imaginar a cena: um incontável número de bicicletas "velozes e furiosas" perseguindo um pobre Golf, impotente se comparado às descontroladas "bikes". E o motorista do Golf, apavorado com a velocidade alucinante das perseguidoras bicicletas, teve sua prisão preventiva solicitada pelo Ministério Público Estadual, do Rio Grande do Sul, somente por observarem as imagens do atropelamento e por que o acuado motorista "tem multas por dirigir na contramão, em cima da calçada e outras infrações graves".



            Segundo as notícias publicadas, o grupo de ciclistas fechavam a rua, sem qualquer consulta ou permissão para tanto, e não comunicaram as autoridades a realização da manifestação. Só por isso, o passeio já poderia ser considerado um equívoco. Supondo que, além disso, também tivesse acontecido a ameaça alegada pelo motorista. Com tudo isso, não percebo qualquer justificativa para a tentativa de assassinato. E aí que iniciou a minha confusão na leitura da manchete citada no primeiro parágrafo, pois imaginei que no roteiro argumento do advogado poderia aparecer que seu cliente havia tomado uma(s) tacinha(s) de vinho, o que justificaria o ato, mas não o livraria da cadeia (talvez).

            Mas voltando para a manchete do primeiro parágrafo, ela trata de uma matéria do jornal Zero Hora, que não tem nada a ver com o bárbaro atropelamento:
Em encontro hoje com o presidente do conselho deliberativo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Júlio Gilberto Fante, o governador Tarso Genro se comprometeu a encaminhar medidas para fortalecer a cadeia produtiva de uva e derivados no Estado. [...] A alta carga tributária encarece o vinho, favorecendo o consumo de bebidas com alíquotas menores, como cachaça, cerveja, entre outras.
            Na esperança de que os jovens ciclistas não desanimem de seus ideiais, vamos ouvir "Estrada", com Zé Geraldo.



            Deixo a porteira do Canto da Terra aberta para mais uma semana e um grande abraço!

Wilmar Machado

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