O Homem que se esforça para atingir o ideal
assemelha-se ao viajante que, ao entardecer, sobe a colina:
lá no cimo, não está mais perto das estrelas, mas vê melhor.
Amigas e Amigos,
Abro a porteira para mais uma semana, trazendo para este espaço um pouco da repercussão do depoimento da professora Amanda Gurgel (foto abaixo) na Audiência Pública sobre o cenário atual da educação no Rio Grande do Norte. A professora Amanda utilizou cerca de 8 minutos para apresentar o descaso para com a educação no estado onde trabalha. Pela importância percebida através da disseminação do depoimento – e das entrevistas com a professora pós-depoimento, inclusive ontem no Domingão do Faustão, na Rede Globo –, penso que a situação apresentada pela professora não se restringe ao RN, mas faz parte da realidade da educação pública brasileira.
Para mostrar um pouco da falta de preocupação governamental com educação – já comentei anteriormente que a única preocupação existente é na hora de “trocar” por voto e dura até o anúncio do resultado da eleição – e pensar se não existe inclusive uma espécie de desleixo institucionalizado, recorro a coluna do Augusto Nunes, na revista Veja (http://veja.abril.com.br), de 13.05.2011, conforme o excerto abaixo:
...os autores do livro didático “Por uma vida melhor”, chancelado pelo MEC, decerto se inspiraram na oratória indigente do Exterminador do Plural para a escolha de exemplos que ajudem a ensinar aos alunos do curso fundamental que o s no fim das palavras é tão dispensável quanto um apêndice supurado. O certo é falar errado, sustenta o papelório inverossímil. A lição que convida ao extermínio da sinuosa consoante é um dos muitos momentos cafajestes dessa abjeta louvação da “norma popular da língua portuguesa”. Não é preciso aplicar a norma culta a concordâncias, aprendem os estudantes, porque “o fato de haver a palavra os (plural) já indica que se trata de mais de um livro”. Assim, continuam os exemplos, merece nota 10 quem achar que “nós pega o peixe”. E só podem espantar-se com um medonho “Os menino pega o peixe” os elitistas incorrigíveis. “Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever tomando as regras estabelecidas para norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas”, lamenta um trecho da obra. Por isso, o estudante que fala errado com bastante fluência “corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”. A isso foram reduzidos pelo Brasil de Lula e Dilma os professores que efetivamente educam: não passam de “preconceituosos linguísticos”. [...] O Brasil vem afundando há oito anos num oceano de estupidez. Mas é a primeira vez que o governo se atreve a usar uma obra supostamente didática para difundi-la. [...] A Era da Mediocridade já foi longe demais.
Inúmeros comentários em jornais e blogs na região Nordeste se entusiasmam com a possibilidade de estar surgindo, na figura da professora Amanda, uma “candidata” equilibrada – pelo depoimento não há como discordar – para futuras eleições. Se por um lado, Amanda solucionaria seu problema de salário – R$ 930, conforme o início do seu depoimento –, por outro lado penso que a eleição desse novo ícone de defesa da educação pode ser o fim dessa própria defesa. Guardada as proporções, já vimos partidos pautados pela ética, enquanto oposição, se entregarem a nababesca vida proporcionada pela corrupção institucionalizada, ao se tornarem “poder”.
Hoje, acredito que a professora não hesitaria em condenar o folhetinesco livro, objeto da chancela do MEC, para educação de jovens e adultos. E não gostaria de fazer qualquer previsão sobre seu posicionamento se convidada para integrar a equipe ministerial responsável – ou não – pela educação. Prefiro acreditar que, um dia não muito longe, a máquina inoperante instituída dará lugar a pessoas capacitadas para um Brasil melhor – não apenas em discursos ufanistas (sem qualquer relação com patriotismo) e ultrapassados – para todos os brasileiros.
A música para buscarmos algum entendimento desses acontecimentos no decorrer deste mês é de Almir Sater e Paulo Simões, interpretada por Almir Sater, e tem por título “Mês de maio”.
Por hoje, fico por aqui e deixo um grande abraço para todos!
Wilmar Machado
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