sábado, 21 de abril de 2012

GALERIA SERTANEJA - DA TERRA NASCERAM GRITOS



O mundo tornou-se perigoso,
porque os homens aprenderam a dominar a natureza
antes de se dominarem a si mesmos.
(Albert Schweitzer)



Amigas e Amigos,

A esperança nessa longa novela associada ao Código Florestal é de que alguns dos envolvidos pensem efetivamente no meio ambiente acima de quaisquer outros interesses, mesmo entendendo que apoios para eleições e a atração por cargos públicos possam influenciar alguns dos responsáveis pelo assunto.

No portal Terra, ontem, podia-se ler que o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto, disse que relatório do Código Florestal é “retrocesso”, o que poderia levar seu partido a obstrui a votação do relatório substitutivo ao novo Código Florestal, marcado para a próxima terça-feira. A matéria do referido portal informa que Tatto teria dito que:
"O PT não vai aceitar. Vamos manter a posição de votar o projeto do Senado, que permite a recuperação de áreas degradadas e tem política para garantir a produção agrícola", observou. Segundo o deputado, outra possibilidade seria votar separadamente todas as modificações feitas por Piau em relação ao texto que veio do Senado e garantir, dessa forma, a votação da proposta como havia sido acordada pelo governo e pelos partidos da base aliada. O PT deverá se reunir na própria terça-feira para decidir como agir. Tatto disse que o partido poderá votar contrariamente ao texto, cabendo à presidente Dilma Rousseff a decisão de vetar ou não pontos da proposta. Apresentado na quinta-feira, o substitutivo de Piau elimina a definição das faixas de áreas de preservação permanente (APP) com atividades produtivas a serem recuperadas para todos os tamanhos de rios. Tanto o texto aprovado na Câmara quanto no Senado estipulam que, para cursos d'água com até 10 m de largura, os produtores rurais devem recompor 15 m de vegetação nativa. No total, Piau fez 21 alterações no texto vindo do Senado. Como já havia anunciado anteriormente, o relator também suprimiu do projeto a definição de APPs em áreas urbanas, incluídas pelo Senado. Pelo texto aprovado pelos senadores, as áreas de expansão urbana deveriam prever 20 m² de vegetação por habitante.

         O portal Terra já havia informado no dia 19 de abril sobre a retirada de parte polêmica do texto do Código Florestal, dizendo que:
Em seu parecer divulgado nesta quinta-feira, o relator do Código Florestal, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), decidiu deixar a polêmica regularização de ocupações em áreas de preservação ambiental em margens de rios para posterior regulamentação dos Executivos federal e estaduais. Ao falar sobre o relatório, o deputado reconheceu que não conta com o apoio do governo, que defende o texto aprovado no ano passado no Senado. A questão mais controversa do código trata da chamada consolidação de Área de Preservação Permanente (APP) - regiões de proteção ambiental ao longo de cursos d'água, encostas e topos de morro. Ruralistas defendem a regularização de áreas desmatadas antes de 2008, enquanto ambientalistas não admitem flexibilização nas regras de proteção. As divergências em torno desse ponto resultaram na retirada de todas as referências à consolidação de APPs em margens de rios do texto. Fica para o Executivo a tarefa de definir as regras de regularização nessas áreas, por meio de um Programa de Regularização Ambiental (PRA), cujas diretrizes gerais serão determinadas pelo governo federal, enquanto as especificidades ficarão a cargo dos Executivos locais. [...] O relator ressaltou que a ausência de exigências nas margens de cursos d'água refere-se apenas às propriedades que precisam ser regularizadas. Para as propriedades consideradas regulares, no entanto, fica valendo a exigência da APP, que varia de 30 m a 500 m, dependendo da largura do rio. Piau também rejeitou o primeiro artigo do projeto, redigido por senadores, que define princípios da nova lei mais voltados à questão ambiental, o que provocou o temor de parlamentares ligados ao agronegócio de que poderia embasar interpretações jurídicas restritas. Para o relator, a manutenção do artigo do Senado poderia causar "uma insegurança jurídica, uma interpretação para o futuro que não é conveniente". O Planalto defendia que o texto produzido no Senado passasse pela Câmara sem ser alterado. Segundo Piau, também não há acordo entre os deputados, o que irá causar uma "batalha" no plenário. [...] A atualização das regras ambientais está em discussão há mais de uma década. Em maio do ano passado, a Câmara aprovou o projeto do novo Código Ambiental e o enviou ao Senado. Em dezembro, os senadores aprovaram um novo texto, após intensas negociações com o governo. Resta aos deputados chancelar ou negar as modificações produzidas pelos senadores, antes que a matéria siga à sanção presidencial. A presidente Dilma Rousseff já afirmou que vetará qualquer ponto que considerar prejudicial ao ambiente.

         Em meio a toda confusão, fica a expectativa de que a presidente considere o meio ambiente acima de qualquer conchavo ou de interesses pessoais de alguns políticos. O que é mais difícil de entender é como um assunto tão importante para o Brasil e para os brasileiros circula pelos corredores do poder há mais de 10 anos.



          Para completar essa reflexão ecológica, a música escolhida para esta Galeria Sertaneja é “Da Terra Nasceram Gritos”, de Cenair Maicá e Jayme Caetano Braun, cuja letra está publicada logo abaixo.

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DA TERRA NASCERAM GRITOS
                                       Cenair Maicá e Jayme Caetano Braun

Mataram meus infinitos
E me expulsaram dos campos;
Da terra nasceram gritos,
Dos gritos brotaram cantos!


E me fiz canto de tropeiros e ervateiros
Rasgando sulcos, com arado e saraquá;
Nas alpargatas dos "quileiros" e "chibeiros",
Andei as léguas de Corrientes e Aceguá!


Meu canto é rio, meu canto é sol, meu canto é vento.
Eu tenho berço, eu tenho pátria, eu tenho glória.
Eu só não tenho terra própria porque a história
Que eu escrevi, me deserdou no testamento!


Entretanto – bem ou mal – não  me emociono,
Com os que combatem as verdades do meu canto;
Sem ter direito de comer nem o que planto,
Só não entendo é tanta terra e pouco dono!


Mas mesmo assim, tenho pra dar um outro tanto,
Se precisarem do meu sangue noutra guerra;
Mesmo sem terra, hei de voltar grito de terra,
Pelo milagre das espigas do meu canto!



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A interpretação de hoje para “Da Terra Nasceram Gritos” é de Cenair Maicá.

 



Um grande abraço e até um próximo encontro!

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