O que me levou a esta atividade foi o fato de gostar de contar
histórias,
pois antes de tudo, o que eu faço de melhor é exatamente contar uma
história.
(Chico Anysio)
Amigas e Amigos,
No próximo dia 12 de abril, ele acrescentaria mais um
aniversário aos oitenta que teve oportunidade de festejar. Mas sua passagem
aqui pela terra foi interrompida para o Céu ficar mais animado. Morreu
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, um marco do humor conhecido, e
reconhecido, com Chico Anysio.
E o Brasil – que segundo Chico só tinha três
problemas: o café, o almoço e o jantar – perdeu uma de suas principais
alavancas para alguns momentos de alegria no meio de toda a corrupção e
impunidade consentida, que tanto entristece aos que acreditam em um país
melhor.
A morte
de Chico Anysio deixa o Brasil com sentimento de pesar, ainda que somente o
Ceará (onde nasceu) e o Rio de Janeiro (para onde se mudou aos seis anos)
tenham decretado luto oficial de três dias, pois durante os períodos em que
esteve hospitalizado ficava sempre a expectativa de sua cura e de um retorno do
seu bom humor, sempre reinventado e renovado.
Mas
desta vez, ele não voltou e fiquei imaginando a expressão de São Pedro ao
chamar “- O próximo é... Chico Anysio.” e ao levantar os olhos perceber que
Chico Anysio não era apenas o próximo, mas os 209 próximos. Entre os 209 estava
Professor Raimundo, esperando, até o fim, um salário melhor que não pode
receber por haver muitas “licitações” e muitos políticos sustentados pelo
desperdiçado dinheiro público.
Lembrei-me
de Chico Anysio sendo aguardado aos domingos no Fantástico, onde fazia um
momento de diversão para as famílias, com um humor jamais substituído. Era um
quadro com conteúdo, dinâmica e alegria, que não precisava qualquer rótulo, sendo
simplesmente o Chico no show da vida. Com o passar do tempo, o que ele fazia desde
os anos 70 passou a ser conhecido como stand
up comedy, como se alguém tivesse inventado um novo jeito de fazer as
pessoas rirem. Foi nesse quadro que surgiram personagens de Chico e, talvez o
mais marcante, tenha sido o malandro Azambuja que, por volta de 1975, ganhou vida
e chegou a ter um programa só seu.
Nestas
últimas horas, foram muitas homenagens. O futebol, uma paixão de Chico marcada pelo
personagem Coalhada, também abriu espaço para exaltá-lo, e, no “melhor estilo”,
seus times em São Paulo – Palmeiras – e no Rio – Vasco, sua grande paixão –
entraram em campo com nomes de seus personagens nas camisas dos jogadores,
fazendo “graça”: o Palmeiras perdeu e o Vasco só conseguiu um suado empate.
Ainda bem que Chico foi homenageado também em outros campeonatos por todo o
Brasil.
Na última
sexta-feira, fui assistir a peça “A mecânica das borboletas”, de Walter Daguerre,
com direção de Paulo Moraes, no Centro Cultural Banco do Brasil, aqui em
Brasília. No elenco, Ana Kutner, Otto Júnior, Suzana Faini e Eriberto Leão que,
ao final do espetáculo pediu uma salva de palmas para homenagear Chico Anysio.
Foi emocionante ver toda a plateia, em pé, aplaudir durante um bom tempo.
O
velório de Chico Anysio, sábado, foi no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e
nessa sua última passagem por esse templo da arte foi marcada por aplausos de
tantos quantos por lá passaram. Maior ainda, acredito, foi o aplauso silencioso
no coração de tantos que admiraram esse artista tão importante para arte
brasileira e notadamente para o humor dessa nossa terra.
Chico
foi humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor brasileiro. Nos
anos 70, formou com o saudoso Arnaud Rodrigues (Antônio Arnaud Rodrigues) o
grupo “Baiano & Os Novos Caetanos”, do qual fazia parte, também, Renato Piau
(Renato Costa Ferreira). Do primeiro LP do grupo, onde Chico era o “Baiano” e
Arnaud, o “Paulinho Boca de Profeta”, escolhi para esta homenagem a música “Selva
de Feras”, de Arnaud Rodrigues e Orlandino.
Um grande abraço para
todos!
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