A
falsidade é susceptível de uma infinidade de combinações;
mas
a verdade só tem uma maneira de ser.
(Jean
Jacques Rousseau)
Amigas
e Amigos,
Após
o feriadão proporcionado pelas festividades da Independência de nossa Pátria, retorno
ao blog e observo que a novela do mensalão
continua se arrastando, com alguns desdobramentos previsíveis, e outros nem
tanto. Ainda de forma tímida, a chatice dos horários eleitorais permite algumas
manifestações sobre o desenvolvimento dessa novela.
Charge do cartunista Lane
Talvez
minha percepção seja equivocada, mas me parece que programa eleitoral é muito
semelhante a advogado de defesa, pois não vislumbro em nenhum deles qualquer
vestígio de compromisso com os fatos, mas total comprometimento com os
factóides que lhes permitam uma situação mais confortável.
O
portal Folha.com, hoje, destacou que uma
liderança petista criticou o comportamento 'midiático' de um ministro do
Supremo no decorrer do horário eleitoral. A matéria do portal – reforçando meu entendimento – diz que:
O
líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), se disse incomodado com
o comportamento "midiático" de "um ou outro" ministro do
STF (Supremo Tribunal Federal). Ele não citou nomes nem deu detalhes. A
declaração foi feita ontem, em Bauru (a 329 km de São Paulo), onde o deputado
federal gravou participação no programa eleitoral do prefeito Rodrigo Agostinho
(PMDB), candidato à reeleição. A candidata a vice, Estela Almagro, é do PT. Chinaglia
afirmou também que o fato de o julgamento do mensalão estar ocorrendo na última
instância judicial não garante acerto ou erro na análise do suposto esquema de
compra de votos. Para o líder do governo, a repercussão do mensalão não
atrapalha as campanhas de candidatos petistas no país. "É um noticiário
antigo. Mas não posso comemorar ter pessoas do PT sendo julgadas",
afirmou. O deputado contrapôs ao escândalo as políticas sociais dos governos de
Lula e Dilma Rousseff. "Elas libertam muita gente da pobreza", disse.
O
depoimento começa jogando denúncia “midiática”
no ventilador com a precisa informação de "um ou outro". Daí para frente, a participação do líder piora
muito com verdadeiras “pérolas” que, se bem avaliadas, podem levar a
parceria Agostinho & Almagro à bancarrota.
Não
satisfeito com as baboseiras iniciais, Arlindo, o líder, desconfia da
capacidade da Suprema Corte. Talvez, pensando ser a única forma de justificar a
injustificável calhordice da compra de votos.
O
gran finale apresentado pelo líder
Chinaglia apresentando o contraponto do escândalo do mensalão com a libertação da pobreza feita por Lula e Dilma. Seria
o líder governista partidário da máxima
associada a algumas figurinhas carimbadas
da política nacional cuja espécie de lema eleitoral era algo como “ele rouba, mas faz”?
Para iniciar bem esta semana, a música escolhida é "Comitiva Esperança", de Almir Sater e Paulo Simões, interpretada por Sérgio Reis e Almir Sater.
Se
a regra é a desordem, pagarás por instituir a ordem.
(Paul
Ambroise Valery)
Amigas
e Amigos,
Uma
notícia da madrugada desta segunda-feira sobre a desarticulação de uma
quadrilha de tráfico de drogas, que agia em Porto Alegre e em Alvorada, região
metropolitana da capital gaúcha, se fez acompanhar de um ingrediente que pode
ser visto como inusitado. O mandachuva da citada quadrilha mantinha seu centro
empresarial no Presídio Central da capital, onde ele cumpre pena desde 2009.
João Bafo de Onça, de Walt Disney
O
portal G1, hoje, noticiou que a polícia prendeu 24 suspeitos de atuar comandados
por um detento no RS. A matéria informou que:
A
Polícia Civil prendeu 24 pessoas na manhã desta segunda-feira (20) em operação
realizada em Alvorada, na Região Metropolitana de Porto Alegre, após
investigação de seis meses. Segundo a delegada Graciela Forest, da 3ª Delegacia
de Polícia do município, a organização criminosa era comandada por um detento
do Presídio Central da capital gaúcha. O objetivo era cumprir 24 mandados de
busca e apreensão e 20 de prisão, mas outras prisões foram feitas em flagrante.
Entre os detidos estão a mulher, a mãe e três irmãos do apenado identificado
como líder do grupo. Ele está no Central desde 2009. "Um patrimônio de
mais de R$ 1 milhão, em veículos, casas e contas bancárias foi bloqueado por
ordem da Justiça", disse a delegada. Por meio de escutas telefônicas a
polícia descobriu a ligação do preso com os familiares fora da cadeia. Um
mandado de busca e apreensão também é realizado dentro do Presídio Central,
conforme a delegada. Na operação, a
polícia ainda apreendeu drogas como maconha e crack, computadores, celulares,
caderno de anotações das operações do tráfico, armas e mais de R$ 30 mil. O
efetivo contou com 150 policiais.
Ao
mesmo tempo em que se percebe como louvável a ação policial, é possível iniciar
um questionamento sobre as facilidades oferecidas pelo sistema carcerário. Se por
um lado todos os usuários – longe dos presídios – têm alguma queixa dos serviços
que pagam e nem sempre recebem, parece que nas prisões brasileiras a comunicação
se faz com grande eficácia. Além disso, não deve ser muito fácil para as
autoridades responsáveis conseguir explicar a razão dessa facilidade para os
prisioneiros.
O
portal Clicrbs, também hoje, ao
comentar essa operação que prendeu os integrantes da quadrilha comandada de
dentro do Presídio Central, trouxe mais detalhes da atuação policial e o nome
do comandante da equipe responsável
pelo tráfico de drogas, que tem seu escritório dentro do presídio:
Até
o momento, 24 pessoas já foram presas na Operação Espreita, que mobiliza 150
agentes da polícia civil e combate o tráfico de drogas em Alvorada e Porto
Alegre. [...] Os integrantes do bando atuavam entre as áreas de Jardim Porto
Alegre e Jardim Aparecida. Segundo a delegada Adriana Regina da Costa, da 1ª
Delegacia Regional, a investigação iniciou em fevereiro e a polícia contabiliza
que o traficante Nataniel da Silva, líder da quadrilha, tenha um patrimônio
equivalente a R$ 1 milhão em bens: 40 veículos, 25 contas bancárias, joias e
casas.
O
Jornal Nacional, da Rede Globo, ainda trouxe mais um
detalhe: as contas bancárias eram controladas (inclusive com transferências bancárias)
de dentro do presídio. De lá, também, o presidiário mantinha contato com seu
grupo e com o judiciário para ter detalhes do encaminhamento dado a processos
em que figura como réu. E tudo isso, submetido à severa vigilância...
Às
vezes, penso que já passou – e muito – da hora de buscar alguma troca para
compensar as mordomias dedicadas aos meliantes que cumprem algum tipo de pena. Se
os presidiários tivessem que cumprir horário com algum trabalho para a
sociedade que os sustenta nas cadeias, provavelmente teriam menos tempo ocioso
para dedicar a atividades criminosas.
Enquanto
o tempo passa, e nada muda, fica registrada a música “Ninho de cobra”, de Jacó
e Moacyr dos Santos, interpretada pela dupla Jacó e Jacozinho.
A
ganância do ter não só engoliu o ser e a convivência pacífica,
mas
até privou a maior parte dos homens do ter indispensável,
para
acumular nas mãos de uns poucos o que a todos pertence.
(Dom
Paulo Evaristo Arns)
Amigas
e Amigos,
No
começo de mais uma semana, encontrei na página Auto Esporte, do portal G1,
ontem, que o especialista em BRIC (Brasil,
Rússia, Índia e China), Kenneth Rapoza, da revista Forbes, publicou em sua coluna, no último sábado que o consumidor brasileiro,
na busca de status, confunde o preço com a qualidade dos carros. Ele criticou,
ainda, os valores praticados pelo comércio do setor automotivo, classificando
como “ridículos” os valores dos
carros no Brasil.
Na
matéria da Auto Esporte pode-se ler o
que Rapoza colocou em sua coluna:
"Desculpem,
brazukas... não existe status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand
[Cherokee] ou Dodge Durango", escreveu. "Não se deixem enganar pelo
preço. Vocês estão sendo roubados." Para fazer a comparação de preços com
os praticados nos EUA, Rapoza utilizou-se de dois modelos da americana
Chrysler. Ele lembra que os impostos e outras taxas fazem com que um Jeep Grand
Cherokee custe até 3 vezes mais no Brasil do que em Miami. Afirma que o modelo
2013 custará US$ 28 mil nos EUA, mas, no Brasil, o carro atual sai por US$
89.500 (R$ 179 mil). Outro exemplo citado é o do Dodge Durango, que a Chrysler
lançará no próximo Salão de SP, em outubro, por, segundo Rapoza, R$ 190.000
(US$ 95.000). "Nos EUA, custa US$ 28.500. Um professor de pública escola
primária do Bronx consegue comprar um. OK, talvez não um novinho, mas com 1 ou
2 anos de uso... com certeza." "Não há outra razão [para os preços do
Brasil] a não ser a taxação excessiva, de mais de 50% [do preço do carro], e a
ingenuidade do consumidor que pensa que dá na mesma pagar por um Cherokee o
valor de um BMW X5", critica. O colunista também cita produtos brasileiros
de relativo sucesso no exterior, chinelos Havaianas e cachaças, para explicar a
"exploração" do consumidor no país. "Pense como seria se um
amigo americano dissesse a vocè que acabou de comprar um par de Havaianas por
US$ 150. Claro que esses chinelos são sexy, chiques e estão na moda, mas não
valem US$ 150", exemplifica. "Quando se trata de status oferecido por
carros no Brasil, a elite está servindo capirinha com Pitu e 51 pensando que é
bebida de primeira."
Boa
parte dos altos valores de comercialização de carros no Brasil pode ser
atribuída aos impostos, responsáveis por mais de 30% do preço final do veículo.
Mas se forem retirados os impostos embutidos no valor de comercialização, ainda
teremos aqui os carros mais caros. Logo, pode-se observar que o Governo
brasileiro não está sozinho nessa manifestação clara de ganância.
Se
por um lado, o Governo necessita dessa arrecadação toda para garantir escritórios inchados por empregados que garantem retorno em
tempos eleitorais – sem esquecer que os mensalões
e seus derivados consomem, e muito, desse quinhão – por outro lado, as
montadoras instaladas no Brasil têm registrado seus maiores índices de
lucratividade nas filiais brasileiras. Poder-se-ia imaginar o surgimento de uma
nova parceria público privada do tipo: toma
lá muito; dá cá bastante. E que venha o próximo exercício fiscal...
Sobre
isso, em 2009, o portal G1 publicou
uma reportagem indicando que os impostos correspondiam, em média, a 30,4% do
valor final de um carro comercializado aqui no Brasil. Fazendo referência a
essa reportagem, o citado portal, ontem, complementou:
“Este mesmo valor para outros países é bem
menor. Na Espanha, por exemplo, representa 13,8%; na Itália, 16,7% e nos
Estados Unidos, 6,1%”, afirmou, na época, a vice-presidente da consultoria Booz
& Company, Letícia Costa. Fora isso, entram na conta outros aspectos como
os custos de produção ("custo Brasil"), que abrangem desde o valor da
mão-de-obra até o desembaraço alfandegário, no caso da importação de produtos e
peças, e os gastos com logística, além da escala de produção, menor no Brasil
se comparada com a de EUA, China e Japão, por exemplo.
Nessa
mesma linha, o portal d’O Estado de São
Paulo publicou em 22/09/2011 que, mesmo sem a incidência de IPI, ICMS e
PIS/Cofins, veículos nacionais custariam mais do que os estrangeiros. À época,
foi dito pelo Estadão que:
O
Chevrolet Malibu, por exemplo, custa a partir de R$ 89.900 no Brasil. Tirando
IPI, ICMS e PIS/Cofins, o valor poderia cair para R$ 57.176. Mesmo assim,
estaria mais caro do que nos Estados Unidos, onde carro sai por R$ 42.300 com
impostos para o consumidor de Nova York. O Ford Focus Sedan está em situação
semelhante. Sem impostos, o preço poderia cair de R$ 56.830 para R$ 39.554 no
Brasil. Porém, em nova York esse veículo custa R$ 30.743 com tributação. Entre as montadoras com sede na Europa, o
carro sem impostos aqui seria mais barato do que o com impostos lá. Mas, ao
retirar a tributação no Brasil e na matriz, o preço por aqui ainda é mais alto.
[...] Especialistas dividem-se sobre qual seria o outro fator, além dos
impostos, que explica o alto preço do carro no Brasil. Uns culpam o chamado
"custo Brasil"; outros, o "lucro Brasil". Essa dúvida
existe porque as montadoras não divulgam detalhes sobre lucros e custos. [...] Para
o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial), o preço alto do carro brasileiro é explicado pelo
custo Brasil e pela baixa produtividade no País. Ele diz que para comparar com
outros países, seria necessário considerar também os impostos que incidem sobre
as matérias-primas dos carros. [...] Para Alcides Leite, professor da Trevisan
Escola de Negócios, "a postura das montadoras, de evitar a divulgação do
seu custo de produção, corrobora a suspeita" de que a margem de lucro no
Brasil possa ser "muito superior" à de países desenvolvidos. Ele
afirma, ainda, que a mão de obra no Brasil é mais barata do que na Europa e nos
EUA.
Para
mudar essa conversa sobre a ganância de governo e empresários, recordo que hoje
é a festa de São Maximiliano Maria Kolbe, franciscano da Ordem dos Frades
Menores Conventuais e fundador do apostolado mariano “Milícia da Imaculada”, a
quem o Papa João Paulo II se referiu como o “Padroeiro do nosso difícil século
XX”. São Maximiliano Kolbe (que foi batizado como Rajmund, ou Raimundo) era de
uma família pobre repleta de religiosidade.
São Maximiliano Maria Kolbe
As
realizações do frei Maximiliano Maria Kolbe, frutos do seu carisma do
apostolado, fundado no amor infinito a Maria Santíssima e pela palavra (tanto
impressa quanto falada), seriam suficientes para ser um exemplo para todos nós
que continuamos nossa caminhada terrena. Para ele, porém, esse exemplo era
insignificante, o que pode ser constatado a partir do depoimento feito, na
Polônia, no dia 8/01/2004 – data que assinalou os 110 anos do nascimento de São
Maximiliano Maria Kolbe – por Micherdzirski, ex-prisioneiro, junto com frei
Kolbe, no campo de concentração de Auschwitz. Esse depoimento está disponível
no portal Milícia da Imaculada e se
pode encontrar ali que em:
30/07/1941
as 19h15, foi o momento que Padre Kolbe saiu da fila, do dia 29/07 ao 30/07
ficamos no pátio em pé sem comer, sem dormir, a noite era muito fria, e durante
o dia muito calor. Os soldados colocavam a comida na nossa frente, e jogavam no
chão, muitos não agüentavam, não tendo mais força e acabavam morrendo. Eu,
Padre Kolbe e Francisco estávamos na mesma fila, na 5º ou 6° fila. Fritz andava
entre as filas, e quando parava na frente de um prisioneiro significava que era
seu fim, era condenado, quando Fritz se aproximou de mim, me sumiu a visão,
tremia minhas pernas, meu único desejo era de viver, minha oração era “Deus não
deixe ele tocar em mim”. Naquele momento não podíamos ter nenhum tipo de
reação, não podia manifestar nem mesmo uma expressão, porque seria o suficiente
para morrer. Quando tudo acabou foi um alivio, mas de repente se percebe que
alguém sai do lugar, naquele momento o silêncio reinava, só se ouvia os passos
daquele homem, Padre Kolbe. Ele calmamente se aproximou de Fritz e disse:
“Quero morrer no lugar desse homem”. Em um lugar onde milhões morriam, morrer
por um não significava nada. Fritz perguntou: “Quem é o senhor?”.Calmamente
Padre Kolbe responde: “Sou um Polaco sacerdote católico”. Sete milhões de
prisioneiros passaram por lá, essa foi a primeira vez que Fritz chamava um
prisioneiro de senhor, éramos sempre chamados de porcos, besta e outros nomes
terríveis. Padre Kolbe disse simplesmente: “Porque ele tem mulher e filhos” ela
salvava o valor do sacramento matrimonial e a paternidade. O que mais
impressionou, não foi o fato que ele morria por alguém, isso era normal em um
lugar como aquele, mas naquele dia os Tedescos perderam a guerra, era
inacreditável Fritz falar com um prisioneiro, e ter aceitado a troca, ele podia
simplesmente atirar em Padre Kolbe e nos outros, ou então soltar os cachorros
neles. No campo de concentração era inaceitável gesto de martírio, os Tedescos
não admitiam, os prisioneiros só podiam morrer, por suas mãos. Padre kolbe morreu
para salvar um único prisioneiro, mas naquele dia ele trouxe a Auchwitz a
esperança e o amor. Foram 386 horas de sofrimento, e de fome. A Imaculada fez
com Padre Kolbe tudo aquilo que desejava, fez dele um grande dom. Humanamente
era difícil entender aquele ato, aquele momento marcou a história de Auschwtiz,
a história de cada prisioneiro, ele trouxe a cada um de nós a dignidade e a
vontade de viver.
A
oração para esta semana é uma consagração composta por São Maximiliano Maria
Kolbe.
===========================================
CONSAGRAÇÃO A NOSSA SENHORA
Ó Imaculada,
Rainha do Céu e da Terra,
Refúgio dos pecadores e
Nossa Mãe amantíssima,
A quem Deus quis confiar
toda a Ordem da misericórdia!
Eu, indigno pecador, me
prostro aos vossos pés,
Suplicando-vos com insistência:
Dignai-vos aceitar-me por
completo,
Como coisa e propriedade
vossa;
Fazei o que quiserdes de
mim,
De todas as faculdades da
minha alma e do meu corpo,
De toda a minha vida, da
minha morte,
Da minha eternidade.
Dispõe de mim totalmente
como vos agradar,
Para que se cumpra o que
está dito de vós:
“Ela esmagará a cabeça da
serpente”,
E também:
“Só vós destruístes todas
as heresias no mundo inteiro”.
Que em vossas mãos,
Imaculadas e
misericordiosíssimas,
Eu seja um instrumento que
vos serve a introduzir
E a aumentar o mais
possível de vossa glória
Em tantas almas
desgarradas e tíbias.
Assim se estenderá cada
vez mais
O Reino Bendito do
Santíssimo Coração de Jesus.
Pois onde entrais,
Conseguis a graça da
conversão e santificação,
Já que é do Sacratíssimo
Coração de Jesus
Que todas as graças chegam
para nós
Por vossas mãos.
Dai-me a graça de vos
louvar ó Virgem Santíssima.
Dai-me força contra vossos
inimigos.
===========================================
Neste
mês vocacional de agosto, a música escolhida para acompanhar este Oratório, lembrando
da vocação de São Maximiliano Maria Kolbe, é “Águia Pequena”, do Padre Zezinho, interpretada pelo próprio Padre
Zezinho.
Um
grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!
infiéis, corruptos, assassinos, devassos,
feiticeiros, idólatras e todos os mentirosos,
o
lugar deles é o lago ardente de fogo e enxofre, ou seja, a segunda morte.
(Apocalipse
21,8)
Amigas
e Amigos,
O
Oratório Campeiro desta 18ª Semana do Tempo Comum nos lembra de que hoje
festejamos São Caetano de Thiene, o fundador da Ordem dos Clérigos Regulares,
conhecidos como Teatinos. Essa Ordem dos Teatinos Regulares surgiu pela vontade
de fomentar uma renovação do clero, no tempo da reforma propiciada por Lutero.
Antes
do Papa Clemente VII aprovar o plano de fundação do Instituto dos Teatinos, São
Caetano participou, em 1522, da fundação do Hospital dos Incuráveis, na Itália.
Sobre esse Santo, o portal das Paulinas
diz que “desde muito jovem mostrava
grande preocupação e zelo pelos pobres, abrindo asilos para os idosos e muitos
hospitais para os doentes”.
Essa
ligação do Santo do dia de hoje com esses pobres e enfermos faz recordar o
estudantes de desenho industrial Vítor Cunha, de 22 anos, que foi espancado por
cinco rapazes, em fevereiro deste ano, quando tentou impedir a agressão a um
mendigo na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Segundo o portal do Estadão, a denúncia do Ministério
Público, no dia 27 de fevereiro, da tentativa de homicídio – caracterizado
inclusive pelas seqüelas deixadas no estudante, que teve 20 fraturas no crânio
e um braço quebrado; colocou 63 parafusos, oito placas e duas telas de titânio
na cabeça, além de receber um enxerto ósseo e se submeter a uma cirurgia de
reconstituição facial – foi acompanhada pela requisição de conversão da prisão
temporária em prisão preventiva. Disse o referido portal, no dia 28/02 que:
De acordo com a denúncia, Tadeu Assad Farelli
Ferreira, William Bonfim Nobre Freitas, Fellipe de Melo Santos e Edson Luis dos
Santos Junior desferiram socos e chutes no corpo e na cabeça da vítima, de
forma cruel e em superioridade numérica, com o objetivo de matá-lo. O quinto
denunciado, Rafael Zanini Maiolino, participou da tentativa de homicídio ao
impedir que um amigo da vítima interferisse, contribuindo para que o grupo
continuasse as agressões, mesmo com a vítima já desacordada e indefesa, caída
no chão. Os acusados vão responder por tentativa de homicídio qualificado por
motivo torpe, tortura ou meio insidioso ou cruel e, também, por utilizarem
recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
O
assunto dessa agressão voltou às manchetes com uma nova decisão do juiz
Kieling, da 3ª Vara Criminal do Rio que, segundo a edição do Estadão do dia 3/08:
determinou, na sexta-feira passada, 27, o cancelamento da
prisão preventiva dos acusados, abrandando também a natureza do crime,
que passou de tentativa de homicídio qualificado para lesão corporal. Além
de serem soltos, os agressores serão julgados agora por um único juiz, em vez
de um júri popular, o que costuma tornar mais fácil a absolvição.
Não
é possível avaliar quais motivações levaram o juiz Kieling a liberar os
acusados e abrandar a natureza do crime. Mas, para reflexão, temos
concretamente um jovem que, aparentemente de forma muito covarde, foi espancado
– e quase morreu – e um grupo de jovens acusados, sem questionamentos, de serem
autores da inconseqüente ação. Existem, ainda, outras circunstâncias a serem
observadas, conforme matéria sobre ser o jovem Vitor refém do medo, do Jornal do Brasil, também do último dia
3/08, que informa:
Vitor Suarez Cunha, de 22 anos, é um estudante que não
estuda. Um trabalhador que não trabalha. [...] "O juiz (Murilo Kieling, da
3ª Vara Criminal) deu apenas uma pena de prisão domiciliar(das 20 às 06h) para
os meus agressores, enquanto eu tenho que passar todo dia em um lugar
diferente. Não posso mais sair de noite nem voltar para a Ilha do Governador.
Parece que eu sou o criminoso. E os meus agressores, alguns com reicindência,
estão por aí, livres. É um absurdo", dispara Cunha. [...] O estudante
ainda conta detalhes assombrosos do encontro com os agressores na audiência de
semana passada, ao ser perguntado sobre um improvável reencontro: "Minha
mãe foi chamada de palhaça pela família deles. Mesmo algemados, me olhavam em
sinal de desafio, fazendo sinais com a cabeça como que se me chamassem para a
briga. Isso tudo dentro de um Tribunal de Justiça". [...] O jovem define a
luta por justiça como um propósito maior em sua vida. "Acho que depois
disso ganhei milhões de motivos para viver. Nada vem por acaso. Eu tinha duas
opções: ou desistia ou lutava, e eu vou continuar lutando. Se nós aceitarmos as
coisas erradas que ocorrem em nossas vidas, elas vão se perpetuar. Tudo o que
eu quero é justiça. Não só no meu caso, mas para todos que passaram pelo que eu
tive de passar", concluiu.
Parece-me
oportuno sugerir para esta semana a Oração ao Santo venerado no dia de hoje,
quando podemos pedir luz para os juízes serem justos acima de interesses pessoais; discernimento para entendermos as decisões judiciais; e força para as vítimas
tantas vezes desamparadas por aqueles que deveriam ser responsáveis por
ampará-las.
"San Cayetano”, óleo sobre tela
por Goya
==============================================
PRECE
A SÃO CAETANO
Ó
São Caetano,
Que
conhecestes a fraqueza da Igreja
Principalmente
em seus membros mais responsáveis,
E
que trabalhastes pela reforma da vida
E
dos costumes dos cristãos,
Olhai
com muito amor e compaixão
Para
as nossas famílias e comunidades.
Lançai
vossa mão poderosa
A
fim de que reine entre nós
O
espírito de fé, de amor e de justiça,
Segundo
a vontade de Cristo.
Fazei
que cada um de nós
Assuma
suas obrigações,
Pois
Cristo espera de cada um de seus seguidores
A
fidelidade, o serviço
E
a dedicação em favor dos irmãos.
Amém!
==============================================
A
música para tornar nossa semana mais calma por meio deste Oratório é "Virgem do Silêncio", de Judson Nunes, com o grupo Cantores de Deus.
Um
grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!
ouvir atentamente, considerar sobriamente
e decidir imparcialmente.
(Sócrates)
Amigas e Amigos,
Conforme abordei na Tertúlia Nativa desta semana, começou o
julgamento dos mensaleiros denunciados – provavelmente a lista de corruptos é
bem maior dos que os 38 réus arrolados no processo – e alguns fatos associados
a esses primeiros momentos são objetos de mais uma postagem.
No primeiro dia do julgamento desse escândalo que se
apresenta como um dos maiores da história desse país – “nunca antes na história deste país se viu tanta corrupção” – os
ministros do STF já deram início a rusgas que se apresentam como candidatas a constantes
nos próximos passos. Por mais que se imaginasse grupos de magistrados cheios de
“gratidão-quase-amor” ao
ex-presidente, é pouco provável alguém já estar imaginando as primeiras manifestações
claras desse sentimento aparecendo escancaradamente no primeiro dia.
Sobre o debate acalorado entre os ministros do STF, quando
uma manobra do ex-ministro da Justiça foi rejeitada, o portal do Correio
Braziliense informou que:
Começou
com bate-boca o julgamento histórico do mensalão no Supremo Tribunal Federal
(STF), numa demonstração de que cada detalhe da Ação Penal 470 despertará
debates acalorados. A briga deixou em lados opostos o relator, Joaquim Barbosa,
e o revisor, Ricardo Lewandowski. Em tese, são os dois ministros que mais
conhecem o processo. O motivo da discórdia, o pedido de desmembramento da
causa, de forma que apenas os réus com foro especial fossem julgados no STF,
foi suscitado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, advogado de
José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural. Lewandowski apresentou um
voto, preparado previamente, em que defendeu por uma hora e 20 minutos a
divisão do processo, medida que beneficiaria 35 dos 38 acusados. Caso fosse
aprovado o pedido, apenas três réus, os deputados João Paulo Cunha (PT-SP),
Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), aqueles que têm foro no STF
para ações criminais, continuariam a ser julgados pelos 11 ministros. A decisão
reduziria a importância do julgamento no STF e poderia atrasar ainda mais o
desfecho do caso, sete anos depois que o escândalo do mensalão veio à tona.
[...] Apenas o ministro Marco Aurélio Mello seguiu o voto sustentado por
Lewandowski. Nas argumentações, os ministros ressaltavam que o tema já havia
sido analisado. [...] O ministro
Joaquim Barbosa disse, em nota, que não fez ataques pessoais ao colega Ricardo
Lewandowski. “Apenas externei minha perplexidade com o comportamento do
revisor, que após manifestar-se três vezes contra o desmembramento, mudou
subitamente de posição, justamente na hora do julgamento, surpreendendo a
todos, quase criando um impasse que desmoralizaria o tribunal”, destacou.
A condução do processo já havia sido debatida e decidida e,
ainda assim, a inoportuna intervenção do ex-ministro se tornou objeto de novo
debate. Quem já havia se manifestado contra o desmembramento do processo tinha
um voto, agora favorável, escrito previamente como se existisse um conluio
articulado com antecedência entre defesa e júri.
Com a encenação, ou o que quer que seja, com a participação
de Thomaz Bastos e Lewandowski se perdeu um dia de julgamento. E para os que
pensam que foi somente um dia, o caderno Poder
da Folha de São Paulo, estampava como
manchete uma análise de petistas avaliando terem saído na frente, o que mereceu
até comemoração. Diz a matéria da Folha
que:
Alvo
principal da ação do mensalão, o PT terminou o primeiro dia de julgamento com
um sentimento de ter largado na frente. Em seus gabinetes, havia um certo clima
de comemoração pelo desempenho protelatório de Ricardo Lewandowski e os embates
com Joaquim Barbosa. A repetição desse cenário resultaria em sucesso numa das
estratégias dos advogados: evitar o voto de Cezar Peluso, dado como contrário
aos réus, já que ele tem de se aposentar até o fim do mês. [...] Lewandowski
gastou mais de uma hora para votar pelo desmembramento da ação.Resultado: toda
primeira etapa do julgamento, das 14h30 às 18h, foi consumida para derrubar a
proposta do advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o Banco Rural. A atuação
de Lewandowski, que levou Barbosa a sair do sério e até deixar o plenário,
segue a linha esperada por alguns de seus colegas e agrada em cheio os
petistas. Não só por atrasar os trabalhos como também por provocar uma tensão
no STF. Na tática e nos sonhos do PT, o ideal é que seja criado um ambiente de
divisão no Supremo. De preferência com ministros assumindo posições favoráveis
às teses do partido. A expectativa entre petistas é que Lewandowski, indicado
pelo ex-presidente Lula e amigo da ex-primeira-dama Marisa Letícia, seja um dos
a assumir este papel.
Os sentimentos e as comemorações do Partido dos
Trabalhadores podem passar uma ideia de estar o partido pouco preocupado com
justiça. As citadas teses do partido
parecem estar acima da ética e da moral, pois a uma vontade explicita de fazer
de conta que não existe um foco de corrupção é maior do que a vontade de
colocar eventuais párias da sociedade em lugares condizentes com suas mazelas.
Espero não pensar que o Circo
Tihany Spetacular – armado na Esplanada dos Ministérios – possa estar
relacionado ao julgamento do mensalão.
Que o primeiro dia desse julgamento sirva para que os responsáveis pelo mesmo
não se deixem envolver por artimanhas preparadas por pessoas que desejam permanecer
recebendo benefícios indevidos a custa de dinheiro público. E que o PT possa se
livrar de suas fétidas feridas para
voltar a ser o partido que soube construir seu espaço combatendo a corrupção.
Para fechar a semana, na expectativa de melhores dias na
próxima, fica a música “A la pucha, Tchê”, do Iedo Silva, interpretada pelo
autour no DVD “Iedo Silva - 35 Anos
de Carreira”, produzido pela gravadora Usadiscos .
Eu
continuo a ser uma coisa só, apenas uma coisa - um palhaço,
o
que me coloca em nível bem mais alto que o de qualquer político.
(Charles
Chaplin)
Amigas
e Amigos,
Está
começando o julgamento do processo do mensalão
com as mais variadas expectativas. Os ocupantes dos principais cargos nos
poderes constituídos passam a idéia de que já organizaram uma grande torcida
para que tudo faça parte de cobertura da pizza que estão preparando. Já os que
acreditam em um estado democrático de direito esperam que os fatos sejam
julgados com isenção, que os inocentes sejam absolvidos e que os culpados
cumpram penas conforme seus ilícitos.
Como
a designação de ministros para o STF (Supremo Tribunal Federal) é decidida com
o critério único de indicação política, os integrantes daquela corte tendem a
ter um relacionamento que pode beirar a gratidão para com o poder executivo. No
STF hoje, o ministro Dias Toffoli – que foi advogado de José Dirceu, tem no PT
a base de sua carreira jurídica e namora a advogada Roberta Maria Rangel, defensora
de alguns “mensaleiros” – já foi defensor de uma tese utilizada por Marcus
Valério em sua defesa no mensalão. Apesar
de seu forte vínculo com o PT e com os temas relacionados ao mensalão, o ministro Toffoli tem
demonstrado não se considerar impedido de atuar no processo.
Fonte: http:www.correiobraziliense.com.br
Para
dar um pouco mais de clareza aos “rolos” inerentes ao mensalão, o portal Folha.com informa que a dívida junto a
Receita de alguns mensaleiros já
supera R$ 64 milhões. Diz a Folha
que:
A
segunda instância da Receita Federal já confirmou punições contra réus e
empresas ligadas ao processo do mensalão que somam pelo menos R$ 64,4 milhões.
As penalidades foram mantidas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais,
órgão do Ministério da Fazenda, e referendam na área administrativa as
acusações feitas criminalmente pela Procuradoria-Geral da República na ação no
STF (Supremo Tribunal Federal). Os valores poderão ficar ainda maiores, porque
devem ser atualizados pela Receita com base no ano em que os créditos deveriam
ter sido pagos à União. As decisões do conselho apontam que o empresário Marcos
Valério de Souza e outros réus do grupo apontado como "núcleo
operacional" do esquema cometeram diversas infrações, como evasão de
divisas, movimentação de dinheiro de origem não declarada e fraudes contábeis
para justificar a entrada e saída de recursos. Nas empresas dos réus ocorreu o
uso de notas fiscais frias e alterações irregulares em livros contábeis, além
de empréstimos simulados para justificar movimentações financeiras, segundo as
deliberações do conselho. Os relatórios do órgão do Ministério da Fazenda
revelam também que, quando foi descoberto o mensalão, as empresas tentaram alterar
sua documentação fiscal para inserir faturamento que não constava de
declarações dos anos anteriores. Segundo documentos da própria Receita, o grupo
mandava desde 2002 dinheiro ilegalmente ao exterior, sem passar pelo sistema
financeiro nacional.
Se
em valores não atualizados, a dívida desses senhores com a Receita atinge espantosos R$ 64,4
milhões, sem as devidas atualizações monetárias, não consigo imaginar os
valores que possam ter sido desviados de cofres públicos, nem os valores
envolvidos em eventuais negociatas com representantes dos poderes públicos. Um
pouco disso tudo poderá ser deduzido do encaminhamento que será dado ao
processo nos próximos dias – ninguém acredita em menos do que um mês.
Para
esquecer um pouco esse corrompido mundo adulto, publico abaixo um causo, do
Rolando Boldrin, sobre a pândega infância interiorana.
=========================================
CONVERSA
DOS BICHOS
Rolando Boldrin
O
Zequinha, menino de uns 10 anos de idade, era na fazenda do meu padrinho o que
se pode chamar de “charrete boy”. Na cidade tem o motoboy, não tem? Então! Nas
fazendas tem – ou tinha naquele tempo, que já vai longe – o charrete boy. O
menino que com a charrete do fazendeiro vai buscar as coisas ou as pessoas na
cidade.
Pois
naquele dia o Zequinha tinha ido buscar na cidade o Padre Antônio, que estava
iniciando sua temporada por lá. Era um padre novo e tinha uma particularidade
que a gente só ficou sabendo depois desse causinho que tô contando aqui e
agora: ele era ventríloquo. Um dom que poucas pessoas possuem que é o de falar
sem abrir a boca. Dizem que é uma técnica de emitir os sons pelo estômago.
Aliás, um grande ventríloquo que existiu no Brasil foi o pai das cantoras Linda
e Dircinha Batista. Chamava-se Batista Junior e se apresentava em circos e
teatros. E, de lambuja, era um grande compositor.
Mas,
seguindo no causo. O Padre Antônio sobe na charrete com o caipirinha Zequinha,
ruma a fazenda do meu padrinho pra rezar uma missa. Logo na saída, o padre
pergunta se era longe a tal fazenda, ao que o menino prontamente e muito
espertamente lhe responde que levaria uns pares de horas. O que dava pra
entender que era longe pra cacete e a viagem ia ser dolorosa ou dolorida para
um padre que não estava acostumado a meter a bunda no banco duro de uma
charrete velha conduzida por uma eguinha lerda.
PADRE
– Oh, menino! Você sabia que os animais conversam?
ZEQUINHA
– Entre eles, eu sabia, sim sinhô. Eles cunvérsa bastante.
PADRE
– Não, filho. Estou dizendo que os animais conversam com a gente. Conosco. Mas
para isso é preciso conversar com eles com muito amor. Você quer ver os animais
conversando comigo?
Aí
o menino, esperto, se encanta e atiça.
ZEQUINHA
– Ara, sêo padre. Essa eu tô pagando pra vê. Animar conversa cum gente. Essa
nunca vi não sinhô. E o sinhô me adiscurpa, mas num querdito.
PADRE (falando para a égua) – Dona eguinha! Está muito pesada a charrete? (E
faz a voz da égua sem abrir a boca) Tááá...sêo padre.
PADRE
– Todos os animais conversam com a gente. Quer ver mais?
O
padre olha um urubu nos céus e fala:
PADRE
– Bom dia, urubu. (E faz voz.) Bom dia, parceiro. Bom dia, sêo padre.
E
assim o Padre Antônio foi se divertindo com a surpresa encantada daquele
caboclinho, que viu com os próprios olhos e ouvia ali, in loco, os bichos
falando com aquele padre. Com isso, a viagem, que poderia ser longa, terminou
logo, logo.
ZEQUINHA
– Óia, sêo Padre! O sinhô ta vendo aquela cabrita branca ali na grama? Por
favor, o sinhô num querdite em nada que ela fala prô sinhô, viu!!!!!!
=========================================
Na
música escolhida para esta Tertúlia, valho-me de Luiz Vieira para continuar
lembrando infâncias, esquecendo as discrepâncias entre as promessas de eleição
e o exercício dos mandatos. No link abaixo, o grande sucesso da década de 1950 “O
Menino de Braçanã”, do pernambucano Luiz (Rattes) Vieira (Filho), assinada,
também, pelo carioca Arnaldo Passos e interpretada pelo próprio Luiz Vieira.
A
educação de um povo pode ser julgada, antes de mais nada,
pelo
comportamento que ele mostra na rua.
Onde
encontrares falta de educação nas ruas, encontrarás o mesmo nas casas.
(Edmondo
de Amicis)
Amigas
e Amigos,
Depois
de merecidas – opinião própria –
férias, retorno para este Blog, como renovada vontade de partilhar algumas
idéias e desabafos que, se não solucionam os problemas, servem para melhorar
meu humor. Antes dos vinte dias que passei viajando, os professores das
Universidades Federais estavam em greve há mais de um mês. No retorno, a única
mudança perceptível foi no tempo de paralisação, pois a greve dos professores
já ultrapassou a marca dos 70 dias.
Não
sem espanto, encontrei no portal Folha.com, no dia 25 de julho, uma frase
proferida pelo ministro da Educação, com caráter de sentença definitiva: "Está na hora de os professores voltarem às
aulas". Parece, pela afirmação do ministro, que greve é uma ação
permitida pelo governo para durar um tempo determinado, de acordo com sua
vontade. Diz a matéria do portal mencionado que:
O
Ministério da Educação divulgou nota em que aponta o "grande esforço"
do governo federal em aumentar a oferta dereajuste para os docentes. Segundo proposta apresentada ontem pelo
Ministério do Planejamento a entidades de professores, o reajuste mínimo da
categoria será de 25% – antes, o índice era de 12%. No texto, divulgado ontem
pela pasta, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) destaca o fato de que
apenas os docentes receberam uma proposta concreta do governo – a presidente
Dilma Rousseff enfrenta uma onda de greves no funcionalismo público. Hoje, a
presidência publicou decreto para garantir a continuidade do atendimento em
setores públicos essenciais em caso de greve. "Não conheço nenhuma categoria
profissional, de atividade pública ou privada, que tenha recebido um aumento
desse porte e conquistado uma carreira em um momento de tantas incertezas
econômicas, com um cenário de crise como o que se apresenta", afirmou
Mercadante por meio da nota. "Por isso mesmo, acho que está na hora de os
professores voltarem às salas de aula e retomarem a rotina acadêmica." O
ministro embarcou ontem para Londres, na comitiva que acompanha a presidente
Dilma Rousseff rumo aos Jogos Olímpicos. Ele retorna ao Brasil na próxima
sexta-feira. Mercadante participa de evento com estudantes do programa Ciência
sem Fronteiras, que concede bolsas de estudo em universidades estrangeiras, ao
lado da presidente Dilma.
Provavelmente,
o ministro Mercadante ficou tão preocupado com a greve dos professores que
viajou para assistir a abertura das Olimpíadas, como forma de relaxamento.
Acredito que toda a comunidade acadêmica pense que a hora de retorno às salas
de aula deveria ter sido, como mais lógico, no fim das férias, desde que tivesse
seu trabalho reconhecido por seu empregador. Mas um governo preocupado com
educação e cultura sabe que poderá levar seus cidadãos (às vezes visto apenas
como votos) a um amadurecimento crítico. Bem melhor do que isso, segundo o
pensamento passado pelos governantes, é distribuir uma infinidade de bolsas esmolas, que – muito além das
propaladas inclusões – garantem eleitores dependentes, com consequente
perpetuação do poder.
Esse
descaso com a educação, que atinge também os técnicos administrativos das
universidades federais – em greve desde o dia 11 de junho – não abala outros
setores vinculados ao próprio governo. Exemplo disso são os aumentos para os
exagerados salários de legisladores, nos seus diversos segmentos, bem como do
judiciário, que vem sendo “costurado” sem necessidade de muito esforço por
parte dos futuros beneficiados.
Enquanto
os estudantes universitários se preparam para adiar seus sonhos de formatura
para uma data a ser determinada pelos governantes, vamos ouvir, esperando um
mundo melhor, de Renato Teixeira, interpretada pelo próprio Renato Teixeira,
“Eta mundo bão”.