segunda-feira, 12 de março de 2012

ABRINDO A PORTEIRA – DE BODOQUE E GAIOLA



O bom senso não consiste então em pensar sobre as coisas com excesso de sagacidade,
mas em concebê-las de maneira útil, em tomá-las no bom sentido.
(Luc de Clapiers Vauvenargues)



Amigas e Amigos,

         Começo a semana com uma matéria que me pareceu roteiro de comédia de baixa qualidade. Talvez, nem um péssimo roteirista conseguisse imaginar uma situação tão estapafúrdia como a ocorrida no interior do Rio Grande do Norte, onde um juiz se deparou com um agente penitenciário “cuidando” de 33 presos, “fortemente” armado com um estilingue (provavelmente de última geração, mas o único disponível para todos os agentes).   

Foto: Adriano Abreu/Tribuna do Norte/Divulgação

         Sobre o assunto, o portal G1 publicou hoje, com a afirmação feita por um juiz de que naquele local preso só não foge se não quiser, que:   
O juiz Peterson Fernandes Braga, titular da Comarca da cidade de São Paulo de Pontegi, no Rio Grande do Norte, diz que ficou surpreso quando viu que o único agente que cuidava de 33 presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) da cidade tinha apenas uma baladeira (um estilingue, usado para caça de pássaros) para se defender e também impedir a fuga dos detentos. [...] “Eu estranhei e perguntei para o segurança onde estavam as armas. Ele falou que não tinha e que usava o estilingue”, contou o juiz ao G1. A visita ocorreu no último dia 5 e o magistrado enviou um ofício à Corregedoria Geral da Justiça e a Coordenadoria de Administração Penitenciária do Estado pedindo providências. [...] A cidade tem 15 mil habitantes e fica a cerca de 73 quilômetros da capital do estado, Natal. Segundo ele, 33 presos estão em duas celas de cerca de 9 metros quadrados cada. “Já houve várias fugas e rebeliões no CDP. A última foi no fim do ano passado, quando cinco detentos fugiram, entre eles dois traficantes perigosos que ainda não foram recapturados”, recorda o juiz. [...] A Secretaria de Justiça do Rio Grande do Norte, responsável pela administração do sistema penal, informou por telefone ao G1 que o caso não é isolado e que há carência de pessoal nas unidades penitenciárias do estado. A pasta está verificando a situação e, dentre as providências que serão tomadas, será a chamada de aprovados em um concurso público para agente e também a realização de um curso de formação de profissionais para os presídios. A secretaria diz que o sistema penal do Rio Grande do Norte não possui armas e que as utilizadas, eventualmente, são cedidas pela Polícia Militar. O Exército já aprovou a compra e o governo está fazendo um edital para aquisição das armas que serão destinadas aos presídios, disse a assessoria de imprensa da pasta.
        
         É impossível imaginar como impedir a fuga de presos com tão somente um estilingue. Se pelo menos cada agente tivesse seu estilingue, os bandidos pensariam bem antes de se propor a uma aventura de fuga, onde poderiam ser violentamente atingidos pelos “projéteis” disparados pelos briosos bodoqueiros.

         Como a Secretaria de Justiça já informou que está “verificando a situação”, acredito que os cidadãos da pequena cidade que abriga o Centro de Detenção já estejam completamente tranqüilos. Já foi adiantado, também, que serão chamados os aprovados em concurso público para agente e serão realizados cursos de formação para esses profissionais.

         Outra informação importante na matéria é que o edital para aquisição de armas para os presídios está em elaboração, o que pode nos levar a imaginar que daqui a muito tempo serão adquiridas algumas armas, talvez, obsoletas pelo tempo entre o início do processo e a conclusão da licitação. A partir disso, pode-se aferir que os cursos de especialização deverão incluir disciplinas sobre o correto manuseio de atiradeiras, únicas armas atualmente disponíveis para defesa e segurança nos presídios.

         Podemos observar que o presídio é de modo informal conhecido como “gaiola” e os malandros presos não raras vezes são chamados de “aves de rapina”. Diante do exposto, só faltava o estilingue, mas a partir do exemplo do Rio Grande do Norte, não falta mais nada.

Para animar esta postagem, escolhi o forró “Tiro de Bodoque”, de Teflon e Cito, com o grupo de paulistas, com a cantora argentina Maria Paula, “O Bando de Maria”. 

   

 Um grande abraço e até a próxima!

2 comentários:

  1. Daqui a pouco o estilingue via ter que funcionar. Se há 33 presos distribuídos em 18 metros quadrados, logo,logo, aparece alguém dos direitos humanos dizendo que isso afronta o princípio da dignidade da pessoa humana... Só com muita pedrada de estilingue para enfrentar essa situação.

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  2. Pois o bodoque chamou tanto minha atenção que esqueci completamente dos Direitos Humanos, sempre tão preocupados com as condições dessas criaturas.

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