A mentira é
uma verdade que se esqueceu de acontecer.
(Mário
Quintana)
Amigas e Amigos,
Na página sobre o cotidiano na Folha de São Paulo (http://www.folha.uol.com.br),
encontrei, hoje, que cerca de 73% do corte de vagas anunciado pelo Ministério
da Educação em cursos superiores – por conta do desempenho insatisfatório na
última avaliação nacional – atinge somente postos ociosos não preenchido pelas
instituições. Segundo a Folha:
A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC concluiu na sexta-feira a publicação de todos os cortes que serão feitos nos cursos da área de saúde. Serão fechadas todas as vagas ociosas das instituições mal avaliadas e uma parte (de 20% a 65%) das efetivas, de acordo com o CPC (Conceito Preliminar de Curso) obtido. Os cortes na saúde atingem 31.543 vagas e dez cursos de graduação em todo o país. Do total de postos, 72,8% não estavam sendo usados pelas universidades, centros universitários ou faculdades. Trata-se de vagas que não foram preenchidas nos processos seletivos ou que as instituições optaram por não oferecer, apesar de terem a autorização do MEC. Fisioterapia, por exemplo, foi o curso com mais vagas ociosas cortadas - 5.590, o que corresponde a 82,2% do total encerrado. A única exceção foi medicina, em que o corte de 514 vagas foi só de efetivas. O curso é um dos mais procurados e, por isso, praticamente não há ociosidade. [...] O MEC considera que houve avanço no processo, pois foi a primeira vez que o governo conseguiu discriminar vagas efetivas e ociosas. A lista dos cortes nos cursos de administração e ciências contábeis deve ser anunciada nesta semana.
O secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior
do Ministério da Educação, Luís Fernando Massonetto, disse não ser “fictício” o
corte de 50 mil vagas, ainda que cerca de somente 27% seja de postos
efetivamente preenchidos nas instituições atingidas. O secretário considera
igualmente importante limitar as “vagas” ociosas. Ao ser questionado se o
anúncio do corte dos cursos de Direito, feito em janeiro, poderia ter atingido
somente vaga ociosa, o secretário tergiversou: “O que acontece com o curso de
Direito se repete com o de Medicina. Como são muito procurados, há uma aproximação
entre o número de vagas do cadastro e o efetivamente preenchido. Mas pode ter
havido corte de vagas ociosas também”.
A última frase da resposta deixa aparente o desconhecimento
do secretário sobre o assunto, desqualificando suas afirmações inicias. A
resposta foi tão clara como algo do tipo: “Eu acho que talvez possa se afirmar
que talvez sim ou, de repente, talvez não; o que não se pode desprezar é a
opção de que, talvez, possa se ter uma resposta do tipo talvez”. Nem o fictício
prefeito Odorico poderia ser mais elucidativo.
Na própria Folha, duas opiniões bem mais equilibradas. A
primeira, do membro do Conselho Nacional de Educação, Milton Linhares, sobre o
fechamento de vagas, em que ele afirma que “Se o corte de vagas implica sonhar
que o curso irá melhorar, não vai alcançar esse efeito" e a segunda, do
professor da Universidade de Brasília, Erasto Mendonça, sobre a ociosidade das
vagas fechadas, afirmando que tal fato “Torna a iniciativa, que é correta, um
pouco inócua".
Nos últimos tempos, parece que qualquer coisa conduzida pelo
Ministério da Educação tende a se tornar um transtorno para o governo, que deve
estar muito ansioso pela anunciada reforma ministerial, prevista para o início
do ano, na expectativa de que uma troca de ministros corrija os “desatinos” daquele Ministério.
A música escolhida para combinar com o assunto de hoje é de Sulino e José Fortuna, com
o título “O Carro e a Faculdade”. A interpretação é do Trio Parada Dura, presente no CD 2 da coleção BIS (Sertanejo).
Um grande abraço, uma boa semana e até o próximo encontro!
Wilmar Machado
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