quinta-feira, 28 de outubro de 2010

GALERIA SERTANEJA - Saudade da minha terra

     Minha amiga e meu amigo!

     Saudade da minha terra, a escolhida para nossa Galeria Sertaneja da semana, foi composta por Goiá e Belmonte, em novembro de 1955. Goiá a escreveu logo que se transferiu de Goiânia (GO) para São Paulo (SP). Machucado pela saudade de sua amada cidade (Coromandel, em Minas Gerais), vagava pelas ruas dessa metrópole, revendo, pelos olhos da alma, os seus tempos de infância, as poéticas madrugadas, o cantar dos pássaros, os "pagodes nas fazendas". Guardou consigo essa música por alguns anos até ser gravada pela primeira vez (hoje, existem cerca de quarenta regravações), quando foi surpreendido pelo grande sucesso alcançado. Aproveitou uma ocasião para responder a pergunta que todo o Brasil fazia sobre a letra dessa obra: a pessoa que chorava com o "rádio ligado" era a sua mãe.

     Goiá é nome artístico de Gerson Coutinho da Silva, que nasceu em 11 de janeiro de 1935, em Coromandel (MG). Faleceu em Uberaba (MG), no dia 20 de Janeiro de 1981, aos 46 anos de idade, e foi sepultado na cidade onde nasceu. Desde pequeno, gostava de "falar versos" (recitar trovas), recebendo em troca um "cachê" (doce, queijo, requeijão, etc). Seu entusiasmo cresceu sobremaneira, até que um dia, no auge de uma interpretação, quis dar um colorido especial a um dos versos, expressando-o com tamanha força que fez todos os presentes ouvirem um longo e grave ruído – considerado impróprio e vergonhoso na presença "dos mais velhos". E foi assim que Coromandel perdeu seu declamador, de quatro anos de idade... Mais tarde, ganhou do seu pai, uma gaita de boca, que foi sua companheira por muitos anos, até que a trocou por um cavaquinho. Porém sua alegria maior foi quando ganhou um violão de "tarrachas", seu grande sonho. Em 1953, Goiá partiu para Goiânia (GO) onde formou o Trio da Amizade, com programa diário na Rádio Brasil Central. De Goiás, foi para São Paulo (SP), onde trabalhou nas Rádios Nacional, Bandeirantes (até 1961) e Nove de Julho (onde ficou por dois anos). Passou, então, a dedicar-se a seus versos.

     Belmonte é nome artístico de Pascoal Zanetti Todorelli, que nasceu em 1937, em Barra Bonita(SP) e faleceu em Santa Cruz das Palmeiras(SP), no dia 9 de setembro de 1972. Belmonte, durante toda sua vida foi um inovador do estilo sertanejo. Poderia ser comparado aos atuais intérpretes do sertanejo romântico. A primeira dupla de Belmonte foi com Belmiro e depois com Miltinho, que formaria dupla mais tarde com Tibagi. Na segunda metade dos anos 60, foi formada a dupla Belmonte e Amarai, que gravou cerca de sete discos. Belmonte fazia versões de músicas estrangeiras e gostava de ouvir música no rádio de seu carro, viajando à noite em vez de dormir, para ter idéias para as versões. Em uma dessas viagens, morreu num acidente automobilístico em Santa Cruz,(SP).

     Abaixo, está a letra da música da semana, para você cantar, enquanto a ouve através do link que está logo abaixo da letra.

SAUDADE DA MINHA TERRA

De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão, eu quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada, começa a cantar
Com satisfação, arreio o burrão
Cortando o estradão, saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
O Sabiá cantando no jequitibá.

Por Nossa Senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Esta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade, eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu digo com pena, mas esta morena
Não sabe o sistema que eu fui criado
To aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando, com o rádio ligado.

Que saudade imensa do campo e do mato
Do manso regato que corta as Campinas
Aos domingos ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças
Onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas.

Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer.





     Espero que tenham gostado e até a próxima Galeria Sertaneja.

     Um grande abraço,

Wilmar Machado

Fontes: http://www.compucenternet.com.br 
             http://www.dicionariompb.com.br

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