Mas o que a Cidade
mais deteriora no homem é a Inteligência,
porque ou lha
arregimenta dentro da banalidade ou lha empurra para a extravagância.
(Eça de Queirós)
Amigas e Amigos,
Nesta segunda-feira, a porteira vai se abrindo para comentar
as dificuldades de encontrar ministros nesta terra em que o poder está
relacionado a alianças que ruborizariam até mesmo o Marques Donatien Alphonse.
Hoje tem posse no Ministério das Cidades, de onde o anterior
ministro Mário Negromonte – indicação do governador da Bahia, Jaques Wagner – afirma
ter saído por “problema político”, após longo desgaste no cargo provocado por
denúncias que se arrastavam desde o ano passado. O portal G1 (http://g1.globo.com), no último dia 2 de
fevereiro, apresentou as denúncias contra Negromonte – o nono ministro
substituído – com o seguinte texto:
Em agosto, reportagem da revista “Veja” acusou Negromonte de oferecer R$ 30 mil ao então líder do partido na Câmara para apoiar sua permanência no cargo. Em nota, ele negou a suposta oferta. No mesmo mês, reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” mostrava que, em menos de dois meses, o ministério havia liberado R$ 1,035 milhão para o município de Glória (BA), cuja prefeita, Ena Wilma, é mulher do ministro. Em novembro, segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", ele pressionou funcionários do ministério a fraudar um parecer técnico que recomendava um sistema de transporte mais caro para Cuiabá na Copa do Mundo. Na época, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério, Luiza Gomide, negou a fraude. Negromonte determinou, então, a abertura de sindicância interna para investigar o caso. No mesmo mês, reportagem da revista “Época” dizia que o ministro usou o cargo para obter patrocínio estatal para a Festa do Bode, em Paulo Afonso, reduto eleitoral de seu filho, o deputado estadual Mário Filho, no interior da Bahia. [...] Em janeiro, o jornal "Folha de S.Paulo" trouxe nova denúncia sobre Cássio Peixoto, ex-chefe de gabinete do ministro e que já tinha sido apontado em outras denúncias. Segundo a reportagem, ele recebeu em seu gabinete um lobista e o dono de uma empresa de informática, que estariam interessados numa proposta milionária de informatização do ministério. O ministro teria participado de uma das reuniões, conforme o jornal.
O problema político referido pelo ex-ministro, dada as
denúncias não esclarecidas e a conseqüente “queda”, parecem bem configurados
como “problema”, mas quanto ao “político” só parece associado ao mau uso do
cargo (político), o que poderia ser configurado melhor por politicagem ou, de
forma mais clara, falta de ética para o exercício da titularidade que lhe foi
confiada.
O novo titular da pasta das cidades, Aguinaldo Ribeiro, que
toma posse hoje, aparentemente preenche alguns “requisitos” pelo menos sui generis, pois assumirá o cargo com o
peso de denúncias oriundas de sua vida pregressa. O jornal Folha de São Paulo,
hoje, já traz uma singela apresentação do novo ministro, com a seguinte
matéria:
O deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que tem posse marcada para hoje como novo ministro das Cidades, é dono de duas emissoras de rádio no interior da Paraíba que foram registradas em nome de empregados. As emissoras Cariri AM e PB FM estão no nome da empresa AE Comunicações da Paraíba Ltda., sediada no escritório político que Ribeiro mantém em João Pessoa. Os sócios da empresa, contudo, segundo registro da empresa na Junta Comercial da Paraíba, são um ex-contador e um assessor pessoal do ministro. A firma foi criada em fevereiro de 2010. Uma das rádios controladas pela AE Comunicações, a Cariri AM, funciona no mesmo endereço, em Campina Grande (a 121 km da capital), da sede da River Comunicações Ltda., criada pelo ministro em setembro de 2009. Como a Folha revelou ontem, a River é uma das quatro empresas que o ministro omitiu em sua declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral em 2010, quando se elegeu deputado federal.
Pelas considerações até aqui, salvo melhor juízo, parece que
a importância no “revezamento” ministerial, no que diz respeito a pasta das
Cidades, está mais na substituição de denúncias do que propriamente em
preencher o cargo com alguém que possa exercê-lo com dignidade.
Os trabalhadores nas rádios do novo ministro, mesmo que em
nome de “laranjas”, têm clareza do verdadeiro dono e, talvez com expectativa de
uma “boquinha”, propiciaram algumas pérolas também registradas pela Folha,
como:
Na sexta-feira, logo após a confirmação do nome de Aguinaldo Ribeiro como novo ministro, a rádio dedicou duas horas de homenagem a "Aguinaldinho", como era chamado pelos locutores. "Isso aqui é rádio de ministro, rapaz!", afirmou um dos apresentadores, minutos após ser confirmado que Aguinaldo comandaria a pasta das Cidades. A deputada estadual Daniella Ribeiro (PP), irmã do ministro e pré-candidata à Prefeitura de Campina Grande, tem um programa próprio na rádio, "Mandato Popular".
E se ainda tem ministro que se queixa de ter sido “fritado”
por ocupar o “importante” cargo, acredito que o empossado agora não reclamará,
pois já tomará posse imerso em um caldeirão com óleo fervente. Agora, é só ele
torcer para que a presidente não diga que ele está “prestigiado” – como os dirigentes
do futebol qualificam os treinadores em processo de demissão – para se manter
no cargo. Afinal, no último dia 30 de janeiro a presidente, em uma cerimônia em
Camaçari-BA, elogiou o ex-ministro das Cidades pela sua atuação para o
desenvolvimento da Bahia e nos primeiros dias deste mês de fevereiro ele já
estava afastado da pasta.
Para combinar com uma
reforma ministerial de araque, nada melhor do que ouvir “Saco Cheio”, de João
Gonçalves e João do Rio, interpretada pela dupla Pedro Bento & Zé da
Estrada.
Um grande abraço e até a
próxima!
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