'Fui eu que o fiz', diz a minha memória.
'Não
posso ter feito isso', - diz o meu orgulho e mantém-se inflexível.
Por
fim - é a memória que cede.
(Friedrich
Wilhelm Nietzsche)
Amigas e Amigos,
Em tempos de eleições é comum ouvir que o brasileiro tem
memória curta. Normalmente, a afirmativa é associada a quantidade de candidatos
(às vezes, eleitos) com passado ligado a corrupção. Por isso, é fácil imaginar
que essa “memória” teria uma vida útil de pouco mais do que um ano, em boa
parte das situações.
Parece,
entretanto, que esse tempo está diminuindo – e de forma extremamente acelerada –
migrando para algo em torno de pouco mais do que 20 dias. O fato que pode
comprovar esse novo tempo para lembranças recentes está ligado a pendenga entre
o governo brasileiro e a Fifa, por conta das declarações do secretário-geral da
entidade (Jérôme Valcke), que sugeriu impulso enérgico com o pé na região
glútea de “altas figuras” do governo e de seus comitês.
Fonte: http://www.matutando.com
Em entrevista coletiva concedida na manhã deste sábado (03.03), em São Paulo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, anunciou que o governo federal vai comunicar oficialmente à FIFA que a entidade terá de eleger um novo interlocutor para tratar da organização da Copa do Mundo com o Brasil. [...]Na opinião do ministro, o secretário-geral da entidade, ao tecer críticas à organização do Mundial no país, fez uso de expressões consideradas "inaceitáveis", "descuidadas" e que "não correspondem aos fatos". [...]"O governo não pode ter mais o secretário-geral como interlocutor. A interlocução não pode ser através de quem emite declarações descuidadas, intempestivas, declarações dessa natureza. Vou comunicar oficialmente ao presidente da FIFA, Joseph Blatter, essa decisão. Precisamos de um interlocutor que tenha condições de entender o nível das responsabilidades e entendimentos necessários para esse tipo de relação. O governo tem se esforçado e continuará apoiando do jeito que é possível a realização da Copa do Mundo. Mas, no plano de todo o governo, o secretário-geral não pode ser mais o nosso interlocutor", afirmou Rebelo.
Já no dia 5
deste mês, o ministro do Esporte cumpria sua promessa e encaminhava para a Fifa
uma carta vetando a presença de Valcke como negociador (foi noticiado que o
endereço do encaminhamento estava errado e o comunicado teria parado na sede do
Comitê Olímpico Internacional, em Lausanne, ao invés de ir para a Fifa, em
Zurique). As duas cidades ficam na Suiça, mas uma entidade não tem nada a ver
com a outra. Na carta assinada pelo ministro, constava que “o Governo Brasileiro não pode
mais aceitar, nas suas tratativas com a Fifa, o Senhor Jérôme Valcke como
interlocutor durante a preparação desse mundial”.
No próprio dia
5, Valcke encaminha um pedido de desculpas pelas declarações, dizendo que teria
sido mal traduzido, pois só queria falar que havia necessidade de acelerar o
ritmo das obras e da aprovação dos compromissos. Em minha opinião, as traduções
estão bem feitas e como o secretário-geral não retirou o que disse, acredito
que os proprietários dos traseiros governamentais devem continuar preocupados.
Decorridos
menos de 30 dias desde a indignação do ministro e de diversos integrantes do
governo, parece que tudo foi esquecido e o que se viu hoje foi que Valcke não
foi – e nem será – afastado da interlocução como negociador com o governo
brasileiro. No portal “Terra”, hoje tem matéria dizendo que:
Em Zurique, a Fifa deixou claro mais uma vez que não tem a menor intenção de procurar um novo interlocutor para lidar com o gabinete da presidente Dilma Rousseff. A mensagem foi entendida e repercutida pelos representantes do futebol brasileiro que estão na Suíça participando das reuniões na sede da entidade máxima do futebol. [...] Jérôme Valcke participou da reunião nesta quarta-feira na sede da Fifa para discutir o andamento das obras para o Mundial de 2014. No encontro, o Brasil voltou a ser criticado pelos atrasos constantes. A situação da Arena de Recife foi considerada a mais preocupante e a cidade corre o risco de ser descartada da Copa das Confederações em 2013.
Pelo exposto
acima, pode-se constatar que nossa brasileira memória está com prazo de
validade inferior a um mês. Em meio a essa baixaria propiciada por frases ofensivas sem propósitos, bravatas desproporcionais e sem grandes convicções, desculpas esfarrapadas, documentos de "fachada" lembrei de uma música, de Castilhos e Moacir, cujo título é "Que homens são esses". Inicialmente, fica a letra publicada abaixo.
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QUE HOMENS SÃO ESSES
Francisco Castilhos e Carlos Moacir
Que homens são esses
Que fogem a luta
Será que não sabem as glórias do pago
Que homens são esses que nada respondem,
Que calam verdades, que reprimem afagos
Que homens são esses que trazem nas mãos o freio,
O cabresto, a rédea e o buçal
Que homens são esses que tem o dever de fazer o bem,
Mas só fazem o mal
Eu quero ser gente igual aos avós
Eu quero ser gente igual aos meus pais
Eu quero ser homem sem mágoas no peito
Eu quero respeito e direitos iguais
Eu quero este pampa semeando bondade
Eu quero sonhar com homens irmãos
Eu quero meu filho sem ódio, nem guerra
Eu quero esta terra ao alcance das mãos
Que sejam mais justos os homens de agora
Que cantem cantigas, antigas e puras
Relembrem figuras sem nada temer
Procurem um mundo de paz na planura
E encontrem na luta, na força e na raça
Um novo caminho no alvorecer
Desperta meu povo do ventre de outrora
Onde marcas presentes não são cicatrizes
Desperta meu povo, liberta teu grito
Num brado mais forte que as próprias raizes
Eu quero ser gente igual aos avós
Eu quero ser gente igual aos meus pais
Eu quero ser homem sem mágoas no peito
Eu quero respeito e direitos iguais
Eu quero este pampa semeando bondade
Eu quero sonhar com homens irmãos
Eu quero meu filho sem ódio nem guerra
Eu quero esta terra ao alcance das mãos.
Que fogem a luta
Será que não sabem as glórias do pago
Que homens são esses que nada respondem,
Que calam verdades, que reprimem afagos
Que homens são esses que trazem nas mãos o freio,
O cabresto, a rédea e o buçal
Que homens são esses que tem o dever de fazer o bem,
Mas só fazem o mal
Eu quero ser gente igual aos avós
Eu quero ser gente igual aos meus pais
Eu quero ser homem sem mágoas no peito
Eu quero respeito e direitos iguais
Eu quero este pampa semeando bondade
Eu quero sonhar com homens irmãos
Eu quero meu filho sem ódio, nem guerra
Eu quero esta terra ao alcance das mãos
Que sejam mais justos os homens de agora
Que cantem cantigas, antigas e puras
Relembrem figuras sem nada temer
Procurem um mundo de paz na planura
E encontrem na luta, na força e na raça
Um novo caminho no alvorecer
Desperta meu povo do ventre de outrora
Onde marcas presentes não são cicatrizes
Desperta meu povo, liberta teu grito
Num brado mais forte que as próprias raizes
Eu quero ser gente igual aos avós
Eu quero ser gente igual aos meus pais
Eu quero ser homem sem mágoas no peito
Eu quero respeito e direitos iguais
Eu quero este pampa semeando bondade
Eu quero sonhar com homens irmãos
Eu quero meu filho sem ódio nem guerra
Eu quero esta terra ao alcance das mãos.
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Nessa
Galeria, a interpretação do saudoso César Passarinho para "Que homens são esses".
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