Um artista é um sonhador que consente em sonhar o mundo real.
(Jorge
Santayana)
Amigas e Amigos,
Na madrugada de hoje, 4/05, aos 91 anos, morreu José Perez,
o Tinoco da dupla de irmãos Tonico & Tinoco, cuja trajetória profissional
começou em 1935 com nome artístico de “Trio da Roça” (com a participação de um
primo), fazendo show na Festa de Aparecida de São Miguel. No final dos anos 30,
passaram a se apresentar na Rádio Clube, de São Manuel-SP.
No início dos anos 40, passaram a ser conhecidos como “Irmãos
Perez”, contratados pela Rádio Difusora (depois Tupi FM) para participar do
programa “Arraial da Curva Torta”, apresentado pelo Capitão Furtado, que
durante um ensaio do programa disse que a dupla não combinava com aquele nome
espanhol e os batizou como Tonico & Tinoco. A partir daí, escreveram juntos
uma história de muito sucesso, com a gravação do primeiro disco em 1944, com
apenas uma música.
Já em 1946, alcançaram o sucesso com a música “Chico Mineiro”,
que consta no disco como de autoria de Tonico e Francisco Ribeiro. Essa música
consagrou a dupla como a mais famosa do Brasil, tornando, mais tarde, os irmãos
Perez apresentadores do programa “Na Beira da Tuia”, da Rádio Bandeirantes, até
o início dos anos 80, quando migraram para a televisão, com programa com o
mesmo nome na Band.
Ao longo dessa belíssima carreira artística – interrompida bruscamente
em 1994 com a morte de João Salvador Perez, o Tonico, que caiu de uma escada no
prédio onde residia –, a dupla vendeu mais de 150 milhões de cópias de seus
mais de 80 discos, e realizaram cerca de 40 mil apresentações.
Essa homenagem a Tinoco se vale da música “Chico Mineiro”,
cuja letra e interpretação seguem abaixo. Tonico, conforme citado acima fez
essa música em parceria com Francisco Ribeiro. E para conhecer um pouco mais
desse parceiro de Tonico, encontrei no blog “Música & Poesia” (http://musicpoesia.blogspot.com.br),
uma postagem de janeiro de 2008, citando um relato de Tinoco, com o
seguinte teor:
Em Julho de 1946, quando o Tonico e eu chegávamos para fazer o Programa na Rádio Difusora de São Paulo, fomos chamados pelo porteiro da emissora, o senhor Francisco Ribeiro, que contou-nos uma história de dois irmãos. Um saiu pelo mundo e virou peão (Chico), o segundo (Zé Mendes) tornou-se dono de tropa. Quis o destino que se encontrassem. Pôr muitos anos trabalharam juntos, e só com a morte do Chico é que veio a revelação do parentesco entre eles. Na década de 90, fui (Tinoco) até Goiás Velho (Antiga Capital de Goiás), onde existia na época alguns pertences, uma capela e a lenda do Chico Mineiro que vivia na lembrança de muitos moradores. Outro detalhe que não está revelado na letra, é que Chico (O mais velho), sabia que era irmão de Zé Mendes (O mais novo) e sempre procurou defende-lo em muitas dificuldades. Escrevemos a história numa folha de pão (que existia nas padarias), e virou um dos maiores sucessos de Tonico e Tinoco.
Juntos
novamente, Tonico & Tinoco devem estar começando nova carreira artística na
eternidade, ainda mais marcante do que a conhecida por toda a obra que nos
deixaram. E não deverá faltar, lá também, pedidos para que toquem novamente “Chico
Mineiro”, cuja letra está a seguir.
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CHICO MINEIRO
Tonico e
Francisco Ribeiro
Cada vez que me alembro
Do amigo Chico Mineiro,
Das viage que nois fazia
Era ele meu companheiro.
Sinto uma tristeza,
Uma vontade de chorar,
Alembrando daqueles tempos
Que não mais hai de voltar.
Apesar de ser patrão,
Eu tinha no coração
O amigo Chico Mineiro,
Caboclo bom decidido,
Na viola era delorido
Do amigo Chico Mineiro,
Das viage que nois fazia
Era ele meu companheiro.
Sinto uma tristeza,
Uma vontade de chorar,
Alembrando daqueles tempos
Que não mais hai de voltar.
Apesar de ser patrão,
Eu tinha no coração
O amigo Chico Mineiro,
Caboclo bom decidido,
Na viola era delorido
E era o peão dos boiadeiro.
Hoje, porém, com tristeza,
Recordando das proeza
Da nossa viagem e motins,
Viajemo mais de dez anos,
Vendendo boiada e comprando
Por esse rincão sem-fim
Caboco de nada temia.
Mas porém, chegou o dia
Que Chico apartou-se de mim.
Hoje, porém, com tristeza,
Recordando das proeza
Da nossa viagem e motins,
Viajemo mais de dez anos,
Vendendo boiada e comprando
Por esse rincão sem-fim
Caboco de nada temia.
Mas porém, chegou o dia
Que Chico apartou-se de mim.
Fizemos a última viagem
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz.
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz.
Viajemos muitos dias
Pra chegar em Ouro Fino
Aonde passamos a noite
Aonde passamos a noite
Numa festa do Divino.
A festa estava tão boa,
Mas antes não tivesse ido
O Chico foi baleado
O Chico foi baleado
Por um homem desconhecido.
Larguei de comprar boiada
Mataram meu companheiro
Acabou-se o som da viola
Acabou-se o Chico Mineiro.
Depois daquela tragédia
Fiquei mais aborrecido
Não sabia da nossa amizade
Porque nos dois era unido.
Fiquei mais aborrecido
Não sabia da nossa amizade
Porque nos dois era unido.
Quando vi seu documento
Me cortou o coração
Vi saber que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão.
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Na
saudosa Galeria Sertaneja de hoje, a interpretação de “Chico Mineiro” é com a
dupla que lançou essa música: os eternos Tonico & Tinoco.
Um
grande abraço e até a próxima!
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